terça-feira, 30 de novembro de 2010

Quando o câncer entra em cena

Especialistas comentam sobre os efeitos de famosas partilharem a batalha contra suas doenças
Fernanda Aranda, iG São Paulo

A técnica de enfermagem Solange Gomes de Oliveira, 54 anos, nunca foi do tipo que chora em novela. Mas fica emocionada só de falar das atrizes Drica Moraes, Márcia Cabrita, Patrícia Pillar. Também “tem o coração tocado” pelas apresentadoras Hebe Camargo e Ana Maria Braga. Ela resume estas sensações em duas palavras: “Identificação e admiração”.

A conexão entre a mulher de vida anônima, que mora no Rio de Janeiro, e as famosas de todo País acontece por causa do câncer, doença em ascensão e segunda causa de morte nacional. Há 11 anos, Solange convive com o diagnóstico do tumor maligno nas mamas. Para ela, acompanhar pelo noticiário uma batalha semelhante travada por estas e outras pessoas de vida pública traz a ideia de que elas façam parte da mesma turma.

“Nunca fico feliz quando vejo alguém famoso com câncer. Não é isso”, explica. “Mas quando leio que elas voltaram para o trabalho, tiveram filhos, estão felizes e tocando a vida, passeando de lenço ou de peruca pela rua, é uma fonte de energia para continuar a minha luta e ajudar na luta de outras pessoas”, explica Solange, que ainda trata as sequelas do câncer, mas já está recuperada e começa agora um trabalho para levar informações para outras pacientes.
“Ao mesmo tempo, sou capaz de sentir a dor e o medo destas mulheres famosas quando vejo que algum tratamento não deu certo ou que existiu algum tipo de recaída”, complementa.

“Musas”

Partilhar um problema de saúde tão peculiar – que traz para perto a sensação de morte e solidão – funciona como uma via de mão dupla de benefícios, tanto para anônimas quanto para famosas. Para as primeiras, fica mais fácil compreender que o câncer é uma doença democrática, que pode acontecer com qualquer um. Além disso, explica Cristina Volker, presidente da Sociedade Brasileira de Psico-oncologia e pesquisadora da área há 25 anos, também há a criação de referenciais positivos de superação da doença, o que pode resultar em maior confiança e adesão ao tratamento, dois pontos chaves na recuperação.

Já para as pessoas públicas, dividir medos e anseios depois de detectado o tumor tem como consequência benéfica o desencadeamento de uma rede de apoio e conforto. A gratificação em ser inspiração para uma atitude positiva também conta pontos a favor na interação com o público.

Para a atriz Márcia Cabrita, 46 anos e em tratamento para um câncer de ovário, é muito positivo ler os comentários deixados no blog mantido por ela chamado Força na Peruca.

“Saber que de alguma forma a leitura faz bem para as pessoas é gratificante, me anima”, disse em entrevista ao Delas.

Márcia utiliza o humor – característica sua que ganhou fama nacional com o seriado Sai de Baixo, no papel de Neide – para falar da doença, superação e das pedras no caminho que o diagnóstico impôs.

“Este é meu estilo, faz parte da minha personalidade. Não falo do tratamento porque não sou médica e não saberia escrever sobre isso. Falo sobre mim. Escrevo quando tenho vontade e não sinto nenhum tipo de pressão para estar sempre bem ou por ser esta referência”, explicou.

Cotidiano

Na avaliação da Associação Brasileira de Apoio ao Paciente com Câncer (Abrapac) – entidade da qual a técnica de enfermagem Solange faz parte – quando os famosos enfrentam enredos reais da doença criam uma conexão com os outros pacientes. Aquela sensação ruim trazida pela dúvida “poxa, por que comigo?” é de certa forma amenizada. A rotina pesada de exames, sequelas e privações é comum a grande parte dos 489.270 casos de câncer registrados anualmente pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), inclusive de atores, atrizes e personalidades.

Notícias sobre os famosos

Drica Moraes, atriz de 42 anos, por exemplo, contou ao programa Fantástico, da Globo, que ficou 120 dias internada em um hospital por causa da leucemia. “Era uma clausura, o toque com o outro era proibido (ela tinha acabado de começar a namorar e seu filho adotivo tinha um ano)", falou ao programa. "Fiquei dois meses sem poder escovar os dentes. Foi uma fase difícil, em que você chora muito. Eu tinha raiva. Chegava e jogava coisas na parede”, completou.

Drica não foi a única. O símbolo do bom-humor e do alto astral, Hebe Camargo, também partilhou as dificuldades do seu câncer. “Fiz quimioterapia, fiquei careca, comprei peruca”, disse à Revista Quem. A apresentadora do SBT teve câncer de peritônio, uma membrana do intestino, tumor raro, segundo os médicos, mas que exige tratamento padrão, semelhante ao de outros cânceres.

A perda dos cabelos, um dos sinais mais clássicos do tratamento quimioterápico, também foi vivida por Dilma Roussef, presidente eleita do País. Ela desfilou de peruca durante o ano de 2009, pouco depois de anunciar que tinha linfoma, um outro tipo de câncer.

Em outros anos, Patrícia Pillar, Ana Maria Braga, Glória Perez, o vice-presidente José Alencar, o sambista Neguinho da Beija Flor, são outros exemplos que, sem máscaras, mostraram suas carecas e o enfrentamento de seus cânceres.

Além da doença

Mas o grande ponto de virada é que todas estas pessoas, de certa forma ,conseguiram representar mais do que o câncer, avalia a psicóloga Cristina. Eles até são lembrados por isso (doença), mas não só por isso.

Esta é de fato uma preocupação de Márcia Cabrita, que é avessa a dar entrevistas sobre sua doença. Sua conversa com o Delas teve apenas alguns segundos de duração. A técnica de enfermagem Solange entende a cautela. Segundo ela, "seria ótimo que todas os atores que tivessem um câncer diagnosticado fossem ao público e falassem sobre o problema, para conscientizar e alertar a população”, diz. Mas a plateia aplaude muito mais quando estas personagens da vida real retocam o batom e entram em cena para outro papel, que não é mais o de doente.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A culpa do câncer

Buscar vilões ou falhas pessoais que justifiquem a doença pode ser um processo dolorido e prejudicial como o próprio tumor
Lívia Machado, iG São Paulo 08/09/2010 12:00

Tomar uma bebida muito gelada, dormir de cabelos molhados e andar descalço são as negligências pessoais mais comuns para justificar o aparecimento de uma gripe ou resfriado, ao primeiro sinal de coriza e indisposição.

Entender as causas e os porquês do surgimento de qualquer doença tende a ser um processo natural de todo ser humano. No caso do câncer, entretanto, a busca pelo vilão – seja ele um fator natural ou pessoal – pode resultar, principalmente em mulheres, em um potencial fator de culpa, tão prejudicial ao tratamento quanto o próprio tumor.

A medicina evolui rápido e os tratamentos para combater o câncer acompanham tal movimento. Se por um lado a lista dos fatores de prevenção pode ajudar a manter a doença mais distante, por outro, face à comprovação do tumor, essas mesmas recomendações podem adquirir um coeficiente negativo bastante elevado.

No caso do câncer de mama, os especialistas revelam que a obesidade é o fator de autopunição mais recorrente. Achar que o câncer foi provocado exclusivamente pelo sobrepeso ou pela alimentação desregulada não é uma suposição rara entre as mulheres.

“O viés desse pensamento é associar o câncer a um organismo não saudável. Nesse raciocínio, todos os obesos, hipertensos e diabéticos terão câncer. É impossível fazer tal afirmação. O câncer é uma doença celular, começa no pontinho de uma célula, mas não necessariamente representa saúde debilitada”, afirma Elza Mourão, psicooncologista do Hospital Santa Catarina, em São Paulo.

O conceito de culpa, segundo Elza, está fundamentado na educação. Em culturas mais severas e repressoras, esse sentimento é potencializado e ainda mais prejudicial. Ele aparece para reforçar a idéia do que não foi feito corretamente ou dentro da moral do que é certo ou errado.

“Para o câncer não aparecer, o que é estipulado fazer? Não há regras ou ações individuais que sejam capazes de inibir a doença. Os fatores de prevenção ajudam, mas não blindam o organismo. É por isso que muitas pacientes jovens, que praticam atividade física e tem uma vida ativa, também têm dificuldade em lidar com o problema. E não há razões objetivas para justificar os casos precoces.”

Durante o banho, em um exame de rotina, recomendado pelos ginecologistas, Roberta Rocha Nascimento da Costa, 29 anos, sentiu um nódulo na mama. O método caseiro a fez procurar um especialista em Santos, cidade onde mora, mas nada foi diagnosticado. Seis meses depois, o Natal. Ainda com receio da doença e sentindo que o nódulo crescia, Roberta procurou o Hospital A. Camargo, em São Paulo. A época não era propícia para dúvidas e incertezas, mas no final de dezembro de 2008, após uma biópsia, o câncer de mama foi confirmado.

Ao ouvir da médica que o tumor era composto por uma grande taxa hormonal, Roberta logo fez a associação com o uso de anticoncepcional. Nos primeiros minutos da consulta, pensou que poderia ter evitado, utilizado outro método contraceptivo para escapar do dignóstico antes dos 30 anos. A busca por justificativas pessoais que pudessem dar mais clareza a doença, porém, no caso da psicóloga, durou pouco.

“Senti necessidade de entender, questionei minhas atitudes, mas após uma conversa com a médica, ficou claro que em nada adiantaria tentar achar possíveis erros ou ações que pudessem estar relacionadas ao câncer.”

Roberta revela que sua oncologista a orientou a não procurar nenhuma informação na internet na idéia de saciar a ansiedade e dar uma "cara" à doença. “Minha médica deixou claro que o fatalismo que existe na web em nada ajuda a encarar o problema. Deu liberdade para que todas as minhas dúvidas fossem tratadas diretamente com ela. Esse respaldo foi importantíssimo para que eu colocasse foco na cura e não nas causas da doença. Hoje, tenho plena convicção de que isso foi fundamental para o meu enfrentamento e recuperação.”

Vilões invisíveis

O universo da culpa sentimento é amplo e espaçoso. Sempre cabe mais um. Relacionar o câncer de mama às negligências pessoais e físicas é uma das possibilidades. Algumas pessoas, porém, transferem o sentimento para terceiros ou para determinadas fases da vida. “Não é incomum associar a perda do marido, estresse elevado no trabalho ou uma traição ao câncer. Já tive pacientes que encararam o câncer como uma espécie de castigo para excessos cometidos ou falta de cuidados com os filhos e familiares.”

Para a psicóloga, esse processo é mais recorrente em mulheres. “Os homens raramente querem encontrar um motivo para o surgimento da doença. Em geral, eles estão surpresos, principalmente por que não sentiam nada, o tumor apareceu subitamente.”

No câncer, não é possível estabelecer uma relação de causa e efeito imediata, ele é multifatorial.
Deixar de ticar os itens da lista de prevenção diariamente não resulta na sentença da doença. “O conhecimento afasta os riscos, mas não elimina as chances do desenvolvimento de algum tumor”, avalia Maria Del Pillar Estevez Diz, oncologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).

Na visão da médica, definir um vilão para o quadro satisfaz a ansiedade de achar a identidade do câncer. Ela garante, porém, que é uma maneira muito simplista de olhar para a questão. “É uma chance, apenas. Os vilões não são garantidos.”

O tamanho da culpa pode inviabilizar o tratamento ou até mesmo, gerar o sentimento de desmerecimento. “Em pacientes fumantes, que descobrem o câncer de pulmão, essa matemática pode ser bastante cruel. Se a autopunição for muito elevada, gera a idéia de que ele é o único responsável pela doença, e, por isso, não merece cuidados médicos.”

A lógica perversa da mente nos casos de doenças graves exige um aporte psicológico ao longo do tratamento. A oncologia abriu espaço para uma sub-especialidade, a psicooncologia. O papel da área é trabalhar não apenas o sofrimento inicial e os dilemas irracionais que o câncer pode arrebatar. Mas além dos terapeutas, o diálogo aberto com os oncologistas também ajuda a pontuar a doença, eliminando os excessos.

“O começo é avassalador, mas é preciso que o acompanhamento seja contínuo pelos profissionais da área. Para uma mulher, após uma mastectomia, é muito complicado acreditar que está integra novamente, apta a voltar para a sociedade. Trabalhamos a superação e o enfrentamento do paciente", endossa Elza Mourão.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Doadores de medula poderão se cadastrar pela internet em 2011

04/11/2010 21h43
http://www.jb.com.br/pais/noticias/2010/11/04/doadores-de-medula-poderao-se-cadastrar-pela-internet-em-2011/

A partir de janeiro de 2011, o cadastramento de doadores de medula poderá ser feito pela internet. É o que projeta o coordenador do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) do Instituto Nacional de Câncer (Inca), hematologista Luis Fernando Bouzas. Hoje, o acesso é por e-mail e o cadastro é feito por meio dos hemocentros.

Bouzas afirma que é importante que os doadores atualizem os dados para o caso de eles serem chamados para fazer a doação de sangue a pacientes compatíveis. O telefone (21)3207-5238 serve para obter informações sobre o processo e tirar dúvidas de pessoas interessadas em doar medula óssea.

Já os pacientes que precisam buscar doador são inscritos, via internet, no Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (Rereme) pelos seus médicos assistentes. Qualquer pessoa na faixa etária dos 18 aos 55 anos pode se inscrever como doadora de medula óssea. Para tanto, em um primeiro momento, ela deve fornecer seus dados pessoais e fazer a coleta de uma amostra de sangue.

Luis Fernando Bouzas afirma que a coleta da medula óssea não representa nenhum risco para o doador. "É um procedimento seguro. O doador não sofre nenhum tipo de problema ou sequela. Não é tirado nenhum pedaço dele, já que a medula óssea é aquele material líquido, gelatinoso, parecido com o sangue, que tem dentro dos ossos. Não tem nada a ver com a medula espinhal ou o sistema nervoso central", disse.

O médico afirmou também que a coleta é um procedimento simples e dentro de três ou quatro dias a pessoa já pode voltar às suas atividades normais. "Não há razão para ficar com medo. Mais de 50 mil transplantes são realizados por ano em todo o mundo".

A doação de medula óssea é vetada, entretanto, às pessoas que tiveram ou têm doenças transmissíveis pelo sangue, caso da hepatite B e C e da aids. Elas não podem ter também nenhum tipo de câncer, doenças infecciosas ou ligadas à medula óssea. Segundo Bouzas, há cerca de 70 doenças com indicação para transplante de medula óssea.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Temporão é condenado pelo TCU por irregularidades no Inca

05 de novembro de 2010 • 07h24
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4774182-EI306,00-Temporao+e+condenado+pelo+TCU+por+irregularidades+no+Inca.html

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a pagar multa de R$ 10 mil por irregularidades em obras do Instituto Nacional do Câncer (Inca), do qual foi diretor-geral entre 2003 e 2005. Temporão é responsabilizado por uma série de manobras, como retirar serviços do contrato para incluir outros, sem previsão, e manipular o preço de itens, prática conhecida como "jogo de planilha". As informações são do jornal O Globo.

O TCU analisou a reforma de várias unidades e a construção de um prédio de seis andares. As obras foram executadas pela empresa Santa Bárbara Engenharia e custaram R$ 13,4 milhões. De acordo com o tribunal, o Inca juntou indevidamente, na mesma licitação, serviços de diversos tipos, feitos em locais distantes uns dos outros, quando deveria ter aberto mais de uma concorrência. Em um dos aditivos do contrato, por exemplo, o instituto excluiu serviços na Coordenação Geral de Administração (Coage) e incluiu, em seu lugar, intervenções em nove outras áreas, sem que houvesse previsão inicial. A substituição foi feita ao mesmo valor exato. Para isso, alguns itens tiveram seu preço reduzido em até 94% e outros, acrescido em até 1.204%.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

"Você passa a dar valor ao que realmente tem importância", diz Drica Moraes sobre doença

DE SÃO PAULO

A atriz Drica Moraes, que está se recuperando de um transplante de medula óssea após ser diagnosticada com leucemia, fala pela primeira vez sobre a doença no "Fantástico" de domingo (31), na Globo.

"Você passa a dar valor ao que realmente tem importância. Você tira metade da sua vida que não prestava", disse à repórter Renata Ceribelli.

Na entrevista, que ocorreu nesta semana na zona sul do Rio de Janeiro, a atriz conta detalhes sobre os 120 dias em que ficou internada.

Sobre o momento atual de sua vida, ela disse que está "muito mais feliz e com grandes projetos".

Nesta semana, a atriz deixou o elenco da novela "Dinossauros e Robôs", que entra na faixa das sete na Globo depois de "Ti Ti Ti".

Segundo o autor da trama, Walcyr Carrasco, ele espera que ela faça ao menos uma participação especial.