segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Ainda restrita, medicina personalizada é o futuro para o tratamento do câncer



O avanço em estudos de genes proporcionou a criação de tratamentos e medicamentos personalizados para cada paciente. Atualmente, o câncer é uma das principais causas de morte no mundo. De acordo com a OMS, só em 2018, mais de 9,6 milhões morreram por causa da doença.
Com a medicina de precisão, essa realidade pode mudar.
Um conjunto de técnicas e coletas de dados vem revolucionando, aos poucos, o tratamento e atingindo bons resultados. A fonoaudióloga Patrícia Lopes Batista Pinto foi diagnosticada com câncer de pulmão em agosto de 2014 e viu na medicina personalizada uma forma de aliviar os efeitos colaterais da quimioterapia.
“Comecei o tratamento como uma quimioterapia convencional, como todos fazem. No início do tratamento, não haviam muitos medicamentos que tratassem apenas do câncer de pulmão. A médica que me acompanhou, e me acompanha até hoje, insistiu muito para que eu fizesse um exame específico onde acontece uma pesquisa de mutação genética. Pelo meu perfil ela achava que poderia ter alguma mutação, já que eu não tinha histórico que pudesse justificar tudo isso.”
O material foi enviado para uma análise no exterior e o laboratório identificou uma mutação genética na Patrícia. A partir da descoberta, a fonoaudióloga começou a receber um tratamento específico para o caso dela.
De acordo com o oncologista Marcos André da Costa, esse tipo de personalização é o caminho para tratamentos mais eficazes. “Essas drogas são o futuro da oncologia, temos drogas cada vez mais eficientes dentro de cada categoria.”
A ideia é usar o mapeamento para identificar qual gene é responsável pelo aparecimento de tumores e, a partir disso, saber qual a melhor opção para tratá-lo.
Para Marcelo Oliveira, líder da Foundation Medicine, um banco genético também é importante para tratamentos no futuro. “É pra que com base na jornada de pessoas que já viveram a doença, você ajude tratamentos futuros. O banco de dados é muito mais importante para o futuro do que para o presente.”
No entanto, a medicina de precisão ainda é para poucos. O acesso a esse tipo de tratamento contra o câncer é muito custoso. Apesar disso, Marcelo Oliveira, que lidera uma empresa de testes genéticos, é otimista, e acredita na universalização do tratamento:
“Muitos atores da sociedade hoje olham para a medicina personalizada. Eu posso dizer, sem medo de errar, que todos estão buscando melhores preços, diminuição de custo, para que o sistema seja mais sustentável.”
De acordo com ele, gerenciar melhor os recursos é um dos grandes objetivos de toda a cadeia de saúde, para que mais pessoas tenham acesso a um sistema de qualidade.
*Com informações da repórter Marcella Lourenzetto


sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Tratamentos do Câncer


Após o diagnóstico da doença, o médico discutirá com o paciente as opções de tratamento, que dependerão do tipo e estágio do tumor, localização, estado de saúde geral do paciente e dos possíveis efeitos colaterais.

Os principais tipos de tratamentos contra o câncer são:
·         Cirurgia. A cirurgia oncológica é o mais antigo tipo de terapia contra o câncer. É o principal tratamento utilizado para vários tipos de câncer e pode ser curativo quando a doença é diagnosticada em estágio inicial. A cirurgia também pode ser realizada com objetivo de diagnóstico, como na biopsia cirúrgica, alívio de sintomas como a dor e em alguns casos de remoção de metástases quando o paciente apresenta condições favoráveis para a realização do procedimento.
 
·         Quimioterapia. O tratamento quimioterápico utiliza medicamentos anticancerígenos para destruir as células tumorais. Por ser um tratamento sistêmico, atinge não somente as células cancerosas como também as células sadias do organismo. De forma geral, a quimioterapia é administrada por via venosa, embora alguns quimioterápicos possam ser administrados por via oral e pode ser feita aplicando um ou mais quimioterápicos. A quimio de acordo com seu objetivo, pode ser curativa (quando usada com o objetivo de obter o controle completo do tumor), adjuvante (quando realizada após a cirurgia, com objetivo de eliminar as células cancerígenas remanescentes, diminuindo a incidência de recidiva e metástases à distância), neoadjuvante (quando realizada para reduzir o tamanho do tumor, visando que o tratamento cirúrgico possa ter maior sucesso) e paliativa (sem finalidade curativa, é utilizada para melhorar a qualidade da sobrevida do paciente).
 
·         Radioterapia. É o uso das radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células anormais que formam um tumor. Existem vários tipos de radiação, porém as mais utilizadas são as eletromagnéticas (Raios X ou Raios gama) e os elétrons (disponíveis em aceleradores lineares de alta energia). Embora as células normais também possam ser danificadas pela radioterapia, geralmente elas podem se reparar, o que não acontece com as células cancerígenas. A radioterapia é sempre cuidadosamente planejada de modo a preservar o tecido saudável, tanto quanto possível. No entanto, sempre haverá tecido saudável que será afetado pelo tratamento, provocando possíveis efeitos colaterais. Existem vários tipos de radioterapia e cada um deles têm uma indicação específica dependendo do tipo de tumor e estadiamento da doença: radioterapia externa, radioterapia conformacional 3D, radioterapia de intensidade modulada (IMRT), radiocirurgia estereotáxica (Gamma Knife) e braquiterapia. A radioterapia pode ser utilizada como o tratamento principal do câncer, como tratamento adjuvante (após o tratamento cirúrgico), como tratamento neoadjuvante (antes do tratamento cirúrgico), como tratamento paliativo, para alivio de sintomas da doença como dor ou sangramento e para o tratamento de metástases.
 
·         Hormonioterapia. É uma modalidade terapêutica que tem como objetivo impedir a ação dos hormônios em células sensíveis. Algumas células tumorais possuem receptores específicos para hormônios, como os de estrógeno, progesterona e andrógeno e em alguns tipos de câncer, como o de mama e de próstata, esses hormônios são responsáveis pelo crescimento e proliferação das células malignas. Portanto a hormonioterapia é uma forma de tratamento sistêmico que leva à diminuição do nível de hormônios ou bloqueia a ação desses hormônios nas células tumorais, com o objetivo de tratar os tumores malignos dependentes do estímulo hormonal. A hormonioterapia pode ser usada de forma isolada ou em combinação com outras formas terapêuticas.
 
·         Terapia Alvo. É um tipo de tratamento sistêmico que utiliza medicamentos alvo moleculares que atacam especificamente ou ao menos preferencialmente determinados elementos encontrados na superfície ou no interior das células cancerosas. Cada tipo de terapia alvo funciona de uma maneira diferente, mas todos alteram a forma como uma célula cancerígena cresce, se divide, se auto repara, ou como interage com outras células. Os medicamentos alvo moleculares podem ser utilizados de forma isolada ou em combinação com outras formas terapêuticas.
 
·         Imunoterapia. É um tratamento biológico cujo objetivo é potencializar o sistema imunológico, utilizando anticorpos produzidos pelo próprio paciente ou em laboratório. O sistema imunológico é responsável por combater infecções, além de outras doenças. Atuando no bloqueio de determinados fatores, a imunoterapia provoca o aumento da resposta imune, estimulando a ação das células de defesa do organismo, fazendo que essas células reconheçam o tumor como um agente agressor.
 
·         Medicina Personalizada. É um conceito que visa tratar a saúde do paciente de maneira exclusiva, analisando cada caso individualmente, levando em conta informações individualizadas em relação à historia e dados clínicos, genéticos (genes), genômicos (DNA) e ambientais do paciente. A medicina personalizada considera cada paciente único e pode ser utilizada para entender a genética de uma pessoa e compreender a biologia do tumor. Com base nessas informações, os médicos esperam identificar estratégias de prevenção, rastreamento e tratamento que possam ser mais eficazes e com menos efeitos colaterais do que seria esperado em tratamentos convencionais.
 
·         Transplante de Medula Óssea. A medula óssea é encontrada no interior dos ossos e contêm as células-tronco, responsáveis pela formação dos componentes do sangue: hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas. O transplante de medula óssea (TMO) é a coleta da medula óssea para o tratamento de alguns tipos de câncer, por exemplo, leucemias, linfomas e mieloma múltiplo. Após quimioterapia em altas doses, associada ou não à radioterapia, o paciente (receptor) recebe a medula óssea por meio de uma transfusão, provenientes do próprio paciente ou de um doador. O transplante de medula óssea pode ser: alogênico (quando a medula ou as células precursoras provêm de outro indivíduo (doador), o doador e o receptor são pessoas diferentes) ou autólogo (quando a medula ou as células precursoras provêm do próprio indivíduo transplantado, o doador e o receptor são a mesma pessoa).
É importante que todas as opções de tratamento sejam sempre discutidas com o médico, bem como sua eficácia e seus possíveis efeitos colaterais, para ajudar a tomar a decisão que melhor se adapte às necessidades de cada paciente.