quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Japão analisa elo entre câncer de tireoide e radiação em Fukushima


AFP Em Tóquio
25/08/201408h49 > Atualizada 25/08/201410h03
Um estudo sobre o impacto das radiações da catástrofe de Fukushima revelou que 103 crianças e adolescentes da região, menores de 18 anos no momento do acidente, desenvolveram câncer de tireoide confirmado por cirurgia ou altamente provável, mas a relação com o desastre atômico ainda não foi confirmada.

Um comitê de acompanhamento da saúde dos habitantes fez testes com cerca de 300.000 jovens da província de Fukushima (nordeste).
O número de casos de câncer confirmados após a cirurgia é de 57 atualmente. Os 46 casos restantes não são 100% seguros, mas a probabilidade é muito alta.

Outro adolescente foi operado, mas o nódulo extraído era benigno.

A proporção de crianças da província de Fukushima afetadas é, portanto, de 30 em cada 100.000, mas não existe uma base de referência para esta região, o que impede comprovar se ocorreu um aumento desde o acidente atômico de março de 2011.

Os especialistas designados pelas autoridades do governo tendem a pensar que estes casos de câncer não têm relação direta com o desastre.

"Dificilmente é possível estabelecer uma relação de causa e efeito, mas é necessário, no entanto, seguir com os exames porque a proporção de descoberta de tumores aumenta com a idade, também em tempo normal", declarou o professor Shunichi Suzuki, da faculdade de medicina da cidade de Fukushima, na apresentação dos resultados, na tarde de domingo.

Esta opinião se baseia, entre outros, em dados comparativos, sobretudo com o caso da catástrofe de Chernobyl, em 1986, na Ucrânia.
No entanto, os pais das crianças afetadas não conseguem evitar pensar que a causa é a exposição às radiações (e sobretudo ao iodo 131) nos primeiros dias após o acidente.

A tireoide é uma esponja de iodo (matéria-prima para a fabricação dos hormônios da tireoide), sobretudo nas crianças em crescimento. Por isso, esta glândula é particularmente vulnerável às emissões de iodo 131 radioativo em caso de acidente nuclear.

Assim, é recomendada a absorção de iodo estável com o objetivo de saciar e inclusive saturar de antemão a tireoide. Esta medida não foi aplicada no caso de Fukushima.

As autoridades japonesas decidiram há pouco tempo fornecer iodo estável aos habitantes mais próximos dos reatores que podem voltar à atividade em um futuro próximo, começando pelos chamados Sendai 1 e 2 no sudoeste.

Até o momento, o parque japonês de 48 unidades está parado (sem contar os seis de Fukushima Daiichi saqueados e condenados ao desmantelamento).

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Cientistas descobrem que câncer de pulmão pode se ocultar durante 20 anos

09/10/201419h22
Ben Hirschler
Em Londres


O câncer de pulmão pode ficar dormente por mais de 20 anos antes de se tornar mortal, afirmaram cientistas nesta quinta-feira (9), o que pode ajudar a explicar por que uma doença que mata mais de 1,5 milhão de pessoas por ano em todo o mundo é tão persistente e difícil de tratar.

Dois periódicos que detalham a evolução do câncer de pulmão revelam como, após uma falha genética causadora da doença "muitas vezes devida ao fumo", as células do tumor desenvolvem numerosas novas mutações silenciosamente, tornando partes diferentes do mesmo tumor geneticamente únicas.

Quando os pacientes ficam doentes o bastante para serem diagnosticados com o câncer, seus tumores terão percorrido diversas fases evolucionárias, fazendo com que seja extremamente difícil que qualquer medicamento específico surta efeito.

As descobertas mostram a necessidade premente de detectar o câncer de pulmão antes que tenha se transmutado em múltiplos clones malignos.

"O que não tínhamos conseguido entender antes é por que este é o imperador de todos os tipos de câncer e uma das doenças mais duras de tratar", disse Charles Swanton, autor de uma das monografias do Instituto de Pesquisa de Londres da instituição de caridade
Pesquisa do Câncer da Grã-Bretanha.

"Anteriormente, não sabíamos o quão heterogêneos estes tipos de câncer de pulmão em estágio inicial eram".

O câncer de pulmão é o mais fatal do mundo, matando estimadas 4.300 pessoas por dia, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 85% dos pacientes têm câncer de pulmão de células não-pequenas (NSCLC, na sigla em inglês), o tipo analisado nos dois estudos.

Para chegar a uma compreensão plena da doença, os dois grupos de cientistas britânicos e norte-americanos analisaram a variabilidade genética em diferentes regiões dos tumores pulmonares removidos em cirurgias e desvendaram como as falhas genéticas haviam se desenvolvido ao longo do tempo.

O que eles descobriram foi um período de latência extremamente alto entre as mutações iniciais e os sintomas clínicos, que acabaram surgindo depois que falhas novas e adicionais desencadearam o crescimento acelerado da doença.

No caso de alguns ex-fumantes, as falhas genéticas iniciais que despertaram seu câncer remontavam a um consumo de cigarros de duas décadas antes. Mas estas falhas se tornaram menos importantes ao longo do tempo, e mutações mais recentes foram causadas por um novo processo controlado por uma proteína chamada APOBEC.
A pesquisa foi publicada no periódico científico Science.

Ramaswamy Govindan, da Escola de Medicina da Universidade Washington, que não esteve envolvido com os estudos, disse que uma compreensão melhor de tais alterações genéticas é crucial para se desenvolver tratamentos mais eficazes.

Também existe a esperança de uma nova geração de drogas imunoterápicas que podem fortalecer a capacidade do sistema imunológico para detectar e combater tumores, o que poderia se aplicar especialmente ao câncer de pulmão.

Além de medicamentos melhores, outro desafio é encontrar maneiras mais eficazes de se detectar o câncer de pulmão antes que ele desenvolva as múltiplas falhas genéticas que mais adiante desencadeiam o crescimento e a disseminação de tumores.

Atualmente se utiliza a tomografia computadorizada, mas quando um nódulo está grande o suficiente para ser visualizado já pode contar com um bilhão de células cancerígenas geneticamente diversas.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Após lei, prazo para tratamento de câncer ainda é descumprido no país


03/10/201408h53
no BOL, em São Paulo
A lei que prevê o início do tratamento do câncer em até 60 dias após o diagnóstico no SUS, em vigor há um ano e cinco meses, não vem sendo cumprida no país.

De acordo com dados da Folha de S. Paulo, uma pesquisa encomendada pela Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama) - feita com 54 secretarias estaduais de Saúde, hospitais e instituições que tratam câncer, de abril a junho - mostrou falhas na execução do prazo previsto em lei aos pacientes.

Até julho, 7.157 pacientes estavam inscritos no Siscan, sistema de registro que deve reunir o histórico do paciente e o seu tratamento. Este número representa pouco mais de 1% do total de casos novos de câncer (576 mil) registrados no país, segundo estimativas do Inca (Instituto Nacional do Câncer). Dos pacientes inscritos, só 60% iniciaram o tratamento em até 60 dias após o diagnóstico, como diz a lei. Para os outros 40% foram mais de 60 ou até mais de 90 dias.

"A lei ainda está longe de funcionar de fato. Os pacientes continuam morrendo de cânceres evitáveis e curáveis porque demoram para ser tratados", diz a médica mastologista Maira Caleffi, presidente voluntária da Femama.

Ainda segundo a Folha, do total de entrevistados nas instituições, 64% relatam que não houve repasse extra de recursos para que a lei dos 60 dias fosse implantada de forma eficiente. Metade deles também relata alguma falha de funcionamento no Siscan. Até maio, o sistema funcionava em apenas 27% dos municípios brasileiros (1.546). Outro fator limitante é o fato de que só 34% das unidades básicas de saúde possuem acesso à internet, recurso fundamental para o registro e acompanhamento dos casos.

Segundo Caleffi, existe outro gargalo ainda mais invisível: o acesso a especialistas e a exames que possibilitam o diagnóstico. "Temos de agilizar as consultas a especialistas. Biopsia é um grande gargalo. O paciente está fazendo xixi com sangue [indicativo de câncer na próstata] e não consegue fazer a biopsia", afirma a médica.

Em São Paulo, o tempo médio de espera para consultas é de 205 dias, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde. Já a fila para exames é, em média, de 124 dias. Esse conjunto de entraves faz com que mais da metade dos casos de câncer no Brasil sejam diagnosticados em estágio avançado, diz Caleffi.

"Às vezes, quando o paciente chega, já não adianta mais. Cerca de 75% dos recursos públicos em câncer são investidos em quimioterapia. As fases iniciais da doença têm pouco investimento."

"O grande problema hoje é quem não consegue acesso ao diagnóstico inicial. É um gargalo cego, não tem como mensurar", afirma o oncologista Paulo Hoff, diretor do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo).

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Começa o "Outubro Rosa", campanha de conscientização sobre o câncer de mama


01/10/201410h05
do BOL, em São Paulo

A partir desta quarta-feira (1) tem início o "Outubro Rosa", campanha que visa à conscientização e ao combate ao câncer de mama. Durante todo o mês serão realizadas diversas ações para informar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e os riscos da doença.

Assim como no ano passado, cidades do mundo inteiro irão manifestar seu apoio à causa usando iluminação cor-de-rosa em seus monumentos principais.

Sobre a doença
O câncer de mama é o que mais mata mulheres do mundo inteiro, embora a doença também atinja uma pequena parcela dos homens. No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa para o ano de 2014 é de 57 mil novos casos da doença.

Quando detectado precocemente, a chance de cura deste tipo de câncer é de quase 100%, por isso, a prevenção é o foco do "Outubro Rosa".