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terça-feira, 4 de outubro de 2022

Estudo promissor melhora tratamento para certos tipos de câncer de mama

 


Cientistas constataram que a descoberta precoce de uma mutação genética nos tumores pode facilitar a adaptação da terapia

30/09/2022 - 11H43 (ATUALIZADO EM 30/09/2022 - 13H00)

Tratamentos podem ser adaptados a partir de uma mutação genética dos tumores

REPRODUÇÃO

Um estudo publicado nesta sexta-feira (30) mostrou que é possível frear a progressão de certos tipos de câncer de mama com a descoberta precoce da mutação genética no centro dos tumores e, a partir disso, adaptar o tratamento.

O relatório, publicado no Lancet Oncology, uma das principais revistas sobre o câncer, é o primeiro do tipo "a mostrar um benefício clínico significativo depois de, anteriormente, direcionar a mutação bESR1", resumem os autores.

Em um câncer de mama, as células do tumor evoluem com o tempo e, dependendo de certas mutações, podem se tornar resistentes aos tratamentos utilizados.

Os autores desse estudo, organizado em dezenas de hospitais franceses pelo oncologista François Clément Bidard, avaliaram que é importante detectar a mutação bESR1 a tempo e agir em conformidade.

Para detectar essa mutação, utilizaram uma técnica que vem sendo promissora nos últimos anos dentro dos estudos de câncer: a "biópsia líquida".

Diferentemente da biópsia clássica, uma operação potencialmente complexa e com consequências para a paciente, o objetivo é estudar o conteúdo dos tumores sem precisar extrair tecido da própria mama.

Em seu lugar, basta uma simples coleta de sangue. O sangue das pacientes contém uma pequena parte do DNA vindo das células cancerígenas. Isso torna cada vez mais fácil isolar e estudar a doença.

Formaram-se dois grupos de aproximadamente 80 pacientes com essa mutação. Uma parte seguiu recebendo o tratamento original, já a outra mudou para o medicamento fulvestrant.

No segundo grupo, a progressão do câncer foi interrompida por uma duração média maior, por vários meses.

 

Além da mutação única do bESR1, os autores consideram que o uso da biópsia líquida e a rápida troca de tratamento poderia servir de modelo para futuras estratégias terapêuticas.

 

No entanto, esse estudo tem várias limitações. Em primeiro lugar, não avalia se essa mudança de tratamento realmente melhora a sobrevivência da paciente. Por outro lado, a pesquisa só examina um tipo específico de câncer de mama, no qual o tumor é receptivo ao estrogênio.

 

Essa condição é a que permite o funcionamento dos tratamentos hormonais utilizados no estudo. Isso não inclui, por exemplo, os chamados cânceres "triplo negativos", que são os mais mortais porque são os mais difíceis de tratar.

 

https://noticias.r7.com/saude/estudo-promissor-melhora-tratamento-para-certos-tipos-de-cancer-de-mama-30092022

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Maior análise do DNA do câncer já feita revela segredos da doença

 

Estudo completo do genoma do câncer ajuda a catalogar, identificar e tratar a doença com mais facilidade do que nunca (Imagem: National Cancer Institute/Unsplash)Por Augusto Dala Costa | Editado por Luciana Zaramela | 26 de Abril de 2022 às 10h16

Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Cambridge e da Cambridge University Hospitals, no Reino Unido, liderada pela pesquisadora-chefe Serena Nik-Ziainal, analisou os dados de DNA anônimos do Projeto 100.000 Genomas, que junta dados de pacientes de câncer e outras doenças raras, para mapear o genoma dos tumores de cerca de 12 mil britânicos.

A quantidade de dados, inédita até o momento, permitiu a descoberta de novos padrões genéticos da doença, o que revela causas ainda pouco compreendidas pela ciência. O diagnóstico e o tratamento de câncer poderá ser melhorado a partir do estudo, de acordo com os pesquisadores. A publicação foi feita no periódico científico Science.

O que revela o DNA do câncer

O câncer nada mais é do que uma corruptela das células saudáveis do nosso corpo, geradas por mutações de DNA que modificam as células até o ponto de crescerem e se multiplicarem desenfreadamente. A maioria delas é categorizada com base na localização do câncer no corpo e no tipo de célula envolvida — agora, a nova pesquisa vem trazer novos dados importantes a essa catalogação.

Apesar de ser novidade, esse sequenciamento completo do genoma do câncer já está disponível no National Health Service (NHS), o sistema público de saúde britânico, apenas para um número pequeno de tumores, no entanto, o que inclui alguns de sangue. Foram analisadas milhares de alterações genéticas em cada tumor estudado, detectando combinações específicas de alterações genéticas — as assinaturas mutacionais — que podem ser a chave para o desenvolvimento de todas as categorias da doença.

Segundo Serena, o estudo é uma espécie de escavação arqueológica do câncer: os padrões ou impressões no campo da doença — como pegadas de dinossauros, de acordo com ela — revelam o que está acontecendo de errado. Sendo que o câncer de cada pessoa difere, saber que é possível personalizar o relatório da doença significa que estamos um passo mais perto de personalizar o tratamento para elas, completa a pesquisadora-chefe.

Alguns padrões conhecidos do câncer foram confirmados pela pesquisa, e 58 novos foram descobertos: essas assinaturas dão pistas sobre a possibilidade dos pacientes terem sido expostos a causas ambientas de câncer, como o tabagismo, por exemplo. Outras fornecem mais dados sobre anomalias genéticas que podem ser tratadas com medicamentos específicos, um "calcanhar de Aquiles" de cânceres mais específicos.

Uma ferramenta computadorizada — chamada FitMS — também foi criada para auxiliar médicos e cientistas a verificar assinaturas mutacionais nos pacientes de câncer e, potencialmente, melhorar o tratamento individual da doença em cada um deles. Um exemplo já concreto dos benefícios do estudo é caso de Aubrey, uma garotinha de dois anos de Bedfordshire, Reino Unido, diagnosticada com a doença aos 16 meses.

O sequenciamento do genoma do câncer ajudou os médicos a identificar o tipo da doença presente na garota, um rabdomiossarcoma, ocorrência rara que afeta os músculos ligados à estrutura óssea. O banco de dados ajudou os médicos a identificar que o câncer de Aubrey não foi herdado geneticamente, o que livra a família de preocupações acerca da doença afetar outro de seus membros, por exemplo. Os cientistas esperam ajudar cada vez mais pacientes com mapeamentos mutacionais como este.

Fonte: Science

https://canaltech.com.br/saude/maior-analise-do-dna-do-cancer-ja-feita-revela-segredos-da-doenca-214762/

quarta-feira, 25 de março de 2020

Mapeamento do genoma do câncer pode abrir portas nas áreas de prevenção, diagnóstico e tratamento


Trata-se de um primeiro passo para, no futuro, transformar o câncer em uma doença crônica, controlável com medicação, analisa médico da Santa Casa
06/02/2020 - 15h47min
Camila Kosachenco

Anunciado como a maior análise do genoma do câncer feita até hoje, o Pan-Cancer Analysis of Whole Genomes (PCAWG) project, ou apenas Pan-Cancer, é visto por especialistas como um passo importante no desenvolvimento de novas terapias para um melhor controle da doença. Hoje, o câncer mata mais de 8 milhões de pessoa por ano em todo o mundo, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), e a tendência é de que esses números se multipliquem nos próximos anos.

Para elucidar os segredos dessa doença, o Pan-Cancer reuniu 1,3 mil pesquisadores e analisou 2,6 mil tumores, totalizando 38 tipos de câncer ao longo de uma década. Com isso, conseguiu mapear o genoma dos tumores e apontar como falhas no DNA podem levar ao desenvolvimento da doença.

Maior estudo genético sobre câncer revela como os tumores se formam
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Como uma doença genética, o câncer cria uma espécie de "competição" no organismo, fazendo com que as células com algumas mutações se tornem mais aptas à sobrevivência do que as células normais. Assim, se proliferam mais e acabam crescendo.

— Essa foi a primeira vez que conseguiram mapear esses genes de maneira sistemática, usando a mesma metodologia. Mais: eles tentaram identificar as chamadas "driver mutations", que são mutações do DNA de genes específicos que levam o tumor a ter "vantagens" em relação às células normais do organismo. Simplificando: se o desenvolvimento do câncer estivesse ligado a várias chaves, essa estaria ligada e seria a alteração celular que daria vantagem de crescimento, por exemplo, para a evolução do câncer — explica o oncologista Rafael José Vargas Alves, do Grupo Oncoclínicas e do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.

Mesmo que não tenha aplicação terapêutica concreta no curto prazo, as lições teóricas do artigo são numerosas: melhor conhecimento das mutações genéticas que provocam a multiplicação das células cancerígenas, similaridades às vezes surpreendentes entre diferentes tipos de câncer, ou variedade extrema de tumores de um indivíduo para outro.

  O conhecimento acumulado sobre a origem e evolução dos tumores pode permitir o desenvolvimento de novas ferramentas para detectar cânceres mais cedo, bem como terapias mais direcionadas, a fim de tratar os pacientes com mais eficácia — espera Lincoln Stein, um dos cientistas que lideraram o projeto, em uma declaração do Instituto de Ontário para Pesquisa do Câncer (Canadá).

Outro destaque do estudo é a grande variedade de genomas para tumores cancerígenos, explica à AFP outro cientista envolvido no projeto, Peter Campbell, do Instituto Wellcome Sanger.

— A descoberta mais impressionante é a diferença que pode haver entre o câncer de um paciente e o de outro — afirmou.

Isso se deve ao grande número de possíveis mutações genéticas para cada tumor, que às vezes podem depender de fatores ligados ao estilo de vida do paciente, como o tabagismo.

— Uma só mutação, às vezes, não é suficiente para desencadear o câncer, pois ela se inter-relaciona com diferentes genes, e o estudo mostrou melhor essa relação. Esses genes se manifestam de acordo com o comportamento: quem tem mutação em determinado gene tem maior probabilidade de ter a doença, porém há fatores conhecidos e desconhecidos que fazem o gatilho ser acionado — justifica Vargas.

Diagnóstico precoce
Outro ponto em destaque do artigo é o fato de que o processo de desenvolvimento de certos tipos de câncer pode começar anos antes do diagnóstico, às vezes até na infância.

— Isso mostra que a janela para intervenção precoce é muito maior do que pensávamos —  disse Campbell.

De acordo com Vargas, até o momento, se tinha apenas uma compreensão empírica desse processo.

— Hoje, por exemplo, para que uma pessoa fumante seja considerada livre do risco de câncer de pulmão ela precisa ficar abstinente por 15 anos. Isso porque algumas mutações induzidas pelo tabaco podem vir a se manifestar muito tempo depois, como um câncer — acrescenta o médico, que também é professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).

Cronificação
Ao conhecer com mais profundidade os tumores e seu processo de desenvolvimento, abrem-se portas para a criação de tratamentos mais precisos e assertivos. É o que os especialistas chamam de medicina personalizada. Carlos Eugênio Escovar, chefe do serviço de Oncologia e diretor médico do Hospital Santa Rita, unidade de câncer da Santa Casa, lembra que, atualmente, um paciente com diagnóstico da doença passa, geralmente, pela quimioterapia. A grande questão é que o tratamento atua sobre diversas células, as boas e as ruins.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Estudo da UFU pretende identificar tumores de mama e próstata com maior eficácia



Pesquisas são desenvolvidas no Laboratório de Biotecnologia do campus Patos de Minas/UFU (Foto: Thaise Araújo/Arquivo Pessoal)

Pesquisa inédita desenvolvida no campus Patos de Minas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) busca nortear métodos de tratamento para o câncer.

Por Caroline Aleixo, G1 Triângulo Mineiro
15/10/2017 09h14  Atualizado há 2 horas

Uma pesquisa desenvolvida pelo Laboratório de Genética e Biotecnologia no campus Patos de Minas, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), busca identificar com maior eficácia os tumores a fim de orientar os procedimentos corretos no tratamento do câncer de mama e próstata.
O estudo, coordenado pela professora e pesquisadora Thaise Gonçalves de Araújo, utiliza os fundamentos da Oncologia Molecular e conta com o apoio de cerca de 20 alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado do curso de Biotecnologia.
O foco principal está voltado ao estudo do câncer de mama. Os trabalhos são desenvolvidos inicialmente com 200 pacientes de hospitais especializados no tratamento de câncer em Uberlândia, Barretos e interior de São Paulo.
São desenvolvidas três linhas de pesquisa que buscam entender o funcionamento do tumor e fazer o controle de anticorpos e uso de peptídeos para manipular o material genético para, depois, estabelecer o perfil dos pacientes.
“A gente trata as células com nossos fitoterápicos e vamos acompanhando se estão entrando ou não em morte celular. A partir da identificação do perfil e do agrupamento das pacientes, podemos modelar o crescimento ou a redução tumoral”, explicou Thaise.
De acordo com a pesquisadora, separar as pacientes em grupos é importante para direcionar as terapias, já que cada uma tem um perfil estabelecido conforme estágio da doença.
Mas ela reforça que ainda não se trata de uma cura para o câncer, mas de uma metodologia capaz de tipificar a doença (biomarcadores) para que os pacientes tenham melhor resposta aos tratamentos. “Nosso objetivo é fazer uma comunicação direta com a clinica. Tentar dizer para o médico qual o melhor tratamento terapêutico para o paciente, com melhores estratégias”, reforçou.
Em 2015, a pesquisa inédita com uso de uma das moléculas trabalhadas pelo grupo da UFU foi premiada em um concurso promovido pelo Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp).

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Novo tratamento para câncer de pâncreas começa a ser testado em humanos nos EUA


O câncer de pâncreas tem uma das mais altas taxas de mortalidade entre todos os tipos da doença. — Foto: Pixabay

Pesquisadores da Universidade de Utah combinaram dois medicamentos que tiveram efeito promissor contra a doença em testes de laboratório. O tumor no órgão é um dos mais letais: apenas 1 a cada 5 pacientes sobrevivem um ano depois do diagnóstico.
Por Lara Pinheiro, G1
05/03/2019 11h05  Atualizado há 2 meses

Cientistas da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, descobriram uma nova estratégia para tratar o câncer de pâncreas que já está sendo testada em humanos. O estudo sobre o tratamento, que é uma combinação de duas drogas ingeridas por via oral, foi publicado nesta segunda (4) na revista ‘Nature Medicine’.
As medicações agem de duas formas:
·         Elas impedem a ação anormal de um gene, o Kras, que ocorre em tumores no pâncreas. Os cientistas já sabiam que, quando ele tem uma mutação, acaba promovendo o crescimento e a divisão das células de forma anormal. Assim, o tumor cresce.
·         Os remédios atrapalham o processo de autofagia das células do tumor. A autofagia é um mecanismo no qual a célula “come” a si mesma para obter energia.
Os cientistas já sabiam que esses fatores ajudavam o tumor a crescer. Por isso, ambos os tipos de medicamento já haviam sido usados, individualmente, para combater o câncer de pâncreas, mas sem resultado. A novidade é que os pesquisadores perceberam que, quando combinados, eles têm efeito para combater o tumor.
“Nós conseguimos observar que a combinação dessas duas drogas — que, quando usadas individualmente, não têm muito impacto na doença — parece ter um impacto muito potente no crescimento do tumor. Nós observamos isso em culturas de células no laboratório, em modelos com ratos e, agora, em um paciente com câncer de pâncreas — em menos de dois anos. É uma linha do tempo raramente vista na medicina”, afirmou o pesquisador Martin McMahon, um dos autores do estudo.
O primeiro paciente que testou os medicamentos acabou não resistindo à doença, mas respondeu bem ao tratamento, segundo outro cientista que participou da pesquisa.
“O paciente tinha feito cirurgia e várias doses de quimioterapia antes dessa combinação. Apesar de ter falecido, respondeu de forma notável a essas drogas por vários meses”, explicou Conan Kinsey. Ele disse, ainda, que os resultados da combinação precisam ser avaliados em estudos clínicos (em humanos) para descobrir se é possível conseguir bons resultados em outras pessoas.
Os testes desse tipo já estão sendo conduzidos na Universidade do Texas e têm previsão de acontecer na Universidade da Califórnia em San Francisco e na Universidade de Columbia, em Nova York.
Alta mortalidade
O câncer de pâncreas é uma das formas mais letais da doença. Apenas 20 a cada 100 (ou 1 a cada 5) pacientes com o tumor continuam vivos um ano depois do diagnóstico. Cinco anos depois da detecção da doença, esse número cai para 7 a cada 100, segundo a Sociedade Americana do Câncer.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), essa alta taxa de mortalidade acontece por conta do diagnóstico tardio.
Para Axel Behrens, que estuda a relação entre câncer e células-tronco no Instituto Francis Crick, em Londres, esse atraso na detecção se dá por alguns fatores, como a facilidade de metástase da doença, a ausência de sintomas iniciais e a falta de marcadores no sangue — como há no câncer de próstata, por exemplo.
"O problema é que, muito frequentemente, no momento do diagnóstico o paciente apresenta metástase. O pâncreas é um órgão muito vascularizado, então é muito fácil para o câncer ir para o fígado, porque existem muitos dutos que levam até lá — e aí há metástase. Além disso, o câncer é, por um longo tempo, assintomático: a pessoa tem o tumor, mas se sente bem. Só quando ele fica muito grande a pessoa começa a se sentir mal e sentir dor. E não existe um marcador diagnóstico que pode ser usado para detectar uma doença assintomática", explica Behrens, que não participou do estudo.
O Inca também não recomenda o rastreamento rotineiro da doença, por não haver evidência de que ele traz benefícios, mas recomenda investigar sintomas como pele amarela (icterícia), urina escura, cansaço, perda de apetite e peso e dor em abdômen superior e costas.
Reforço
A pesquisa na Universidade de Utah foi reforçada por um outro estudo, separado, também publicado nesta segunda (4) na mesma revista. Cientistas da Universidade da Carolina do Norte chegaram a conclusões semelhantes sobre o papel do gene Kras e da autofagia no crescimento do adenocarcinoma, tipo mais comum do câncer do pâncreas.
Primeiro, descobriram que bloquear a ação anormal do gene aumentava a dependência da célula na autofagia — ou seja, com o Kras bloqueado, ela passava a “comer a si mesma” mais do que o normal. Depois, eles bloquearam a própria autofagia.
“A autofagia é um processo no qual células do câncer reciclam materiais, em vez de se livrar deles. O que nós descobrimos foi que, se você bloquear o caminho mais importante para a energia — a glicólise — a célula cancerígena começa a sofrer e começa a autofagia. Assim, o câncer se torna mais dependente da autofagia e mais sensível ao inibidor dela”, explicou Channing Der, um dos autores do estudo.
Os testes foram realizados tanto em células de camundongo quanto humanas, e devem começar a ser feitos em humanos, combinando dois medicamentos, na Universidade do Texas.
Marcadores genéticos
Um terceiro estudo, não relacionado e também publicado nesta segunda (4) em outra revista, por cientistas da Universidade de Pittsburgh, mostrou que, em 17% dos casos da doença, há um marcador genético que indica se o tumor pode ser tratado com quimioterapia que já existe.
Os pesquisadores caracterizaram o código genético de 3.594 amostras de tumor no órgão vindas de pacientes ao redor do mundo. Eles descobriram que há genes que predispõem uma família inteira a desenvolver a doença, como no caso do câncer de ovário.
Determinar o perfil de cada tumor pode ajudar a escolher a melhor forma de tratamento para cada caso. “As pessoas têm buscado esses marcadores por um longo tempo, e o nosso estudo mostra que é possível dividir os pacientes com câncer de pâncreas em categorias de tratamento diferentes”, explicou um dos autores da pesquisa, Nathan Bahary.


quarta-feira, 20 de março de 2019

Cientistas descobrem composto que imobiliza célula do câncer e impede metástase


O cientista Raymond Bergan e equipe em laboratório no Instituto OHSU Knight Cancer, no estado de Óregon (EUA) (Foto: Kristyna Wentz-Graff/OHSU)

Estudo testou nova estratégia contra o espalhamento de tumores pelo organismo; em vez de matar a célula, pesquisadores primeiro impediram que elas se movimentassem.


Por G1
22/06/2018 11h50  Atualizado há 18 horas

Uma nova pesquisa publicada na revista "Nature Communications" nesta sexta-feira (22) abre novos caminhos para impedir que o câncer se espalhe para outras áreas do organismo. Em estratégia inédita, cientistas "congelaram" a célula cancerígena para que ela não se movimentasse.
Trata-se de uma mudança de perspectiva na luta contra o câncer, dizem os cientistas. Isso porque, na maior parte das pesquisas em oncologia, os esforços se concentram mais em matar o tumor.
Os testes foram feitos com a molécula KBU2046, composto que inibiu o movimento de células do câncer em quatro diferentes tipos de células do câncer humanas: câncer de mama, próstata, colorretal e pulmão.

"O movimento é a chave. Se as células cancerígenas se espalharem por todo o seu corpo, elas vão tirar sua vida. Podemos tratar, mas esse movimento vai tirar sua vida", diz em nota Raymond Bergan, professor de oncologia médica no Instituto OHSU Knight Cancer (EUA).
"Estamos estudando uma maneira completamente diferente de tratar o câncer", conclui Bergan.

O cientista explica que ele e a sua equipe fizeram diversos estudos na química para pensar um composto que só inibiria o movimento de células do câncer -- e não tivesse nenhum outro efeito em células saudáveis.


Terapia tem o objetivo de imobilizar a célula para que ela seja incapaz de atingir outros órgãos no organismo (Foto: Pixabay/Creative Commons/Qimono)

Substância bloqueia proteína associada ao movimento
Bergan cita ainda que o laboratório de Karl Scheidt, professor de química e farmacologia da Universidade de Northwestern, foi o responsável por pensar em novos compostos que pudessem impedir a motilidade de tumores. O desafio era encontrar substâncias com poucos efeitos colaterais.

"Começamos com uma substância química que impedia as células de se moverem. Depois, sintetizamos o composto várias vezes para que ele fizesse um trabalho perfeito de parar as células sem efeitos colaterais", diz Karl Scheidt, em nota.

Scheidt explica que o KBU2046 se liga a proteínas das células de forma específica para somente impedir o movimento. Não há uma outra ação sobre as estruturas celulares, o que diminui os efeitos colaterais e a toxicidade. "Levamos anos para descobrir", comemora, em nota.
Pesquisadores almejam que a droga possa ser administrada em cânceres iniciais para diminuir ao máximo que o tumor se espalhe para o resto do corpo e o paciente tenha um tumor intratável no futuro.
Cientistas estimam que serão necessários dois anos e US$ 5 milhões para que os primeiros testes sejam realizados em seres humanos.


terça-feira, 7 de agosto de 2018

Pesquisa indica que 40% dos casos de câncer estão associados a sobrepeso


Dieta saudável e perda de peso ajudam a reduzir riscos Divulgação

Excesso de peso aumenta risco de desenvolver 13 tipos de tumor
03/10/2017 18:51:13
AFP - http://odia.ig.com.br/mundoeciencia/2017-10-03/pesquisa-indica-que-40-dos-casos-de-cancer-estao-associados-a-sobrepeso.html
Washington, EUA - Cerca de 40% dos casos de câncer detectados nos Estados Unidos em 2014 — mais de 630 mil no total — estão associados ao excesso de peso, indicaram especialistas nesta terça-feira, pedindo que as ações preventivas sejam intensificadas.
Em um país em que 71% dos adultos têm sobrepeso ou obesidade, as conclusões dos Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC) "são motivo de preocupação", disse a diretora da agência, Brenda Fitzgerald.
"A maioria dos adultos americanos pesa mais do que o recomendado, e ter sobrepeso põe as pessoas em alto risco de sofrer de diferentes tipos de câncer", disse em um comunicado.
"Atingindo um peso saudável e mantendo-o, todos podemos ter um papel na prevenção do câncer", acrescentou.
Está demonstrado que ter excesso de peso aumenta o risco de desenvolver 13 tipos de tumor, incluindo o câncer de esôfago, de tireoide, de mama pós-menopausa, de vesícula, estômago, fígado, pâncreas, rim, ovários, útero, cólon e reto.
A taxa de tumores associados à obesidade está aumentando, em contraste com a taxa total de casos de câncer, que diminuiu desde os anos 90.
O câncer colorretal foi o único câncer associado ao peso que diminuiu entre 2005 e 2014, com uma queda de 23%, em grande parte graças à melhora do diagnóstico, segundo o relatório.
O resto de casos associados ao peso aumentaram 7% na última década.
SAIBA MAIS
Aproximadamente dois terços dos 630 mil casos de 2014 associados ao peso ocorreram em pessoas de 50 a 74 anos, sendo as mulheres as mais afetadas, com 55% dos tumores diagnosticados associados ao peso, em comparação com 24% nos homens.
Segundo os últimos dados dos CDC, 32,8% dos americanos têm sobrepeso e 37,9% são obesos.
Uma pessoa é considerada acima do peso quando seu índice de massa corporal (IMC, o resultado da divisão do peso pela altura ao quadrado) é entre 25 e 29,9, e obesa quando o IMC é 30 ou mais.


quinta-feira, 5 de julho de 2018

Avatar do câncer



Médicos recriam, em animais, os tumores dos pacientes. O modelo é usado para testar os remédios mais eficazes para cada caso

20/04/18 - 18h00
Uma experiência pioneira no Brasil está sendo conduzida no Hospital A C Camargo Cancer Center, em São Paulo. Lá, pacientes começam a ter adicionado ao tratamento um recurso que vem sendo chamado de “avatar do câncer”. Uma amostra do tumor de cada um é reproduzida e cresce implantada em um camundongo, sob a pele ou no órgão correspondente do animal, funcionando como um espelho da doença. Em casos difíceis, a estratégia é valiosa. Por meio dela, os médicos podem experimentar contra aquele tumor específico remédios que podem ser mais eficazes e observar seu comportamento, inclusive agressividade, mas de forma que o corpo do paciente fique preservado de eventuais prejuízos que as tentativas possam trazer.

A aplicação clínica no A C Camargo começou há cerca de um ano e meio, em pacientes com tumores tradicionalmente mais agressivos, como melanoma (tipo de câncer de pele) e algumas variedades de tumor de rim. “O trabalho é inicial, mas os resultados são muito interessantes”, afirma a médica Vilma Regina Martins, superintendente de pesquisas da instituição, referência no combate à enfermidade no País.


“Os resultados obtidos até agora são muito interessantes” Vilma Martins, médica do AC Camargo Cancer Center

O que anima os médicos são especialmente as respostas que podem ser observadas em relação aos medicamentos. No avatar são testadas medicações novas, em geral com tempo de uso mundial insuficiente para conclusões definitivas sobre sua eficácia de maneira generalizada. Além disso, em muitos casos esses remédios funcionam muito bem para um paciente, mas não dão resultado, ou pelo menos não tão bons, para outro, apesar de o tipo de tumor ser o mesmo. “Os mini-tumores fazem parte da oncologia de precisão. Quanto mais personalizado o tratamento, melhor”, explica Luiz Henrique Araújo, pesquisador do Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro. Em trabalho recente, o médico George Vlachoginannis, do Instituto de Pesquisa do Câncer, de Londres, atestou a eficácia do recurso. “Os modelos em animais funcionam como o tumor do humano. Por isso, são muito eficientes para que possamos estimar as reações dos pacientes”, disse à ISTOÉ. C.P.

Espelho perfeito
Como são feitas as amostras
 São extraídas células do tumor do paciente
 São injetadas em camundongos, de preferência no órgão correspondente ao atingido no paciente
 Após um período variável, o animal desenvolve tecido tumoral bastante semelhante ao registrado no doente


quinta-feira, 3 de maio de 2018

Exame de sangue para câncer encontra oito tipos de tumores


Cientistas desenvolvem exame de sangue que detecta oito tipos de câncer em estágio inicial

Teste em estudo detectou cânceres nos ovários, no fígado, no estômago, no pâncreas, no esôfago, no reto, no pulmão e na mama.

Por France Presse
19/01/2018 08h19  Atualizado há 59 minutos

Um novo exame de sangue para o câncer se mostrou promissor para detectar oito tipos diferentes de tumores antes de eles se espalharem para outras partes do corpo, oferecendo esperança de detecção precoce, disseram pesquisadores nesta quinta-feira (18).

Mais estudos são necessários antes de que o teste, chamado CancerSEEK, possa se tornar amplamente disponível por um custo projetado de cerca de US$ 500, disse o estudo publicado na revista científica americana Science.

O estudo, liderado por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, envolveu 1.005 pacientes cujos cânceres - já pré-diagnosticados com base em seus sintomas - foram detectados com uma taxa de precisão de cerca de 70% no total.

Os cânceres foram detectados nos ovários, fígado, estômago, pâncreas, esôfago, cólon ou reto, pulmão e mama.

Para cinco desses tipos de câncer - ovário, fígado, estômago, pâncreas e esôfago - não há exames de rastreio disponíveis para pessoas de risco médio.

O exame foi capaz de detectar esses cinco tipos com uma faixa de sensibilidade de 69% a 98%.
Em 83% dos casos, o exame foi capaz de delimitar onde o câncer estava anatomicamente localizado.

O teste é não invasivo e baseado na análise combinada de mutações de DNA em 16 genes de câncer, bem como dos níveis de 10 biomarcadores de proteínas circulantes.

"O objetivo final do CancerSEEK é detectar o câncer ainda antes - antes de que a doença seja sintomática", afirmou o estudo.

Reação de especialistas: mais estudos são necessários
Especialistas de fora do estudo disseram que é necessário que haja mais pesquisas para descobrir a verdadeira precisão do teste e se este seria capaz de detectar cânceres antes do aparecimento de sintomas.

"Isso parece promissor, mas com várias ressalvas, e uma quantidade significativa de pesquisa adicional é necessária", disse Mangesh Thorat, vice-diretor da Unidade de Ensaios Clínicos Barts da Universidade Queen Mary de Londres.

"A sensibilidade do teste no câncer de estágio I é bastante baixa, cerca de 40%, e mesmo nos estágios I e II combinados parece ser em torno de 60%. Portanto, o exame ainda vai deixar escapar uma grande proporção de cânceres no estágio em que nós queremos diagnosticá-los".

Nicholas Turner, professor de oncologia molecular no Institute of Cancer Research, em Londres, apontou que a taxa de falso positivo de 1% do teste pode parecer baixa, mas "poderia ser uma preocupação significativa para o rastreamento da população. Poderia haver muitas pessoas que são informadas que têm câncer que talvez não tenham".

No entanto, Turner descreveu o artigo como "um passo ao longo do caminho para um possível exame de sangue para detectar câncer, e os dados apresentados são convincentes a partir de uma perspectiva técnica sobre o exame de sangue".

Muitos outros esforços estão em andamento para desenvolver exames de sangue para o câncer.
"Eu não acho que esse novo teste realmente tenha movido o campo da detecção precoce muito para a frente", disse Paul Pharoah, professor de epidemiologia do câncer na Universidade de Cambridge.

"Continua sendo uma tecnologia promissora, mas que ainda deve ser comprovada".