quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

ANS suspende 111 planos de saúde de 47 operadoras

  • Medida vale a partir desta sexta-feira e tem prazo de três meses
  • Punição é por causa de descumprimento de prazos para realização de exames, internação e atendimento médico, além de negativas de atendimento
http://oglobo.globo.com/economia/defesa-do-consumidor/ans-suspende-111-planos-de-saude-de-47-operadoras-11638894Atualizado:                        19/02/14 - 10h46

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, e o diretor-presidente da ANS, André Longo, anunciam a suspensão de 111 planos de saúde administrados por 47 operadoras Givaldo Barbosa
BRASÍLIA - A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciou nesta terça-feira a suspensão de 111 planos de saúde administrados por 47 operadoras. A medida foi anunciada pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, devido ao descumprimento de prazos estabelecidos para realização de exames, internação e atendimento médico. Além disso, entram na análise as negativas indevidas de cobertura. A medida vale a partir desta sexta-feira e tem prazo de três meses.

A atual suspensão beneficia 1,8 milhão de consumidores que já contrataram esses planos na avaliação da ANS, uma vez que, para voltar a comercializar seus produtos, as empresas terão de melhorar a qualidade de atendimento. Dos 111 planos, 83 foram suspensos neste ciclo de monitoramento - que respondem por 1,096 milhão de beneficiários - e 28 permaneceram com a comercialização proibida desde o ciclo anterior por não terem alcançado a melhoria necessária para serem reativados. Entre as operadoras, 31 permaneceram na lista de suspensão.

O ministro da Saúde disse que o monitoramento terá continuado nos próximos trimestres. Ele avaliou que a medida faz com que as operadoras, em um curto prazo de tempo, procurem resolver seus problemas e melhorar o atendimento ao consumidor.

— É tanto significativo o número de planos suspensos como também o numero dos que passam por fase de qualificação e passam a ser liberados — afirmou Chioro.

Ao todo, 77 planos de 10 operadoras que conseguiram melhorar o acesso e a qualidade dos seus serviços foram autorizados a voltar a incluir clientes em suas carteiras. Outras 22 operadoras tiveram reativação parcial de seus planos autorizada pela ANS – 45 dos planos dessas operadoras serão liberados atora. A reativação desses 122 planos, segundo a agência, representa uma melhora assistencial que atinge diretamente mais de 3,5 milhões de consumidores.

Entre 19 de agosto e 18 de dezembro de 2013, período de coleta de dados do 8º ciclo de monitoramento, a ANS recebeu 17.599 reclamações sobre 523 planos de saúde – alta de 16% no número de reclamações em comparação com o período anterior. Este é o maior número de reclamações desde que o programa de monitoramento foi implantado, em dezembro de 2011.
Na avaliação do diretor-presidente da ANS, André Longo, o aumento no número reflete o conhecimento por parte da população de seus direitos e uma melhor reação da agência reguladora diante das queixas.

— Isso reflete o fato de que a política tem induzido as operadoras a resolver as queixas que chegam à agência — disse Longo.

Segundo a coordenadora institucional da Proteste - Associação de Consumidores, Maria Inês Dolci, “monitorar, fiscalizar e punir as empresas que descumprirem as regras é a forma de evitar o desgaste dos usuários que pagam por planos de saúde e esperam meses para conseguir atendimento".

Já o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) critica a fiscalização da ANS por sua passividade, por envolver apenas casos de consumidores que procuraram a agência reguladora.
"A fiscalização deveria ser de forma ativa, com articulação da agência com os órgãos de defesa do consumidor, como Procons e defensorias públicas, para que as sanções fossem estendidas a um número que não fosse tão aquém da realidade. Ainda, é necessário que haja mecanismos para impedir o registro de produtos iguais aos suspensos só que com nomes diferentes", afirma o Idec em nota.

A Proteste destaca que antes de contratar um plano de saúde, o consumidor deve verificar o registro para conferir se não se refere a um plano com comercialização suspensa pela ANS. Esta informação pode ser encontrada no portal agência em www.ans.gov.br no item Planos de Saúde e Operadoras, Contratação e Troca de Plano.

Se o consumidor perceber que o plano que lhe foi ofertado está com comercialização suspensa, deve denunciar a operadora à ANS, para que a agência aplique eventuais sanções administrativas, lembra o Idec. Além disso, os consumidores que já têm planos suspensos não podem ter seu atendimento prejudicado.

"Muito pelo contrário, para que o plano volte a ser comercializado é necessário que a operadora e reduza o nível de descumprimento de prazos e de negativas de cobertura. Se o consumidor for atendido fora do prazo ou tiver um tratamento negado, deve denunciar à ANS por meio de um dos canais de atendimento", afirma o Idec.

Para a pesquisadora e especialista em planos de saúde Daniela Trettel, a regulação aplicada pela ANS sobre os planos é apenas paliativa, tendo em vista que os números do oitavo ciclo de monitoramento mostram que as operadoras continuam desrespeitando as regras de atendimento estabelecidas pela agência:

- É um mercado que tem um problema estrutural, e o que vemos é um círculo vicioso de problemas de qualidade.

Ela cobra uma fiscalização mais contundente da reguladora:

- Quanto maior a concentração de mercado, como vem ocorrendo no setor de operadoras de saúde, mais o Estado deve intervir.

O que diz o setor
Por meio de nota, a Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) informou que reconhece a importância da fiscalização realizada pela ANS. A entidade ressaltou, no entanto, que as reclamações representam apenas 0,007% do total de procedimentos.

"O setor considera importante o estabelecimento de prazos máximos de atendimento, mas entende que a metodologia de avaliação deve ser aperfeiçoada conforme sugestão já apresentada à ANS por todas as entidades nacionais representantes das operadoras de planos e seguros de saúde", disse a entidade.

A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) defendeu a adoção de "critérios de avaliação transparentes" e de "metodologias precisas de monitoramento do atendimento que espelhem a realidade de cada operadora avaliada, reduzindo as incertezas no processo de apuração das reclamações dos beneficiários de planos de saúde". A entidade informou que a expectativa dos 17 grupos associados a ela é de que o Grupo Técnico criado pela ANS para debater os critérios de monitoramento no atendimento gere resultados em favor dos beneficiários dos planos de saúde e da sustentabilidade do mercado.

A Amico informou que serviços e acesso adequado e de qualidade são primordiais em sua relação com o cliente. A operadora disse que trabalha para implantar melhorias em sua rede credenciada e proporcionar um atendimento cada vez mais qualificado para cada um dos beneficiários. Além disso, afirma que cumprirá as determinações em relação à comercialização dos planos indicados na listagem e que o atendimento dos atuais clientes da operadora não será prejudicado.

A GreenLine informou que permanece empenhada na qualidade de seus serviços, desenvolvendo diversas ações no sentido de qualificar seus planos, já com resultados positivos com a reativação de 13 deles.

A Unimed Paulistana informou que continuará a não medir esforços para prestar atendimento de excelência a seus beneficiários, “buscando a contínua melhoria de processos operacionais e assistenciais.”

Também procuradas pelo GLOBO, as demais operadoras que tiveram planos suspensos, afetando um total de 30 mil usuários ou mais, ainda não se pronunciaram.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Estudo mostra que diagnóstico do câncer infanto-juvenil demora até oito anos

Dados da UFMG alertam para a necessidade de identificação ágil da doença, a que mais mata brasileiros de 1 a 19 anos no país; chances de cura, que são altas, dependem disso
Priscilla Borges - iG Brasília | 06/12/2013 06:00:00
Diagnosticar o câncer infanto-juvenil de forma rápida ainda é um desafio para o país. Dados de um estudo realizado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostram que alguns pacientes aguardaram até oito anos para descobrir a doença. O câncer infanto-juvenil é raro quando comparado ao adulto, porém é a doença que mais mata crianças e adolescentes de 1 a 19 anos no Brasil.
O Observatório da Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG monitorou prontuários dos jovens pacientes do Hospital das Clínicas entre 2004 e 2012. De 488 suspeitas, 364 (74,5%) foram confirmadas. Do total, 42% dos casos eram tumores do sistema nervoso central, que só foram identificados entre quatro e seis meses depois dos sintomas. Para tumores de partes moles (vísceras e epiderme), o tempo foi de sete meses.
“O diagnóstico ainda é tardio, porque o câncer infanto-juvenil é uma doença rara. Não é a primeira hipótese que o pediatra vai levantar e os sinais iniciais da doença são comuns, como febre, dor de cabeça, vômitos, aumento de gânglios”, pondera Karla Emilia de Sá Rodrigues, oncologista pediátrica, professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG e autora da pesquisa.
Segundo Karla, o objetivo do estudo é alertar especialmente os serviços médicos sobre o tema. “Apesar de raro, o câncer já mata mais crianças e adolescentes que desnutrição e doenças infectocontagiosas. Só não perde para causas externas, como violência e acidentes. Já avançamos muito no tratamento e chegamos a índices de cura entre 70% e 80% do câncer entre crianças e adolescentes. Mas isso depende do diagnóstico precoce”, comenta.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) contabilizou, em 2011, 1.288 mortes de jovens de 0 a 19 anos por causa da doença. Do total, 147 ocorreram na região Norte, 365 na Nordeste, 490 na Sudeste, 192 na Sul e 94 na Centro-Oeste. A estimativa é de que 11.530 novos casos de câncer em crianças e adolescentes sejam registrados este ano. Eles representam 3% da incidência total da doença na população brasileira.
Para Isis Quezado Magalhães, diretora técnica do Hospital da Criança de Brasília José de Alencar, referência para o tratamento da doença na capital federal, os médicos generalistas precisam estar atentos e encaminhar qualquer suspeita para um centro de referência. Ela lembra que até a identificação das células malignas depende de um treinamento específico dos profissionais. “Nem sempre é fácil perceber a doença”, diz.
Pouco conhecimento
Os especialistas acreditam que a oncologia pediátrica precisa ser mais discutida dentro das universidades. Os currículos ainda tratam pouco do câncer em crianças e adolescentes. Além de a biologia dos tumores ser diferente em crianças e adultos, muitos médicos passam anos sem atender um paciente com câncer. Segundo Carla, os pediatras generalistas recebem um paciente com câncer a cada sete anos.
“Por isso, os profissionais de saúde têm de saber para onde mandar os casos suspeitos. É importante ter centros de referência para que o diagnóstico seja mais preciso. A experiência mostra que o câncer infantil precisa ser tratado de forma centralizada, por uma equipe multidisciplinar e especializada”, ressalta Isis. No DF, é o Hospital da Criança quem recebe esses pacientes. A meta é que eles sejam atendidos em até 48 horas lá.
O câncer nas crianças e adolescentes é mais agressivo. Por outro lado, essa rapidez na multiplicação das células nos jovens se torna uma aliada, porque aumenta a chance de resposta aos medicamentos. A grande arma contra a doença em crianças e adolescentes é a quimioterapia. “O diagnóstico tardio, além de diminuir as chances de cura, aumenta as chances de sequela, porque o tratamento é mais forte”, ressalta Karla.
Khetlen King, 24 anos, comemora o fato de ter conseguido atendimento adequado para a filha em cerca de dois meses. A pequena Alexandra, de 7 anos, sentia muitas dores na barriga, que passaram para a garganta e uma febre que não cessava. Ela não descansou enquanto não descobriu o que a filha tinha. Entre idas e vindas a hospitais em Boa Vista, Roraima, recebeu o diagnóstico de leucemia. “Fiquei sem chão. Lá não tem tratamento”, diz.
Há três meses, ela e a filha se mudaram para Brasília em busca de tratamento. Mesmo perdida, sem conhecer ninguém na cidade, ela veio para a consulta no Hospital da Criança. “Foi maravilhoso o acolhimento, o tratamento que recebi”, afirma. As duas encontraram na Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace) o apoio que precisavam: casa, comida, transporte na cidade.
A Abrace ajudou, há dois anos, a construir o hospital que já realiza 1.230 atendimentos só na hematologia e oncologia por mês. A unidade já está sendo ampliada para construir 200 novos leitos para internação. Os ambientes do hospital foram todos desenhados para dar mais conforto aos pacientes. As famílias recebem todo o atendimento necessário: assistência social, nutrição, psicologia, fisioterapia.
Khetlen está esperançosa e já vê os avanços da filha no tratamento. A leucemia é o tipo mais frequente de câncer em crianças. Corresponde entre 25% e 35% de todos os tipos. O exemplo da jovem de Roraima serve para reforçar o recado das médicas Isis e Karla. “Os pais não precisam entrar em pânico. Mas as queixas das crianças devem ser valorizadas por eles e as deles, pelos médicos. Mas a avaliação deve ser feita pelo profissional de saúde”, diz Isis.
Promovendo a união
No Rio de Janeiro, outro projeto melhorou os índices de atendimento rápido de crianças com suspeita de câncer. O Unidos pela Cura é um projeto encabeçado pelo Instituto Desiderata, que ajudou a articular o atendimento nos hospitais públicos cariocas. Desde 2006, a proposta é reunir quem atua com essas crianças – organizações, hospitais, centros de saúde – para garantir diagnóstico precoce e atendimento de qualidade.
A meta é garantir que todas as crianças sejam atendidas em até 72 horas nos centros de referência para o câncer. Segundo Roberta Costa Marques, diretora executiva do Instituto Desiderata, 70% das crianças são atendidas em até 15 dias e 30% em até sete dias.
“Apresentamos uma carta de recomendações sobre o tratamento do câncer infanto-juvenil para os gestores, pedindo melhorias de acesso a tratamento, humanização no tratamento, integração de sistemas de acesso às consultas (hoje o do estado não conversa com o do município, por exemplo). O SUS é integração. É isso que precisamos”, avalia.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

"Eu queria ter câncer de mama", diz campanha criticada em redes sociais


UOL 06/02/201416h53
O fundador de uma instituição de caridade em prol do câncer de pâncreas tem defendido uma campanha de conscientização que gerou bastante polêmica nas redes sociais. As peças mostram pacientes com a doença dizendo frases como "Eu gostaria de ter câncer de mama", ou "Eu queria ter câncer de testículo".

A campanha foi encomendada pela Pancreatic Cancer Action e tem como objetivo destacar as baixas taxas de sobrevivência da doença em relação a outros tipos de tumor maligno.
Segundo a entidade, apenas 3% das pessoas com câncer de pâncreas estão vivas cinco após terem recebido o diagnóstico, contra 85% das vítimas de câncer de mama e 97% dos homens com câncer testicular. 

"É uma campanha insensível e horrorosa para quem tem câncer de mama ou perdeu entes queridos para a doença", escreveu um usuário de rede social sobre as peças. 

"Eu tive câncer de mama. Eu digo de coração que não desejo isso para ninguém", declarou, ainda, outra usuária.

A campanha também atraiu críticas de instituições de caridade voltadas para o câncer de mama. "Não podemos apoiar qualquer mensagem que sugere que qualquer forma de câncer é preferível a outra. Nem uma inferência de que o câncer de mama foi 'resolvido'", disse Chris Askew , diretor executivo da Breakthrough Breast Cancer.

Mas Ali Stunt, fundadora da  Pancreatic Cancer Action, vem defendendo firmemente a campanha. Ela foi diagnosticada com o câncer em 2007, aos 41 anos. 

 "Todos os tipos de câncer são horríveis e ninguém gostaria de ser afetado de nenhuma forma", comentou ao The Independent. Segundo ela, a campanha mostra pacientes reais, que desejam melhores chances do que as que lhe são atribuídas. 

"É um sentimento que eu tive quando fui diagnosticada e que ouvimos inúmeras vezes em nosso trabalho", continuou.

Stunt ressalta que pesquisas sobre o câncer de pâncreas recebem apenas 1% do financiamento global para o câncer, e que 50% dos diagnósticos são feitos após uma internação de emergência, enquanto que para os cânceres em geral isso acontece em 25% dos casos. 

Ela sugeriu que as pessoas não olhem para as frases da campanha, apenas, mas que também leiam depoimentos e assistam aos vídeos para entender que se trata de doentes que simplesmente gostariam de ter recebido um prognóstico melhor.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Ministério da Saúde providencia desligamento de cubana do Mais Médicos


Marcelo Brandão
Da Agência Brasil, em Brasília
06/02/2014

O novo ministro da Saúde, Arthur Chioro, informou na quarta-feira (5) que o governo brasileiro já iniciou o processo de desligamento da cubana Ramona Matos Rodriguez do programa Mais Médicos. A médica ficou abrigada na Câmara dos Deputados desde que deixou seu posto de trabalho em Pacajá, no Pará. "Recebemos hoje a notificação do município e agora estamos providenciando o desligamento da profissional", disse Chioro.

O desligamento de Ramona do programa vai possibilitar o pedido de refúgio no Brasil, conforme explicou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, horas antes. "A partir da situação em que o Ministério da Saúde vier a desenvolver um procedimento interno de afastamento do programa, aí ela terá o visto de permanência cassado", destacou Cardozo.
Sobre o pagamento que a médica alegava receber por mês – US$ 400 (pouco mais de R$ 900) – Chioro foi enfático e disse que a relação do governo brasileiro é com a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde). Segundo Chioro, o Brasil estava cumprindo sua parte.

"A cooperação do Brasil é com a Opas e ela estabelece o processo de cooperação com o governo de Cuba. Nós estamos muito tranquilos com a condução dessa questão", afirmou o ministro.

Em nota, o DEM, partido que abriga a médica cubana na sala de sua liderança, na Câmara dos Deputados, informou que Ramona já entrou com pedido de refúgio no Conare (Conselho Nacional de Refugiados), vinculado ao Ministério da Justiça.

Mais cedo, o presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), Roberto D'Ávila, manifestou apoio à médica cubana. "O CFM parabeniza essa cubana pela coragem de denunciar que é assim a situação de todos esses intercambistas cubanos", disse o presidente do conselho. "Clamo às autoridades que protejam essa mulher. Que ela seja asilada em outra embaixada porque corre o risco de ser deportada", completou. O conselho e outras entidades médicas se posiconaram contrários a contratação de profissionais estrangeiros para o Mais Médicos, sem passar pela revalidação do diploma.

Comentário: Esse caso cria um problema moral para o governo do PT. A médica alega que foi enganada e que recebia apenas o básico para sobreviver, e ainda teria cerceado seu direito de ir e vir por meio inclusive de um supervisor cubano em pleno território nacional (uma espécie de policial/capataz cubano). O próprio governo fazendo algo próximo do que as máfias boliviana, coreana e chinesa fazem com sues cidadãos aqui no Brasil, que trabalham como semi-escravos . De fato, o que  essa médica deve querer mesmo, é receber asilo nos EUA. Lá estará definitivamente mais segura do que aqui.
Aonde nós chegamos com este governo petista. Ficamos parceiros da ditadura comunista do Fidel Castro, inclusive usando poder de polícia contra cidadãos cubanos, em nome de um regime que já prendeu e fuzilou milhares de opositores. Quem é da minha geração se lembra dos fuzilamentos no “paredón” ordenados pelos facínoras do regime comunista cubano.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Cubana deixa Mais Médicos e diz que vai pedir asilo político ao Brasil

MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/02/1407649-cubana-deixa-mais-medicos-e-diz-que-vai-pedir-asilo-politico-ao-brasil.shtml
04/02/2014 22h52

Integrante do Mais Médicos, a cubana Ramona Matos Rodriguez, 51, deixou o programa e anunciou na noite desta terça-feira (4) que vai pedir asilo político ao Brasil. Ela disse que vai permanecer refugiada na liderança do DEM na Câmara dos Deputados, aguardando uma decisão do governo brasileiro, já que está sendo "perseguida pela Polícia Federal".

Clínica-geral, ela chegou ao país em outubro e atuava em Pacajá, no Pará. Ela diz que deixou a cidade no sábado e seguiu para Brasília após descobrir que o valor de R$ 10 mil pago pelo governo brasileiro a outros médicos estrangeiros era muito superior ao que ela recebia pelos serviços prestados.

A cubana alega ainda ter sido enganada sobre a possibilidade de trazer seus familiares ao país.

Ramona foi apresentada nesta terça no plenário da Câmara por líderes do DEM. Em entrevista, ela contou que recebia por mês US$ 400 para viver no Brasil e outros US$ 600 seriam depositados em uma conta em Cuba, que só poderiam ser movimentados no retorno para a ilha.

A médica não revelou como chegou à capital federal nem como foi feito o contato com os deputados da oposição. Ela contou, porém, que decidiu procurar o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) depois de fazer uma ligação para uma amiga no interior do Pará e ser informada que a Polícia Federal já tinha sido acionada para buscar informações sobre seu paradeiro, sendo que agentes teriam procurado seus conhecidos na cidade.

Ela não deu detalhes de como chegou ao deputado e disse que se sente enganada por Cuba. A médica mostrou um contrato com a Sociedade Mercantil Cubana Comercializadora de Serviços Médicos Cubanos, indicando que não houve acerto entre o Ministério da Saúde e a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde)

"Eu penso que fui enganada por Cuba. Não disseram que era o Brasil estaria pagando R$ 10 mil reais pelo serviço dos médicos estrangeiros. Me informaram que seriam US$ 400 aqui e US$ 600 pagos lá depois que terminasse o contrato. Eu até achei o salário bom, mas não sabia que o custo de vida aqui no Brasil seria tão alto", afirmou a cubana.

Ela disse que tem uma filha que também é médica em Cuba e que sente receio pela situação dela. Romana afirmou que já trabalhou em uma missão de Cuba na Bolívia por 26 meses.
A médica disse ainda que enfrentava problemas para se deslocar entre cidades brasileiras, tendo sempre que avisar a um supervisor cubano, que ficava em Belém.

Ronaldo Caiado afirmou que a liderança do DEM na Câmara será a embaixada da liberdade para os médicos cubanos. Ele afirmou que sua assessoria prepara para amanhã o pedido de asilo da médica ao governo brasileiro e que irá pessoalmente conversar sobre o caso com o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.

"O DEM se coloca à disposição com estrutura física e jurídica", disse.

Os oposicionistas disseram que vão arrumar um colchão e as condições necessárias para que ela permaneça no local.

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse que não vai interferir no caso porque a liderança é um espaço de cada partido.

Vitrine eleitoral da presidente Dilma Rousseff, o Mais Médicos tem o objetivo de aumentar a presença desses profissionais no interior do país, em postos de atenção básica, e para isso permite a atuação de médicos sem diploma revalidado em território nacional. Atualmente, cerca de 7.400 médicos cubanos estão selecionados para atuar no país.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Atletas superaram o câncer com ajuda do surfe e do skate

31/01/201411h30
Paulo Anshowinhas
Do UOL, em São Paulo

Um surfista que criou uma marca famosa, um produtor de eventos que anda de skate e um skatista old school. Acostumados a ultrapassar limites nas pistas e no mar, esse trio de esportistas radicais conseguiu vencer a maior batalha de suas vidas: o câncer.

E para provar que estavam bem de saúde novamente, todos voltaram a praticar suas modalidades que sempre amaram e se transformaram em símbolo de resistência e de superação. Cada um a sua maneira reagiu de uma forma diferente. Um deles buscou o lado mais espiritual, enquanto outro reduziu a velocidade e ainda teve quem transformasse o seu drama em reality show em postagens no Facebook.

O escritor e empresário Sidney Tenucci Jr, hoje com 59 anos, mais conhecido como Sidão, que o diga. Detentor da marca de surfe mais famosa no Brasil durante vários anos, a OP, Ocean Pacific, ele passava o tempo escrevendo e cuidando das duas filhas. Como todo milionário no estilo zen, Sidão viajava para vários países, mas não bebia, não fumava e não usava drogas para se dedicar integralmente ao surfe.

Até que em 07 de outubro de 1999, aos 45 anos, descobriu em um exame de rotina que estava com câncer na próstata. Ao ser informado pelo médico, exclamou: "Não é possível. Deve ter alguma informação errada. Faço tudo certo!". E, como a maioria dos pacientes, também pensei: "Deus porque eu?"".

Vinte e um dias depois fez a cirurgia, mas levou um novo susto após 40 dias, que teve de ser tratado com 38 sessões de quimioterapia. "O medo é o verdadeiro inimigo. Ele mente, diz que somos incapazes. O medo, não nós, é covarde. É preciso ter fé", reflete.

"A minha forma física de esportista/surfista ajudou tanto na cirurgia como na recuperação", comenta ao lembrar que a partir dessa notícia tudo mudou em sua vida, inclusive os amigos que desapareceram. "Para quem tem esse problema, use essa experiência para te fortalecer como ser humano e como alma. Para quem não sabe se tem, não se preocupe, pois o peru não morre de véspera", brinca.

Dois meses depois do tratamento Sidão voltou a surfar, e atualmente prepara seu quarto livro pela editora Neo Anima. "Mergulhar, principalmente na água do mar, é curador. Nas lágrimas idem. Não morri com a doença, embora uma parte de mim sim", completa.

Ao contrário da maioria das pessoas que prefere se esconder e ficar junto da família e dos médicos, o skatista Bruno Leonardo Júnior, hoje com 51 anos, preferiu radicalizar e transformou o seu caso em um chocante reality show pelas redes sociais.
Skatista "old school" que anda desde a década de 70, Bruno era o esteriótipo do skatista "doidão". Tetracampeão do torneio Old School Skate Jam, de Guaratinguetá, trabalhava em sua skate shop, organizava campeonatos, mas vivia nas baladas e virava a noite na boemia.
 

 Solteiro e com um filha de nove anos, ao descobrir um tumor no esôfago, Bruno ficou em choque total, e passou por momentos de "frustração, arrependimento, dúvida, pânico e insegurança, tudo de uma vez em 30 segundos", comenta. "Achei que ia morrer, porque não tinha plano de saúde", recorda.
"Como fechou a entrada do estômago não podia comer e mal conseguia beber, instalaram uma sonda que ia do nariz ao intestino para me alimentar, mesmo assim perdi 46 quilos em dois meses e fiquei com apenas 40 quilos!", conta. Ele teve anemia e ficou tão fraco que precisou usar uma cadeira de rodas para se locomover.

A evolução da doença serviu de conteúdo para suas postagens chocantes quase diárias em sua página no Facebook. "Uma coisa que me fez vencer foi assumir minha condição em público, sem vergonha da minha aparência, e isso me deu motivação para voltar ao normal", prossegue. "Eu parecia uma caveira, por isso antes da quimioterapia andava de bike às 4h da manhã para absorver as energias do Sol nascente", disse. "Essa disposição, segundo os médicos, me ajudou na recuperação", conta.

Bruno voltou a andar a pé uma semana depois da operação, e em menos de um mês retornou às pistas de skate, em rampas com mais de dois metros de altura.

Casado, com uma filha e uma neta, o produtor esportivo e skatista desde 1974 Márcio Natividade, de 49 anos, acostumado com descidas em alta velocidade com seu carrinho, teve de brecar com força há cerca de três anos devido a mesma doença. Corredor de rua experiente e skatista de downhill, ele ganhou de presente (ingrato) de aniversário a confirmação de um tumor na próstata.

"Primeiro achei que ia morrer, mas no mesmo dia pensei que poderia viver o que me resta sem neurose e ser o melhor que eu puder", disse.
Com um tratamento e operação pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), atendido pelo SUS, Márcio teve de submeter a 38 sessões de radioterapia após a cirurgia, mas mesmo assim descobriu que a doença havia voltado em um exame de sangue.

"Ninguém acreditava que um cara como eu, esportista, saudável e vegetariano que nunca fumou, pudesse pegar essa doença", conta. "Em vez de me isolar, parei de correr e passei a andar de skate de leve, para não correr o risco de me machucar durante o tratamento", lembra.

A velocidade do cotidiano mudou para ele. "Hoje não tenho mais aquele desespero de fazer tudo ao mesmo tempo, e agora prefiro fazer o melhor que puder e com qualidade de vida", avalia.

"Fazer os exames antes de ter qualquer sintoma é um dos melhores remédios, pois quanto antes souber, maiores as chances de recuperação", avalia.

Após o tratamento, Márcio voltou a andar de skate com ainda mais vitalidade e foi um dos responsáveis pela implantação da ladeira de skate do Parque Cândido Portinari, recém inaugurado na Zona Oeste. Ele foi um dos primeiros a testar a descida com seu carrinho.