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sábado, 8 de fevereiro de 2020

Maconha aumenta em 36% risco de câncer de testículo, alerta estudo

O impacto pode afetar a produção de espermatozoides
Por Redação - Atualizado em 2 dez 2019, 15h11 - Publicado em 2 dez 2019, 12h37

O uso da maconha está associado a tumores de células germinativas testiculares. David Bebber/Reuters/VEJA

Homens que fumam maconha regularmente apresentam maior risco de desenvolver câncer de testículo, de acordo com uma revisão de estudos publicada na semana passada no Journal of the American Medical Association. A pesquisa indica que o consumo a longo prazo pode aumentar em até 36% o risco de desenvolver câncer testicular em comparação com aqueles que nunca utilizaram maconha.
“O uso regular de maconha está associado ao desenvolvimento de tumores de células germinativas testiculares (que dão origem aos espermatozoides)”, explicaram os pesquisadores no estudo. A maconha, portanto, pode afetar a produção de espermatozoides. Eles ainda analisaram a relação entre outros tipos de câncer e a maconha, mas disseram que as evidências eram insuficientes para confirmar essa associação.
Câncer de testículo
O câncer testicular é caracterizado pelo aparecimento de nódulos no testículo ou mudanças no tamanho do saco escrotal sem a presença de dor. Outros sintomas associados ao câncer de testículo, incluem: diferença na textura ou tamanho de um testículo para o outro, sensação de peso na região e, em alguns casos, dor intensa. Vale ressaltar que às vezes esses sintomas podem não estar relacionado ao câncer, mas é importante procurar um especialista para identificar o problema.
 Os tumores testiculares correspondem a 5% do total de casos de câncer entre homens, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Apesar de raro, o problema afeta principalmente homens em idade reprodutiva (15 a 49 anos) – sendo que metade dos pacientes tem menos de 35 anos. Especialistas ainda destacam que o câncer de testículo é mais comum em homens brancos.
De acordo com o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, a doença é um dos tipos mais tratáveis de câncer e com boas perspectivas de recuperação. Por isso, a qualquer sintoma suspeito, os homens devem procurar o médico, pois o diagnóstico precoce melhora consideravelmente as chances de cura.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Pesquisa indica que 40% dos casos de câncer estão associados a sobrepeso


Dieta saudável e perda de peso ajudam a reduzir riscos Divulgação

Excesso de peso aumenta risco de desenvolver 13 tipos de tumor
03/10/2017 18:51:13
AFP - http://odia.ig.com.br/mundoeciencia/2017-10-03/pesquisa-indica-que-40-dos-casos-de-cancer-estao-associados-a-sobrepeso.html
Washington, EUA - Cerca de 40% dos casos de câncer detectados nos Estados Unidos em 2014 — mais de 630 mil no total — estão associados ao excesso de peso, indicaram especialistas nesta terça-feira, pedindo que as ações preventivas sejam intensificadas.
Em um país em que 71% dos adultos têm sobrepeso ou obesidade, as conclusões dos Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC) "são motivo de preocupação", disse a diretora da agência, Brenda Fitzgerald.
"A maioria dos adultos americanos pesa mais do que o recomendado, e ter sobrepeso põe as pessoas em alto risco de sofrer de diferentes tipos de câncer", disse em um comunicado.
"Atingindo um peso saudável e mantendo-o, todos podemos ter um papel na prevenção do câncer", acrescentou.
Está demonstrado que ter excesso de peso aumenta o risco de desenvolver 13 tipos de tumor, incluindo o câncer de esôfago, de tireoide, de mama pós-menopausa, de vesícula, estômago, fígado, pâncreas, rim, ovários, útero, cólon e reto.
A taxa de tumores associados à obesidade está aumentando, em contraste com a taxa total de casos de câncer, que diminuiu desde os anos 90.
O câncer colorretal foi o único câncer associado ao peso que diminuiu entre 2005 e 2014, com uma queda de 23%, em grande parte graças à melhora do diagnóstico, segundo o relatório.
O resto de casos associados ao peso aumentaram 7% na última década.
SAIBA MAIS
Aproximadamente dois terços dos 630 mil casos de 2014 associados ao peso ocorreram em pessoas de 50 a 74 anos, sendo as mulheres as mais afetadas, com 55% dos tumores diagnosticados associados ao peso, em comparação com 24% nos homens.
Segundo os últimos dados dos CDC, 32,8% dos americanos têm sobrepeso e 37,9% são obesos.
Uma pessoa é considerada acima do peso quando seu índice de massa corporal (IMC, o resultado da divisão do peso pela altura ao quadrado) é entre 25 e 29,9, e obesa quando o IMC é 30 ou mais.


terça-feira, 15 de maio de 2018

12 mitos e verdades sobre hábitos de vida relacionados ao câncer


Excesso de açúcar, sedentarismo e tabagismo são alguns dos fatores que podem aumentar o risco da doença
access_time14 maio 2018, 15h04
https://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/12-mitos-e-verdades-sobre-habitos-de-vida-relacionados-ao-cancer/

São Paulo – É fato que os hábitos de vida que você tem podem ou não contribuir para o surgimento de algumas doenças, entre elas, o câncer. Um estudo recente divulgado pelo Observatório de Oncologia apontou que a doença é a principal causa de morte em mais de 500 cidades brasileiras e – coincidentemente ou não – a maioria delas está localizada em regiões desenvolvidas, onde a expectativa de vida é maior, mas o estilo de vida costuma ser mais frenético.

No país, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima a ocorrência de 600.000 casos novos a cada ano para o biênio 2018-2019. Entre os mais jovens, de acordo com o Inca, o câncer já é a segunda maior causa de morte de pessoas entre 15 a 29 anos, perdendo apenas para “causas externas”, que envolvem óbitos por acidentes e violência.

Segundo Cristiano Guedes Duque, oncologista da Oncoclínica, um dos aspectos mais importantes para a prevenção do câncer diz respeito ao nível de evidências científicas que atribuem hábitos de vida ou exposição a substâncias ao desenvolvimento da doença.

 “A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), órgão da Organização Mundial da Saúde, estabelece uma série de critérios antes de classificar uma substância como carcinogênica, ou seja, capaz de provocar ou estimular o aparecimento do câncer em um organismo. Ao adotar hábitos de vidas saudáveis e evitar a exposição às substâncias relacionadas pela agência, evita-se não somente o câncer, mas também uma série de doenças potencialmente graves”, explica o especialista.

Ainda de acordo com Duque, uma dieta rica em açúcar, a obesidade, a exposição à fumaça do cigarro e o sedentarismo estão diretamente ligados ao risco de adoecimento e mortes relacionadas ao sistema cardiovascular, como o infarto agudo do miocárdio. “Em uma sociedade que passa por grandes mudanças relacionadas à alimentação e hábitos de vida, ficar atento aos itens relacionados ao câncer não somente ajuda a evitar essa doença, como também contribui para uma vida mais saudável”, afirma o oncologista.
Predisposição X estilo de vida
Também da Oncoclínica, a oncologista Adriana Scheliga lembra que o câncer é resultado de danos ou mutações genéticas que podem ocorrer no DNA das pessoas. Por isso, alguns tipos estão fora de nosso controle, determinados por defeitos genéticos e predisposições transmitidas de geração para geração, ou estimulados por mudanças genéticas pelas quais passamos ao longo da vida.
“Também sabemos, no entanto, que respirar certas substâncias, comer determinados alimentos e até mesmo usar alguns tipos de plásticos elevam o risco de desenvolver alguns tipos de câncer”, afirma Adriana.
Juntos, os especialistas listaram alguns mitos e verdades sobre hábitos de vida relacionados ao câncer. Confira a seguir:
1 – Tabagismo
Trata-se da principal causa no mundo inteiro de doenças e mortes evitáveis. Estima-se que o cigarro esteja relacionado à morte de quase a metade de seus usuários no longo prazo. Por isso, a recomendação é não fumar e não utilizar nenhuma forma de tabaco. A renúncia do tabaco é a forma mais eficazes na prevenção do câncer, já que ele está relacionado não só ao câncer de pulmão, como também aos de cabeça e pescoço, bexiga, mama, entre tipos.
2 – Tabagismo passivo
Também pode causar câncer e outras doenças crônicas, inclusive em crianças. Não se deve fumar dentro de casa. Devem ser estimuladas, por exemplo, medidas para que todos os ambientes de convívio social fiquem livres da fumaça do cigarro. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças Americano (CDC) afirma que os chamados fumantes-passivos, ou seja, aqueles expostos ao fumo passivo em casa ou no trabalho aumentam o risco de desenvolver câncer de pulmão em até 20% a 30%.
3 – Controle do peso
Manter o peso sempre controlado, o que inclui ter uma dieta saudável e praticar atividade física, pode reduzir em até 18% o risco do surgimento de câncer.
4 – Exercícios
O recomendável é que as pessoas se mantenham moderadamente ativas por pelo menos 30 minutos por dia. O tempo gasto na posição assentada deve ser reduzido.
5 – Dieta
De acordo com os especialistas, devem ser evitados alimentos com excesso de calorias (tanto por açúcar como por gorduras). O açúcar refinado branco, presente em doces, biscoitos e muitos produtos industrializados, quando consumido em excesso pode levar à obesidade, a alterações metabólicas e até ao desenvolvimento do diabetes mellitus. A obesidade pode aumentar o risco de desenvolvimento de câncer de mama, cólon e reto, esôfago, rim e pâncreas.
É importante lembrar, no entanto, que o açúcar está presente em diversos alimentos como componente natural essencial.
Alguns exemplos são a frutose nas frutas e a lactose nos derivados de leite. A utilização de açúcar isoladamente não pode ser considerada um fator de causa e efeito de câncer.
6 – Alimentos processados
Além do açúcar, qualquer alimento que venha em um invólucro de plástico e esteja industrialmente selado foi projetado para durar meses sem estragar. Cientistas na França recentemente demonstraram uma relação entre pessoas que comem mais alimentos processados e aqueles que desenvolvem câncer. Porém, ainda não há certeza se o problema são os ingredientes estabilizadores do produto, a embalagem plástica ou a combinação dos dois. Por isso, mais estudos são necessários para de fato comprovar a correlação de causa e efeito. Já alimentos como os embutidos (linguiças, salsichas, presuntos e apresuntados, entre outros) são apontados como grandes vilões.
7 – Álcool
Se a pessoa já possui esse hábito, deve procurar limitar a quantidade. O melhor para a prevenção do câncer é evitar o consumo de bebidas alcoólicas. O consumo de álcool regular pode aumentar o risco de câncer de cabeça e pescoço, fígado, mama e cólon. E esse risco aumenta conforme a quantidade ingerida, quanto maior o consumo, maior a chance, principalmente quando associado ao habito de fumar.
8 – Exposição ao sol
A luz solar natural é um agente causador de câncer de pele. No Brasil, segundo dados do o Inca, o câncer de pele não melanoma é o tumor mais frequente em ambos os sexos. A exposição excessiva e sem proteção, como aqueles que trabalham ao ar livre ou mesmo a exposição recreativa excessiva em praias e piscinas, deve ser evitada por meio do uso de protetores solares, roupas, chapéus e óculos protetores.
9 – Bronzeamento artificial
Não deve ser realizado também o bronzeamento artificial, pois existe de fato um aumento considerável do risco de desenvolver tumores malignos de pele em pessoas que utilizam a técnica, principalmente se hábito começou antes dos 35 anos.
10 – Carne vermelha
A Organização Mundial de Saúde (OMS) sugere que a carne vermelha possa estar ligada ao aumento do risco de câncer colorretal. Além disso, há algumas evidências que indicam que sua contribuição para o câncer pancreático e de próstata, embora essa evidência não seja tão forte.
As carnes defumadas e churrascos provavelmente também aumentam o risco de câncer, porque quando são assadas em fogo muito quente ou são fritas em altas temperaturas eliminam substâncias, como as aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, que em contato com as chamas aumentam os produtos químicos cozidos na carne consumida.
Os pesquisadores não estão certos de que esses produtos químicos causem câncer. Contudo, em testes de laboratório, o DNA celular sofre mudanças que podem aumentar o risco de câncer.
11 – Trocar o dia pela noite
A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer classificou o trabalho noturno como um provável fator desencadeador de câncer. Os pesquisadores acreditam que trabalhar à noite e ficar durante longas horas na escuridão podem atrapalhar os ciclos naturais de sono e vigília circadianos do corpo e, de alguma forma, estar ligados a um aumento do risco de câncer.
12 – Vacinação
Alguns tipos de vacina, como as contra a hepatite B e HPV, também podem evitar o câncer por isso, quando possível, vale a pena tomá-las.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Cientistas brasileiros participam de desafio para descobrir fatores ambientais relacionados ao câncer

Inca, A.C.Camargo e Hospital do Câncer de Barretos fazem parte de grupo internacional que recebeu 20 milhões de libras da organização Cancer Research UK.



Por Mariana Lenharo, G1
15/02/2017
No ano passado, a organização Cancer Research UK selecionou sete grandes desafios a serem superados em relação ao câncer no mundo, em uma iniciativa chamada Grand Challenge. Nesta semana, a entidade britânica anunciou a escolha de quatro grupos de pesquisadores que se lançarão numa grande corrida científica para resolver esses problemas pelos próximos cinco anos. Cada equipe receberá um prêmio de 20 milhões de libras para conduzir a pesquisa.

Instituições brasileiras fazem parte de um dos grupos selecionados: o Instituto Nacional de Câncer (Inca) , o Hospital de Câncer de Barretos e o A.C. Camargo Cancer Center trabalharão no projeto “identificando causas do câncer que podem ser prevenidas”.

Já se sabe que tabaco, álcool, HPV e exposição excessiva à luz solar, por exemplo, aumentam o risco de câncer: essas são algumas causas de câncer passíveis de prevenção já conhecidas. Esses agentes cancerígenos danificam o DNA das células, levando a mutações que seguem padrões distintos de acordo com cada agente. Ou seja, a célula do câncer que é associado à exposição solar tem um perfil mutacional diferente da célula do câncer associado ao tabaco.

Atualmente, cientistas já identificaram cerca de 50 perfis mutacionais associados ao câncer. O problema é que eles não sabem quais fatores externos causam a metade dessas mutações. O objetivo do projeto é justamente identificar quais fatores ambientais e comportamentais estão levando a esses perfis mutacionais que, por enquanto, têm causas desconhecidas.

O projeto que envolve as três instituições brasileiras é liderado pelo cientista Mike Stratton, diretor do Wellcome Trust Sanger Institute, instituição focada no estudo do genoma para a melhora da saúde humana.

5 mil pacientes
Para atingir seu objetivo, o estudo fará o sequenciamento do DNA dos tumores de 5 mil pacientes com câncer de pâncreas, rim, esôfago e intestino de todos os cinco continentes. Além disso, os pacientes responderão a questionários epidemiológicos, que abordarão hábitos alimentares, se viveram em áreas com exposição a carcinógenos, se já foram contaminados por algum vírus, entre outras questões.

No Brasil, 900 pacientes serão recrutados e terão amostras e informações coletadas por A.C Camargo Cancer Center, Hospital de Câncer de Barretos e Inca.

A cientista Vilma Regina Martins, superintendente de pesquisa do A.C.Camargo, explica que os tumores avaliados pelo estudo têm incidência diferente em locais diferentes do planeta. “Quando se tem um tumor com esse perfil, entende-se que há alguma coisa naquele local associada com o aumento ou a diminuição de risco. Entende-se que podem haver causas genéticas na população e também fatores ambientais de cada uma das regiões”, afirma.

"Cada câncer detém um vestígio arqueológico, um registro em seu DNA do que o causou. É este registro que queremos explorar para descobrir o que causou aquele câncer"
Mike Stratton, diretor do Wellcome Trust Sanger Institute

Associando-se a análise genética à análise de hábitos e fatores externos aos quais os pacientes são expostos, os cientistas esperam ligar cada perfil mutacional à sua respectiva causa. "O principal objetivo de nosso Grand Challenge é entender as causas do câncer. Cada câncer detém um vestígio arqueológico, um registro em seu DNA do que o causou. É este registro que queremos explorar para descobrir o que causou aquele câncer", afirmou Mike Stratton em comunicado.

Vilma observa que a principal meta do estudo é possibilitar novas formas de prevenção, mas que, dependendo dos resultados, também podem surgir pesquisas que resultem em novos tratamentos para a doença.

Os sete desafios selecionados pela Cancer Research UK são:
  
1.            Desenvolvimento de vacinas para prevenir cânceres não relacionados a vírus
2.            Erradicar cânceres relacionados ao vírus Epstein-Barr do mundo
3.            Descobrir como perfis mutacionais incomuns são induzidos por diferentes eventos relacionados ao câncer
4.            Fazer a distinção entre cânceres letais que precisam de tratamento e cânceres não-letais que não precisam
5.            Descobrir um modo de mapear tumores em nível molecular e celular
6.            Desenvolver métodos que tenham como alvo o gene Myc, que é mutado na maioria dos cânceres humanos
7.            Descobrir como liberar macromoléculas biologicamente ativas em qualquer célula do corpo humano para tratar o câncer de forma efetiva

8.         A pesquisa do qual o Brasil faz parte se enquadra principalmente no desafio 3. As outras três equipes de pesquisa selecionadas para receberem os 20 milhões de libras focarão em criar mapas de realidade virtual de tumores; desenvolver estratégias para evitar tratamentos de câncer de mama desnecessários e estudar o metabolismo do tumor a partir de diversos ângulos.
   

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Pela primeira vez, estudo mostra os danos devastadores do cigarro

Fumantes que consomem um maço de cigarros por dia acumulam em média, a cada ano, 150 mutações a mais em cada célula do pulmão. Alterações levam ao câncer


Fonte: Veja.com


Nos fumantes, além das 150 alterações a mais nas células do pulmão, foram observadas 97 mutações a mais na laringe, 39 na faringe, 23 na boca, 18 na bexiga e seis em todas as células do fígado (Denis Tevekov/Hemera/Getty Images)

Inúmeros estudos já indicavam que o cigarro causa 17 diferentes tipos de câncer, mas agora uma nova pesquisa mostra pela primeira vez os impactos devastadores causados pelo fumo no DNA humano. De acordo com o estudo, publicado na quinta-feira, na revista Science, os fumantes que consomem um maço de cigarros por dia acumulam em média, a cada ano, 150 mutações a mais em cada célula do pulmão, em comparação com os pacientes de câncer não fumantes.

De acordo com os autores do artigo, liderados por Ludmil Alexandrov, do Laboratório Nacional de Los Alamos (Estados Unidos), o novo estudo é o primeiro a investigar em larga escala os danos causados pelo fumo às células do corpo humano.

“Até agora, nós tínhamos um amplo volume de evidências epidemiológicas que ligavam o fumo ao câncer, mas agora podemos de fato observar e quantificar as alterações moleculares causadas pelo cigarro no DNA”, disse Alexandrov.

A pesquisa

A pesquisa demonstrou pela primeira vez como o cigarro leva ao desenvolvimento de tumores, ao provocar mudanças celulares nos tecidos expostos direta ou indiretamente à fumaça do cigarro. Além de medir a extensão dos genéticos, os cientistas também identificaram diversos mecanismos diferentes pelos quais o cigarro causa mutações no DNA dos fumantes, levando ao câncer. Para fazer a pesquisa, a equipe usou supercomputadores para analisar o genoma de mais de 5 mil amostras de células com câncer.

Embora a maior taxa de mutações tenha sido verificada nos pulmões, o estudo mostra que outras partes do corpo também apresentam mutações associadas ao fumo, explicando por que o cigarro causa tantos tipos diferentes de tumores. Nos fumantes, além das 150 alterações a mais nas células do pulmão, foram observadas 97 mutações a mais na laringe, 39 na faringe, 23 na boca, 18 na bexiga e seis em todas as células do fígado.

Segundo Alexandrov, ficou claro que as mutações causadas pelo cigarro levam ao câncer por diversos mecanismos diferentes. “Fumar cigarros danifica o DNA em órgãos diretamente expostos à fumaça, além de acelerar o relógio celular que controla as mutações nas células, afetando assim órgãos direta e indiretamente expostos à fumaça”, explicou o cientista.

(Com Estadão Conteúdo)

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

'Epidemia de câncer'? Alto índice de agricultores gaúchos doentes põe agrotóxicos em xeque

23/08/201605h35 
Paula Sperb
Da BBC Brasil, em Porto Alegre
O agricultor Atílio Marques da Rosa, de 76 anos, andava de moto quando sentiu uma forte tontura e caiu na frente de casa em Braga, uma cidadezinha de menos de 4 mil habitantes no interior do Rio Grande do Sul.
"A tontura reapareceu depois, e os exames mostraram o câncer", conta o filho Osmar Marques da Rosa, de 55 anos, que também é agricultor.
Seu Atílio foi diagnosticado há um ano com um tumor na cabeça, localizado entre o cérebro e os olhos. Por causa da doença, já não trabalha em sua pequena propriedade, na qual produzia milho e mandioca.
Para ele, o câncer tem origem: o contato com agrotóxicos, produtos químicos usados para matar insetos ou plantas dos quais o Brasil é líder mundial em consumo desde 2009.
Meu pai acusa muito esse negócio de veneno. Ele nunca usou, mas as fazendas vizinhas sempre pulverizavam a soja com avião e tudo
O noroeste gaúcho, onde seu Atílio mora, é campeão nacional no uso de agrotóxicos, segundo um mapa do Laboratório de Geografia Agrária da USP, elaborado a partir de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para especialistas que lidam com o problema localmente, não há dúvidas sobre a relação entre o veneno e a doença.
"Diversos estudos apontam a relação do uso de agrotóxicos com o câncer", diz o oncologista Fábio Franke, coordenador do Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) do Hospital de Caridade de Ijuí, que atende 120 municípios da região.
Um dos principais problemas é que boa parte dos trabalhadores não segue as instruções técnicas para o manejo das substâncias.
"Nós sempre perguntamos se usam proteção, se usam equipamento. Mas atendemos principalmente pessoas carentes. Da renda deles não sobra para comprar máscaras, luvas, óculos. Eles ficam expostos", diz Emília Barcelos Nascimento, voluntária da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Ijuí.
Anderson Scheifler, assistente social da Associação de Apoio a Pessoas com Câncer da cidade (Aapecan), corrobora: "Temos como relato de vida dessas pessoas um histórico de utilização excessiva de defensivos agrícolas e, na maioria das vezes, sem uso de proteção".
'Alarmante epidemia'
Um estudo realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) comparou o número de mortes por câncer da microrregião de Ijuí com as registradas no Estado e no país entre 1979 e 2003 e constatou que a taxa de mortalidade local supera tanto a gaúcha, que já é alta, como a nacional.
De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o Rio Grande do Sul é o Estado com a maior taxa de mortalidade pela doença. Em 2013, foram 186,11 homens e 140,54 mulheres mortos para cada grupo de 100 mil habitantes de cada sexo.
O índice é bem superior ao registrado pelos segundos colocados, Paraná (137,60 homens) e Rio de Janeiro (118,89 mulheres).
O Estado também é líder na estimativa de novos casos de câncer neste ano, também elaborada pelo Inca - 588,45 homens e 451,89 mulheres para cada 100 mil pessoas de cada sexo.
Em 2014, 17,5 mil pessoas morreram de câncer em terras gaúchas - no país todo, foram 195 mil óbitos.
Anualmente, cerca de 3,6 mil novos pacientes são atendidos na unidade coordenada por Franke. Se incluídos os antigos, são 23 mil atendimentos. Destes, 22 mil são bancados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) - os cofres públicos desembolsam cerca de R$ 12 milhões por ano para os tratamentos.
Segundo o oncologista, a maioria dos doentes vem da área rural - mas o problema pode ser ainda maior, já que os malefícios dos agrotóxicos não ocorrem apenas por exposição direta pelo trabalho no campo, mas também via alimentação, contaminação da água e ar.
"Se esses números fossem de pacientes de dengue ou mesmo uma simples gripe, não tenho dúvida de que a situação seria tratada como a mais alarmante epidemia, com decreto de calamidade pública e tudo. Mas é câncer. Há um silêncio estranho em torno dessa realidade", afirma o promotor Nilton Kasctin do Santos, do Ministério Público da cidade de Catuípe.
"Milhares de pessoas estão morrendo de câncer por causa dos agrotóxicos", acrescenta ele, que atua no combate aos produtos.
Procurado pela BBC Brasil, o Sindiveg (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal), que representa os fabricantes de agrotóxicos, encaminhou o questionamento para a Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal), que responde basicamente pelas mesmas empresas.
Em nota, a Andef afirma que "toda substância química, sintetizada em laboratório ou mesmo aquelas encontradas na natureza, pode ser considerada um agente tóxico" e que os riscos à saúde dependem "das condições de exposição, que incluem: a dose (quantidade de ingestão ou contato), o tempo, a frequência etc.".
O texto afirma ainda que "o setor de defensivos agrícolas apresenta o grau de regulamentação mais rígido do mundo".
Salto no consumo
A comercialização de agrotóxicos aumentou 155% em dez anos no Brasil, apontam os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS), estudo elaborado pelo IBGE no ano passado - entre 2002 e 2012, o uso saltou de 2,7 quilos por hectare para 6,9 quilos por hectare.
O número é preocupante, especialmente porque 64,1% dos venenos aplicados em 2012 foram considerados como perigosos e 27,7% muito perigosos, aponta o IBGE.
O Inca é um dos órgãos que se posicionam oficialmente "contra as atuais práticas de uso de agrotóxicos no Brasil" e "ressalta seus riscos à saúde, em especial nas causas do câncer".
Como solução, recomenda o fim da pulverização aérea dos venenos, o fim da isenção fiscal para a comercialização dos produtos e o incentivo à agricultura orgânica, que não usa agrotóxico para o cultivo de alimentos.
Márcia Sarpa Campos Mello, pesquisadora do instituto e uma das autoras do "Dossiê Abrasco - Os impactos dos Agrotóxicos na Saúde", ressalta que o agrotóxico mais usado no Brasil, o glifosato - vendido com o nome de Roundup e fabricado pela Monsanto - é proibido em toda a Europa.
Segundo ela, o glifosato está relacionado aos cânceres de mama e próstata, além de linfoma e outras mutações genéticas.
"A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que 80% dos casos de câncer são atribuídos à exposição de agentes químicos. Se os agrotóxicos também são esses agentes, o que já está comprovado, temos que diminuir ou banir completamente esses produtos", defende.
A Monsanto, entretanto, rechaça a opinião. Procurada pela BBC Brasil, a empresa afirma que o registro do glifosato na União Europeia foi renovado por 18 meses, em junho.
A renovação, porém, não passou sem polêmica. A intenção inicial era que a renovação fosse por 15 anos. França, Itália, Suécia e Países Baixos foram contra. Um dos motivos é a recente classificação da Agency for Research on Cancer (IARC), parte da Organização Mundial da Saúde, que classificou o glifosato como "provavelmente cancerígeno para humanos".
Três vezes mais
Segundo a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), o brasileiro consome até 12 litros de agrotóxico por ano.
A bióloga Francesca Werner Ferreira, da Aipan (Associação Ijuiense de Proteção ao Ambiente Natural) e professora da Unijuí (Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul), alerta que a situação é ainda pior no noroeste gaúcho, onde o volume consumido pode ser três vezes maior.
Ela conta que produtores da região têm abusado das substâncias para secar culturas fora de época da colheita e, assim, aumentar a produção. É o caso do trigo, que recebe doses extras de glifosato, 2,4-D, um dos componentes do "agente laranja", usado como arma química durante a Guerra do Vietnã, e paraquat.
Segundo o promotor Nilton Kasctin do Santos, este último causa necrose nos rins e morte das células do pulmão, que terminam em asfixia sem que haja a possibilidade de aplicação de oxigênio, pois isso potencializaria os efeitos da substância.
"Nada disso é invenção de palpiteiro, de ambientalista de esquerda ou de algum cientista maluco que nunca tomou sol. Também não é invenção de algum inimigo do agronegócio. Sabe quem diz tudo isso sobre o paraquat? O próprio fabricante. Está na bula, no rótulo", alerta o promotor.
No último ano, 52 pessoas morreram por intoxicação por paraquat em terras gaúchas, segundo o Centro de Informação Toxicológica do Estado.
No Brasil, 1.186 mortes foram causadas por intoxicação por agrotóxico de 2007 a 2014, segundo a coordenadora do Laboratório de Geografia Agrária da USP, Larissa Bombardi.
A estimativa é que para cada registro de intoxicação existam outros 50 casos não notificados, afirma ela. A pesquisa da professora aponta ainda que 300 bebês de zero a um ano de idade sofreram intoxicação no mesmo período.

A Syngenta, fabricante do paraquat, não se manifestou sobre os casos de intoxicação e afirmou endossar o posicionamento da Andef

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Azar ou maus hábitos? Pesquisa indica que câncer é provocado por fatores externos

BBC Brasil
James Gallagher
Editor de Saúde da BBC News
18/12/201514h32
A causa do aparecimento do câncer é motivo de polêmica entre cientistas
Um estudo realizado nos Estados Unidos sugere que o câncer é majoritariamente o resultado de fatores ambientais e hábitos, e não uma ocorrência aleatória.
No começo do ano, pesquisadores desencadearam um grande debate depois de sugerir que dois terços dos casos de câncer eram resultado de falta de sorte em vez de comportamentos pessoais -- como fumar, por exemplo.
Mas, o novo estudo de uma equipe de médicos do Stony Brook Cancer Center, de Nova York, concluiu que apenas entre 10% e 30% dos casos de câncer são resultado da forma como o corpo funciona naturalmente, ou seja, da "sorte".
Especialistas afirmam que a análise, publicada na revista especializada Nature, é "bem convincente".
"Fatores externos têm um papel importante, e as pessoas não podem se esconder atrás do azar. Elas não podem fumar e falar que é falta de sorte se tiverem câncer", disse à BBC Yusuf Hannun, diretor do Stony Brook.
"É como um revólver: o risco intrínseco é a bala. E se jogarem roleta russa, talvez uma em cada seis (pessoas) terão câncer -- esta é a falta de sorte intrínseca. Mas o que um fumante faz é acrescentar duas ou três mais balas a esse revólver e puxar o gatilho. Ainda haverá um elemento de sorte, já que nem todos os fumantes desenvolverão câncer, mas eles aumentam as probabilidades contra si."
"De um ponto de vista de saúde pública, queremos remover o máximo de balas possíveis no tambor (do revólver)", acrescentou o médico.

Polêmica

O câncer surge quando uma das células-tronco do corpo que começa a funcionar mal e se dividir descontroladamente.
Isso pode ser causado por fatores intrínsecos que são parte da forma inata como o corpo funciona, como o risco de mutações que ocorre cada vez que uma célula se divide, ou fatores externos como fumo, radiação de raios ultravioleta e muitos outros, que podem ainda nem ter sido plenamente identificados.
A polêmica gira em torno do peso dos fatores intrínsecos e dos fatores externos no desenvolvimento da doença.

Em janeiro uma pesquisa divulgada na revista Science tentava explicar a razão de alguns tecidos do corpo serem milhões de vezes mais vulneráveis ao câncer do que outros.
A explicação foi o número de vezes que uma célula se divide -- algo que não pode ser controlado e, por isso, deu origem à hipótese do "azar" relativo à ocorrência aleatória.
Neste mais recente estudo americano, a equipe de médicos do Stony Brook Cancer Centre abordou o problema a partir de perspectivas diferentes, incluindo modelos criados em computadores, dados populacionais e genéticos.
Segundo os pesquisadores, os resultados sugerem que entre 70% e 90% do risco é causado por fatores externos.
"Eles forneceram provas bem convincentes de que fatores externos têm um papel muito importante em muitos cânceres, incluindo alguns dos mais comuns", disse Kevin McConway, professor de estatística aplicada da Open University, do Reino Unido.
"Mesmo se alguém é exposto a um importante fator de risco externo, claro que não é certo que ele vai desenvolver um câncer -- sempre existe o acaso. Mas esta pesquisa demonstra novamente que temos que analisar além da probabilidade e sorte puras para compreender e proteger (as pessoas) contra o câncer", acrescentou.
"Ainda que hábitos saudáveis como não fumar, manter um peso saudável, ter uma dieta saudável e diminuir o consumo de bebidas alcoólicas não sejam garantias contra o câncer, eles reduzem de forma dramática o risco de se desenvolver a doença", disse Emma Smith, da ONG Cancer Research UK.