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domingo, 6 de novembro de 2022

Câncer de intestino: como evitar o 3º tumor mais comum nos brasileiros?

Cerca de 90% dos casos ocorrem devido a fatores externos como obesidade, sedentarismo e dieta rica em alimentos industrializados

Por Antonio Carlos Buzaid Atualizado em 3 Maio 2022, 10h12 - Publicado em 2 Maio 2022, 16h56

O câncer de intestino é o tumor maligno que acomete o intestino grosso (cólon) e o reto (parte final do intestino, imediatamente antes do ânus), também conhecido como câncer colorretal. De acordo com a última estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), são diagnosticados mais de 41 mil novos casos por ano em nosso país. É o terceiro câncer mais comum entre os brasileiros, perdendo apenas para o câncer de próstata nos homens e de mama nas mulheres. Estima-se que o risco de uma pessoa desenvolver esse câncer é de 4% ao longo da vida. Na maioria das vezes, o diagnóstico acontece antes de a doença se espalhar para outros órgãos. A cura é possível para a maioria dos pacientes.

É comum no imaginário da população achar que os principais fatores de risco para o câncer são as doenças genéticas e hereditárias. Entretanto, esse é um mito que precisa ser combatido. Estima-se que cerca de 90% dos casos de câncer de intestino ocorram devido a fatores externos e ambientais, como obesidade, sedentarismo, tabagismo, consumo exagerado de álcool, dieta rica em alimentos industrializados, principalmente carnes processadas e carnes vermelhas, e dieta pobre em legumes, vegetais, fibras e frutas. Por meio de mudanças simples em nossos hábitos de vida, podemos reduzir bastante o risco desse câncer.

A colonoscopia é fundamental na estratégia de redução do risco de desenvolver o câncer colorretal. Esse exame possibilita a identificação e o tratamento (através da remoção) de lesões iniciais, como os pólipos, que podem evoluir para câncer. Embora a idade média de diagnóstico do câncer de intestino seja aos 67 anos, estudos recentes têm demonstrado um aumento no número de casos novos e de morte por esse tumor entre os jovens (idade inferior a 45 anos).

Por esse motivo, sociedades médicas passaram a recomendar que todas as pessoas realizem uma colonoscopia aos 45 anos, podendo ser necessário realizá-la antes dessa idade a depender do histórico familiar de câncer colorretal. A frequência com que o exame precisará ser repetido vai depender dos achados no exame anterior, podendo ser a cada 5-10 anos (se exame normal) até a intervalos menores (diante do achado de fatores de alto risco). A maioria das sociedades médicas recomendam interromper a realização de colonoscopia aos 75 anos. Após essa idade, ela poderá ser indicada em situações específicas.

Portanto, se você quer reduzir ao risco de desenvolver câncer de intestino, pratique exercícios físicos regulares (30 minutos por dia), combata a obesidade, evite bebidas alcoólicas em excesso, consuma menos carnes vermelhas, evite os alimentos processados, embutidos e enlatados, coma mais frutas, legumes e fibras e realize uma colonoscopia aos 45 anos.

A prevenção e a informação ainda são as melhores armas na luta contra o câncer.

Com a colaboração de Dr. Ricardo Carvalho – oncologista clínico

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

O que pode causar câncer? Veja 35 hábitos associados a essa doença

Na luta contra o câncer no Brasil, mais de 220 mil pessoas vieram a óbito em decorrência da doença, somente em 2018, segundo os dados registrados pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer). Embora se use normalmente o nome no singular, é preciso lembrar que "o câncer" representa um conjunto de mais de 100 doenças diferentes que têm em comum, apenas, o crescimento descontrolado de células, invadindo tecidos, formando tumores e alterando o nosso DNA.

Para a ciência, as diferenças entre os tipos de câncer correspondem às diferentes células do corpo humano que elas afetam. Por exemplo, se as células tumorais se desenvolvem na pele ou em tecidos que recobrem órgãos, ossos e glândulas, são chamadas de carcinomas. Outro ponto que os diferencia é a velocidade com a qual se multiplicam e formam metástases — as lesões tumorais que se espalham pelo corpo.

Em um cenário que mais se parece com uma guerra, alguns casos de câncer, realmente, estão fora do controle humano, seja por fatores genéticos ou mudanças genéticas que sofremos ao longo da vida. Entretanto, evidências apontam que alguns comportamentos de risco ou uso de determinadas substâncias podem, sim, aumentar as chances de desenvolvimento de um câncer.

A seguir, você confere 35 agentes cancerígenos já conhecidos pela medicina e alguns suspeitos de causarem essas alterações, que podem ser fatais, no organismo humano.

35 fatores ligados ao aumento do risco de câncer

1. Açúcar: mais do que casos de diabetes, o consumo excessivo de açúcar pode danificar as células do organismo e aumentar o risco de câncer. Pior ainda, estudos recentes apontam que o açúcar pode estimular o crescimento de um tumor, porque as células tumorais usam essa substância como combustível. "O consumo hiperativo de açúcar pelas células cancerosas leva a um ciclo vicioso de estimulação contínua do desenvolvimento e crescimento do câncer", afirma o biólogo molecular Johan Thevelein.

2. Alimentos processados: segundo cientistas na França, há uma ligação entre as pessoas que consomem mais alimentos processados ​com os indivíduos que desenvolvem câncer. Entretanto, não se sabe qual é a origem dessa relação. Poderia ser, por exemplo, a embalagem utilizada ou ainda substâncias que prolonguem sua validade.

3. Fumar: pesquisa apontam há anos que a fumaça do tabaco contém cerca de 70 substâncias químicas cancerígenas. Infelizmente, isso também vale para os fumantes passivos — grupo que não fuma, mas acaba inalando a fumaça pelo ambiente. De acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA, "os não fumantes expostos ao fumo passivo, em casa ou no trabalho, aumentam o risco de desenvolver câncer de pulmão em 20%-30%".

4. Talvez, o uso de vapes: mesmo que pesquisas nessa área ainda sejam recentes, há alguns sinais de que podem causar complicações no sistema respiratório. "Penso que existe um consenso emergente de que as células imunológicas do pulmão ficam um pouco perturbadas com a vaporização", explica o professor Robert Tarran, que estuda o tema na Universidade da Carolina do Norte.

5. Bronzeamento artificial: o consenso aqui é bastante “popular”. De acordo com a Fundação do Câncer de Pele (SCF), fundado nos EUA, indivíduos que realizam sessões de bronzeamento artificial antes dos 35 anos, aumentam o risco de desenvolver melanoma em 75%.

6. Esquecer o protetor solar: a exposição ao Sol, sem proteção, pode causar riscos para a saúde, como o câncer de pele por causa dos raios UV. Por isso, o Inca recomenda que "durante a exposição ao Sol sejam usados filtros com FPS 15 ou mais e que protejam também contra os raios UV-A".

7. Contato com produtos tóxicos no trabalho: no dia a dia, algumas pessoas lidam com substâncias cancerígenas para a realização de suas atividades profissionais, como pintores, fabricantes de borracha e, eventualmente, cabeleireiros. Dependendo do nível de exposição, da qualidade dos produtos usados e das condições de proteção, o risco de desenvolvimento de um câncer cresce.

8. Turno da noite: segundo a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), parte da OMS, o trabalho noturno pode ser "provavelmente" cancerígeno para os funcionários. Isso porque os cientistas entendem que trabalhar fora do horário considerado normal pode afetar os ciclos circadianos naturais de sono e vigília do corpo.

9. Carvão: ainda nos riscos associados ao trabalho, há maiores chances do aparecimento da doença entre os mineradores de carvão. Entre os tipos mais comuns, estão: câncer nos pulmões; bexiga; e estômago. Uma das possíveis ideias é que isso ocorra por causa do pó de carvão inalado.

10. Arsênico: parte natural da crosta da Terra, é uma substância tóxica em sua forma inorgânica. Nessa formação pode ser encontrado até na água potável contaminada de alguns lugares como Bangladesh, na Ásia, ou em outras regiões onde os sistemas de irrigação para plantações utilizam água com arsênico.

11. Churrasco: carnes assadas em altas temperaturas favorecem a liberação de produtos químicos, como as aminas heterocíclicas (AHCs) e hidrocarbonos policíclicos aromáticos (HPAs). Segundo experimentos feitos em laboratório, esses produtos conseguem desencadear alterações no DNA que, por sua vez, podem aumentar o risco de câncer.

12. Álcool: segundo o Instituto Nacional do Câncer, nos EUA, "o risco de desenvolver câncer aumenta com a quantidade de álcool que uma pessoa ingere" e alguns dos tipos podem ser o de garganta e o de fígado, por exemplo. Nesse caso, é preciso observar a frequência e a regularidade do hábito, também.

13. Escapamento de motor à diesel: isso porque o óleo diesel é composto por mais de 30 componentes potencialmente cancerígenos, segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC). Um dos riscos está em inalar partículas desse produto, após a combustão.

14. Sal e alimentos em conserva: o consumo excessivo de alimentos em conserva pode aumentar o risco de câncer de estômago, de acordo com a American Cancer Society. Por exemplo, um prato bastante popular na China, o peixe curado com sal, é rico em nitratos e nitritos, conhecidos carcinógenos em animais e que também aumentam o risco em humanos, já que podem danificar o DNA.

15. Carnes processadas: são potencialmente perigosos os alimentos como presunto, bacon e salsicha, segundo a OMS. Inclusive, um levantamento de 15 estudos sobre câncer de mama verificou que pessoas que consomem, com maior frequência, carnes processadas têm um maior risco em desenvolver câncer de mama. Em comparação com quem não consome, o risco está calculado em 9%, de acordo com artigo do International Journal of Cancer.

16. Poeira de madeira: o risco é potencializado para trabalhadores de serrarias e marceneiros, porque respiram com muita frequência essa poeira durante as etapas do trabalho. De acordo com o Inca, “há associação entre exposição a poeira de madeira e câncer de cavidade nasal, seios paranasais, laringe, pulmão, estômago, cólon e reto, leucemia, linfomas e mieloma múltiplo”.

17. Produtos usados no fraturamento hidráulico: pode parecer algo completamente distante, mas este é um método muito comum para a extração de combustíveis líquidos e gasosos do subsolo. É potencialmente perigoso para a saúde, porque nesse procedimento produtos químicos usados (como benzeno e formaldeído), conhecidamente causadores de câncer, podem ser liberados no ar e nas águas, contaminando a região.

18. Amianto: por muitos anos, o amianto foi utilizado na indústria pela sua abundância e baixo custo, inclusive na indústria da construção civil (como em telhas). Entretanto, passou a ser é classificado como um material reconhecidamente cancerígeno para os seres humanos, segundo o Inca. Atualmente, seu uso está proibido em uma série de países.

19. Alguns herbicidas usados na agricultura: com a diversa gama de produtos usada nas plantações, cada caso precisa ser analisado em suas particularidades. Entretanto, cada vez mais pesquisas sugerem que determinados produtos químicos, usados na agricultura, podem aumentar as chances do aparecimento de câncer em trabalhadores rurais. Recentemente, houve uma grande disputa judicial nos EUA entre agricultores e a produtora do herbicida glifosato.

20. Estrogênios: o câncer de mama, por exemplo, não tem uma causa única, mas alguns fatores estão relacionados ao aumento do risco de desenvolver a doença, como o estímulo de estrogênio, tanto de dentro do corpo quanto de fora, de maneira não controlada. Vale lembrar que esse é um nome para uma série de hormônios relacionados à ovulação e desenvolvimento de características femininas.

21. Vírus: ser infectado por alguns tipos específicos de vírus podem aumentar, de forma indireta, as chances de um câncer, já que podem desencadear alterações genéticas nas células humanas. São os casos dos vírus da Hepatite B e C, por exemplo.

22. Genética: dessa vez, não adianta fugir. Isso porque o risco de determinados cânceres podem ser transmitidos de uma geração para a outra. Nese sentido, alguns tipos de câncer de mama podem ser considerados genéticos. Para esses casos, o importante é o acompanhamento rotineiro do estado de saúde da pessoa.

23. Obesidade: pessoas com obesidade podem ter um aumento significativo no risco de desenvolverem alguns tipos de câncer, como os de reto, esôfago, mama, tireoide, rim e pâncreas. No total, são 13 tipos de câncer associados a essa condição, segundo o Inca.

24. Formaldeído: conhecido também pelo nome de formol, o formaldeído é potencialmente cancerígeno. Isso porque o formol evapora em condições normais de temperatura e o contato direto com grandes concentrações é altamente perigoso à saúde humana. Inclusive, no Brasil, a Anvisa propõe a substituição desse agente por vários produtos.

25. Impantes: introduzir objetos estranhos em seu corpo, como um implante mamário de silicone, pode elevar os riscos de câncer, segundo a IARC. Inclusive, pacientes norte-americanas já iniciaram uma ação coletiva contra uma empresa de próteses, após desenvolveram câncer supostamente ligado a operação de implante.

26. Gases tóxicos: respirar um ar contaminado com gases tóxicos durante anos pode levar ao desenvolvimento de um câncer. Isso porque podem contaminar, gradualmente, o sistema respiratório das pessoas e outros órgãos.

27. Fuligem: o mais perigoso nessa questão é a inalação de fuligem e outras partículas poluentes vindas de queimadas, associada a alguns tipos de câncer, como de pulmão, esôfago e bexiga. O risco, no entanto, é maior para aqueles que têm contato diário com esse ar contaminado, como limpadores de chaminé.

28. Sílica: esse mineral é natural e pode ser encontrado na composição de pedras e da areia, por exemplo. Entretanto, o problema é quando trabalhadores da construção civil e de mineradores inalam partículas de sílica cortando, serrando ou perfurando uma rocha. De acordo com o Inca, "trabalhadores expostos à sílica, quando comparados com a população em geral, possui risco 2 a 3 vezes maior a câncer de pulmão".

29. Radiação: os raios X e os raios gama são conhecidos por sua capacidade cancerígena. Essa ligação entre radiação e risco de câncer fica ainda mais clara, quando se pensa nas pessoas que foram expostas a altas doses de radiação em um acidente nuclear, como o Chernobyl. Por outro lado, há tratamentos contra cânceres usando altas doses de radiação. Aqui, tudo depende da forma e da exposição.

30. Inflamações crônicas: infecções de longo prazo e doenças intestinais que se prolongam para longos períodos, por exemplo, podem danificar, de forma singnificativa, o DNA de uma pessoa e, consequentemente, elevar as chances desse paciente desenvolver algum tipo de câncer.

31. Alguns plásticos: eles realmente são perigosos, especialmente, quando aquecidos com alimentos. Isso porque esse aquecimento pode liberar substâncias nocivas e, potencialmente, cancerígenas, como a dioxina, o bisfenol A (BPA) e os ftalatos. Como é difícil ter segurança quanto à presença ou não dessas substâncias nos plásticos, a recomendação, por exemplo, é nunca aquecer alimentos neles, muito menos fazer mamadeiras para crianças em recipientes com BPA. Muitos fabricantes já colocam nas embalagens de vasilhas, copos, garrafas e mamadeiras a inscrição "BPA Free", associando-a ao uso seguro do utensílio.

32. HPV: entre as infecções virais, o papilomavírus humano é uma família comum de vírus sexualmente transmissíveis e pode colaborar com o desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como o peniano, o vaginal e o anal. Por esse motivo o CDC, nos EUA, recomend a vacinação contra o HPV para os jovens.

33. Refrigerantes: embora sejam um produto muito consumido, especialmente por crianças, alguns refrigerantes podem representar riscos para saúde. Isso porque contêm a substância 4-MI, classificada como possivelmente cancerígena pela IARC. É encontrada no corante Caramelo IV, muito usado nos processos de fabricação dessas bebidas.

34. Bebidas quentes: mais do que queimar a língua de uma pessoa, o consumo intenso de bebidas quentes pode elevar os riscos de câncer na garganta. Pesquisas realizadas na América do Sul e no Irã avaliaram os riscos desse consumo e confirmaram a hipótese. Entretanto, esse é um risco relativamente pequeno e bem simples de contornar.

35. Acrilamida: é uma substância que se forma quando alguns alimentos (como pães, biscoitos, batatas e café) são fritos, grelhados ou torrados em altas temperaturas. Ainda se discute se a substância e esses produtos, após passarem por esse processo, são realmente cancerígenos. De acordo com a IARC, são "carcinógenos prováveis".

 

Nem tudo está acabado

Embora haja uma lista consideravelmente grande de hábitos que possam se relacionar com o aparecimento do câncer, a boa notícia é que as taxas de sobrevivência ao câncer estão aumentando anualmente. Isso porque a detecção ocorre de forma muito mais precoce, há mais esforços de prevenção e melhores tratamentos disponíveis.

Nesse cenário, companhas contra o uso de tabaco e a favor do uso do protetor solar, incluindo uma série de exames preventivos, como o autoexame para câncer de mama, são eficazes para reduzir o número de casos fatais da doença. Além disso, acompanhamento médico regular é um importante fator para melhorar as chances de sobrevivência.

Mesmo que hábitos diários, como consumo de alimentos e comportamentos, possam contribuir para o desenvolvimento de determinados tipos de câncer, vale lembrar que os cientistas vivem uma busca constante por novas terapias e tratamentos contra uma das pelo menos 100 variações de câncer conhecidas.

Fonte: Business InsiderBBCCDCSCFIARCIncaAmerican Cancer Society     

https://canaltech.com.br/saude/o-que-pode-causar-o-cancer-veja-35-habitos-associados-a-essa-doenca-171028/

terça-feira, 15 de março de 2022

Câncer de colo de útero pode começar de forma silenciosa; saiba como evitar



Campanha do Março Lilás faz alerta sobre a prevenção da doença, que está entre as principais causas de morte por tumor entre mulheres no Brasil, segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer)

SAÚDE | Hysa Conrado, do R7

15/03/2022 - 02H00

 

Infecção por HPV pode ser identificada antes de causar o câncer de colo de útero

Infecção por HPV pode ser identificada antes de causar o câncer de colo de útero

FREEPIK

 

O câncer do colo de útero pode ser uma doença silenciosa no início, mas ocupa a quarta posição no ranking de tumores que mais matam mulheres no Brasil, segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer). Além disso, com exceção do câncer de pele, é o terceiro mais comum entre as mulheres.

 

A alta incidência está associada ao HPV, vírus sexualmente transmissível responsável pela infecção que causa o câncer na região, que infecta pelo menos 80% das mulheres com vida sexual ativa, de acordo com o Inca.

 

O ginecologista Alexandre Pupo, do Hospital Sírio Libanês e do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, explica que, apesar de ser o principal responsável pela doença, nem todos os tipos de HPV são considerados oncogênicos, isto é, com potencial para causar o câncer.

 

“Como qualquer vírus, ele inclui seu material genético na célula e utiliza os aparelhos internos da célula para produzir novos vírus. Alguns desses HPVs – existem mais de 200 tipos diferentes – acabam alterando a forma como as células lêem o DNA e essa alteração pode transformá-la em uma célula de câncer que passa a se replicar de maneira desordenada”, explica o médico.

 

Pupo destaca que o simples fato de ter o vírus no corpo não quer dizer que a mulher possa desenvolver o câncer. Para isso, é necessário, além de que esse HPV seja do tipo oncogênico, que a infecção seja recorrente e persista ao longo de anos.

 

Cólicas menstruais intensas podem ser sintoma de endometriose

Além disso, se identificada em estágio inicial por meio de exames preventivos como o Papanicolau, a infecção pode ser tratada antes que se transforme em um tumor.

 

“Com o tempo, esse HPV causa uma pequena alteração celular, muitas vezes identificada pelo Papanicolau, que é uma lesão não visível a olho nu. Em um primeiro momento, não é necessário fazer nada, apenas acompanhá-la e esse quadro pode se reverter sozinho. Se isso não acontecer em um prazo de um a dois anos, é possível cauterizar ou de alguma forma fazer uma destruição dessas células”, explica o ginecologista.

 

No entanto, se nada for feito para tratar essa lesão ou mesmo se ela passar despercebida pelos exames preventivos, ela pode evoluir ainda para dois estágios antes de se transformar em um tumor maligno com potencial para invadir outras células.

 

“O [terceiro estágio] já é considerado um carcinoma e é obrigatoriamente cirúrgico. O médico deve remover o fragmento do colo do útero que está doente e examinar no laboratório para confirmar se não há outro lugar em que a célula já não esteja invadindo”, explica Pupo.

 

Sintomas e tratamento

Os principais sintomas do câncer de colo do útero são sangramento durante e após a relação sexual, e corrimento com odor fétido e de aspecto sanguinolento. No entanto, antes dessas manifestações, as pequenas lesões causadas pelo HPV são possíveis de identificar por meio do exame de Papanicolau.

 

Caso o diagnóstico seja feito de forma tardia e a lesão já tenha se transformado em um câncer, o tratamento vai depender da evolução do tumor e do tamanho em que ele se encontra. Além da remoção da parte adoecida do colo – ou mesmo de todo o útero – por meio da cirurgia,  também pode ser necessário que a paciente passe por tratamentos quimioterápicos.

 

“Há os estadiamentos do câncer, que vai de um a quatro. No estágio três, ele está indo para o sistema linfático, no quarto ele já está acometendo órgãos ao redor, como a bexiga, o reto e os ligamentos que seguram o útero no lugar. Conforme o câncer cresce nessa região e se espalha, ele se torna não operável, a cirurgia é menos eficaz do que usar o tratamento com quimio e radioterapia”, ressalta Pupo.

 

Prevenção

A principal forma de prevenir este tipo de câncer é a vacina contra o HPV, disponível pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para meninas de 9 a 14 anos, e meninos na faixa etária entre 11 e 14 anos. O imunizante protege contra os tipos 16 e 18 do HPV, responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo do útero, segundo o Inca.

 

“Quem é vacinado tem o risco praticamente próximo de zero em relação ao desenvolvimento de câncer do colo do útero. Então a vacinação é fundamental e é uma campanha mundial, porque se todo mundo se vacinar é possível erradicar este tipo câncer”, afirma o ginecologista.

 

O Inca destaca que o tabagismo e o uso prolongado de pílulas anticoncepcionais também podem aumentar o risco de desenvolvimento do câncer. Além disso, o uso de preservativo durante as relações sexuais também é importante para frear a circular e a contaminação pelo HPV.

 

Somado a isto, o Ministério da Saúde recomenda a realização dos exames ginecológicos preventivos, como o Papanicolau, para mulheres a partir dos 25 anos de idade.

 

“Abaixo dessa idade é um período ainda muito precoce para que o HPV cause alguma alteração que leve ao câncer. Temos casos esporádicos de pacientes que evoluem para uma lesão cancerígena antes dos 25 anos, como mulheres imunossuprimidas, seja por transplantes, seja por tratamentos quimioterápicos, seja por HIV, por exemplo, então é importante iniciar o acompanhamento mais cedo nesses casos”, explica Pupo. Para este grupo citado pelo médico, a vacina também é recomendada até os 45 anos.