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terça-feira, 16 de agosto de 2022

Conheça a luta de Anne Carrari contra o câncer e a desinformação

 

Aos 40 anos, Anne Carrari se assustou ao saber que apenas 20% das mulheres diagnosticadas com câncer de ovário vivem mais que cinco anos

Gabriela Marçal

12/08/2022 2:00,atualizado 15/08/2022 16:41

Reprodução

São Paulo – Anne Carrari recebeu aos 40 anos, em 2015, o diagnóstico de câncer de ovário metastático, ou seja, a doença estava em estágio avançado e já tinha atingido outros órgãos. A única queixa que ela tinha era um inchaço constante na barriga.

“Eu sabia que aquele inchaço não era normal para mim, as minhas calças não fechavam. Eu acabei sendo diagnosticada em um pronto-atendimento, já em estágio avançado com metástase no peritônio, no fígado, no baço, na bexiga, na vesícula”, disse Anne.

Ela já tinha passado por três partos vaginais, fazia acompanhamento com um ginecologista e estava com os exames preventivos em dia. A paciente passou por três médicos que não encontraram a doença e, segundo ela, sinalizaram que os sintomas seriam apenas gases.

Há sete anos ela está em tratamento e criou o perfil no Instagram Sobrevivi ao câncer de ovárioReprodução

Anne Carrari recebeu aos 40 anos, em 2015, o diagnóstico de câncer de ovário metastáticoReprodução

Além do ovário, o câncer já tinha atingido o peritônio, o fígado, o baço, a bexiga e a vesículaReprodução

Publicidade do parceiro Metrópoles

Aos 40 anos, Anne Carrari se assustou ao saber que 20% das mulheres diagnosticadas com a doença vivem mais que cinco anosReprodução

Há sete anos ela está em tratamento e criou o perfil no Instagram Sobrevivi ao câncer de ovárioReprodução

Dificuldade para diagnosticar

“Fiquei muito indignada porque eu não sabia nada sobre esse câncer e eu me achava super esclarecida sobre a minha saúde. Sempre me cuidei muito e eu me senti até culpada. Fui acometida por um câncer que ninguém fala, não tem exame de rastreamento, nunca foi motivo de conversa nas minhas consultas médicas”, contou a paciente.

Segundo o oncologista Fernando Maluf, fundador do Instituto Vencer o Câncer (Ivoc), o câncer de ovário é o sétimo câncer que atinge as mulheres no Brasil. O médico explicou que ainda não existe um exame específico para encontrar a doença, como uma mamografia ou um papanicolau.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

O consolo de uma menina ao irmão de quatro anos com câncer se torna viral


A mãe, Kaitlin Burge, coloca a foto em um 'post' no Facebook no qual relata a crua realidade desta doença e de como afeta toda a família
Foto em que se vê como Audrey (5 anos) consola o irmão mais novo, Beckett.FACEBOOK

A dor de uma família inteira quando um de seus membros tem câncer. A dor dos menorzinhos quando a doença abala a casa. Isso é o que Kaitlin Burge, uma mãe de Princeton (Texas), queria transmitir sobre como sua filha Audrey, de cinco anos, está vivendo desde que o irmão Beckett, de quatro, foi diagnosticado com leucemia linfoblástica aguda –um tipo de câncer que começa na medula óssea–, em abril de 2018.
Com esse intuito, e na forma de uma declaração, a mãe postou um texto no Facebook em 3 de setembro com uma foto em que se vê o menino vomitando enquanto a irmã mais velha o acompanha, o apoia e o consola. A imagem, em preto e branco, se tornou viral em poucos dias, com mais de 50.000 curtidas e mais de 35.000 compartilhamentos.
“Uma coisa que não te dizem sobre o câncer na infância é como isso afeta toda a família. Você sempre escuta coisas sobre as questões médicas e econômicas, mas quantas vezes ouvimos sobre os problemas causados por essa doença em famílias com mais filhos?”, pergunta Burge na página Beckett Strong (Beckett forte) sobre o filho caçula. "Para alguns, será muito difícil continuar lendo", prossegue.
Na mensagem, esta mãe diz que tem dois filhos, com uma diferença de 15 meses um do outro, e conta como deixaram de brincar juntos na escola e em casa para ficar sentados em um quarto frio do hospital: “Minha filha teve que ver como o irmão ia da ambulância para a UTI, como lhe davam remédio, como o ajudavam (...) sem entender o que o irmão estava passando. Mas sabia que algo ruim estava acontecendo com o irmão, com seu melhor amigo”.
Depois de um mês internado no hospital, continua, "viu que o irmão mal podia brincar ou andar [...] e ela não entendia por que acontecia tudo isso".
"Por que decidimos que nossa filha nos acompanhasse ou por que ela teve que ver tudo o que estava acontecendo com o irmãozinho?", se pergunta Burge em seu próprio post. Para ela, as crianças precisam de apoio e companhia, e não se afastar da pessoa doente: “Ela está sempre com ele, independentemente da situação. Até hoje, agora estão mais próximos. Ela sempre cuida dele”.
A leucemia é o tumor maligno mais comum entre os menores de 15 anos na Espanha e representa 25% dos cânceres diagnosticados anualmente, de acordo com a Sociedade Espanhola de Hematologia-Oncologia Pediátrica. Nos Estados Unidos, cerca de 3.500 crianças sofrem da doença a cada ano.
A moral da história para essa mãe é: “Vomitar entre as sessões de brincadeira. Ficar e apoiar seu irmão e acariciar suas costas quando ele se sente mal. Passar de 13 quilos para nove. Isso é o câncer infantil. Ou você lida com isso. Ou o abandona.


quarta-feira, 8 de maio de 2019

67% dos brasileiros acreditam que terapias alternativas ajudam a vencer o câncer


Levantamento da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica mediu conhecimento do brasileiro sobre o câncer. Apenas 26% dizem entender profundamente sobre o tema.

Por Monique Oliveira, G1
24/10/2017


Gustavo Fernandes, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e Cláudio Ferrari, diretor da entidade, apresentam estudo (Foto: Monique Oliveira/G1)

Dois terços dos brasileiros (67%) acreditam que as terapias alternativas são importantes para curar o câncer, de acordo com levantamento da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica realizado em julho desse ano e divulgado nesta terça-feira (24), no Rio de Janeiro. A pesquisa também mostra que 26% acreditam que apenas a estimulação do próprio corpo aumenta as chances de cura, como o uso de terapias de transferência de energia com as mãos.
A entidade entrevistou 1,5 mil pessoas nos 26 estados do Brasil e no Distrito Federal com o objetivo de investigar o conhecimento, os hábitos, e estilo de vida dos brasileiros em relação ao câncer.
Sobre a crença nas terapias alternativas, especialistas ligados à entidade se dividem entre a resignação e a preocupação em relação ao dado – enquanto acreditam que a informação é importante e que é preciso fortalecer a ciência, também dizem que de nada adianta ter uma postura de enfrentamento em relação à fé.
"Os dados mostram uma tendência ao risco e uma predileção por escolhas não científicas", diz Cláudio Ferrari, diretor da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
"Entendemos que pode ser que a pessoa fique mais feliz, mas isso não pode justificar o abandono de terapias comprovadamente eficazes".
"Já me resignei em relação a isso. Você pode ter duas posturas: uma delas é de acolhimento, que vai reconhecer a importância da escolha, mas tentar estabelecer um diálogo que explique a importância do tratamento", diz Gustavo Fernandes, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
O especialista cita experiências ruins que teve em relação à fosfoetanolamina, mais conhecida como "pílula do câncer", que acabou não tendo resultados satisfatórios contra a doença em estudos clínicos.
"Tive duas situações muito ruins com o caso da fosfoetanolamina, porque teve uma hora que eu perdi a paciência, dizia para os pacientes que era um lixo mesmo, e a resposta dos pacientes a isso não foi boa."
Informação não chega e há desconhecimento
A entidade também identificou que o brasileiro não está profundamente familiarizado com o tema câncer. Quatro em cada dez afirmaram ter conhecimento mediano; e 26% afirmaram entender profundamente sobre o assunto.
O levantamento mostrou desinformação em relação a fatores de risco – mais de um em cada quatro brasileiros (27%) dizem não identificar relação entre câncer e sobrepeso, 26% não relacionam o câncer com Doença Sexualmente Transmissível (DST) e 21% acreditam que fumar de vez em quando não aumenta o risco de câncer.
"Não está chegando informação para uma parcela significativa da população", diz Cláudio Ferrari, diretor da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica. "Isso é o o que nós identificamos."
Os especialistas explicam que doenças sexualmente transmissíveis, como a hepatite B, podem levar ao câncer de fígado. O mesmo ocorre com o HIV, que aumenta a chance de cânceres do tipo linfoma. Também o HPV, alvo de campanhas de vacinação recentes, aumenta muito a chance de câncer de colo de útero. "A relação é quase causal", explica Fernandes.
Sobre a obesidade, eles apontam que a gordura gera fatores de crescimento de tumores, que podem contribuir para o aumento da incidência. A obesidade também deflagra um estado inflamatório crônico que também aumenta a chance de surgimento de células cancerígenas – o câncer de endométrio é um exemplo de condição associada à obesidade.
Em relação ao cigarro, não há uma dose segura para o consumo, apontam. "Não existe a possibilidade de fumar e ter zero dano", diz Fernandes.
"Quando você fuma, você se expõe a 200 substâncias cancerígenas. Claro, que a frequência dessa exposição é importante, mas tem a especificidade de cada indivíduo, não se sabe o quanto pode ser seguro", diz. "O que se sabe é que 95% dos cânceres de pulmão estão relacionados ao cigarro", completa.
Ter conhecimento não significa agir, pontua o estudo
Os dados também mostram uma disparidade entre conhecimento e prática – como também demonstram que, mesmo o conhecimento prático é falho e superficial, carecendo de informações mais precisas.
Por exemplo, embora 21% afirmem que fumar ocasionalmente não leva ao câncer, 93% disseram que o tabagismo é o principal vilão do câncer.
Ainda, 23% da população desconhece que urinar sangue pode ser um sinal de câncer e 21% desconhece que sangue na urina também é um sinal. "É inacreditável que indivíduos com alto poder aquisitivo passem um ano urinando sangue para procurar um médico. E tem casos assim", diz Fernandes.
A disparidade entre teoria e prática se repete quando o assunto é adoção de exames preventivos. De acordo com o estudo, 80% dos entrevistados afirmaram que deveriam fazer check-ups, mas apenas 49% realmente o fazem. Outro dado que chamou a atenção da entidade é que 24% não faz nenhum tipo de exame preventivo.
"A primeira pessoa que tem que cuidar de você é você mesmo. E isso é importante que seja dito", diz Gustavo Fernandes, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
Os brasileiros também supervalorizam o peso da herança genética no surgimento do câncer – índice que foi registrado em 84% dos entrevistados.
Medo da doença, mas há otimismo
O brasileiro também tem medo do câncer, mas esse medo não necessariamente vira ação preventiva: 41% dos entrevistados disseram ter muito medo na doença. Desse grupo, 21% não faz nenhum tipo de exame preventivo. "Nós vimos que o medo não mobiliza as pessoas. Ele é um mau conselheiro", avalia Ferrari.
Apesar do medo, os brasileiros acreditam na possibilidade de cura – 80% das respostas disseram ser possível vencer a doença. Também 79% relataram acreditar na junção de tratamentos já existentes para superar a condição, enquanto 78% citaram o poder da fé.
O estudo também mostrou que há grande desconfiança do brasileiro em relação à atuação dos governos nos serviços de saúde: 73% relataram que não confiam na atuação do governo.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Mães de crianças com câncer do RJ contam como buscam força para manter os filhos firmes no tratamento


Mulheres de vários pontos do estado contam como dão apoio emocional aos filhos. Psicanalista ressalta que mães também precisam de espaço para expressar as próprias angústias.

Por Cristina Boeckel, G1 Rio
12/05/2018 06h00  Atualizado há menos de 1 minuto


Mães de crianças com câncer do RJ esbanjam força durante tratamento dos filhos

No dia 12 de julho do ano passado, a dona de casa Ariadna Costa, de 28 anos, levou o maior susto da vida: a filha caçula, Millena, de 6 anos, estava com leucemia. Para ela e outras mães, este domingo (13) é mais do que especial: é a data que lembra como é importante ser forte para ajudar os filhos a vencer um câncer.

G1 conversou com três mulheres que contaram sobre a importância do apoio para quem enfrenta uma doença grave já no começo da vida e mudaram completamente a rotina em busca da cura em outra cidade.

Moradora de Angra dos Reis, Ariadna foi obrigada a deixar as duas filhas mais velhas com parentes e veio para o Rio de Janeiro, para Millena ser tratada no Hospital do Fundão, na Ilha do Governador.

“Nós chegamos aqui no dia 11 de julho; no dia 12 eu tive o diagnóstico do que ela tinha, e no dia 13 ela começou a fazer a quimioterapia. Aí o médico falou para mim: ‘A sua filha está com leucemia e precisa fazer o tratamento’, e me explicou as coisas que ela ia ter que fazer. Porém no começo eu não entendi nada porque eu fiquei muito nervosa. Nunca imaginei que fosse um dia passar por isso, e estou aqui com ela”, contou.

Para Cristiane Ferreira, moradora de Queimados e mãe de Tamires, de 19 anos, já são 4 anos lutando contra um câncer no cérebro. O caminho do diagnóstico passou por diversas unidades de saúde até ter o tumor detectado por uma tomografia e uma ressonância. A adolescente passou por uma cirurgia no Instituto do Cérebro.

“Treze dias depois levei para tirar os pontos. O médico me chamou para conversar no dia seguinte. Voltei no outro dia e ele falou: ‘De hoje em diante vai se tratar no Inca’. Eu perguntei: ‘Por que no Inca?’ E ele falou porque ela tinha um câncer”, explicou Cristiane, emocionada.

Lucely Rodrigues deixou o trabalho em Campos dos Goytacazes, no norte do estado, para acompanhar o tratamento do filho, Pedrinho, de 4 anos. Ele trata uma leucemia no Instituto Nacional do Câncer. Para ela, o susto foi duplo: a filha mais velha, de 9 anos, já tinha sofrido com um câncer na perna dois anos antes.

“Foi muito difícil para mim porque a minha família tem vários casos assim. Inclusive em 2016 eu tive aqui com a minha filha, a dela foi um tumor na perna, e foi muito difícil. Eu perdi o meu pai, minha avó, a minha mãe com essa doença. Foi aquele choque”, ressaltou Lucely, destacando que mesmo com a intercorrência na família não esperava que o caçula ficasse doente.

Ariadna, Cristiane e Lucely vieram de outros municípios do Estado do Rio de Janeiro e estão abrigadas com os filhos durante o tratamento na Casa Ronald McDonald, na Tijuca, na Zona Norte, que recebe crianças com câncer que precisam de atendimento nas unidades de referência da capital.

Força para seguir
De acordo com Ana Sabrosa, diretora científica da Sociedade Brasileira de Psicanálise no Rio de Janeiro, as crianças veem no olhar não somente da mãe, mas também de todos os familiares, a possibilidade de recuperação. Apesar da ideia de que as mães devem ser fortes no sofrimento, elas devem ter espaço para expressar as suas angústias.

“A criança vê nos olhos da mãe espelhada uma ideia de esperança, da possibilidade de cura. O olhar dos familiares mostra a chance que ela vai ter de lutar, de brincar. Independentemente de um sofrimento, tem algo nesse vínculo que vai precisar ser regado com muita tranquilidade e com a busca até de um especialista se for preciso", explicou a psicanalista.

A religião tem papel fundamental na vida de Lucely para se manter firme. “Eu peço muito força a Deus. Eu sou uma pessoa evangélica e peço força porque só Ele para me ajudar. Família, eu quase não tenho”.

Mesmo com pouca idade, a filha de Ariadna é a responsável por ajudá-la a manter o ânimo: “Ela sempre me passou mais força do que eu para ela”.

Millena conta o que diz quando percebe a mãe esmorecer.

“Eu falo que o meu tratamento vai acabar, minha quimioterapia, meus exames e vou embora”, ressaltou Millena, que sente saudades da família que ficou em Angra dos Reis.

Com o lema “não tem tempo ruim”, ela cortou os cabelos para apoiar a filha.
“Eu sempre gostei de cabelo curto, mas agora, outra vez, eu estou passando força para a minha filha. O cabelinho dela caiu todo de novo, então é tudo de novo”, contou Cristiane, que não deixou a vaidade de lado e pintou os fios curtos de vermelho.
·         RIO DE JANEIRO


terça-feira, 20 de novembro de 2018

Como falar sobre o câncer com filhos e netos


ConversaSobre o câncer: crianças percebem quando há algo errado, portanto não piore a situação com uma mentira que não se sustentará por muito tempo  Foto: https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Chemotherapy#/media/File:Chemotherapy_iv.jpg


Mesmo que a notícia vá causar apreensão e angústia, não finja que está tudo bem
Por Mariza Tavares — Rio de Janeiro

18/11/2018 06h00  

Além de ser um dos maiores desafios pessoais que se possa enfrentar, o câncer também traz um impacto enorme na vida familiar. Quando os filhos são adultos, supõem-se que vão reagir com maturidade e ajudar, embora nem sempre isso ocorra. Mas como abordar a questão com crianças e adolescentes? Mesmo que a notícia vá causar apreensão e angústia, não finja que está tudo bem. É o que prega a cartilha do National Cancer Institute, entidade norte-americana que é referência para a doença. Até os pequenos percebem quando há algo errado, portanto não piore a situação com uma mentira que não se sustentará por muito tempo. Também não se afaste de seus netos, nem deixe que seus filhos interrompam essa convivência, a não ser quando estiver cansado/a demais por causa do tratamento. Todos poderão ter que assumir novos papéis e responsabilidades, é fundamental abordar o problema abertamente.

O que as crianças devem saber: em primeiro lugar, que não têm qualquer culpa – o câncer não aconteceu por causa de algo que fizeram ou disseram. Explique que estar doente não significa que você vai morrer e que, além disso, os cientistas trabalham para descobrir novos remédios para combater a doença. Faça com que entendam que é normal se sentir triste, zangado ou com medo, que os sentimentos não precisam ser reprimidos e devem ser compartilhados. Em alguns casos, a criança pode se ressentir de não receber a mesma atenção de antes e apresentar regressão no comportamento, ou ir mal na escola. Não se furte de pedir auxílio em casa: filhos ou netos podem lavar a louça, arrumar seus quartos ou simplesmente fazer companhia. Como os adolescentes podem se retrair, sugira que conversem com outras pessoas do seu círculo: amigos ou adultos que possam dar esclarecimentos. Não deixe que se sintam excluídos e, na medida do possível, faça com que participem das decisões.

Voltando aos filhos que são adultos, principalmente aqueles que sempre viram pai e mãe como autênticas fortalezas à prova de qualquer intempérie: às vezes também é difícil para os pais pedirem ajuda, esse é um aprendizado para os dois lados. Eles devem ficar cientes do tratamento, dos medicamentos e efeitos colaterais, para que tenham a real dimensão do tempo e cuidado que devem dispensar. O Inca (Instituto Nacional do Câncer) estima que, entre 2018 e 2019, o Brasil tenha 1,2 milhão de novos casos de câncer. Apesar de tantas emoções envolvidas, pense em suas diretivas antecipadas de vontade: como gostaria de ser cuidado pela equipe médica se a doença evoluir para um quadro incurável e terminal. Embora 90% das pessoas digam que é importante conversar com os familiares sobre os cuidados no fim da vida, apenas 27% afirmam tê-lo feito.

https://g1.globo.com/bemestar/blog/longevidade-modo-de-usar/post/2018/11/18/como-falar-sobre-o-cancer-com-filhos-e-netos.ghtml

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Como um câncer aos 37 anos mudou minha vida


'Eu ainda pensava em mim como uma jovem mulher, não como uma mãe de meia-idade. Mas nessa hora cheguei a pensar que não veria mais minha filha crescer', diz Appleby (Foto: Arquivo pessoal)

Mãe de uma menina de três anos, britânica relata o impacto que o diagnóstico teve em sua vida e como encontrou forças para enfrentá-lo.

Por BBC
08/01/2018 08h37  Atualizado há menos de 1 minuto

Carly Appleby não ficou convencida quando os médicos descartaram um pequeno nódulo em seu seio, que parecia insignificante. Em fevereiro de 2017, ela foi diagnosticada com câncer de mama em estágio 3, localmente avançado. Aqui, a jovem mãe de 37 anos descreve o impacto da notícia e sua jornada desde então.
"Fazia um dia lindo e ensolarado em Costwolds (cadeia de pequenas colinas no centro da Inglaterra) quando fui diagnosticada com câncer de mama em estágio 3 - o que significa que ele já havia se espalhado para além da área do tumor inicial, que, no meu caso, foi nos linfonodos do braço.
Ainda na clínica, sentei, com meu marido do lado. Nós dois estávamos atordoados. Tenho 37 anos, sou uma mulher em forma e saudável - ou ao menos era isso que eu pensava -, sem nenhum histórico de câncer de mama na família.
A princípio, quando fui à consulta com minha ginecologista, ela descartou a possibilidade na hora. Passou menos de cinco minutos me examinando, encontrou um nódulo no meu seio - menor do que um grão de arroz, duro. 'Provavelmente é algo hormonal. Nada para se preocupar. Volte só se ele não for embora em algum tempo', disse ela tranquila.
Alguns meses se passaram e eu percebo que, sim, ele ainda está ali. Volto ao médico, desta vez para ver outro ginecologista. Ele me examina melhor, mas a conclusão é a mesma: 'Provavelmente, é um caroço gorduroso', diz. Um sinal de que estou ficando velha, eu penso.
Mas me incomoda. Aquilo não parece certo. Meu seio esquerdo doi quando minha filha de três anos brinca comigo ou me abraça.
Pedi para ir a uma clínica especializada e levei minha mãe para me dar apoio moral. Estava nervosa.
O médico me examina e diz: 'Não acho que seja nada para você se preocupar'. Infelizmente, não foi o que a ultrassonografia e a mamografia mostraram. Eu tinha uma área grande de calcificação - que costuma ser o sinal do início do câncer de mama. Eles fizeram uma biópsia dolorida e avaliaram os linfonodos embaixo do meu braço.
Todo esse processo teve um impacto enorme em mim. Eu nunca tinha pensado sobre minha própria morte. Eu ainda pensava em mim como uma jovem mulher, não como uma mãe de meia-idade. Mas nessa hora eu cheguei a pensar que não veria mais minha própria filha crescer.
Fiquei ansiosa sobre contar a outras pessoas sobre meu diagnóstico, mas eu queria conscientizar minhas amigas sobre o problema, então decidi usar as redes sociais. As respostas de apoio se multiplicaram.
O tratamento começou logo. Eu precisava de seis ciclos de quimioterapia, tinha que remover glândulas linfáticas de meu braço esquerdo, fazer uma mastectomia e, em seguida, radioterapia. Seria um longo ano, mas, ao menos, eu esperava estar livre do câncer no final dele.
O primeiro ciclo de quimioterapia não foi tão assustador quanto imaginei. Outros remédios foram aplicados em injeções lentas em uma cânula na minha mão. Todo o processo demorava três horas - e, enquanto isso, eu bebia muito chá.
Eu me sentia péssima nos dias que se sucediam ao tratamento. Era como estar de ressaca, só que sem a parte boa de uma noite toda bebendo. Não tinha energia nenhuma, não tinha apetite, me sentia doente, com muita sede e tudo doía. Ficava muito mal e desanimada. Mas depois disso, começava a me sentir mais normal.
Fiquei feliz com o início do tratamento. Eu pensava na quimioterapia varrendo o câncer para fora meio que como em um jogo de computador - como se o Pac-Man estivesse devorando todas as células ruins do câncer. Zap, zap, zap.
'Eu vou perder meu cabelo?', foi uma das primeiras perguntas que fiz ao médico que, obviamente, confirmou o que eu temia. Posso parecer vaidosa, mas acho que essa foi uma das coisas mais difíceis em todo o processo desde que soube do diagnóstico.
Comecei a procurar perucas. "Que tal uma peruca loira, mãe?", perguntou minha filha. "Aí você pode ficar mais parecida comigo!". Eu me fortaleço com o companheirismo dela. Juntas, escolhemos uma peruca de cabelo loiro e curto.
Decidimos que minha peruca precisa de um nome. Pensei em Betty ou Bertha, aí meu marido sugeriu "Chewbacca", do Star Wars, e minha filha veio com "Hairy Maclary from Donaldson's Dairy", um de seus livros favoritos. A gente riu bastante indo para casa.
Alguns dias depois, cortei o cabelo o mais curto possível. Queria diminuiu o choque que sentiria quando começasse a cair. Faz bem quando você está no controle disso.
Mandei à família e aos amigos a foto do meu cabelo curtinho. "Você parece mais jovem", disse minha irmã. Não acreditei nela.
Em todo o processo, minha filha parecia não estar entendendo muito bem o que estava acontecendo. Ela me perguntou se também iria perder cabelo e disse que não queria me ver careca. "Quem queria?", eu penso comigo mesma. Decidimos comprar uma peruca de brinquedo para ela.
Mas ela ainda ficava confusa com a quantidade de presentes que recebia. Houve uma onda enorme de cartões, flores, mensagens de esperança...e comida! Muita comida deliciosa! É engraçado como as pessoas reagem de forma diferente a essas notícias que todos temos que processar.
Meses depois, eu não me reconhecia mais no espelho. Inchada por causa dos esteroides, não tinha mais cílios, nem sobrancelhas, e estava careca.
Eu olhava invejosa para a cabeça do meu marido e dizia: "Mal posso esperar para ter a mesma quantidade de cabelo que você!" Nós dois ríamos - ele nem tem muito cabelo, mas já tinha mais do que eu.
No dia da cirurgia, eu fiquei um pouco vulnerável por ser operada sem ter nenhum cabelo. Eu estava sempre com lenços na cabeça ou então com minhas perucas - nós demos o nome de Betty para uma e Brunetti para outra. Mas eu não podia ter nenhuma delas comigo na cirurgia.
Quando voltei dela, não conseguia me mexer. Minhas pernas estavam cobertas por uma manta, que se move para cima e para baixo para evitar a coagulação do sangue. Tinha um tubo de oxigênio no meu nariz e eu estava com um catéter. No meu braço havia um dreno, e o líquido dentro dele me lembrava um milkshake de morango.
Eu podia apertar um botão para aliviar a dor, mas eu não reagia bem a morfina.
Optei pela reconstrução imediata do meu seio, o que significava um expansor de silicone temporário. Quando olhei pela primeira vez para o meu peito após a cirurgia, fiquei decepcionada em ver que estava praticamente reto. O implante iria inflar gradualmente para esticar a pele restante.
Minha cirurgiã disse que a operação havia sido bem-sucedida e que ela não detectara mais traços de tumor. Ela me visitava duas vezes durante o turno dela, parecia realmente se importar comigo - tinha mais ou menos a minha idade.
Na recuperação, eu tinha dificuldades para me mexer, para dormir e me vestir, então fiquei no hospital por cinco dias. Meu marido me visitava com minha filha, que fez quatro anos nesse meio tempo. Ela insistia em carregar meu dreno para o banheiro para mim. Ele tinha que me acompanhar em todos os lugares. Até que finalmente o removeram do meu braço - mas a dor que você sente quando isso acontece é como se alguém tivesse puxando uma corda de dentro de você.
Nas semanas seguintes, meu expansor no peito foi inflado com 50 ml de soro injetadas de cada vez . "Quantas são necessárias?", eu perguntei. "Quatrocentas", respondeu minha médica, "o peso do seu antigo seio".
"Então há uma ciência por trás disso", repliquei. Nós duas rimos na hora.
Mas eu fiquei chateada ao ver minha cicatriz. Não tinha cabelo, não tinha peitos, não tinha menstruação. O câncer de mama realmente rouba tudo o que é feminino em você. Mas eu estou viva! E o câncer já está fora de mim.
Eu também tenho o conforto das muitas mulheres jovens que também estão passando pela mesma situação. A Younger Breast Cancer Network (Rede Jovem de Câncer de Mama, em tradução livre) é um grupo online com mais de 3 mil mulheres com menos de 45 anos que compartilham suas experiências umas com as outras.
Outro dia, olhei no espelho e vi que meus cílios tinham voltado. Que momento incrível! Meu cabelo também começou a crescer de novo. Aos poucos, minha energia está voltando.
Cinco semanas depois da minha cirurgia, eu soube que havia tido uma resposta patológica completa. Era a melhor notícia possível! Significa que não há mais nenhum sinal de câncer nem no seio, nem em nenhum lugar. O tumor foi completamente erradicado pela quimio. Pac-Man realmente devorou todas aquelas células cancerosas.
Leva um tempo para você se acostumar com o fato de que não há mais evidência nenhuma da doença depois de meses de ansiedade.
Tenho uma tomografia agendada para fazer a preparação para a radioterapia e minha primeira tatuagem: três pequenos pontos verdes para que os técnicos possam saber onde alinhar a aplicação.
Também tomo injeções de quimio a cada três semanas na coxa e comecei a fazer um tratamento hormonal que fará parte da minha rotina diária pelos próximos 10 anos, uma tentativa de impedir o câncer de voltar.
Mas tudo isso combinado faz com que eu tenha sintomas de menopausa. As ondas de calor e as noites de suadeira são mais duas coisas que estou tendo que lidar aos 30 anos.
Passei por 15 sessões de radioterapia, indo todos os dias ao hospital para o tratamento. Nas redes sociais, descobri que muitos pacientes tocavam um sino no dia que terminavam a última sessão. Consegui que instalassem um na unidade oncológica do hospital onde eu estava e logo bati o sino bem alto para marcar o fim do meu tratamento - todos aplaudiram em volta. Não acredito que acabou!
Alguém me disse uma vez que ter câncer faz você perceber o quanto é amada. Agora que acho que cheguei ao fim dessa jornada, posso dizer que isso é a mais pura verdade."

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Com câncer de mama, Ana Furtado revela luta contra queda de cabelo


Ana Furtado segue na luta contra câncer de mama (Crédito: Reprodução/Instagram)

Da Redação  https://istoe.com.br/com-cancer-de-mama-ana-furtado-revela-luta-contra-queda-de-cabelo/?utm_source=social_monitor&utm_medium=widget_vertical
12/06/18 - 15h33 - Atualizado em 12/06/18 - 16h17
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Há cerca de 15 dias, a apresentadora Ana Furtado revelou estar em batalha contra um câncer de mama. Nesta terça-feira (12), ela compartilhou uma mensagem emocionante no Instagram após realizar sua segunda sessão de quimioterapia.

“Ontem fiz minha segunda sessão de quimioterapia. E a sensação é de que essa foi menos difícil do que a primeira. Volto a dividir detalhes com vocês porque, ao mesmo tempo em que me fortaleço com as palavras de carinho que recebo, acredito que posso também encorajar pessoas que estejam passando por situações tão difíceis quanto o diagnóstico de um câncer”, escreveu.

Ana também comentou sobre o tratamento de crioterapia que ela tem feito na cabeça, que ajuda a diminuir a queda capilar causada pelas sessões de quimio.

“Na foto, estou sendo preparada para a crioterapia. Trata-se de uma técnica que utiliza uma touca recheada com gel térmico, atingindo temperaturas negativas (-10º, no meu caso). Esse resfriamento no couro cabeludo é muito doloroso, mas reduz a quantidade de quimioterápicos que chegam até os bulbos capilares, diminuindo a queda de cabelos. Antes, é preciso encharcar a cabeça para depois colocar a touca”, disse.

“Foram 4 horas e meia com o equipamento na cabeça: meia hora antes do início da quimio e 2 horas após o término dela. É difícil, mas, até agora, eficiente. Só tenho a agradecer a todos os médicos pelas orientações, apoio e carinho comigo”, completou.