quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Consumo frequente de frituras está ligado a maior risco de câncer de próstata

DE SÃO PAULO
O consumo regular de alimentos fritos tais como batatas fritas, frango frito ou mandioca frita está associado a um risco aumentado de desenvolver câncer de próstata, e o efeito parece ser maior para as formas mais agressivas da doença, de acordo com um estudo de cientistas do Centro Fred Hutchinson de Pesquisa sobre o Câncer nos EUA.

A autora principal, Janet Stanford, e colaboradores da Divisão de Ciências da Saúde Pública do Centro Hutchinson publicaram suas descobertas na revista "The Prostate".

Estudos anteriores já haviam sugerido que o consumo de alimentos cozidos em alta temperatura, como a carne grelhada, pode aumentar o risco de câncer de próstata. A nova pesquisa é a primeira a adicionar a fritura à essa equação de risco.

O consumo de alimentos fritos já está associado aos cânceres de mama, de pulmão, de pâncreas, de cabeça e pescoço e do esôfago. Agora o câncer de próstata foi adicionado a essa lista.

A relação entre o câncer de próstata e o consumo de alimentos fritos pareceu ser limitada ao nível mais alto de consumo --definido na pesquisa como mais do que uma vez por semana.

Os homens que relataram comer batatas fritas, frango frito, peixe frito e/ou donuts pelo menos uma vez por semana tinham um risco aumentado de ter câncer de próstata em comparação com os homens que disseram que comiam esses alimentos menos de uma vez por mês.

Em particular, os homens que comeram um ou mais desses alimentos semanalmente apresentaram um risco aumentado de câncer de próstata que varia de 30% a 37%.
O consumo semanal destes alimentos foi associado também com um risco levemente maior de apresentar um câncer de próstata mais agressivo.

Os pesquisadores controlaram fatores como a história, idade, raça, histórico familiar de incidência de câncer de próstata e massa corporal, entre outros, ao fazer o cálculo da associação entre comer alimentos fritos e risco de câncer de próstata.

Stanford e colegas analisaram dados de uma base populacional de estudos envolvendo um total de 1.549 homens diagnosticados com câncer de próstata e 1.492 homens saudáveis pareados por idade.

Os homens eram caucasianos e afro-americanos residentes da área de Seattle com idades entre 35 e 74 anos. Os participantes foram convidados a preencher um questionário dietético sobre o seu consumo habitual de alimentos, incluindo especificamente alimentos fritos.

FORMAÇÃO DE TOXINAS

Fritar os alimentos pode desencadear a formação de substâncias cancerígenas que serão consumidas junto com os alimentos.

Os possíveis mecanismos por trás do risco aumentado de câncer incluem o fato de que, quando o óleo é aquecido a temperaturas adequadas para fritar, compostos potencialmente cancerígenos podem formar-se no alimento frito.

Os compostos cancerígenos incluem acrilamida (encontrado em alimentos ricos em carboidratos, como batatas fritas), aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (substâncias químicas formadas quando a carne é cozida a altas temperaturas), aldeído (um composto orgânico encontrado no perfume) e acroleína (substância química encontrada em herbicidas).

A concentração desses compostos tóxicos aumenta com a reutilização de óleo e o aumento do tempo de fritura.

Um peito de frango frito submerso em óleo por 20 minutos contém mais de nove vezes a quantidade de compostos tóxicos do que um peito de frango cozido por uma hora, por exemplo.

Como alimentos fritos são principalmente consumidos fora de casa é possível que a ligação entre esses alimentos e risco de câncer de próstata seja um sinal de alto consumo de fast foods em geral.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Sangue do cordão umbilical salva um doente de câncer por mês

Pacientes recebem o material genético por meio do transplante de medula. Achar um doador compatível é raro, mas aumento das doações já permitiu 140 procedimentos desde 2004
Fernanda Aranda , iG São Paulo | 09/11/2012 06:00:00
Todo mês, o sangue do cordão umbilical, coletado instantes após o nascimento da criança, salva a vida de um doente de câncer no Brasil.
Os dados são do Instituto Nacional do Câncer (Inca) que armazena 12 mil cordões umbilicais em 12 bancos públicos nacionais. Desde 2004, ano da criação da rede nacional de bancos públicos de cordão umbilical (Brasilcord), até setembro de 2012, já foram realizados 140 transplantes por meio destes materiais – média de 1,4 cirurgia por mês.
Os pais dos recém-nascidos que decidem pela doação desconhecem a identidade dos pacientes que serão contemplados com o material genético, rico em células-tronco.
Após ser armazenado em bancos especializados e públicos, o cordão é utilizado no transplante de medula óssea, tratamento indicado para alguns casos de leucemia e linfoma , além de outras doenças sanguíneas graves, como a  anemia congênita.
“Nos próximos cinco anos, teremos 17 bancos de cordão umbilical públicos e a estimativa é conseguirmos 75 mil materiais genéticos armazenados”, afirma o diretor do Centro de Transplante de Medula Óssea (CEMO) do Inca, Luis Fernando Bouzas.
Os brasileiros são muito miscigenados e para fazer o transplante é preciso compatibilidade genética. Por isso, defendem os especialistas, a importância de ampliar o armazenamento.
“Com a criação de bancos no Amazonas, Maranhão, Bahia e Mato Grosso do Sul, será mais fácil conseguir doadores compatíveis e salvar a vida de mais pessoas que hoje estão na fila de espera por uma medula”, completa Bouzas.
Atualmente, a maior parte dos pacientes beneficiados pelas células do cordão é criança.
“Por serem mais pesados e maiores, os pacientes que pesam mais de 50 quilos exigem mais células-tronco, insuficientes em apenas um cordão compatível retirado de um recém-nascido. Com mais material disponível será possível beneficiar também os adultos doentes. Neles, poderemos usar dois cordões na cirurgia caso estejam disponíveis.”
Bancos privados e poucos transplantes
Os cordões umbilicais usados nos 140 transplantes foram coletados nas 24 maternidades credenciadas pelo Inca (públicas ou filantrópicas) e sem nenhum vínculo de parentesco entre doador e receptor.
Não são todas as gestantes que podem doar para o Brasilcord. O parto precisa ser realizado em um dos hospitais do grupo, a mulher precisa ter mais do que 18 anos, ter feito no mínimo duas consultas de pré-natal documentadas e ter mais do que 35 semanas de gravidez e ser saudável.
Além dos bancos públicos existem muitos bancos privados de cordão que oferecem o armazenamento do material genético. Nesta rede privada, a escolha da maternidade é livre e os custos do armazenamento variam entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil, além de mensalidades anuais de cerca de R$ 500.
Na rede particular, entretanto, o sangue armazenado só pode ser usado no transplante de medula feito no próprio paciente (cirurgia chamada de autóloga) ou podem ser doados para parentes que adoeçam de linfoma ou leucemia com indicação de cirurgia.
Segundo relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nestas instituições pagas estão armazenadas 62.050 bolsas de sangue de cordão umbilical, 517% a mais do que o existente na rede pública. Ainda assim, os bancos públicos fizeram 17 vezes mais transplantes.
Até agora, “apenas oito utilizações terapêuticas no período foram feitas (pelos bancos privados)”, informou a Anvisa, sendo três transplantes autólogos e cinco entre familiares.
Apostas
O Ministério da Saúde é contra o funcionamento dos bancos privados de cordão umbilical por conta da pouca utilização do material em transplantes “principalmente pela falta de utilidade pública e pela forma enganosa como tem sido feita a propaganda dos bancos privados”, escreve o Inca em seu site.
Já o médico Adelson Alves, fundador da CordCell – rede de bancos privados de cordão – rebate que atualmente existem 2 mil protocolos de pesquisas clínicas no mundo para o uso das célula-tronco do cordão umbilical no tratamento das mais variadas doenças.
“É uma revolução na medicina. No Brasil são três linhas de pesquisas executadas só com o nosso grupo de bancos credenciados, voltadas para o tratamento de esclerose lateral, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e epilepsia”, afirma.
Por ora, o material genético do cordão umbilical só pode ser usado de forma terapêutica para os transplantes de medula, mas Alves ressalta que o armazenamento pode ser uma aposta para o futuro.
“Seja em banco público ou privado. O que eu defendo é que as pessoas façam as doações, cada vez mais”, diz Alves.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

SUS recebe 1º lote de genérico contra câncer produzido no Brasil

19 de Dezembro de 2012 14h39 atualizado às 16h18
O Sistema Único de Saúde (SUS) recebeu nesta quarta-feira o primeiro lote do medicamento mesilato de imatinibe, usado no tratamento de leucemia mieloide crônica e do tumor do estroma gastrointestinal. O remédio é produzido pelos laboratórios públicos Farmanguinhos e Vital Brazil, em parceria com cinco laboratórios privados. Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é o primeiro medicamento genérico para o câncer produzido no Brasil.

De acordo com Padilha, no País, cerca de 8 mil pessoas dependem do medicamento, que era comprado de um laboratório estrangeiro por R$ 140 milhões por ano. Com a produção do remédio nacional, o Ministério da Saúde acredita que serão economizados cerca de R$ 340 milhões nos próximos quatro anos. "O Brasil passa a produzir um genérico para o câncer, garantindo, para a nossa população, um remédio com qualidade e garantindo que o País seja autossuficiente em relação a isso. Ou seja, é o Brasil podendo garantir, cada vez mais, o tratamento à sua população, independentemente de qualquer oscilação do mercado internacional", disse Padilha.

O primeiro lote, entregue hoje, contém 220 mil comprimidos. Em 2013, devem ser produzidos 5 milhões de comprimidos, o suficiente para atender a toda a demanda nacional. O ministro disse que a economia garantida pela produção nacional do medicamento pode ser revertida na produção e no suprimento de mais medicamentos à população.

Outro benefício de produzir remédios no País, com a compra garantida pelo Ministério da Saúde, é criar mercado para que grupos farmacêuticos brasileiros e estrangeiros invistam mais na pesquisa e produção no Brasil. Padilha disse ainda que o Ministério da Saúde quer que o País comece a produzir marcapassos e retome a produção de insulina.

Em visita ao Rio de Janeiro, o ministro também comentou a decisão da Justiça do Rio de manter internada uma usuária de crack. Segundo Padilha, uma lei federal já estabelece que internações compulsórias de dependentes químicos podem ocorrer em determinadas situações. "O fundamental é ajudar a cidade do Rio de Janeiro. O Ministério da Saúde está do lado do prefeito Eduardo Paes para ampliarmos a rede de cuidado e atendimento à pessoa que é vítima da dependência química do crack. O decisivo no enfrentamento do crack e da dependência química não é só cuidar ou internar, mas reconstruir o projeto de vida dessas pessoas. Por isso, estamos apostando na ampliação dos consultórios nas ruas, em que os profissionais avaliam se a pessoa corre risco de vida, se ela precisa ou não ser submetida à internação", disse.
 
Agência Brasil