segunda-feira, 6 de abril de 2020

Como os pacientes com câncer devem agir diante do coronavírus

A colaboração de todos é vital para preservar quem está no grupo de risco do coronavírus, caso dos pacientes oncológicos, e aliviar o sistema de saúde
Por Dra. Clarissa Mathias, oncologista*
access_time30 mar 2020, 17h40 - Publicado em 30 mar 2020, 12h35
Não saia de casa desnecessariamente. Evite multidões. Lave as mãos e punhos por mais de 30 segundos. Use álcool em gel. Cubra com o antebraço o nariz e a boca ao tossir ou espirrar. Se for extremamente necessário sair, não cumprimente as pessoas como de costume: nada de aperto de mão ou beijo no rosto. Mantenha distância das pessoas.
Com a rápida disseminação da Covid-19, doença relacionada ao coronavírus (Sars-CoV-2), todo mundo já decorou essas recomendações. Então, o que a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) pode acrescentar de relevante para a população?
Visto que os pacientes oncológicos costumam ter queda na imunidade devido à doença ou por causa dos tratamentos aos quais são submetidos (quimioterapia, radioterapia, uso de corticoides, entre outros), é indispensável manter o cuidado redobrado durante esse momento. Uma pessoa que contrair o coronavírus tem maior risco de sofrer complicações se estiver enfrentando um tumor.
Como parte do compromisso da SBOC em promover e ampliar o bem-estar dos pacientes com câncer, o ponto mais crucial a se destacar é que todos eles conversem com sua equipe médica sobre como prosseguir com o tratamento.
Em casos específicos, o número de atendimento presenciais pode ser reduzido. Uma consulta de seguimento (que serve para acompanhar a evolução da pessoa e do tratamento) pode ser reagendada. O mesmo vale para as consultas de hormonioterapia, voltadas para tumores de mama e próstata. Assim, o paciente circula menos, ficando menos suscetível à infecção pelo Sars-CoV-2.
O que deve ser mantido normalmente são as consultas para indivíduos em tratamento com quimioterapia. Já pacientes que estejam com quadro sintomático de coronavírus precisam de auxílio médico para definir a urgência do tratamento contra o câncer.
Fazendo um recorte, a maior probabilidade de complicações por Covid-19 é entre os portadores de cânceres no sangue (leucemias, linfomas e mieloma múltiplo) que passaram por transplante de medula óssea ou estão em tratamento com quimioterapia. Porém, adotando as medidas preventivas listadas abaixo, os riscos associados ao coronavírus diminuem significativamente.
Aos pacientes com câncer ou em acompanhamento:
·         Não interrompa seu tratamento oncológico
·         Caso haja suspeita de infecção, a consulta deve ser priorizada e o paciente, enquanto aguarda, precisa usar máscara cirúrgica e ficar em ambiente arejado
·         Se estiver na fase de seguimento, contate sua equipe médica para avaliar se é seguro adiar seus retornos para um período com menor disseminação do coronavírus
·         Evite contato com qualquer pessoa que tenha sintomas gripais, que esteja em investigação para possível infecção Covid-19, ou que tenha chegado do exterior (com ou sem sintomas gripais)
·         Se apresentar quadros como, febre, coriza, tosse seca, falta de ar, contate seu médico
·         Permaneça somente o tempo necessário em ambiente de clínicas e hospitais. Dentro do possível, evite contato físico direto, mesmo com o seu médico e a equipe de saúde
·         Só leve, no máximo, um acompanhante para um centro de tratamento oncológico. Essa pessoa não pode apresentar qualquer sintoma respiratório ou febre
·         Restrinja visitas hospitalares ao que for estritamente necessário

https://saude.abril.com.br/blog/cancer-em-pauta/pacientes-cancer-coronavirus/

Coronavirus: recomendações aos pacientes com câncer


INCA contra coronavírus
Instituto toma medidas duras, mas necessárias, para garantir a integridade de pacientes, familiares e servidores durante a pandemia

Publicado: 16/03/2020 | 16h24
Última modificação: 17/03/2020 | 16h31
A pessoa com câncer é mais propensa a desenvolver sintomas graves caso seja contaminada pelo novo coronavírus (Covid-19), classificado pela Organização Mundial da Saúde, como pandemia. Por isso, o INCA teve que tomar medidas duras, temporariamente, para reduzir a velocidade de propagação do vírus por meio da redução de circulação de pessoas em suas unidades.
Os pacientes internados com acompanhante não podem mais receber visita. Aqueles que não têm acompanhante poderão receber apenas uma visita por dia. Durante os atendimentos ambulatoriais, o paciente, mesmo o pediátrico, só poderá estar acompanhado de uma pessoa. Todas as consultas de controle dos ambulatórios dos próximos 30 dias serão desmarcadas e reagendadas futuramente. Nesse período, novas consultas não serão agendadas. As visitas a pacientes no CTI estão suspensas. Para impedir a concentração de pessoas, o horário de visita será restrito.
Os exames de imagem do radiodiagnóstico, assim como os exames laboratoriais de rotina e os exames eletivos da endoscopia digestiva, colonoscopia e broncoscopia serão cancelados e reagendados posteriormente.
O INCA recomenda que pessoas com mais de 60 anos, por comporem a faixa etária mais sujeita a apresentar sintomas graves causados pelo coronavírus,  e crianças evitem fazer visitas aos pacientes internados. Há ainda a forte recomendação para que os acompanhantes sejam adultos com menos de 60 anos que não apresentem sinais da doença (os mais comuns são febre, cansaço e tosse seca; mas há casos de dores no corpo, coriza, congestão nasal, dor de garganta, diarreia e dificuldade para respirar). A distribuição de tíquetes de almoço para acompanhantes do ambulatório foi suspensa para reduzir o fluxo de pessoas nos refeitórios.  Acompanhantes devem evitar ao  máximo possível os revezamentos.
Eventos internos do Instituto também estão suspensos por tempo indeterminado assim como os cursos presenciais de curta duração (atualização e aperfeiçoamento). Da mesma forma, as atividades de voluntariado dentro das unidades hospitalares serão restritas.
Preventivamente, é importante seguir as recomendações do Ministério da Saúde. As principais são: lavar as mãos com água e sabão, na sua ausência, usar álcool em gel; cobrir nariz e boca com lenço ao tossir ou espirrar – quem  não o tiver, deve usar o antebraço como barreira, e não as mãos, para evitar tocar em locais que possam contaminar outras pessoas; evitar aglomerações; manter os ambientes bem ventilados; e não compartilhar objetos pessoais.

Coronavírus, COVID-19 e câncer: o que sabemos até o momento?
Recomendação do Centro de Oncologia Lydia Wong Ling para os pacientes com câncer em tratamento no Hospital Moinhos de Vento
O mais recente coronavírus identificado, um beta-coronavírus do tipo RNA, causa a infecção chamada de Coronavírus Disease 2019, ou COVID-19. Na literatura médica, também pode-se encontrar a doença denominada de síndrome respiratória aguda do coronavírus 2, e o nome do vírus como SARS-CoV-2. Pessoas com hipertensão arterial sistêmica, diabete mélito, doença cardíaca, doença pulmonar, câncer e outras condições que causem diminuição da imunidade tem maior risco de desenvolver a forma mais grave da infecção.
Sintomas da COVID-19: o mais comum é ocorrer febre, cansaço e tosse seca; os sintomas geralmente são leves e iniciam gradualmente. Pode haver também dores no corpo, congestão nasal, nariz correndo, dor de garganta e diarreia. Na maioria dos casos (80%), há recuperação espontânea da pessoa infectada, sem necessidade de tratamento especial. Quando houver febre, tosse e dificuldade de respirar, o paciente deve procurar atendimento hospitalar; os demais casos não devem ser tratados no hospital, mas sim, mantidos em casa até recuperação.
Como a COVID-19 se espalha:
·         contato de pessoa a pessoa: por gotículas do nariz (espirros, nariz correndo) e boca (tosse, respiração com gotículas);
·         superfícies com as gotículas das pessoas infectadas (tocar e depois colocar a mão na boca, nos olhos ou no nariz).
Risco nos pacientes com câncer
Os pacientes com câncer em tratamento oncológico parecem ter maior risco de infecção grave, embora o número de casos de infecções nesses pacientes seja pequeno. A frequência de pacientes com câncer e COVID-19 varia de 0,9% a 1% na literatura. Recomenda-se que todos os pacientes oncológicos em tratamento tenham cuidado redobrado para não adquirir a infecção, evitando contato com pessoas com sintomas e com pessoas que tenham viajado para áreas com a epidemia, evitando viagens desnecessárias e também locais com aglomerações de pessoas. Atenção: os pacientes não devem interromper seu tratamento oncológico!
Como se proteger da infecção:
·         primeira e mais importante medida: LAVAR AS MÃOS frequentemente com água e sabão ou higienizar com álcool-gel – essas 2 medidas simples matam os vírus que estiverem em suas mãos;
·         manter pelo menos 1 metro de distância das pessoas, de uma forma geral (especialmente das que estiverem tossindo e espirrando, pois pode haver partículas virais nas gotículas provenientes da tosse e do espirro de pessoas infectadas);
·         evitar tocar nas mucosas dos olhos, do nariz e da boca (nossas mãos podem tocar em superfícies infectadas pelo vírus e levar as partículas virais para nossas mucosas; a partir daí, o vírus pode entrar no nosso organismo);
·         seguir uma adequada higiene respiratória: ao tossir e/ou espirrar, cobrir sua boca e nariz com seu braço ou antebraço (e não com suas mãos); após usar lenços de papel para limpar as secreções do nariz e da boca, colocá-los imediatamente no lixo;
·         ficar em casa se não estiver se sentindo bem, mesmo que os sintomas sejam leves, como dor de cabeça, febre baixa e nariz correndo (para não contaminar outras pessoas, caso você esteja com o vírus);
·         evitar viajar para ou frequentar locais onde há casos de COVID-19;
·         buscar informação em fontes confiáveis – não espalhar nem acreditar em notícias falsas (fake news).

Recomendações para os pacientes com câncer no Hospital Moinhos de Vento:
·         Não se recomenda adiar tratamentos oncológicos já em curso;
·         Quem já terminou o tratamento oncológico há mais de 1 mês deverá ter os mesmos cuidados que a população em geral, lembrando dos grupos de risco citados no texto acima;
·         Quem tem consulta de revisão de rotina agendada deve falar com sua equipe médica para avaliar se a consulta pode ser postergada.
No Hospital Moinhos de Vento, os serviços de quimioterapia e radioterapia estão considerando a necessidade de ajustes na sua rotina para maximizar a segurança dos pacientes, sempre discutindo caso a caso, à semelhança do que está ocorrendo em todo o hospital. Estamos trabalhando bem próximos ao Serviço de Controle de Infecção e recebendo informações atualizadas diariamente, sobre a repercussão do COVID-19 no nosso meio.