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terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Câncer na pandemia: FEMAMA aponta os aprendizados de 2020 que devemos ampliar em 2021

Equipe Oncoguia- Data de cadastro: 21/12/2020 - Data de atualização: 21/12/2020

 

Que 2020 foi um ano desafiador para toda população mundial, não é novidade. Mas pacientes com câncer tiveram algumas razões a mais para se preocupar. O câncer é uma doença que não espera, pode ter uma evolução rápida e o diagnóstico precoce é a melhor forma de combate – oferecendo até 95% de chance de cura. Então, como agir quando a principal recomendação das autoridades mundiais de saúde foi para ficar em casa?

 

A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) acompanhou de perto essa movimentação e compilou os principais desafios que esse ano tão difícil trouxe e pontos de atenção e cuidados que pacientes oncológicos devem ter em 2021.

 

Os duros ensinamentos de 2020

 

Logo no início de abril, pouco mais de um mês após o primeiro caso confirmado de covid-19 no Brasil, a Dra. Maira Caleffi, mastologista e presidente voluntária da FEMAMA, pontuou o impacto da pandemia no câncer: “Devemos procurar as melhores soluções locais, alinhadas às orientações do Ministério da Saúde, para garantir o atendimento aos casos urgentes e não deixar desassistidos os demais casos”, disse. Mas, já em maio, a entidade notou falta de compromisso do sistema de saúde com pacientes oncológicos e sua incapacidade de responder às demandas.

 

Sem direcionamentos claros, com trocas de ministros da saúde e uma gestão descoordenada, o que se viu foi o aumento de cancelamento de consultas e cirurgias agravando ainda mais a situação da oncologia no país. Em levantamento com sua rede de 70 ONGs associadas, a FEMAMA identificou que o cancelamento de consultas e cirurgias era a principal reclamação de quase 55% de pacientes. A principal dúvida, de mais de 74%, era justamente quando os tratamentos retornariam à normalidade.

 

Na época, Caleffi alertou: “Vamos ver um aumento significativo de casos de tumores palpáveis e tratamentos mais agressivos, com maior custo e morbidade. É uma necessidade urgente que se abram caminhos ‘livres de corona’ para que as pessoas encontrem ajuda e informações”. Os hospitais e unidades de saúde começaram a preparar, de fato, essas áreas.

 

Mas a preocupação das entidades e pacientes parecia não ser a mesma do Governo Federal. No fim de junho, já completávamos 45 dias sem um ministro da saúde, em plena pandemia – e que se estendeu para além de 120 dias – e a FEMAMA, junto a outras instituições, pediu publicamente atitudes do inerte órgão que é a autoridade máxima de saúde do país. A entidade também cobrou, formalmente, a falta de ação que já vinha ocorrendo desde 2019 com a Lei dos 30 Dias e a Lei de Notificação Compulsória do Câncer, tão importantes para pacientes oncológicos, mas que foi justificada, pelas autoridades, usando a pandemia. Não houve resposta satisfatória.

 

2020 nos mostrou quão deficitária está a atenção oncológica em todas as etapas da doença. Os pacientes não sabiam o que fazer ou a quem procurar para obter respostas sobre o câncer. Todo o sistema público se voltou para o coronavírus.

 

Cuidados com o câncer em 2021

 

Com o novo aumento de casos de covid-19, pode-se concluir que é uma situação que se arrastará por algum tempo, mesmo se a vacina começar a ser aplicada, já que somente alguns grupos serão preferenciais e nem toda população terá acesso.

 

As entidades do terceiro setor continuam exercendo seu papel de lutar pelos direitos de pacientes. Durante 2020, a FEMAMA intensificou seus canais de comunicação com os pacientes por meio de suas ONGs associadas e promoveu, além de seu fórum anual, diversas lives em seu canal, com temas que trataram de fatores de risco do câncer de mama a direitos de pacientes oncológicos. E são essas orientações que pautarão os cuidados que devemos manter e ampliar em 2021:

 

Manter as consultas com mastologista e oncologista: O diagnóstico precoce ainda é a melhor forma de lutar contra o câncer, já que para alguns tipos, como o câncer de mama, não há prevenção. Por isso, é importante o acompanhamento médico, seguindo também todos os novos protocolos sanitários;

 

Continuar o tratamento para o câncer: Quem já teve o diagnóstico, deve continuar com o tratamento, sempre tomando todos os cuidados, para que a doença não avance até um estágio em que haja menos possibilidade de cura ou que o tratamento seja mais agressivo.

 

Atualizar a caderneta de vacinação: Por ficarem mais vulneráveis a contrair infecções devido ao sistema imunológico mais frágil, é importante que pacientes oncológicos mantenham sua caderneta de vacinação atualizada. Para isso, com a prescrição médica, basta procurar os Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIEs) de cada estado. A FEMAMA responde, em seu site, dúvidas sobre vacinas para pacientes com câncer.

 

Fazer as 3 perguntas que salvam: A campanha de Outubro Rosa da FEMAMA em 2020, propôs que homens e jovens se juntassem às mulheres e fizessem três perguntas que podem salvar as mulheres de sua vida. Incentivar quem se ama a se cuidar é uma prática diária que não deve ficar restrita ao mês de outubro. As três perguntas são:

 

Você tem observado suas mamas?

Você já marcou seus exames anuais?

Você conhece seus fatores de risco?

 

Assim como toda a população mundial, a FEMAMA espera que em 2021 todos possam fazer sua parte para que o ano seja mais leve, principalmente as autoridades de saúde brasileiras. E, com tudo que aconteceu, 2020 deixa algumas lições importantes para trilharmos esse caminho com menos obstáculos e mais conhecimento e solidariedade, especialmente para com pacientes oncológicos. O nosso normal mudou, mas o câncer, não

 

http://www.oncoguia.org.br/conteudo/cancer-na-pandemia-femama-aponta-os-aprendizados-de-2020-que-devemos-ampliar-em-2021/14111/7/

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Testes e ala 'covid free' viram armas anticâncer

Estudos em hospitais que atendem pacientes com câncer apontaram que, com testagem e criação de vias livres da covid, é possível realizar procedimentos cirúrgicos eletivos com segurança, evitar contaminação pelo vírus e impedir que o tratamento seja comprometido ou se torne mais agressivo se for adiado. No A.C. Camargo Cancer Center, que criou um protocolo de triagem com testagem para todos os pacientes que vão fazer cirurgia, um estudo mostrou que, dos 704 pacientes que fariam cirurgia no mês de maio, 7,6% precisaram ter os procedimentos reagendados porque testaram positivo para covid-19. Tendo em vista os riscos de complicações trazidas pelo vírus nos pacientes oncológicos, o hospital estima que, graças ao esquema "covid free" conseguiu evitar entre sete e nove mortes naquele mês.

Publicada no Journal of Clinical Oncology, da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, uma pesquisa do grupo de estudos internacional CovidSurg constatou que as taxas de complicações pulmonares tiveram aumento de mais de 120% e de contaminação por covid de 71% em hospitais que não tinham alas separando pacientes de covid dos demais.

Foram analisados dados de 447 centros em 55 países, incluindo Estados Unidos, Espanha, Itália e o Reino Unido. As pesquisas comprovam a importância de se estabelecer protocolos para garantir que o tratamento de pacientes oncológicos não seja interrompido.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) demonstraram preocupação com a queda dos procedimentos cirúrgicos nos primeiros meses da pandemia.

Um levantamento das duas entidades apontou que, entre março e junho, cerca de 70% das cirurgias não tinham sido realizadas e estimou que ao menos 70 mil pessoas deixaram de receber o diagnóstico de câncer. Segundo a SBCO, as cirurgias voltaram a crescer e, em setembro e outubro, elas aumentaram cerca de 50% em relação a agosto.

Manter o fluxo

"A gente sabia que não podia fechar o hospital durante a pandemia, porque começar o tratamento depois de 60 dias tem impacto na taxa de cura. A situação já dura bem mais que isso. Então, decidimos manter a segurança e o fluxo de cirurgias. E o pilar foi o teste para todos os pacientes, diz Samuel Aguiar Junior, cirurgião oncologista e head do Centro de Referência em Tumores Colorretais e Sarcoma do A.C. Camargo Cancer Center.

No estudo, os pesquisadores citam dados do grupo CovidSurg, segundo os quais as taxas de mortalidade pós-operatória entre pacientes infectados pela covid foi de 19,1% em cirurgias eletivas, mas pode chegar a 27,1% em pacientes com câncer.

De acordo com Aguiar Junior, a triagem com testes RT-PCR feitos dois a três dias antes da cirurgia, somada à separação de pacientes com sintomas gripais na entrada do hospital e à criação de alas para pacientes que testaram positivo para o vírus, foi fundamental para permitir que os procedimentos continuassem sendo realizados durante o pico da doença.

De acordo com o protocolo, os pacientes com cirurgia eletiva tinham ainda de manter o isolamento social. Caso testassem positivo, um novo exame seria realizado após 14 dias e, com o resultado negativo, o procedimento poderia ser feito.

Com covid-19

Diagnosticada com câncer de reto no começo do ano, Maria José Melo da Silva, de 61 anos, estava com a cirurgia agendada para junho. Quando fez o teste para covid-19, deu positivo. "Não tinha sintoma nenhum. Minha filha, meu filho, minha nora também tiveram. Estavam todos me ajudando e, nesse convívio, aconteceu de eu pegar, porque eu só estava em casa. Por sorte, não foi grave. Um ficou sem paladar, mas não teve nada de falta de ar."

Ela esperou o intervalo determinado pelo hospital, repetiu o exame e fez a cirurgia. "Foi tudo tranquilo e não fiquei preocupada. Estava confiante, e meu estado emocional estava bom. Agora, vou fazer quimioterapia por seis meses", contou.

Integrante do CovidSurg, o cirurgião oncológico Felipe José Coimbra diz que os estudos feitos em hospitais oncológicos apontam a eficácia dos procedimentos adotados e ajudam a nortear as estratégias nas unidades para proteger os pacientes de infecções.

Maior risco

Coimbra ressalta que "os cuidados intra-hospitalares não vão acabar e sabemos que o paciente oncológico é um paciente de maior risco". Assim, diz ele, desde muito cedo se começou a fazer o teste e organizar a situação "para que eles tivessem um caminho paralelo e não se misturassem".

Coimbra também é diretor do Instituto de Saúde Integral e do Centro de Referência Gastro-Intestinal do A. C. Camargo Cancer Center. "No grupo em que os pacientes foram segregados, os pacientes sem covid tiveram menos complicações respiratórias e infecções pelo vírus do que os que estavam sem segregação completa. Houve um aumento de mais de 100% na taxa de complicação pulmonar no hospital sem via de covid."

Outro ponto avaliado foram as taxas de infecção pela covid no pós-operatório. Foi de 2,1% no grupo protegido e de 3,6% no grupo sem proteção, um aumento de 70%. "Valeu a pena fazer isso. O paciente tem direito a um tratamento com segurança e não pode esperar acabar a pandemia." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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quarta-feira, 24 de junho de 2020

Covid-19 atrasou o tratamento de 43% dos pacientes com câncer Motivos vão de risco de contágio à priorização de pacientes, mas apenas aqueles com neoplasias hematológicas são considerados grupo de risco


Aline Chalet, do R7*
 24/06/2020 - 02h00


Doenças que afetam células sanguíneas, como leucemia, estão no grupo de risco

Cerca de 43% dos pacientes com câncer tiveram o tratamento impactado pela pandemia de covid-19, como cancelamento ou adiamento de procedimentos, segundo uma pesquisa online realizada pelo Instituto Oncoguia. Na região Norte, 63% dos participantes da pesquisa afirmaram ter tido impacto no tratamento. A região Sul foi a menos atingida, com 32% pacientes afetados.

A pesquisa foi realizada com 566 pacientes oncológicos e seus familiares, desses 429 estão em tratamento no momento.

Dos pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde), 60% tiveram impacto no tratamento, contra 33% que utilizam serviço privado de saúde.

Entre esses 43%, os cancelamentos ou adiamentos de tratamentos ocorreram devido a decisões institucionais, ou seja, tomadas pelo hospital ou clínica. Os motivos fornecidos pelas instituições de saúde são: risco de contágio, priorização de pacientes, redução de equipe e impacto na infraestrutura.

Cerca de 12% dos pacientes tomaram a decisão por conta própria e 3% tomou a decisão em conjunto com o médico.

"O ideal seria a personalização dessa fase, ou seja, que médico e paciente determinassem juntos a melhor forma de continuar realizando o tratamento minimizando ao máximo os riscos em relação ao coronavírus", afirma Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia.

Dentre os pacientes que tiveram alterações em seus tratamentos após o início da quarentena, 34% fazem quimioterapia, 31% hormonioterapia, 9% radioterapia e 9% terapia-alvo.

Segundo o oncologista Rafael Kaliks, do Hospital Albert Einstein e diretor científico do Oncoguia, a conversa com o médico é fundamental para o tratamento oncológico não ser prejudicado. “Existem exames, consultas e até cirurgias que podem ser adiados por algum tempo, mas isso tem que ser uma decisão médica após a avaliação de cada caso individualmente.”

A pesquisa mostrou que 70% dos pacientes oncológicos se consideram grupo de risco para a covid-19.

Segundo Kaliks, dos pacientes com câncer, apenas os que apresentam neoplasias hematológicas (doenças que afetam as células sanguíneas como leucemias e linfomas), que passaram por transplante de medula óssea e que estão em tratamento com quimioterapia são considerados de grupo de risco.

Os pacientes que possuem outras doenças associadas como diabetes e doenças do coração também são do grupo de risco.

“Pacientes oncológicos que trataram um câncer e estão apenas em acompanhamento não são considerados imunodeprimidos e ex-pacientes oncológicos que estão sem evidência de câncer e que não estão em tratamento oncológico têm o risco aproximado de uma pessoa da mesma idade que não teve câncer."

Segundo dados da pesquisa, 52% dos pacientes sentiram impacto da pandemia de coronavírus na área emocional de suas vidas, 46% na área social, 33% na saúde e 32% na área financeira.

"A área emocional já é a mais afetada diante do câncer e curiosamente temos isso novamente diante da covid-19. Os pacientes estão sim muito mais frágeis e inseguros diante dessa doença que, além de tudo, também impede o contato, as relações e os abraços tão necessários para o enfrentamento do câncer", completa Luciana.

*Estagiária do R7 sob supervisão de Deborah Giannini
https://noticias.r7.com/saude/covid-19-atrasou-o-tratamento-de-43-dos-pacientes-com-cancer-24062020