quarta-feira, 18 de março de 2015

França estuda proibir implantes nos seios após descoberta de novo tipo de câncer

BBC Brasil - Daniela Fernandes
Da BBC, em Paris
  • Eric Gaillard/Reuters


Descoberta de novos riscos envolvendo implantes nos seios ocorre cinco anos após o escândalo das próteses da marca francesa PIP

Um estudo realizado pelo Instituto do Câncer da França, divulgado nesta terça-feira (17), revela que implantes nos seios podem causar um tipo raro de tumor no sistema linfático. Em razão das conclusões dos especialistas, o governo francês estuda atualmente a proibição de próteses mamárias no país.

Os pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer (INC) da França revelaram a existência de uma nova doença, o "linfoma anaplásico de grandes células associado a um implante mamário (LAGC-AIM)" e propõe que esse tipo de câncer seja incluído na classificação de doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Existe uma relação claramente estabelecida entre o surgimento dessa doença e o uso de um implante mamário", diz o relatório do instituto francês. "Esse tipo de câncer não foi diagnosticado em nenhuma mulher sem próteses nos seios."

Os oncologistas franceses estimam que o risco desse linfoma nas mulheres com implantes mamários é 200 vezes maior do que na população feminina em geral.

Eles ressaltam, no entanto, que a frequência dessa complicação médica é muito baixa. Desde 2011, apenas 18 mulheres desenvolveram esse tipo de câncer na França (uma delas já morreu), segundo o INC.

Vigilância
O estudo foi realizado a pedido das autoridades francesas da área de saúde após o rápido aumento de casos desse tipo de câncer em um período relativamente curto.

Apesar do número de pessoas afetadas ainda ser bem limitado, o que preocupa as autoridades é a velocidade da progressão: o total de novos casos passou de dois em 2012 para 11 no ano passado.

A ministra da Saúde, Marisol Touraine, declarou nesta terça-feira que as mulheres com implantes nos seios "não precisam retirá-los" e nem devem ficar "excessivamente preocupadas". "Nossa vigilância é total", disse a ministra, acrescentando que nenhuma marca de prótese mamária está sendo visada especificamente em relação à descoberta desse novo tumor.

Touraine também afirmou que as informações às mulheres que desejam colocar implantes nos seios será reforçada.

Alerta obrigatório
A Agência Nacional de Segurança do Medicamento (ANSM) da França já anunciou que as mulheres que desejam colocar próteses nos seios deverão ser "obrigatoriamente alertadas sobre esse novo risco, apesar de ele ser baixo", afirmou, em entrevista ao jornal Le Parisien, François Hébert, diretor-geral adjunto da agência.

Segundo ele, documentos informativos e alertas sobre a questão já foram enviados aos médicos do país. "Se for necessário proibir os implantes, nós o faremos", disse o diretor da ANSM.

A agência francesa realizará uma reunião com especialistas até o final deste mês para decidir sobre o assunto. A eventual proibição das próteses dependerá das conclusões dos pesquisadores.

"Os sinais são convincentes. Os casos aumentam. Estamos trocando informações com a FDA (Food and Drugs Administration) americana", afirma o professor Benoît Vallet, diretor-geral da Saúde, que determina as políticas públicas francesas na área. "Os profissionais da saúde devem ficar muito mais vigilantes diante desse risco. As mulheres que usam próteses devem ser examinadas por um médico todos os anos."

Escândalo
A descoberta de novos riscos envolvendo próteses mamárias ocorre apenas cinco anos após o escândalo das próteses da marca francesa PIP, que chocou o país. Elas eram fabricadas com um gel de silicone não autorizado para fins médicos e que continha aditivos de combustível não testados para uso clínico.

A PIP era o terceiro maior fabricante mundial de próteses mamárias e exportava para inúmeros países, incluindo o Brasil.


Segundo a ANSM, cerca de 400 mil mulheres na França têm próteses nos seios, sendo 80% delas por motivos estéticos.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Saiba o que dizer a uma pessoa diagnosticada com câncer

12 March 2015 | Por Saulo Cavalcanti
Quando algum parente, um amigo ou o parceiro/a é diagnosticado com câncer, o mundo desta pessoa parece desabar e o desejo de todos é saber o que dizer para reconfortá-lo neste difícil momento.

É perfeitamente normal ficar meio perdido com o que dizer neste começo, onde a própria pessoa está descobrindo como ela deve lidar com a descoberta da doença. Este período inicial será um aprendizado para todas as partes envolvidas, sendo que cada um reage de um jeito.


Estar sempre presente e ouvir a pessoa é importante na batalha contra o câncer. Foto: iStock, Getty Images
Assim, não existe uma fórmula mágica para lidar com este problema. No entanto, sempre surge a dúvida sobre o que dizer a uma pessoa diagnosticada com câncer, afinal o desejo é ajudar, não atrapalhar.

Na hora de se ter aquela conversa íntima e às vezes incômoda ,as reações podem ser variadas. A maioria do feedback será positivo e de apoio, mas é importante medir as palavras para evitar mágoas.

Este é um momento muito delicado e sensível na vida de quem tem que lidar com  a situação. Por isto, é fundamental dar espaço a quem descobriu a doença.

Procure evitar tocar no assunto, dando sempre preferência para falar sobre outros assuntos. Deixe que ela escolha o melhor momento para desabafar com você. Apenas esteja disponível.

O que dizer a uma pessoa que tem câncer?

A primeira regra ao se deparar com alguém nesta situação é evitar falar de casos que conhece em que a pessoa sobreviveu ou faleceu em decorrência da doença.

Afinal, muitos conhecem histórias e cada caso é um caso. Além disso, ao pensar sobre  o que dizer, tente fugir de frases como “vai correr tudo bem” se você não sabe como vai ser o tratamento.

Quem está passando por isto precisa saber que pode desabafar e ser verdadeiro com você, por isso seja positivo e animado.

Também fuja de frases como “sinto muito” ou “lamento o que aconteceu com você”, pois quem enfrenta esta doença não precisa de pena. O fato de o câncer acontecer não é algo que possa ser mudado ou ser lamentando, sendo uma ocasião para reagir com espírito de luta.

Por isso, ao refletir sobre o que dizer, diga que está junto na luta, que acredita na capacidade de superar o câncer, emocional e fisicamente, e que tem orgulho da pessoa. Jamais diga que sente pena.

Não basta saber o que dizer, mas se fazer presente

Quem convive com esta doença também precisa de palavras edificantes, que a instiguem a se manter firme no combate ao câncer. Assim, sempre que puder, reforce o quanto a pessoa é bonita, o quanto gosta do cabelo novo ou de como ficou o visual sem cabelo.

Dizer o quanto se orgulha e fica feliz pela pessoa querida ter encarado essa batalha com garra e força também é motivador e inspirador.

Não é uma tarefa fácil se abrir com alguém e falar sobre a batalha contra o câncer, quer esteja acontecendo agora, quer tenha acontecido anos atrás. Por isso, caso tenha a oportunidade de ter essa conversa com alguém, a melhor dica é estar sempre presente.