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terça-feira, 29 de outubro de 2019

Cura de brasileiro cria nova esperança contra o câncer terminal

Brasileiro de 63 anos tem remissão de linfoma não Hodkings avançado após ser submetido a terapia inédita na América Latina. Responsáveis pelo teste, cientistas da USP desenvolvem uma metodologia nacional da técnica há quatro anos

PO Paloma Oliveto
postado em 12/10/2019 07:00 / atualizado em 12/10/2019 16:57


O paciente voltou a engordar e terá alta hoje: análise do tipo de remissão, se foi completa ou parcial, sairá em três meses(foto: Agência Fapesp/Divulgação)

Considerada uma das mais promissoras terapias de combate aos tumores hematológicos dos últimos tempos, as células CAR T foram usadas, pela primeira vez, na América Latina para tratar um paciente terminal de linfoma não Hodkings avançado, com prognóstico de menos de um ano de vida. O procedimento experimental foi realizado por médicos e pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP) em setembro e resultou na remissão da doença.

Embora não necessariamente signifique a cura — entre 20% e 30% das pessoas com linfomas e leucemias tratadas com esse tipo de célula, do próprio paciente, têm recidiva em alguns anos —, o homem de 63 anos não apresenta mais os sintomas que tinha ao dar entrada no Hospital das Clínicas da FMRP. Antes de se submeter ao procedimento, ele sofria de perda acentuada de peso, suores noturnos e muitas dores, o que obrigava os médicos a tratá-lo com dose máxima de morfina. Agora, voltou a engordar, não tem mais sudorese nem precisa do forte opioide. Os médicos responsáveis ressaltam que, apenas daqui a três meses, será possível avaliar se a remissão foi completa ou parcial, mas estão otimistas com o tratamento. Hoje, o paciente terá alta.

Células CAR T são retiradas do paciente e modificadas geneticamente para que, quando reintroduzidas no organismo, formem um exército robusto de soldados que mirem um alvo específico do tumor, o destruam e mantenham intactas as estruturas saudáveis do organismo. Mesmo depois de matar as células doentes, elas ficam em alerta na corrente sanguínea para que, ao identificarem uma tentativa do câncer de reaparecer, o ataquem novamente. No Brasil, esse tratamento não está disponível. Nos Estados Unidos e em países que exportaram a tecnologia, o preço pode ultrapassar US$ 1 milhão.

O tratamento bem-sucedido foi realizado no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir de uma pesquisa que está sendo realizada na universidade, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). De acordo com os médicos que desenvolveram a metodologia nacional, o custo foi de apenas R$ 150 mil. Essa terapia, porém, ainda é experimental e não está disponível.

O paciente, diagnosticado em 2017 e sem sucesso nas diversas quimioterapias desde então, foi beneficiado pelo chamado uso compassivo, quando já não há nenhuma opção e, portanto, é possível tratá-lo com métodos experimentais. A equipe da USP, composta por 20 pesquisadores, desenvolve o método nacional de células CAR T há quatro anos.

“Trata-se de uma tecnologia muito recente e de uma conquista que coloca o Brasil em igualdade com países desenvolvidos. É um trabalho de grande importância social e econômica para o país”, afirmou à Agência Fapesp Dimas Tadeu Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular (CTC) da USP. De acordo com Renato Cunha, médico e pesquisador do CTC, a intenção, agora, é ampliar o protocolo do estudo e atender mais voluntários. Ele contou ao Jornal da USP que outros dois pacientes com linfomas graves estão perto de receber a infusão das células reprogramadas.
Entusiasmo
O hematologista Alexandre Caio, do Instituto OncoVida/Oncoclínicas, está entusiasmado com o anúncio do tratamento feito pelos colegas de São Paulo. Ele conta que um de seus pacientes participou de uma pesquisa em Israel com células CAR T, e apenas a infusão saiu por US$ 70 mil, mesmo sendo experimental. “É um procedimento inviável no cenário brasileiro. Quando você tem um tratamento exitoso e célere como o da USP no cenário do Sistema Único de Saúde, isso é fantástico. Dá ao paciente do SUS a esperança de ter essa possibilidade de tratamento. É algo que poderá beneficiar todos os brasileiros. Esse tipo de pesquisa nos dá orgulho do SUS, orgulho da medicina pública e mostra que é preciso investimento nas universidades, nos hospitais universitários”, defende.

Caio ressalta que, mesmo nos Estados Unidos, onde está aprovado desde 2018, o tratamento com células CAR T para linfomas e leucemias não é indicado como primeira linha, ou seja, a primeira opção. Para chegar a ele, a resposta do paciente às linhas à base de quimioterapia têm de ter falhado. O hematologista lembra que, com os quimioterápicos, as chances de cura de tumores hematológicos chegam a 90%, dependendo do estágio da doença. Outra possibilidade das células CAR T, diz Alexandre Caio, é fazer a ponte entre o tratamento padrão e o transplante de medula óssea.

https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2019/10/12/interna_ciencia_saude,796890/cura-de-brasileiro-cria-nova-esperanca-contra-o-cancer-terminal.shtml

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

'Em 15 ou 20 anos, o câncer deverá ser uma doença controlada, como a Aids', diz pesquisador do Inca



Câncer é a doença que mais amedronta brasileiros; ela surge de mutações genéticas que transformam células em tumores (Foto: Pixabay/Creative Commons/Qimono)

Especialista em imunoterapia, um dos tratamentos mais avançados contra os tumores, João Viola fala sobre a evolução nas descobertas sobre a doença mais temida pelos brasileiros.

Por BBC
11/12/2017 08h29  Atualizado há 1 hora

Nas décadas de 1980 e 1990, um mal pouco conhecido passou a assombrar o mundo e intrigar os cientistas: a Aids, causada pelo vírus HIV. Altamente letal à época, a nova doença se tornou um pesadelo. O filósofo Michel Focault, o ator Rock Hudson, o cantor brasileiro Cazuza e o lendário roqueiro Freddie Mercury foram apenas algumas das celebridades que morreram em decorrência dela.
Mas três décadas depois do surto inicial, as perspectivas de vida de um portador do vírus do HIV são bem diferentes das daqueles tempos. A eficiência dos coquetéis antirretrovirais é comprovada pelos números - no Brasil, o índice de mortalidade caiu mais de 42% nos últimos 20 anos, e a epidemia é considerada estabilizada. Hoje, a doença que mais assusta os brasileiros não é mais a Aids - e sim o câncer.
Segundo pesquisa do instituto Datafolha, esse é o diagnóstico que 76% das pessoas mais temem ouvir - é visto por elas praticamente como uma "sentença de morte". Só entre o ano passado e o atual, a estimativa era de que 600 mil novos casos surgissem no Brasil.
Mas diferentemente do senso comum, os tratamentos já evoluíram bastante, a ponto de João Viola, pesquisador do Inca (Instituto Nacional do Câncer) desde 1998 e chefe da divisão de pesquisa experimental e translacional do órgão, dizer que "a grande maioria dos cânceres são curáveis". "Hoje a gente tem capacidade de curar doentes. Esse estigma, a gente tem que combater", afirma em entrevista à BBC Brasil.
Por outro lado, ressalta ser difícil poder falar em "cura definitiva" quando se trata da doença, já que ela pode ser extinta em um órgão e voltar em outro. Até por isso, os cientistas trabalham para torná-la "controlável" - assim como é a infecção pelo HIV hoje.
"É muito difícil falar em cura porque, uma vez que você tem, precisa estar sempre em vigilância. Mas o que a gente está prevendo é que, em 15 ou 20 anos, o câncer vai ser a mesma coisa que a Aids. O paciente fica em tratamento-controle por muito tempo, e aí vira uma doença crônica. Isso é bem plausível, bem possível."
Leia os principais trechos da entrevista, na qual Viola fala sobre a evolução no tratamento da doença e as perspectivas sobre seu futuro.

BBC Brasil - Quando falamos em câncer, ainda há um estigma forte e uma ideia de que a doença é uma "sentença de morte", mais ou menos como era a Aids na década de 1980. Hoje, a Aids não foi erradicada, mas consegue ser bem controlada com remédios. O que evoluiu de lá para cá no caso do câncer?
João Viola - Existe uma correlação de desenvolvimento muito semelhante com a Aids, hoje a gente discute o câncer mais ou menos desse jeito. Mas é importante ressaltar que, quando a gente fala em Aids, a gente está falando em uma doença. Quando a gente fala em câncer, a gente está falando em mais de cem doenças diferentes. Há alguns mais agressivos, menos agressivos, mas é uma abrangência de diferentes tipos.
O ponto importante é: a grande maioria dos tumores hoje são curáveis. Desde que sejam identificados mais precocemente. Se a gente consegue identificar o tumor bem precoce, há intervenções com as quais conseguimos curar o paciente.

BBC Brasil - O câncer engloba várias doenças, mas o mecanismo de ação é o mesmo em todas elas, certo? Uma célula ruim que se multiplica e vai afetando um órgão. Por que, então, é tão difícil inibir esse mecanismo que forma os tumores malignos?
João Viola - O câncer é uma doença basicamente genética. Nosso genoma é a informação genética que nós temos, então o câncer tem uma base genética e ele parte de mutações no nosso genoma que alteram a fisiologia daquela célula. Uma célula, como qualquer ser vivo, nasce, divide, diferencia e morre. Toda célula tem que fazer isso. O câncer é uma doença genética que altera essa relação da fisiologia celular, e essa célula passa a se dividir desreguladamente e não morre.
Há um conjunto de genes chamados oncogenes que, quando estão no seu funcionamento normal, são fundamentais para nós. Mas se ele passa por uma mutação que o faz se desregular, isso altera a vida celular. Só que são milhares de genes. A gente já conhece algumas dessas alterações, mas elas são muitas, e relacionadas a diferentes tipos tumorais.
São doenças muito diferentes que podem ter estágios diferentes, e que são causadas por mutações em genes diferentes. O tumor X pode estar mais relacionado ao oncogene Y e por aí vai. Mas o mecanismo é o mesmo: em algum órgão seu, uma célula mutou para uma célula tumoral.
E aí tem uma coisa que a gente chama de microambiente tumoral. Quando a gente tem um tumor que está crescendo, ele altera o ambiente onde está, onde as outras células vivem. Os tumores malignos, além de crescerem naquele local, as células dele saem daquele tumor, pegam a corrente sanguínea e crescem em outros tecidos - que são as metástases. Então retirar o tumor não necessariamente retira o problema.

BBC Brasil - O senhor se formou no final da década de 1980, quando o câncer ainda era pouco conhecido. Um paciente que se descobria com a doença naquela época tinha quais tipos de tratamento disponíveis?
João Viola - O primeiro tratamento que se tem é a cirurgia. Até hoje, a primeira coisa que se faz é tentar retirar esse tumor. Então até que os primeiros quimioterápicos surgissem, era só cirurgia. Mas a probabilidade de curar assim era muito pequena, não vai resolver por causa dos tumores secundários que surgem.
No final da década de 1970, começam a surgir as primeiras químios, as primeiras drogas quimioterápicas que aparecem e que basicamente inibem a divisão celular, ou seja, inibe que aquela célula (tumoral) se divida muito. Só que são drogas completamente inespecíficas. Elas não inibem só a divisão das células tumorais, inibem a divisão das células normais também. Quais são as células nossas que dividem muito? Cabelo, pele, intestino - por isso que as pessoas que passam por químio têm problemas intestinais e perdem cabelo.
Então o que você fazia? Retirava o tumor por cirurgia e tratava por quimioterapia tentando matar aquelas células tumorais que você não sabe onde está. Junto com isso surge também a radioterapia, no século 20. Você tenta matar essas células também por radiação. Esse era o tripé do tratamento.

BBC Brasil - E hoje, três décadas depois, o que há de novidade nos tratamentos?
João Viola - No final do século 20 e início do 21: dois grandes grupos de drogas começam a ser importantíssimos e começam a mudar a perspectiva de vida dos pacientes, junto com as outras.
Uma delas é a terapia-alvo. Você começa a conhecer melhor a biologia do tumor e consegue entender qual é o gene que faz o tumor X, Y, Z, quais são as mutações, e isso é muito importante. No final do século 20, a gente teve o genoma humano mapeado, e aí a gente conhece todos os genes humanos e sabe qual é a estrutura do gene normal.
Sabendo isso, a gente começa a trabalhar em cima do câncer e entender: o gene X está mutado na doença A. E começa a correlacionar os genes e as doenças: esse gene é importante para desenvolver o tumor de mama, esse para o tumor cerebral e por aí vai. Aí começamos a desenvolver drogas que agem especificamente nessas vias que estamos falando, para interferir no gene X, Y ou Z.
Isso é o que a gente chama de terapias-alvo. Se a gente sabe que há tal mutação, a gente vai trabalhar para bloquear essa mutação para se aproximar da cura. As terapias-alvo são um passo à frente da quimioterapia. Porque na quimio você vai lá e mata tudo, a terapia-alvo consegue ir naquele alvo específico.
Uma das possibilidades que a gente tem, além de fazer todos esses tratamentos, é ativar o nosso próprio sistema imune para destruir o câncer, destruir a célula tumoral. Porque temos uma resposta imunológica no organismo contra ela, só que, por diversas razões, o tumor consegue escapar. Mas aí conseguimos modular esse escape e fazer com que as células do sistema imune combatam esse tumor. Essas são as imunoterapias.
Agora uma coisa importante é o custo. Essas terapias não tiram as originais. O paciente continua sendo operado, continua usando químio, radioterapia e mais essas duas outras terapias. O que faz com que hoje o tratamento seja extremamente caro. Teremos que trabalhar isso, mas é um tratamento que está dando muito certo.

BBC Brasil - Se é possível fazer com que o próprio organismo produza os anticorpos para combater as células tumorais, isso significaria uma possível cura definitiva do câncer?
João Viola - Não necessariamente, porque essa resposta autoimune também pode ter consequências ruins. Veja, a maior revolução mesmo contra o câncer que temos hoje é uma outra coisa, os bloqueadores do ponto de checagem imunológico.
Isso funciona assim: tudo em nosso organismo tem algo que acelera e tem um freio, como em qualquer lugar. Para balancear. A resposta imune é a mesma coisa. Há um ponto de checagem em que identificamos que essa célula, por exemplo, é tumoral - aí vem o linfócito e vai tentar matar. Esse linfócito reconhece inicialmente o problema e libera o anticorpo contra ele, mas depois o linfócito passa a ter na sua membrana umas moléculas que vão fazer um freio na resposta imune. Ela freia a resposta imune. Porque você ter uma reposta autoimune exagerada também vai causar doença - por exemplo, as doenças autoimunes.
O tumor é feito pela gente, diferente de uma infecção viral ou de bactéria, que vem de fora. Então a resposta antitumoral é uma resposta que está na gente, ou seja, autoimune, a princípio. Então como qualquer resposta autoimune, o nosso organismo freia essa resposta. Porque indivíduos que apresentam problemas nesse freio têm doenças autoimunes. Há muitas: lúpus, artrite reumatoide....
O que se viu? É que no câncer, se eu venho aqui e bloqueio essa via negativa que freia os linfócitos, eu aumento a resposta antitumoral. Se eu posso ativar a resposta autoimune contra um tumor, também posso bloquear o bloqueador da resposta, que são essas moléculas. E aí o organismo consegue continuar multiplicando os anticorpos e os linfócitos conseguem combater e matar o tumor.

BBC Brasil - O câncer tem esse aspecto de ir e voltar. É possível hoje falar em cura real do câncer?
João Viola - É muito difícil falar em cura, porque uma vez você que tem, precisa estar sempre em vigilância. Você só cura se, depois de 20 anos, não apareceu mais nada. Só posso falar em cura se ela for definitiva. A gente sempre fala que o câncer pode recorrer, sim.
Eu vi a Aids aparecer, depois vi os tratamentos. Então saí da faculdade, e ela não tinha cura. Um paciente que tinha diagnóstico de Aids, isso era uma sentença de morte. Um, dois anos de vida, seis meses. Mas mudou absolutamente, essa terapia tripla que se faz atualmente é uma coisa fantástica. Eu tenho amigos que são HIV positivo, não têm Aids e estão no tratamento há 15 anos.
Mas vira uma doença crônica. É a mesma coisa que estamos falando da diabetes, vai ter que controlar o resto da vida. Hipertensão se trata para o resto da vida. Mas se fizer direitinho, está controlado. Mas não está curado. A Aids, a mesma coisa.

O que estamos prevendo é que, possivelmente, em alguns anos o câncer vai ser assim. É possível que daqui a pouco a gente tenha tratamento e que o paciente fique em tratamento-controle por muito tempo, que vire uma doença crônica. Continue mais ou menos na correlação da Aids.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Microsoft assume responsabilidade e diz que descobrirá cura do câncer em dez anos



Microsoft ultimamente anda assumindo grandes responsabilidades. Após anunciar o investimento em jovens brasileiros, a companhia de Redmond acaba de fazer mais uma grande promessa para o futuro: descobrir a cura do câncer nos próximos dez anos. Pode parecer um pouco estranho, mesmo com a companhia aplicando dinheiro em projetos inovadores através da Fundação Bill e Melinda Gates, mas a mesma pretende chegar a essa incrível conquista, assim como a cura da AIDS, utilizando do seu vasto conhecimento e experiência em computadores

A resposta para isso é um tanto quanto simples e a Microsoft pretende tratar as células cancerígenas como se fossem vírus de computador, monitorando as replicações e tentando reprogramar o material genético. Para isso, a gigante de Redmond está desenvolvendo uma unidade de "computação biológica", em que as células poderiam habitar o ambiente orgânico e computacional, auxiliando o trabalho dos pesquisadores. O prazo fixado para isso é de, no máximo,

O campo da biologia e o da computação parecem ser como a faca e o queijo. Os processos complexos que ocorrem nas células tem alguma similaridade com aqueles que acometem um computador de mesa comum", avalia Chris Bishop, chefe de pesquisa do laboratório da Microsoft em Cambridge, Reino Unido.

Dessa forma, além de provar - mais uma vez - que a tecnologia é uma grande aliada da medicina, a Microsoft e sua equipe se consagrariam por toda a história não só por seu legado na era dos computadores dez anos. Como também da biologia, além, é claro, em uma visão mais otimista e sem pensar nos lucros que pode obter com isso, transformar a vida de muitas pessoas.


MICROSOFT QUER ‘RESOLVER’ O CÂNCER DENTRO DE DEZ ANOS
|Publicado em: 20 de setembro de 2016
PROJETO TRATA TUMOR COMO VÍRUS DE COMPUTADOR, COM INTUITO DE REPROGRAMAR DOENÇA

RIO — A Microsoft pretende “resolver” o câncer dentro de dez anos. A companhia, conhecida por sua atuação na indústria de softwares, está trabalhando para tratar a doença como um vírus de computador, que invade e corrompe as células do corpo. Dessa forma, a expectativa é que no futuro próximo seja possível monitorar essas células e, potencialmente, reprogramá-las para que elas se tornem saudáveis novamente.

Para isso, a empresa construiu uma unidade de Computação Biológica, com o objetivo final de transformar células em computadores vivos. Dessa forma, elas seriam capazes de serem programadas e reprogramadas para tratar praticamente qualquer doença. No curto prazo, a companhia pretende utilizar a inteligência artificial para encontrar uma cura para o câncer, no projeto batizado como Hanover.

De acordo com a companhia, uma máquina de aprendizagem será abastecida com os milhares de estudos que são publicados em periódicos científicos para ajudar médicos e pacientes a personalizar tratamentos para a doença. O arquiteto do Hanover, Hoifung Poon, está trabalhando com pesquisadores do Knight Cancer Institute, da Universidade do Oregon, para que o sistema descubra combinações de drogas efetivas no combate da leucemia mielogênica aguda, um tipo quase sempre fatal de câncer que não teve grandes avanços em tratamentos nas últimas décadas.

O câncer é causado por mutações genéticas que fazem com que as células cresçam e se multipliquem sem controle. A possibilidade de encontrar essas mutações específicas levaram ao surgimento de novas drogas, que atacam a doença de forma mais precisa, aumentando as taxas de sobrivivência. De acordo com relatório da organização Pharmaceutical Research and Manufacturers of America, existem mais de 800 medicamentos e vacinas em testes clínicos contra o câncer.

— É excitante, mas também nos fornece um desfio de como lidar com tantos dados — disse Jeff Tyner, diretor do Knight Institute, à Bloomberg. — É por isso que a ideia de um biólogo trabalhar com cientistas da informação é tão importante. A combinação de todos esses recursos vai ajudar a tornar os mais recentes avanços em terapias mais efetivas e menos tóxicas.

PROCESSOS SIMILARES AOS DE COMPUTADORES
Aparentemente, os campos da biologia, matemática e computação são distintos, mas as barreiras que as separam estão sendo quebradas nos últimos anos.

— Os processos complexos que acontecem nas células possuem alguma similaridade com aqueles que acontecem em um computador desktop padrão — disse Chris Bishop, diretor do laboratório da Microsoft Research em Cambridge, à revista “Fast Company”.

Dessa forma, esses processos complexos também podem, potencialmente, serem compreendidos por um computador desktop. E esses mesmos computadores podem ser usados para compreender como as células se comportam para tratá-las quando necessário. Se isso for possível, os computadores não apenas entenderão os motivos das células se comportarem de determinada maneira quando se tornam cancerígenas, mas também poderão disparar uma resposta dentro da célula, para reverter essa programação.

Andrew Philips, que lidera a unidade de Computação Biológica, afirmou ao “Telegraph” que em cerca de 5 anos um sistema para detectar problemas nas células estará pronto.

— É um prazo longo, mas eu penso que será tecnicamente possível dentro de 5 a 10 anos criar um sistema molecular inteligente que seja capaz de detectar doenças — disse Philips.

Os pesquisadores já desenvolveram um software que simula o comportamento sadio de uma célula, batizado como Bio Model Analyser, que pode ser comparado com o de uma célula doente para pesquisar onde o problema ocorreu e como pode ser consertado.

— Se nós formos capazes de controlar e regular o câncer, ele se tornará como qualquer doença crônica, e o problema estará solucionado — disse Jasmin Fisher, pesquisador da Universidade Cambridge. — Eu acredito que para alguns tipos de câncer, o prazo é de cinco anos, mas definitivamente dentro de uma década. Então, teremos provavelmente um século livre do câncer.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Possível cura de câncer com vírus do sarampo é questionada por especialistas


Experiência feita nos EUA levanta polêmica
Jornal do Brasil - Rafael Gonzaga 24/05/2014

Pesquisadores de Minnesotta, nos Estados Unidos, conseguiram demonstrar que a manipulação do vírus do sarampo em uma técnica chamada virusterapia pode ser eficaz no combate contra o mieloma múltiplo, um tipo de câncer que atinge as células plasmáticas da medula óssea. A virusterapia é uma técnica onde o câncer é destruído com utilização de um vírus que infecta e mata as células cancerosas, poupando os tecidos normais. Os resultados foram divulgados em edição de maio do periódico “Mayo Clinic Proceedings”.
De acordo com o periódico, uma paciente de 49 anos diagnosticada com um tumor na testa e com o mieloma múltiplo recebeu uma dose intravenosa do vírus do sarampo conhecido como MV-NIS, seletivamente tóxico às células de plasma do mieloma.

A forte dose do vírus do sarampo manipulada em laboratório teria eliminado pela primeira vez o câncer da paciente. A dose utilizada no estudo continha 100 bilhões de unidades infecciosas do vírus do sarampo. Uma dose normal de vacina do sarampo contém 10 mil unidades infecciosas.

Apesar de apresentar efeitos colaterais como fortes dores de cabeça, o tumor na testa desapareceu e a medula ficou livre do mieloma. A remissão teria durado nove meses e, assim que o tumor na testa começou a reaparecer, os médicos o trataram com radioterapia local. A paciente continua fazendo acompanhamento para garantir que está livre do câncer.

O hematologista Stephen Russell, co-desenvolvedor da terapia, disse na publicação acreditar que essa possa se tornar uma cura de aplicação única. “Temos aqui um tratamento que você aplica uma vez e o efeito pode ser a remissão de longo prazo do câncer”, disse Russell.

Contudo, o oncologista Evanius Wiermann, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBCO), deixa claro que este ainda se trata de um tratamento experimental. “O que foi reportado foi um relato de caso individual e que não mudará a prática diária, mas que serve para levantar uma hipótese a ser testada em um futuro”, explica.

Uma segunda paciente acompanhada no estudo não obteve resultados tão satisfatórios. A outra paciente, que tinha tumores nas pernas, não conseguiu erradicá-los com a terapia. As duas pacientes, que já tinham sido expostas ao sarampo no passado, foram as primeiras pacientes a receberem a mais elevada dose possível do tratamento, que em doses menores inferiores não se mostrou efetivo.

O oncologista conta que é preciso tomar cuidado com uma possível empolgação com resultados iniciais de pesquisas. De acordo com ele, de cada 100 novas moléculas ou tratamentos para uma doença oncológica, apenas cinco chegam a ser submetidos a estudos clínicos mais avançados. Dentre esses cinco, apenas um é efetivamente incorporada ao mercado. “Ou seja, 99% são descartados no meio do caminho, seja por toxicidade ou por falta de eficácia comprovado”, conta Wiermann.

Para demonstrar como o processo de desenvolvimento e aprovação de uma pesquisa pode ser complexo, Wiermann conta que uma pesquisa de tratamento do câncer geralmente começa em estudos pré-clínicos, ou seja, sendo testado em animais. A partir daí, se for demonstrado benefício, esse tratamento é encaminhado para um tratamento clínico dividido em três fases. “Inicia-se por um estudo de fase 1, que avalia a dose e segurança do medicamente, depois a fase II, que avalia a eficácia e termina em uma fase III que compara este tratamento ao padrão para aquela doença no momento e, se for melhor ou igual, passa a ser uma nova opção de mercado”, explica.

Outros tratamentos já foram apresentados
De acordo com Wiermann, existem poucos tratamentos virais em oncologia. Um deles seria o T-VEC (virus talimogene laherparepvec), um tratamento baseado em injetar o vírus da herpes diretamente em lesões cutâneas de melanoma para promover a redução deles.

O tratamento é uma das mais recentes inovações na área e foi apresentado na edição de 2013 do Congresso Anual da Sociedade Norte-americana de Oncologia Clínica (Asco), principal evento da área em todo o mundo, mas ainda não é aprovado no Brasil ou nos Estados Unidos.

Wiermann explica que nesse tipo de tratamento, somente o tumor é contaminado. “É a primeira imunoterapia viral para o tratamento do melanoma. Este é um avanço muito interessante e certamente bem maior do que o resultado obtido com o vírus do sarampo, que se trata de uma situação muito mais pontual”, explica.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Pesquisa da USP revela que gene é responsável pela metástase do câncer

Do UOL, em São Paulo
30/10/201319h48 > Atualizada 30/10/201320h30

Um gene conhecido pelo nome de hotair exerce um papel importante na regulação da metástase -- o mecanismo celular que permite a disseminação do câncer de um órgão para outro --, é o que indica novo trabalho de pesquisadores do Centro de Terapia Celular (CTC) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), publicado na revista Stem Cells em setembro.

 Ainda é cedo para dizer com certeza, mas bloquear a ação do Hotair pode ser uma forma de combater a metástase no futuro e permitir que o câncer seja tratado apenas no local original.

Como funciona
O estudo indica que o RNA fabricado pelo gene localizado no cromossomo humano 12 é responsável por ativar no tumor a chamada transição epitélio-mesenquimal (EMT, na sigla em inglês), um processo que altera a morfologia e a funcionalidade de uma parcela das células do câncer. "Dessa forma, as células epiteliais do tumor se transformam em células mesenquimais e passam a se comportar como se fossem células-tronco do câncer", diz o geneticista Wilson Araújo da Silva Junior, do CTC, à Revista Fapesp.

"As células do câncer ganham a capacidade de se desprender do tumor original, migrar pela corrente sanguínea e aderir a outros órgãos e gerar novos cânceres", explica o autor do estudo. Além de promover o processo que espalha a doença pelo organismo via metástase, a EMT também ajuda a perpetuar as células do próprio tumor original.

A transição epitélio-mesenquimal é uma transformação que normalmente ocorre nos estágios iniciais de desenvolvimento de um embrião e participa da geração de diferentes tipos de tecido de um organismo. Também está associada a processos curativos que incluem a formação de fibroses e a regeneração de ferimentos. Nessas situações, a EMT é um processo benéfico para a manutenção da vida.

O problema é que, no caso dos tumores, a ocorrência dessa transformação também parece ser útil a seu desenvolvimento. As células do epitélio formam o tecido que recobre externamente (pele) ou internamente (mucosas) as cavidades do organismo. Elas não apresentam a propriedade de se soltar umas das outras, se disseminar pelo organismo e virar outros tipos de célula. Sua aparência e função são diferentes das células mesenquimais, que têm a propriedade de se espalhar pelo organismo e se transformar em outros tipos de célula. Ou seja, por essa linha de raciocínio, se não houver EMT, fica mais difícil para um tumor se disseminar num organismo.

As sequências do genoma humano que não carregam instruções para a fabricação de proteínas e, uma década atrás, eram denominadas DNA lixo se mostram cada vez mais importantes para entender a maquinaria celular implicada em processos biológicos, inclusive em certas doenças. 

Reprogramação celular
Às vezes, a químio e a radioterapia matam a maior parte das células do câncer, mas não as que fizeram a transição epitélio-mesenquimal, as tais células-tronco do câncer. É por meio delas que o tumor original volta ou aparece em outro lugar. "As células de um tumor são heterogêneas", comenta Marco Antonio Zago, outro autor do artigo e coordenador do CTC, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) mantidos pela Fapesp. "No experimento, quando silenciamos o Hotair, vimos que não ocorre a EMT."

Os pesquisadores da USP trabalharam com células de tumores humanos de mama e de cólon. "Essas formas de câncer são modelos muito usados nesse tipo de estudo", afirma o biólogo Cleidson Pádua Alves, que fez pós-doutoramento no centro da USP e é o primeiro autor do artigo.

No trabalho, os cientistas viram que, ao ministrar TGF-β1 (um fator de transformação) em células de câncer cultivadas in vitro, o RNA Hotair era ativado, havia alterações no funcionamento de uma série de genes e ocorria a transição epitélio-mesenquimal. Quanto mais se acionava o Hotair, mais intenso era esse processo. No entanto, se o gene que produz o RNA Hotair era neutralizado, simplesmente não acontecia a EMT. (Com Agência Fapesp)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Avanço da cura do câncer está nas mãos de 2,5 mil pacientes

Em quatro hospitais, voluntários ajudam no teste de drogas mais potentes e até vacinas para proteger da doença

Fernanda Aranda, iG São Paulo
30/11/2011 11:01

Se a cura do câncer ainda não é uma certeza, hoje ele já não é mais uma sentença de morte. Os testes que diagnosticam a doença estão mais precisos, os tratamentos mais efetivos e as cirurgias menos mutiladoras.

Por trás dos passos já dados em todas estas conquistas – e os ainda necessários para que os tumores deixem de ocupar o posto de segunda causa de morte dos brasileiros – existe uma legião de pacientes voluntários.

São eles que emprestam seus corpos, suas biópsias e seus efeitos colaterais para que as pesquisas avancem em direção ao controle da doença.

Levantamento feito pelo iG Saúde em quatro centros de pesquisas em oncologia mostra que os voluntários de pesquisas oncológicas somam ao menos 2,5 mil pessoas. Gente que, mesmo sem nunca ter estudado medicina, contribui para o desenvolvimento de medicamentos mais potentes, terapêuticas mais personalizadas para amenizar os danos da quimioterapia e até de vacinas contra câncer de próstata, pulmão e rim.

Todas estas novidades previstas para os próximos anos estão nas mãos de quem se dispõe a contribuir com a ciência, sem receber contribuição financeira em troca.

“Sem estes pacientes, nós não conseguiríamos avançar um milímetro”, define Carlos Gil, coordenador de pesquisa clínica e inovação tecnológica do Instituto Nacional do Câncer (Inca), entidade que, anualmente, recruta 400 novas pessoas que convivem com a doença, participantes de 700 estudos já em andamento (cada paciente pode participar de mais de uma pesquisa).

“Os caminhos mais efetivos para o tratamento do câncer são os personalizados, ou seja, definidos após testes genéticos que avaliam, individualmente, o perfil de cada tumor”, complementa Gil.

“Precisamos, por isso, contar com o maior número de características mapeadas. É o que vai garantir maiores índices de sucesso de tratamento de uma população tão miscigenada como a brasileira.”

Olhos claros, ruiva, paulistana

Um dos perfis de tumor que já faz parte do banco de dados das pesquisas em câncer do País é o que acometeu uma mulher paulistana, 52 anos, cabelos ruivos e de olhos claros. Maria Madalena da Silva teve um tumor maligno nas mamas diagnosticado no mês de junho e em uma fase muito precoce, com menos de três meses de existência. Logo após fazer a cirurgia para a retirada do tumor, já começou a fazer parte de um dos 800 ensaios clínicos em andamento no Hospital AC Camargo, em São Paulo, que englobam 1.500 voluntários.

“Fico muito satisfeita em contribuir até porque sei que sou uma paciente diferenciada”, diz Maria Madalena. Ela não fuma (nunca fumou) e também não bebe, dois hábitos de riscos presentes em quase 60% dos diagnosticados com câncer, chegando a 90% em alguns tipos de tumores como os de cabeça e pescoço (como foi o caso do ex-presidente Lula).

Outro diferencial desta paciente é que ela fazia mamografias anuais desde os 40 anos e, por isso, não está no grupo de 52% das mulheres que recebem a notícia do câncer de mama já em estágio extremamente avançado, conforme mapeou a Federação Brasileira de Saúde das Mamas (Femama).

“Estou fazendo quimioterapia (o cabelo caiu, mas quem olha nem suspeita que é peruca) e ainda não dá para falar que estou 100% curada. Mas com certeza já dá para dizer que eu contribuo para o tratamento de pessoas que ainda nem sequer receberam a notícia da doença”, define ela.

As novidades

São muitas as linhas de pesquisas para novos tratamentos e detecção do câncer. Entre as novidades mais próximas, pontua Célia Tosello de Oliveira, coordenadora de pesquisas do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), estão as drogas que diminuem os efeitos colaterais acarretados pela quimioterapia e pela radioterapia, como náuseas, vômitos e também queda de cabelo.

“Temos ainda projetos para o tratamento do câncer de próstata sem quimioterapia (o que pode ser um antídoto para sequelas importantes na potência sexual masculina)”, exemplifica Célia.

No IBCC são 20 novos projetos de pesquisa iniciados por ano, que envolvem – em média – 8 pacientes em cada (160 voluntários no total).

Luiz Fernando Lima Reis, diretor do Instituo de Pesquisa do Hospital Sírio Libanês, afirma que lá são 50 pessoas com diagnóstico de câncer que auxiliam no desenvolvimento de novas drogas. Também são pesquisados aparelhos cirúrgicos com uma melhor “pontaria”, para que retirem o tumor de forma que o entorno do órgão não seja tão afetado.

No AC Camargo – que concentra quase 60% de todos os ensaios clínicos brasileiros – além de drogas mais eficazes, também estão em testes vacinas terapêuticas para o câncer de pulmão.

“Elas têm como objetivo principal evitar a reincidência do tumor, situação que ocorre em 30% dos casos pulmonares”, afirma o diretor do Hospital, Jeferson Luiz Gross. No Inca, além de doses terapêuticas, também são testadas – ainda de forma embrionária – imunização preventiva para câncer de rim.

Futuro

Os ensaios clínicos, os especialistas reforçam, têm anos de duração e demoram em média uma década para chegar à população. Nem sempre os resultados são os esperados. “Temos muitos dados promissores, como a possibilidade de a longo prazo, detectar alguns cânceres por meio de exames de sangue”, pontua Gross.

“Mas nem sempre a ciência atende às expectativas médicas. Precisamos ter os pés no chão. O que já está consagrado é a importância da prevenção primária. Em todas as pesquisas não há dúvida de que uma dieta saudável, a prática de exercícios físicos, não fumar e não beber estão relacionados a uma incidência muito menor de tumores.”

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Cientistas desvendam genoma dos tumores de pele e pulmão

16 de dezembro de 2009 • 23h49 • atualizado em 17 de dezembro de 2009 às 02h22 http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI4162042-EI238,00-Cientistas+desvendam+genoma+dos+tumores+de+pele+e+pulmao.html

Cientistas desvendaram o código genético de dois dos tipos mais comuns de câncer, o de pele e o de pulmão, e dizem que a descoberta significa uma transformação na forma como a doença é entendida.

"O que vemos hoje mudará a forma como enxergamos o câncer", disse Mike Stratton, britânico integrante do Cancer Genome Projetc (Projeto do Gênoma do Câncer), iniciativa que reune cientistas de 10 países que tentam mapear os genomas dos principais tipos de câncer.

"Nunca vimos o câncer revelado desta forma antes", completou. O mapeamento abre caminho para testes sanguíneos capazes de detectar tumores mais cedo do que atualmente e novas drogas para tratamento.

Cigarro
Os cientistas sequenciaram o DNA de tecidos cancerígenos e normais e os compararam. Os com tumores de pulmão apresentavam 23 mil mutações, quase todas causadas pelo fumo. Os especialistas calcularam que um fumante típico adquire uma nova mutação para cada 15 cigarros que fuma.

"É como jogar roleta russa. A grande maioria das mutações não causará câncer, mas algumas podem", diz Peter Campbell, responsável pela pesquisa. Ao largar o cigarro, o risco é reduzido gradualmente até que a possibilidade de câncer de pulmão volta a ser a mesma de alguém que nunca fumou. Suspeita-se que isso ocorra porque as células com mutações são repostas por células saudáveis.

Os cientistas descobriram que para o câncer de pele melanoma, as mutações, quase todas causadas opela exposição ao sol, chegam a 30 mil. Os cientistas dizem que pode ser possível no futuro determinar exatamente quais hábitos e outros fatores causam tumores diferentes.