segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Inca: qualquer parecer sobre 'pílula do câncer' é precipitado


09h15

Em resposta a uma solicitação do Supremo Tribunal Federal (STF), o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Rio, emitiu um parecer técnico sobre a fosfoetanolamina sintética, substância que ficou conhecida como "pílula do câncer". O documento, ao qual a reportagem teve acesso com exclusividade, tem apenas duas páginas e resume a opinião da instituição em um parágrafo. Segundo o Inca, seria "antecipada e precipitada qualquer decisão terapêutica relacionada à fosfoetanolamina" antes da realização de estudos controlados sobre a substância.

"Ressalta-se que procedimentos terapêuticos necessariamente são embasados em evidências científicas", diz o parecer, assinado pelo coordenador de assistência do Inca, Gélcio Luiz Quintella Mendes. "Portanto, somente ao término dos estudos pré-clínicos e clínicos desta substância poder-se-á elencar as possibilidades ou não de uso como medicação anticancerígena."

O parecer foi encomendado pelo presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, com o objetivo de subsidiar um julgamento da Corte sobre os milhares de processos que estão sendo movidos por pacientes para obrigar a Universidade de São Paulo (USP) a produzir e fornecer a substância.

"Como se nota, está em jogo a obrigatoriedade e até mesmo a possibilidade ou não de o Poder Judiciário determinar o fornecimento de substância que, além de não possuir registro na Anvisa, sequer foi objeto de estudos com o fim de que se avaliem os riscos de seu uso contínuo à saúde humana", diz Lewandowski, no ofício encaminhado ao Inca no início de janeiro.

Decisão

O relator do processo que trata da fosfoetanolamina no STF é o ministro Edson Fachin. Em outubro, Fachin concedeu a uma paciente o direito de obter as pílulas no Instituto de Química de São Carlos, cuja distribuição havia sido suspensa por uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo. Abriu-se, assim, um precedente para novos processos.

A estratégia da Procuradoria-Geral da USP para se defender foi entrar, também, com uma ação cautelar diretamente no STF, pedindo a suspensão de todas as liminares relacionadas ao fornecimento de fosfoetanolamina sintética. 

"Estamos esperançosos que o ministro Fachin anuncie uma decisão rapidamente agora, com base nesse parecer do Inca", diz o procurador-chefe da área cível da USP, Aloysio Vilarino dos Santos.
Herton Escobar
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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

DNA de tumores no sangue pode ajudar a monitorar cânceres

Comparação com amostras de biópsias permitiram acompanhamento em tempo real

POR O GLOBO

Mapeamento genético comparativo de amostras de DNA levaram à descoberta - Divulgação / Cancer Research UK Cambridge Institute
RIO - Cientistas mostraram pela primeira vez que o DNA de um tumor fluindo na corrente sanguínea pode ser usado para controlar cânceres em tempo real à medida que eles evoluem e respondem ao tratamento, de acordo com um novo estudo da “Cancer Research UK” publicado na revista “Nature Communications” na quarta-feira.

Ao longo de três anos, os pesquisadores da Universidade de Cambridge analisaram amostras cirúrgicas de tumores (biópsias) e amostras de sangue de uma paciente com câncer de mama que já tinha se espalhado para outras partes do seu corpo. Eles cuidadosamente estudaram pequenos fragmentos de DNA a partir de células moribundas de tumores que são eliminadas no sangue, comparando-os com o DNA de uma biópsia que foi feita no mesmo ponto no tempo.
Os resultados mostram que o DNA das amostras de sangue bateram com as amostras das biópsias, refletindo o mesmo padrão de temporização e de alterações genéticas que aparecem à medida que o câncer se desenvolve e responde ao tratamento. Os resultados proporcionam a primeira prova de princípio de que a análise do DNA do tumor no sangue pode monitorar com precisão o câncer dentro do corpo.
O autor do estudo, o pesquisador português Prof. Carlos Caldas, líder sênior do grupo do Cancer Research UK, disse: “Isso definitivamente mostra que podemos usar testes de DNA à base de sangue para monitorar o progresso de câncer em tempo real. Os resultados poderiam mudar a nossa forma de monitorar os pacientes, e podem ser especialmente importantes para as pessoas com cânceres que são difíceis de alcançar, já que realizar uma biópsia, por vezes, pode ser um procedimento bastante invasivo”.
A paciente no estudo tinha câncer de mama que já havia se espalhado para vários outros órgãos. Os pesquisadores — parte de um esforço de colaboração em equipe envolvendo os laboratórios Carlos Caldas e Nitzan Rozenfeld no Instituto Cancer Research UK em Cambridge — foram capazes de distinguir entre os diferentes cânceres secundários e analisar como cada um dos tumores estava respondendo ao tratamento.
“Nós fomos capazes de usar os testes de sangue para mapear a doença à medida que ela progredia. Agora precisamos ver se isso funciona em mais pacientes e outros tipos de câncer, mas este é um primeiro passo emocionante”, desabafou o Prof. Caldas.


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