segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Anvisa determina suspensão de propaganda de suplemento de fosfoetanolamina

Suspensão diz respeito a produtos das marcas New Life e Quality Medical Line. Legislação sanitária não permite que suplemento alegue propriedades terapêuticas.



Por G1
21/02/2017 10h25  Atualizado há 7 horas
Publicidade dos suplementos de fosfoetanolamina foi proibida pela Anvisa (Foto: Reprodução)

A Agência Nacional de vigilância sanitária determinou a suspensão das propagandas de duas marcas de suplementos alimentares que contêm fosfoetanolamina. Segundo a Anvisa, a publicidade dos produtos das marcas Quality Medical Line (do Laboratório Frederico Diaz) e New Life sugerem propriedades terapêuticas, o que é proibido pela legislação sanitária brasileira.
Nenhum desses produtos tem registro de suplemento alimentar pela Anvisa. Ambos têm autorização de produção nos Estados Unidos e devem ser fabricados por laboratórios naquele país.

De acordo com a agência, ainda que os suplementos não sejam produzidos no Brasil, estão sujeitos às regras da Anvisa no que diz respeito às propagandas. Isso porque a publicidade dos produtos é voltada para o público brasileiro.

As resoluções que determinam a suspensão - publicadas nesta terça-feira (21) no Diário Oficial da União - citam especificamente as propagandas divulgadas nas páginas das marcas no Facebook. As medidas já entraram em vigor.

"Propagandas nas redes sociais que: induzam o consumidor a crer que a fosfoetanolamina, como suplemento alimentar, combata o câncer - ou qualquer outra doença - e atribuam propriedades funcionais e/ou de saúde são irregulares", afirma a nota divulgada pela Anvisa.

A Anvisa observa que a importação desses produtos por consumidores brasileiros é permitida.

De remédio irregular a suplemento
A fosfoetanolamina é um composto sem registro na Anvisa que era distribuído irregularmente pelo químico Gilberto Chierice no Instituto de Química de São Carlos (IQSC-USP) como tratamento de câncer. Este ano, o biólogo Marcos Vinícius de Almeida e o médico Renato Meneguelo anunciaram que lançariam o composto como suplemento alimentar. Os dois esquisadores faziam parte do grupo de Chierice, mas romperam com o químico. Eles são os responsáveis pelo suplemento da Quality Medical Line.

Na página da Quality Medical Line, a fosfoetanolamina é apresentada como um suplemento que “fortalece seu sistema imunológico e inibe disfunções celulares e metabólicas”. A suposta propriedade anti-câncer não é diretamente mencionada, mas a descrição do produto afirma que o suplemento “ativa a eliminação das células defeituosas de forma controlada”.

Já o suplemento da New Life é produzido por um grupo diferente, que alega que desenvolveu o produto com base nos estudos de uma cientista canadense. A embalagem desse produto afirma que ele é "recomendado para apoiar o tratamento de câncer, diabetes, Alzheimer, esclerose múltipla e outros".


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Por que os casos de câncer de mama em mulheres jovens estão aumentando?

Por: Antônio Frasson  24/11/2016 às 12:00 (Veja.com)
 
Consideramos câncer de mama em mulheres jovens os tumores diagnosticados antes dos 50 anos, com incidência mundial de 5 a 7%. Nos últimos anos parece haver um aumento do diagnóstico em mulheres com menos de 40 anos.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam para um acréscimo de 2,6% na porcentagem de aparecimento do câncer de mama em mulheres com menos de 40 anos entre 2010 -2015. Outro estudo, da Associação de Combate ao Câncer de Goiás, correlacionou o aumento da expectativa de vida das mulheres com o acréscimo do número de casos novos, entre os anos de 1988-2003 no estado. Nesse contexto, observa-se um aumento na incidência do câncer de mama na faixa etária dos 40-60 anos sem afetar as mulheres mais jovens, que corresponde a uma média de 5,3% do total. Ainda segundo os dados de Goiás, 38% dos casos ocorreram antes dos 50 anos, sendo 26% entre os 40 e 50 anos.
Por que isso vem acontecendo?
Podemos apontar quatro razões importantes:
Melhora nos métodos de imagem e diagnóstico de câncer de mama
O avanço tecnológico dos exames de imagem tem proporcionado o diagnóstico de lesões precoces, caracterizando o que podemos chamar de antecipação diagnóstica. Nos locais onde é possivel e os exames estão sendo feitos, diagnostica-se mais câncer, de forma precoce.
Perfil obstétrico
Mulheres com a primeira gestação após os 30 anos de idade, ou que não têm filhos, ou que não amamentaram, apresentam risco maior para câncer de mama. Hoje, elas têm adiado a maternidade, muitas vezes tendo filhos após os 40 anos.
Sedentarismo
O estilo de vida moderno tem tornado as mulheres sedentárias. Alguns estudos sugerem que quatro a sete horas de exercícios físicos semanais podem reduzir o aparecimento de neoplasia mamária em até 20%.
Ingestão de álcool
O consumo de álcool está associado com o aumento do risco de câncer de mama. Estudos demonstram um aumento de 10% nos casos a cada 10 gramas de álcool (1 taça de vinho tem em média 14 gramas de álcool).
Faltam estudos nacionais mais abrangentes e, no entanto, sabe-se que o número de casos vem aumentando no Brasil e que o risco é maior em países em desenvolvimento, com diferentes condições sociais, em pessoas obesas e com menor acesso aos programas de saúde.
Para interromper essas estatísticas é importante manter hábitos de vida saudáveis, relacionados com alimentação e estilo de vida, que podem contribuir com uma redução em até 28% no risco de desenvolver a neoplasia.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Jovem com câncer é acusada de apropriação por usar turbante e desabafa nas redes sociais

Thuane Cordeiro fez um post questionando o conceito após relatar que foi repreendida por mulheres negras no metrô por estar usando um turbante; caso acendeu debate
Publicado em 14/02/2017, às 16h02
 
Publicação da jovem paranaense já conta com quase 40 mil compartilhamentos
Foto: Reprodução/Facebook
JC Online
O relato de uma jovem paranaense em tratamento contra leucemia gerou discussões nas redes sociais sobre o conceito de apropriação cultural - adoção de elementos de uma cultura por um grupo cultural diferente. Thauane Cordeiro, 19, que é branca e está careca devido a quimioterapia, foi criticada pelo uso de um turbante, peça vista como símbolo de luta do movimento negro e ícone de empoderamento. No Brasil, as escravas utilizavam o adereço nos cabelos; as africanas, para proteger a cabeça do sol. 

Ela conta que foi abordada por uma mulher negra em uma estação do metrô que a acusou de estar se apropriando da cultura negra e que, por isso, não poderia usar o acessório. A jovem afirma que utiliza o pano para disfarçar a queda de cabelo e narrou o episódio em um post no Facebook. A publicação, que teve cerca de 136 mil curtidas e quase 40 mil compartilhamentos, recebeu milhares de comentários divergentes sobre o assunto.

Ao final do post, Thauane criou a hashtag #VaiTerTodosDeTurbanteSim, que foi utilizada por outras mulheres em postagens com fotos utilizando turbantes.

Vou contar o que houve ontem, pra entenderem o porquê de eu estar brava com esse lance de apropriação cultural:

Eu estava na estação com o turbante toda linda, me sentindo diva. E eu comecei a reparar que tinha bastante mulheres negras, lindas aliás, que tavam me olhando torto, tipo " olha lá a branquinha se apropriando dá nossa cultura", enfim, veio uma falar comigo e dizer que eu não deveria usar turbante porque eu era branca. Tirei o turbante e falei "tá vendo essa careca, isso se chama câncer, então eu uso o que eu quero! Adeus.", Peguei e sai e ela ficou com cara de tacho. E sinceramente, não vejo qual o PROBLEMA dessa nossa sociedade em, meu Deus!



terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Nova polêmica da fosfo, a ‘pílula do câncer’: agora é suplemento

O CHARLATANISMO NÃO TERMINA.

Dois ex-colaboradores do químico paulista Gilberto Chierice anunciaram a venda de fosfoetanolamina sintética na forma de suplemento alimentar, pela internet
Por Natalia Cuminale


A substância, que ficou conhecida no Brasil como "pílula do câncer", está sendo produzida na Flórida (EUA) e será comercializada como suplemento alimentar em março (Divulgação)
fosfoetanolamina, substância popularmente conhecida como ‘pílula do câncer’, deverá ser lançada em março no país na forma de suplemento alimentar. O anúncio foi feito pela internet no fim da semana passada pelo biólogo Marcos Vinícius de Almeida e pelo médico Renato Meneguelo, que faziam parte do grupo de pesquisa do químico Gilberto Chierice, o criador da fórmula.

“A fosfoetanolamina como suplemento pode atrapalhar a pesquisa que está em curso. Vai tirar a credibilidade dela como um remédio potencial para tratar o câncer”, disse o químico Salvador Claro Neto, um dos principais parceiros de Chierice. “Ela vai virar cogumelo do sol. Qual médico receita isso?”, questiona. Para Neto, a venda como suplemento pode “queimar duas décadas de estudos sobre a substância”. Apesar de discordar da postura dos ex-colegas, o químico disse que não houve briga. “Foi só uma questão de ponto de vista”.


domingo, 12 de fevereiro de 2017

Sentia meu corpo morrer durante a químio

Sabrina Parlatore, 42, ex-VJ da MTV, superou o câncer de mama e dá palestras sobre o assunto

27 jan 2017, 20h00

Uma noite de 2015, eu estava assistindo à televisão e, distraída, passei a mão no colo. Senti uma bolinha no meu peito, que não doía, mas fui dormir preocupada. Na manhã seguinte, liguei para minha médica, que me pediu exames e me encaminhou ao mastologista. De cara, ele me disse que as chances de ser câncer eram 40%, mas precisávamos esperar o resultado da biópsia. Tentei me acostumar com a ideia, mas a verdade é que nunca estamos preparados para um diagnóstico de câncer.
Seis dias depois, recebi o resultado: câncer de mama. Fui sozinha à consulta e não acreditava no que estava acontecendo. Eu me lembrava da minha mãe dizendo que jamais teria algo do gênero porque não tínhamos histórico na família. O tumor estava em estágio inicial e dava para tratar. Saí do consultório aos prantos. Procurei outros médicos, mas o parecer era sempre o mesmo. Optei pelo primeiro especialista, que não indicava a mastectomia, o método de retirar a mama de uma vez. Segundo ele, poderíamos retirar só o local onde estava o tumor e uma pequena área em volta, sem sofrer qualquer alteração estética.
Fiz a cirurgia menos de um mês depois do diagnóstico, e me senti mais saudável com aquilo fora de mim – na prática, não tinha mais câncer. Foi a melhor parte do tratamento, apenas um corte pequeno na auréola, nem ficou cicatriz. Tomei anestesia geral pela primeira vez na vida, fechei os olhos e, quando acordei, estava resolvido. Fisicamente eu estava igual. A quimioterapia, em compensação, foi arrasadora. Eu sentia meu corpo morrer, em vários momentos achei que não aguentaria. Não respirava direito, tinha arritmia, tontura, enxaqueca e insônia, além de um cansaço descomunal. Fiquei exposta a infecções, tomava remédio para o estômago todas as manhãs e enxaguava a boca dez vezes por dia com bicarbonato de sódio para evitar aftas. Às vezes, minha língua queimava e eu não conseguia engolir. A quimioterapia me tirou o direito de viver, tive mais medo das consequências dela do que do câncer em si.
Durante esse período, recebia muito carinho e me senti muito amada por minha família. Minha mãe havia pesquisado sobre o que era bom comer durante a quimioterapia, aprendeu as receitas e fazia lancheiras que eu levava ao hospital. Parentes distantes estreitaram o contato – criei até um grupo de whatsapp com todo mundo, chamado ''Contagem regressiva'' para o final do tratamento. Eu mandava vídeos da quimioterapia, áudios e fotos e o retorno deles era um apoio a mais. O ambiente onde eu fazia o tratamento era maravilhoso, o que também ajudou muito.
"O câncer de mama ainda é cercado de falta de informação"

Foram dezesseis sessões e, durante o tratamento, perdi os pelos do corpo, menos o cabelo. Usei uma touca que fecha os vasos sanguíneos do bulbo capilar para que a química não penetre totalmente no couro cabeludo. Mesmo assim, cerca de 30% a 40% do meu cabelo caiu e cresceu encaracolado depois. Perdi as sobrancelhas e os cílios, estávamos no verão e o suor caía direto nos olhos. Quando passei para a radioterapia, pouco mais de sete meses depois do diagnóstico inicial, a médica me garantiu que o pior já tinha passado. Foram 33 sessões de radiação, mas como são diárias e duram só dez minutos, parecem ser rápidas. Com o tempo, a pele fica queimada, como uma exposição ao Sol.
Ao longo do tratamento, percebi que poderia ser uma voz para o combate e prevenção do câncer de mama. Hoje, após encarar um dos momentos mais difíceis da minha vida, me encontro muito feliz com o aqui e o agora. Minha mãe me diz que nunca me viu tão bem na vida.
A gente não precisa passar por uma dor para aprender algo, podemos aprender com a história de outras pessoas. Eu, por exemplo, deixei de ser uma pessoa tão ansiosa, preocupada com o futuro. Minha fé está mais forte. Quero compartilhar isso com outras pessoas. Ajudar mulheres a buscarem informação e tratamento.
O câncer me fez enxergar a vida de uma forma diferente. Revi minha vida afetiva, social e profissional. Assim que terminei o tratamento, eu me separei, mas até hoje, meu ex-marido e eu somos muito amigos. Eu estou me sentindo mais segura, mais tranquila, vivendo o presente e aproveitando mais a vida. Dizem que a felicidade é um estado de espírito, e eu estou realmente muito feliz com o presente.
Depoimento colhido por Mabi Barros
Foto por Felipe Cotrim


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Mortes por câncer aumentaram 31% no Brasil em 15 anos, afirma OMS

Em 2015, 223,4 mil pessoas morram por câncer no Brasil, de acordo com estimativas da OMS

Por Estadão Conteúdo 3 fev 2017


Câncer: doença é a segunda causa de mortes no país (Ge Healthcare/flickr)
Genebra – O número de mortes no Brasil por conta de câncer aumentou 31% desde 2000 e chegou a 223,4 mil pessoas por ano no final de 2015.

As estimativas estão sendo publicadas nesta sexta-feira, 3, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que, em campanha para marcar o Dia Mundial do Câncer neste sábado, 4, apresenta um novo guia que visa estimular a descoberta da doença em um estágio ainda inicial e, assim, reverter essa expansão.

Os dados mantidos pela OMS apontam que, no início do século, 152 mil brasileiros morriam por ano da doença. Ao final de 2015, essa taxa chegou a 223,4 mil. Hoje, o câncer é a segunda causa de mortes no País, superado apenas por doenças cardiovasculares.

Entre os tumores, o maior responsável pelas mortes é o câncer no sistema respiratório, com 28,4 mil casos em 2015. O câncer de cólon foi o segundo maior responsável por mortes, com 19 mil. Em terceiro lugar vem o tumor de mama, com 18 mil mortes em 2015 no Brasil.

Mundo

A entidade constata que a expansão das mortes é um fenômeno global. Há 15 anos, o total não superava a marca de 6,9 milhões de pessoas, passando para 8,1 milhões em 2010 e 8,8 milhões em 2015.

De acordo com a OMS, a expansão de 22% no número de mortes por câncer no mundo desde o início do século é uma das maiores já registradas pela medicina moderna.

Atualmente, uma a cada seis mortes no mundo é causada por câncer. Mais de 14 milhões de pessoas desenvolvem a doença a cada ano e a projeção indica que esse número irá atingir 21 milhões em 2030. O custo da doença tem sido cada vez maior e já soma US$ 1,1 trilhão em produtividade perdida e custos com seguros de saúde.

“Trata-se do segundo maior motivo de mortes do mundo, depois de doenças cardiovasculares”, disse Etienne Krug, diretor da OMS. “Por muito tempo, dizia-se que era uma doença de país rico. Isso não é mais verdade e o problema é global”, afirmou.

Segundo Krug, a expansão no número de mortes está ligada ao fato de a população estar ficando mais velha, uma mudança nos estilos de vida, sedentarismo, dietas pouco saudáveis e poluição.

No mundo, o principal responsável pelas mortes também são os cânceres ligados ao sistema respiratório, incluindo tumores de traqueia, de brônquio e de pulmões. No total, essas doenças fazem 1,6 milhão de vítimas por ano. Na virada do século XXI, eram apenas 1,1 milhão de mortos.

O câncer de fígado é o segundo maior responsável por mortes, com 788 mil casos em 2015, seguido por câncer de cólon, com 774 mil incidências. Já os tumores de estômago matam 753 mil pessoas, contra 571 mil no caso de mama.

De acordo com os novos dados, os tumores são mais fatais em homens, com 5 milhões de casos em 2015, contra 3,8 milhões de mulheres. Os cânceres que afetam os dois gêneros, no entanto, são distintos. Entre os homens, os tumores mais letais são os que atingem o sistema respiratório, enquanto as mulheres são mais afetadas pelo de mama.

Pobres

O que mais preocupa a OMS é a disparidade entre países ricos e pobres, na capacidade de lidar com a doença. A taxa de incidência dos tumores aumentou de forma mais rápida nos países em desenvolvimento, representando 65% dos casos hoje de tumores no mundo.

E é justamente esses países os que têm maiores dificuldades para identificar e diagnosticar os tumores em estágio inicial. São nessas nações que existem as maiores deficiências em serviços de diagnósticos e em tratamento. A OMS apela, portanto, para que esses governos priorizem serviços de tratamento de baixo custo e impacto elevado.

A entidade também recomenda o aumento dos gastos públicos, retirando do cidadão o peso de ter que pagar por parte dos tratamentos. Segundo a OMS, a falta de um serviço público eficiente leva muitos a não realizarem testes, diagnósticos e descobrir o câncer somente quando em estado avançado.

Atualmente, menos de 30% dos países mais pobres têm um sistema de tratamento e diagnóstico acessível. A situação para os serviços de patologia é ainda mais complicada. Em 2015, apenas 35% dos países pobres ofereciam o serviço no setor público, comparado a 95% dos países ricos.

A consequência tem sido a expansão da doença, principalmente nos países em desenvolvimento. Mais casos de doença também foram registrados nas Américas, com um salto de quase 30% em apenas 15 anos.

Em 2000, eram pouco mais de 1 milhão de mortes por conta de tumores. Em 2015, o número de vítimas foi de 1,3 milhão. Seguindo o restante dos continentes, a região latino-americana também viu os tumores no sistema respiratório prevalecerem, com 257 mil mortes.

No mundo, a Ásia lidera em número de mortes, com 4,3 milhões em 2015. Já na Europa, o total foi de 413 mil, contra 530 mil na África.

Diagnóstico

Para a OMS, a única forma imediata de frear essa expansão é incrementar os serviços de diagnóstico. Outro fator a ser trabalhado é a detecção da doença ainda em estágio inicial. Segundo a entidade, muitas pessoas apenas consultam um médico somente quando o tumor já está em um estágio avançado.

“Não precisa ser uma sentença de morte, como era no passado. Identificar um tumor em um estágio avançado e a incapacidade de dar tratamento, condena muitas pessoas a uma morte prematura. Mas milhares de pessoas podem ser salvas se o tumor for identificado logo”, afirmou Etienne Krug, diretor da OMS.

Para ele, com um foco no diagnóstico, serviços públicos poderão reverter os atuais números. “Isso vai resultar em mais pessoas sobrevivendo da doença”, disse. “Também fará sentido em termos econômicos”, completou.

“Detectar o câncer em um estágio inicial reduz o impacto financeiro: não apenas o custo do tratamento é menor, mas as pessoas podem continuar a trabalhar e apoiar suas famílias se eles tiverem tratamento”, apontou a OMS. O valor estimado do custo do câncer no mundo hoje é de US$ 1,1 trilhão, entre gastos com saúde e perda de produtividade.

Estudos apontaram que o custo de um tratamento contra um tumor em seus estágios iniciais pode ser quatro vezes inferior aos gastos que o paciente teria caso a doença esteja em um estágio mais avançado.

Para a OMS, estratégias para aumentar o controle sobre o câncer podem ser introduzidas em serviços públicos de saúde a um baixo custo.

Elas incluem campanhas de conscientização pública sobre os sintomas do câncer e incentivar pessoas a buscar um médico, caso notem algum indício da doença. Outra medida é investir em fortalecer os serviços públicos e treinar profissionais para incrementar sua capacidade de diagnosticar um tumor.

Outra medida para a qual a OMS apela é que governos deem garantias de que pessoas com câncer possam ter acesso a um tratamento, sem que isso os leve a um colapso financeiro.


“A chance de morrer num país em desenvolvimento se você tiver câncer é muito maior do que em um país rico”, disse Andre Ilbawi, responsável por câncer na OMS. Segundo ele, enquanto a taxa de mortalidade é de 30% nos países ricos, nos países em desenvolvimento ela é de 70%.