quarta-feira, 8 de abril de 2015

Cardiotoxicidade no tratamento do Câncer


Em meio ao intenso e recente debate sobre as atividades médicas no país e à precariedade do atendimento na rede de saúde, é necessário registrar a evolução que tem os tido em alguns segmentos. Um exemplo é a cardio-oncologia, onde duas especialidades se encontram para tentar minimizar os efeitos adversos provocados por droga sutilizadas para a cura do câncer. É a chamada “cardiotoxidade”.Traduzindo, são os efeitos tóxicos de diferentes medicamentos ministrados no combate ao câncer sobre o coração.

O aprofundamento desses estudos é fundamental, principalmente quando identificamos que o câncer lidera as preocupações entre as doenças, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A estimativa é de queaté 2030 cerca de 13,1milhão de pessoas morram, entre 27 milhões que devem contrair a doença.
Como vemos é uma parcela considerável da população mundial. Mas sabemos também que o tratamento dos pacientes portadores de câncer com quimioterapia e radioterapia, tem resultado em um importante aumento na sobrevida dessa população. Entretanto crescem também os efeitos colaterais.Portanto, à medida que a incidência do câncer aumenta em função de diferentes fatores, cresce a necessidade de se diminuir o risco da cardiotoxicidade.

O uso de bio marcadores e exames de imagem na tentativa de identificar pacientes com maiores riscos de cardiotoxicidade e a adoção de medidas cardio protetoras são alvo de estudos sobre os quais tenho me debruçado, assim como outros profissionais.

Dessa maneira, esperamos identificar as características dos grupos de pacientes com maiores riscos de evoluirem para uma lesão cardiovascular. Também conhecer melhor os agentes quimioterápicos e as características da radioterapia que possam estar envolvidas na evolução não satisfatória dos pacientes.

Esses estudos são fundamentais, pois com a evolução dos medicamentos e o aumento da média de idade da população, o câncer, mesmo com maior número de casos, vai se transformando, para muitos, em uma espécie de doença crônica. Muitas vezes a doença se manifesta por mais de uma década de incidência. Aumentam, dessa forma, os riscos dos medicamentos afetarem outros órgãos, particularmente o coração.

Vale lembrar que mesmo nos casos de cura imediata, com pacientes não crônicos, os efeitos dos medicamentos podem se manifestar até 20 anos após o fim do tratamento. Merece atenção nesse aspecto a onco-pediatria, pois crianças curadas do câncer precisam de atenção especial do ponto de vista cardiológico na vida adulta.


Portanto, é fundamental o relacionamento estreito de cardiologista e oncologistas. Por exemplo, mesmo um pacientes com hipertensão leve, precisa de atenção. Então esses especialistas devem trabalhar em conjunto.