Aline Chalet, do R7*
24/06/2020 - 02h00
Doenças que afetam células sanguíneas, como leucemia, estão
no grupo de risco
Cerca de 43% dos pacientes com câncer tiveram o tratamento
impactado pela pandemia de covid-19, como cancelamento ou adiamento de
procedimentos, segundo uma pesquisa online realizada pelo Instituto Oncoguia.
Na região Norte, 63% dos participantes da pesquisa afirmaram ter tido impacto
no tratamento. A região Sul foi a menos atingida, com 32% pacientes afetados.
A pesquisa foi realizada com 566 pacientes oncológicos e
seus familiares, desses 429 estão em tratamento no momento.
Dos pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde), 60% tiveram
impacto no tratamento, contra 33% que utilizam serviço privado de saúde.
Entre esses 43%, os cancelamentos ou adiamentos de
tratamentos ocorreram devido a decisões institucionais, ou seja, tomadas pelo
hospital ou clínica. Os motivos fornecidos pelas instituições de saúde são:
risco de contágio, priorização de pacientes, redução de equipe e impacto na
infraestrutura.
Cerca de 12% dos pacientes tomaram a decisão por conta
própria e 3% tomou a decisão em conjunto com o médico.
"O ideal seria a personalização dessa fase, ou seja,
que médico e paciente determinassem juntos a melhor forma de continuar
realizando o tratamento minimizando ao máximo os riscos em relação ao
coronavírus", afirma Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia.
Dentre os pacientes que tiveram alterações em seus
tratamentos após o início da quarentena, 34% fazem quimioterapia, 31%
hormonioterapia, 9% radioterapia e 9% terapia-alvo.
Segundo o oncologista Rafael Kaliks, do Hospital Albert
Einstein e diretor científico do Oncoguia, a conversa com o médico é
fundamental para o tratamento oncológico não ser prejudicado. “Existem exames,
consultas e até cirurgias que podem ser adiados por algum tempo, mas isso tem
que ser uma decisão médica após a avaliação de cada caso individualmente.”
A pesquisa mostrou que 70% dos pacientes oncológicos se
consideram grupo de risco para a covid-19.
Segundo Kaliks, dos pacientes com câncer, apenas os que
apresentam neoplasias hematológicas (doenças que afetam as células sanguíneas
como leucemias e linfomas), que passaram por transplante de medula óssea e que
estão em tratamento com quimioterapia são considerados de grupo de risco.
Os pacientes que possuem outras doenças associadas como
diabetes e doenças do coração também são do grupo de risco.
“Pacientes oncológicos que trataram um câncer e estão apenas
em acompanhamento não são considerados imunodeprimidos e ex-pacientes
oncológicos que estão sem evidência de câncer e que não estão em tratamento
oncológico têm o risco aproximado de uma pessoa da mesma idade que não teve
câncer."
Segundo dados da pesquisa, 52% dos pacientes sentiram
impacto da pandemia de coronavírus na área emocional de suas vidas, 46% na área
social, 33% na saúde e 32% na área financeira.
"A área emocional já é a mais afetada diante do câncer
e curiosamente temos isso novamente diante da covid-19. Os pacientes estão sim
muito mais frágeis e inseguros diante dessa doença que, além de tudo, também
impede o contato, as relações e os abraços tão necessários para o enfrentamento
do câncer", completa Luciana.
*Estagiária do R7 sob supervisão de Deborah Giannini
https://noticias.r7.com/saude/covid-19-atrasou-o-tratamento-de-43-dos-pacientes-com-cancer-24062020
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