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segunda-feira, 11 de abril de 2022

‘Em três anos o tratamento do câncer viverá uma revolução’, diz oncologista

À frente de projeto de lei para reduzir a burocracia na inclusão de remédios orais contra tumores pelos planos de saúde, Fernando Maluf aponta que, no futuro, doença pode se tornar crônica

Adriana Dias Lopes

29/08/2021 - 04:30

SÃO PAULO — Nos últimos dias, uma grande mobilização popular se formou no país entre os pacientes com câncer. O objetivo é derrubar o recente veto que o presidente Jair Bolsonaro impôs ao projeto de lei que obriga os planos de saúde a pagarem os remédios orais contra a doença. Em poucos dias, um abaixo-assinado liderado Instituto Vencer o Câncer arregimentou 145 mil assinaturas colhidas pela plataforma a Change.org. “A liberação salvaria a vida de 50 mil pessoas anualmente, já que essas medicações são responsáveis por 70% dos tratamentos oncológicos”, diz o oncologista Fernando Maluf, dos hospitais Beneficência Portuguesa e do Albert Einstein, em São Paulo, idealizador do projeto. A seguir, Maluf detalha o impacto da ausência desse tipo de droga no tratamento dos tumores e fala dos tratamentos que chegarão em um prazo curto de tempo e transformarão o perfil da doença no mundo.

Por que os remédios orais são tão importantes no tratamento do câncer?

Sete em cada dez remédios oncológicos são orais. E menos de 5% das farmacêuticas produzem um mesmo medicamento em duas versões, oral e injetável. Significa que estamos sendo privados de mais da metade das medicações disponíveis mundialmente. Essas terapias orais foram criadas para quase todo tipo de tumor. O veto ao projeto de lei que facilita o acesso aos doentes é um erro capaz de ceifar milhares de vida por ano, entre crianças, adolescentes e adultos.

Quais são os obstáculos para eles entrarem no Brasil?

A liberação dos orais pouparia a vida de 50 mil pessoas ao ano no país. Não estou nem me referindo aqui ao Sistema Único de Saúde, um cenário muito mais abrangente e complexo. Falo dos que têm acesso a planos de saúde. Muitas pessoas não sabem do processo de autorização dos remédios orais, completamente diferente em relação aos intravenosos. Quando uma droga é desenvolvida, a empresa farmacêutica submete o estudo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No caso dos remédios intravenosos para câncer, assim que a Anvisa libera, eles ficam disponíveis para o uso de pacientes que tenham convênio médico. Só que para as medicações orais há mais uma etapa, eles têm de passar por uma segunda aprovação, feita pela Agência Nacional de Saúde Suplementar. Esse aval pode levar até três anos para ocorrer. Ou seja, para muitos doentes, não dá mais tempo para receber o tratamento. São remédios caros, que custam de 5 mil a 30 mil reais ao mês, pouquíssimas pessoas podem comprá-los. Não existe isso em lugar nenhum no mundo, só no Brasil. Essa segunda etapa não é baseada em nenhum parâmetro médico. O projeto de lei retira a necessidade de existir essa segunda lista de aprovação. A Anvisa é a responsável pela liberação de remédios, não faz sentido essa burocracia.

Mesmo com os avanços nos conhecimentos da doença, o câncer é ainda a segunda causa de morte no mundo. A medicina um dia vai vencer essa batalha?

As últimas descobertas nos fizeram ver a doença de uma outra forma e justificam o fato da incidência ser cada vez maior. Pelo menos a metade dos tumores está relacionada ao estilo de vida. É muita coisa. De 10% a 15% estão associados à genética e o restante a uma série de fatores, incluindo infecções, como hepatite e HPV. Um dos maiores impactos dos maus hábitos está na má alimentação – consumo exagerado de enlatados, embutidos e gorduras, por exemplo. Uma dieta desregrada pode ter o mesmo peso que o cigarro, para você ter uma ideia. Defendo inclusive a ideia de que os alimentos que estimulam o surgimento do câncer sejam vendidos em embalagens com o alerta de que são nocivos, assim como se faz com o cigarro. Idem para o álcool, outro fator de risco. Comprar uma pinga com uma pessoa morrendo no rótulo inibiria muita gente. O sedentarismo influencia também. A atividade física é protetora, assim como os bons alimentos, como a cúrcuma, o tomate e o chá verde.

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O que devemos esperar de novidades nos tratamentos em um prazo curto de tempo?

Eu diria que muito brevemente, em no máximo em dois ou três anos, o perfil da doença será outro. Teremos uma revolução nos tratamentos do câncer. Há pelo menos duas novidades que me entusiasmam muito. Uma delas são os testes moleculares, os biomarcadores, já disponíveis para alguns tumores, mas que se tornarão ainda mais sofisticados. Como se fosse uma roupa feita por um alfaiate, trata-se de um recurso que permite identificar o câncer de forma individual, com o rastreamento do subtipo do tumor que acomete o doente. Isso torna o tratamento mais preciso, eficaz. Ele vai também servir para avaliar um paciente que tenha se submetido a tratamentos, se ele está ou não de fato curado, e eliminar muitas vezes os infinitos exames que hoje são feitos nessa fase. Esses biomarcadores podem, inclusive, definir que uma pessoa não precisa ser tratada. A depender do tipo do câncer, como muitos de próstata, a melhor opção é essa mesma, não tratar. Apenas observar por exames se a doença evolui ou não e descartar terapias desnecessárias ou inefetivas. Muito em breve teremos também uma sorte de remédios, mais especificamente de anticorpos, ligados a drogas que colam diretamente no tumor e liberam o remédio dentro das células doentes.

Há novidades tão expressivas na área dos diagnósticos?

Teremos dentro desse prazo testes genéticos que rastreiam o câncer cinco anos antes de ele atingir os órgãos. Ou seja, poderemos tratar a doença antes de ela se manifestar pelos exames clínicos convencionais.

O que falta para se chegar à cura total dos cânceres?

Nos últimos dez anos evoluímos drasticamente. Hoje, cerca de 70% dos tumores rastreados no início são curados. A taxa com o câncer de próstata chega a 90%. E com os cânceres avançados, por volta de 40%. Não diria que um dia a doença metastática será erradicada em todos os casos, mas certamente será crônica. Ou seja, conviveremos com ela sem que nos mate.

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Algum tipo de câncer um dia será erradicado?

O câncer de colo de útero e encaixa mais perfeitamente nesse cenário. Pelo simples fato de que existe uma vacina para preveni-lo, que é a do HPV. O vírus é transmitido principalmente pela relação sexual e é o principal causador desses dois tumores. Defendo a tese, inclusive, de que a vacina deveria ser dada nas escolas. A faixa correta da imunização é entre os 9 e 13 anos de idade. E aqui surge um problema. O imunizante é cercado de preconceitos, infelizmente. Vejo relatos de pais com medo de que a vacina influencie de alguma forma vida sexual de seus filhos ou provoque efeitos colaterais. Vacinação associada a rastreamento em massa das doenças e o exame de Papanicolau certamente erradicariam esse tumor que ainda é tão incidente.

A pandemia afetou muito o perfil da doença?

O medo da Covid-19 colocou todas as outras doenças em segundo plano. No caso do câncer o impacto foi brutal. No ano passado especialmente, quando ainda não tínhamos vacinas, o cenário foi pior. As pessoas ficaram com medo de ir ao hospital, muitos descontinuaram os tratamentos e os serviços de check-up foram esvaziados. Estima-se que a mortalidade por câncer tenha crescido pelo menos 20% globalmente. Mas as coisas já estão entrando nos eixos.

O Globo,

https://oglobo.globo.com/saude/em-tres-anos-tratamento-do-cancer-vivera-uma-revolucao-diz-oncologista-1-25174905

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Vacina contra câncer tem sucesso em testes com animais



Vacina obteve sucesso em testes pré-clínicos com animais. Pesquisadores da Austrália acreditam que proteção pode funcionar para diversos tipos da doença
Por Tamires Vitorio
Publicado em: 09/07/2020 às 17h06

Cientistas do Translational Research Institute e da Universidade de Queensland, ambos na Austrália, tiveram sucesso em um estudo pré-clínico de uma vacina contra o câncer. Segundo a líder da pesquisa, Kristen Radford, a expectativa é que a vacina possa ser usada para o tratamento de doenças sanguíneas, como a leucemia mielogênica aguda, bem como linfomas não Hodgkin, mieloma múltiplo, câncer de mama, renal, de ovários e de pâncreas.

A vacina foi feita com anticorpos humanos e proteínas dos tumores. Agora, o estudo busca pesquisar a capacidade de ela atingir as células humanas para ativar a memória das células. Um estudo pré-clínico acontece antes das fases 1, 2 e 3 de uma vacina e é realizado com animais para testar a toxicidade e os efeitos gerais de uma provável proteção. Os pesquisadores afirmam estar prontos para iniciar os testes em humanos.

O estudo foi publicado na prestigiada revista científica Clinical and Translational Immunology.


segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Ainda restrita, medicina personalizada é o futuro para o tratamento do câncer



O avanço em estudos de genes proporcionou a criação de tratamentos e medicamentos personalizados para cada paciente. Atualmente, o câncer é uma das principais causas de morte no mundo. De acordo com a OMS, só em 2018, mais de 9,6 milhões morreram por causa da doença.
Com a medicina de precisão, essa realidade pode mudar.
Um conjunto de técnicas e coletas de dados vem revolucionando, aos poucos, o tratamento e atingindo bons resultados. A fonoaudióloga Patrícia Lopes Batista Pinto foi diagnosticada com câncer de pulmão em agosto de 2014 e viu na medicina personalizada uma forma de aliviar os efeitos colaterais da quimioterapia.
“Comecei o tratamento como uma quimioterapia convencional, como todos fazem. No início do tratamento, não haviam muitos medicamentos que tratassem apenas do câncer de pulmão. A médica que me acompanhou, e me acompanha até hoje, insistiu muito para que eu fizesse um exame específico onde acontece uma pesquisa de mutação genética. Pelo meu perfil ela achava que poderia ter alguma mutação, já que eu não tinha histórico que pudesse justificar tudo isso.”
O material foi enviado para uma análise no exterior e o laboratório identificou uma mutação genética na Patrícia. A partir da descoberta, a fonoaudióloga começou a receber um tratamento específico para o caso dela.
De acordo com o oncologista Marcos André da Costa, esse tipo de personalização é o caminho para tratamentos mais eficazes. “Essas drogas são o futuro da oncologia, temos drogas cada vez mais eficientes dentro de cada categoria.”
A ideia é usar o mapeamento para identificar qual gene é responsável pelo aparecimento de tumores e, a partir disso, saber qual a melhor opção para tratá-lo.
Para Marcelo Oliveira, líder da Foundation Medicine, um banco genético também é importante para tratamentos no futuro. “É pra que com base na jornada de pessoas que já viveram a doença, você ajude tratamentos futuros. O banco de dados é muito mais importante para o futuro do que para o presente.”
No entanto, a medicina de precisão ainda é para poucos. O acesso a esse tipo de tratamento contra o câncer é muito custoso. Apesar disso, Marcelo Oliveira, que lidera uma empresa de testes genéticos, é otimista, e acredita na universalização do tratamento:
“Muitos atores da sociedade hoje olham para a medicina personalizada. Eu posso dizer, sem medo de errar, que todos estão buscando melhores preços, diminuição de custo, para que o sistema seja mais sustentável.”
De acordo com ele, gerenciar melhor os recursos é um dos grandes objetivos de toda a cadeia de saúde, para que mais pessoas tenham acesso a um sistema de qualidade.
*Com informações da repórter Marcella Lourenzetto


quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Atezolizumabe: aprovada imunoterapia contra câncer de mama


Tratamento beneficiou mulheres que têm um dos tipos mais agressivos do tumor
16/05/2019 - 14h13minAtualizada em 20/05/2019 - 10h31min
Droga é usada em combinação com a quimioterapiareprodução / reprodução
Um novo tratamento para combater um dos mais agressivos tipos de câncer de mama foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta semana. O atezolizumabe, do laboratório Roche, é destinado ao tratamento do câncer de mama triplo-negativo. Agora, o medicamento passa pelo processo de precificação, feito pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), o que dura cerca de três meses antes de chegar ao mercado.
A terapia, explica Carlos Barrios, diretor do Centro de Pesquisa em Oncologia do Hospital São Lucas da PUCRS e médico do grupo Oncoclínicas, foi desenvolvida porque nem todas as pacientes têm o mesmo tipo de câncer: 
— Depois do diagnóstico, precisamos classificar essas pacientes com o subtipo, pois o tratamento depende disso. 
O triplo-negativo é denominado a partir da ausência da expressão de três biomarcadores comumente empregados na classificação da doença: receptor de estrógeno, receptor de progesterona e proteína HER-2. Segundo Barrios, o triplo-negativo é o que tem pior prognóstico e é mais agressivo, pois se prolifera com facilidade para outras partes do corpo como pulmões, ossos, cérebro e fígado.  
— Esse grupo de pacientes se trata exclusivamente com quimioterapia. E foi nesse nicho que se fez o estudo — completa o médico. 
Todas as pacientes selecionadas para a pesquisa tinham este subtipo de câncer. Elas foram divididas em dois grupos: um que foi tratado só com quimioterapia e outro que recebeu quimio e o novo medicamento. Na comparação entre as duas amostras, as que receberam a imunoterapia tiveram sobrevida de 25 meses, contra 15 meses das que só fizeram quimio. 
— Mas o que é a imunoterapia? Este remédio faz com que o sistema imunológico "acorde" e reaja contra o tumor. Assim, ele reconhece o tumor e o ataca, pois uma das formas que, eventualmente, o câncer se desenvolve é se escondendo desse sistema. 
Entre as pacientes com câncer triplo-negativo, o tratamento se mostrou mais benéfico para o grupo de mulheres que tinham o biomarcador chamado de proteína PDL-1, que representa 41% dos casos. 
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam que o câncer de mama é o que mais acomete as brasileiras, representando 29,5% da incidência da doença no país entre as mulheres e quase 60 mil novos casos ao ano. O triplo-negativo representa em torno de 15% deste total. 

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Novo medicamento contra câncer de mama aumenta taxas de sobrevivência


Pesquisa realizada com mulheres jovens mostra aumento na sobrevivência de mulheres com câncer de mama — Foto: Pixabay

Sobrevivência de mulheres jovens chegou a 70% das pacientes contra 46% das que receberam o tratamento padrão.
Por France Presse
01/06/2019 19h44  Atualizado há um dia

Um novo medicamento melhora drasticamente as taxas de sobrevivência de mulheres jovens com a forma mais comum de câncer de mama, afirmaram cientistas neste sábado (1), citando os resultados de um teste clínico internacional.
As descobertas, apresentadas na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica em Chicago, mostraram que a adição de um medicamento conhecido como inibidor de ciclinas no tratamento elevou as taxas de sobrevivência a 70% contra 46% das mulheres que receberam o tratamento padrão.
A taxa de mortalidade foi 29% menor do que quando as pacientes receberam um placebo.
A autora principal do estudo, Sara Hurvitz, disse à AFP que o estudo se centrou no câncer de mama com receptores hormonais positivos, que representa dois terços de todos os casos de câncer de mama entre as mulheres mais jovens e que no passado foi geralmente tratado com terapias que bloqueiam a produção de estrogênio.
"Realmente, pode-se obter uma sinergia ou uma resposta melhor, uma eliminação melhor do câncer, ao acrescentar um destes inibidores no ciclo celular", além da supressão hormonal, disse Hurvitz.
O tratamento é menos tóxico do que a quimioterapia tradicional porque ataca de forma mais seletiva as células cancerosas, bloqueando sua capacidade de se multiplicar.
O teste, que analisou mais de 670 casos, incluiu apenas mulheres com menos de 59 anos, que tinham câncer avançado (na etapa 4), para os quais não tinham recebido tratamento de bloqueio hormonal prévio.
"Estas são pacientes que tendem a ser diagnosticadas mais tarde, em uma etapa posterior de sua doença porque não temos grandes modalidades de detecção para as mulheres jovens", disse Hurvitz.
"Isso é o que nos emociona tanto, porque é uma terapia que afeta muitas pacientes com a doença avançada", acrescentou.
O oncologista Harold Burstein, do Instituto de Câncer Dana-Farber, em Boston, e que não participou da pesquisa, disse que este é "um estudo importante", que estabeleceu que o uso de inibidores de ciclinas "se traduz em um benefício significativo para a sobrevivência das mulheres".
A pesquisa recebeu recursos da farmacêutica Novartis.
"Esperamos que estes dados permitam o acesso deste produto a mais mulheres em todo o mundo", acrescentou Burstein.


quinta-feira, 19 de abril de 2018

Nove são presos por desviar remédios de alto custo para tratamento de câncer em 3 estados e no DF

Investigação aponta que grupo conseguiu R$ 16,5 milhões ao revender medicamentos para hospitais e clínicas entre setembro de 2014 e maio de 2016.


Por Bruno Tavares e Robinson Cerântula, TV Globo e G1 São Paulo
31/01/2018 07h40  Atualizado há menos de 1 minuto
Nove pessoas foram presas na manhã desta quarta-feira (31) acusadas de desviar medicamentos de alto custo de órgãos públicos. A investigação aponta que o grupo conseguiu R$ 16,5 milhões ao revender medicamentos para hospitais e clínicas entre setembro de 2014 e maio de 2016.
Os nove mandados de prisão e 16 de busca e apreensão da operação Medlecy 2 foram cumpridos em São Paulo, Goiás, Espírito Santo e Distrito Federal. Eles foram presos pelas práticas de organização criminosa e crime contra a saúde pública.
A operação coordenada pela Corregedoria Geral da Administração, do Governo do Estado de São Paulo, e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, é desdobramento das investigações iniciadas em abril de 2015 em Bauru, no interior paulista, que apurou a atuação de grupo criminoso.
Segundo essa primeira investigação, os criminosos conseguiam medicamentos de alto custo de origem ilícita, como furto, roubo e desvio de órgão público, para, em seguida, por meio de empresas de fachada, promover a venda desses medicamentos a clínicas e hospitais. Nesta operação, nomeada de Medlecy, foram cumpridos 12 mandados de prisão e oito continuam presos.
Ao término dessa investigação, que durou cerca de um ano, o Gaeco ofereceu denúncia contra 15 pessoas residentes em Piratininga, Bauru, São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto e Goiânia por organização criminosa, crime contra a saúde pública e receptação dolosa qualificada.
Após essa primeira investigação do Gaeco, a Corregedoria identificou que caixas dos medicamentos de alto custo recuperadas durante a operação inicialmente tinham sido vendidas à Secretaria de Estado da Saúde para o tratamento de câncer. Pelos valores de aquisição, cada caixa custava cerca de R$ 8 mil.
A Corregedoria também identificou que um dos investigados é funcionário público do estado de São Paulo e trabalha como motorista no Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Entre abril e maio de 2016, o servidor teria recebido R$ 125 mil em depósitos bancários.
Paralelamente ao cumprimento dos mandados, estoques das farmácias de alguns hospitais estaduais foram vistoriados.


19/05/2016 15h45 - Atualizado em 19/05/2016 17h57
Quadrilha que desviava remédios participava de licitações, diz Gaeco
Foram apreendidos R$ 4 milhões em medicamentos de alto custo.
Doze pessoas foram presas na operação no interior de São Paulo.
Do G1 Bauru e Marília
quadrilha presa nesta quinta-feira (19) em uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Bauru (SP), contra fraudes em notas fiscais de medicamentos de alto custo, é suspeita de desviar medicamentos para tratamento de câncer de hospitais e depois participar de licitações para vender os produtos para instituições de saúde. A operação é realizada em conjunto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Polícia Militar.
As investigações apontam que um distribuidor de medicamentos receberia esses produtos, desviados com a ajuda de funcionários de instituições de saúde, e entraria em processos de licitação para vendê-los aos hospitais, segundo o Gaeco.
Já foram apreendidos R$ 4 milhões em medicamentos, a maioria de uso restrito de hospitais. Em nota, o Gaeco informou que 11 pessoas foram presas preventivamente e uma está em prisão domiciliar. Seis prisões ocorreram em Piratininga e Bauru, três em Ribeirão Preto, uma em Campinas, uma em São Paulo e uma em Goiânia (GO).
Segundo as investigações, que começaram há um ano, um funcionário desviava medicamentos da Santa Casa de Araraquara e vendia os remédios por preços bem abaixo do mercado. A Anvisa começou a suspeitar desse desvio e procurou o Gaeco que junto com o serviço de inteligência da Polícia Militar iniciou as investigações em várias cidades do estado de São Paulo e também em Goiânia.
Remédios na casa
Boa parte dos medicamentos apreendidos foi encontrada em uma casa que fica na Vila Indepedência, bairro de Bauru (SP). Segundo o sargento da PM, Jairo Constâncio, os medicamentos, a maioria para usada no tratamento de câncer, eram estocados na casa até serem distribuídos.
No bairro Ferradura Mirim, também em Bauru, foram encontrados muitos medicamentos em um escritório e duas pessoas foram presas.    
Gaeco também cumpriu um mandado de busca e apreensão na residência de um funcionário da Santa Casa de Araraquara. Na casa do funcionário, no bairro Santa Angelina, os policiais que participaram da ação encontraram três caixas do medicamento Glivec, utilizado no tratamento de pessoas com câncer, com custo estimado de R$ 5 mil cada.
O suspeito não estava no imóvel e a equipe foi até o escritório dele na Santa Casa para realizar novas buscas, mas ele também não foi encontrado no hospital. A esposa do funcionário foi levada para a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) e está prestando depoimento.
"Ele não foi localizado, mas, após uma minuciosa busca na residência, foram localizadas três caixas de remédios com valor estimado no mercado de R$ 15 mil, então, de certa forma, a operação foi um sucesso e agora as investigações da DIG e do Gaeco com certeza vão colaborar para descobrir como é a ramificação desse grupo criminoso", disse o tenente da Polícia Militar Richard Braga de Oliveira.
Em nota, a Santa Casa de Araraquara ressaltou que o investigado é o funcionário e não a instituição e que o trabalhador em questão foi afastado imediatamente das funções que exercia. A nota esclarece ainda que a Santa Casa abriu às portas para a ação da polícia e tem colaborado com as investigações do Ministério Público.
Entenda a operação
O Gaeco de Bauru, em conjunto com integrantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Polícia Militar, promoveu nesta quinta-feira (19) uma 
operação para prender uma quadrilha suspeita de fraudar notas fiscais de medicamentos de alto custo e vender os produtos no mercado.
Só em um dos locais vistoriados foram apreendidos caixas de medicamento que custam em média R$ 5 mil cada. Carros de luxo utilizados pelo grupo também foram apreendidos em Piratininga. Foram cumpridos 37 mandados de prisão, busca e apreensão em Bauru, Piratininga, Arealva e Agudos, além de Ribeirão PretoCampinasGuarulhosJundiaíMonte Mor, Araraquara, São PauloOsasco, e Goiânia.
Os integrantes da quadrilha podem responder por organização criminosa, crime contra à saúde pública e receptação dolosa qualificada.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Novo medicamento contra leucemia começa a ser vendido no Brasil


Por Estadão Conteúdo access_time 5 set 2017, 16h42 - Publicado em 4 set 2017, 18h24 more_horiz
Paciente com câncer recebendo tratamento de quimioterapia em um hospital de San Francisco
Vacina: a droga foi aplicada legalmente no Brasil pela primeira vez no hospital cearense (Justin Sullivan/Getty Images)

Produto é um anticorpo que "ensina" as células de defesa do organismo do paciente a atacar as células doentes

Fortaleza – Um medicamento inovador para o tratamento de leucemia com recidiva começou a ser comercializado no País. A droga Blinatumomab, conhecida como Blincyto, possui tecnologia de ponta e seu mecanismo de ação visa ativar a defesa do próprio organismo do paciente para destruir as células tumorais. A molécula se liga à célula tumoral e à célula imune do paciente, fazendo que o tumor seja destruído pelo sistema imune do próprio paciente.

Um paciente do Hospital São Camilo Cura d’Ars, em Fortaleza (CE), foi um dos primeiros a usar o medicamento assim que ele passou a ser comercializado. Outros 58 pacientes, porém, já haviam sido beneficiados desde 2015 dentro do Programa de Acesso Expandido da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que antecipa o fornecimento de algumas drogas inovadoras de modo restrito, mesmo antes de sua aprovação final no País.

Segundo o responsável pelo tratamento do paciente no hospital São Camilo e pós-doutor em hematologia, Ronald Feitosa Pinheiro, o medicamento é indicado justamente para o caso do paciente em questão.

O tratamento foi iniciado na última sexta-feira, 1º, e o paciente já demonstra sinais de melhora. Segundo Pinheiros, “as ‘células ruins’ caíram de 60 mil para 4 mil”. A duração total do tratamento é de 28 dias.

Correção

Ao contrário do informado inicialmente nesta reportagem, que recebeu o título “Paciente de hospital em Fortaleza é o 1º do País a receber vacina para tratar câncer”, o Blincyto não é uma vacina, nem o paciente de Fortaleza foi o primeiro a recebê-lo.

De acordo com o laboratório Amgen, que produz a droga, trata-se de um anticorpo monoclonal, cujo mecanismo de ação visa a ativar a defesa do próprio organismo do paciente para destruir as células tumorais. Desse modo, não é uma vacina, pois o tratamento com o produto não tem fim preventivo.

Ainda segundo a empresa, é indicado para tratamento da Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA), de precursores de célula B, recidivada ou refratária, em adultos.
Desde 2015, por meio do Programa de Acesso Expandido da Anvisa, o produto já vinha sendo oferecido de modo gratuito a pacientes brasileiros.

De acordo com a Amgen, 58 pessoas foram beneficiadas neste período. A novidade é que em julho ele teve o preço aprovado pela Anvisa e, agora, a droga passou a ser comercializada no País. Ela é coberta por planos de saúde.

Por meio de nota, a empresa também alertou que o tempo de tratamento ainda é curto para falar em melhora. “A Amgen fica muito satisfeita em saber que, na percepção do médico responsável, o paciente já vem apresentando sinais de melhora. Porém, apesar do índice apontado como sinal de melhora – contagem de células tumorais – ser um dos indicativos de resposta ao tratamento, este é um período muito curto para medir e confirmar o sucesso da terapia”, informou a empresa.


O tratamento consiste em ciclos de 28 dias. Podem ser realizados, conforme indicação em bula, até 5 ciclos, dependendo da resposta do paciente e da decisão do médico.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Um quarto dos pacientes com câncer usou maconha medicinal nos EUA, diz estudo


Primeira clínica de maconha medicinal foi inaugurada em janeiro de 2016, em Nova York (Foto: REUTERS/Shannon Stapleton)

Maconha é usada para alívio de sintomas do tratamento. Estudo publicado na revista 'Cancer', no entanto, mostra que muitos não estão sendo orientados por médicos, o que pode gerar riscos.
  

Por G1
25/09/2017 09h10  Atualizado há 2 horas

Um quarto dos pacientes sobreviventes do câncer (24%) fizeram uso da maconha medicinal no último ano para aliviar sintomas físicos e psicológicos nos Estados Unidos, informa estudo publicado nesta segunda-feira (25) na revista científica "Cancer", publicação da American Cancer Society.

A pesquisa também mostrou que uma legislação mais permissiva em muitos estados americanos contribuiu para esse número. O estudo mostrou que 24% usaram maconha no último ano -- o que estima o uso associado ao tratamento do câncer -- e 21% no último mês.

Os dados foram consistentes com análise de urina feita por pesquisadores, que mostrou que 14% havia feito uso de cannabis na última semana.

Se considerado o uso em alguma vez no passado, sem um período determinado, mais da metade (66%) informaram o consumo.

Atualmente, mais da metade dos estados nos Estados Unidos aprovam leis que permitem o uso da maconha medicinal de alguma forma. O estudo mostra que, se a disponibilidade da planta começar a crescer, mais pacientes terão acesso à maconha para o tratamento do câncer.

O principal uso da erva entre pacientes oncológicos se dá para o alívio de náuseas na quimioterapia, mas há outros usos não totalmente mapeados por estudos clínicos.

Foi também com o objetivo de entender esse uso que o pesquisador Steven Pergam e sua equipe entrevistaram 926 pacientes no Seattle Cancer Center Alliance.

O grupo descobriu que, além do uso para sintomas físicos (dor e náuseas), pacientes com câncer também utilizaram a cannabis por razão psicológicas: para lidar com o estresse, depressão e insônia.

Falta de informação e problemas
A pesquisa demonstrou também que a maioria dos pacientes nesse grupo teve um forte interesse em aprender sobre maconha durante o tratamento -- e 74% procurou informações sobre o assunto em associações de cuidados com o câncer.

De acordo com os pesquisadores, embora quase todos os entrevistados desejassem que seus médicos fornecessem mais informações sobre o assunto, a maioria relatava que eles eram mais propensos a obter informações de fontes fora do sistema de saúde.

"Os pacientes com câncer desejam, mas não estão recebendo informações de seus médicos de câncer sobre o uso de maconha durante o tratamento", diz Pergam, em nota sobre o estudo.
O pesquisador espera que mais estudos ajudem a avaliar os riscos e benefícios da cannabis nessa população e que a comunidade científica ajude médicos a informar mais sobre o tema -- já que o uso da maconha pode não ser benéfico para todos os pacientes e gerar efeitos colaterais indesejados.

"A informaçao é importante, porque se não educarmos nossos pacientes sobre maconha, eles continuarão a obter suas informações em outro lugar."

O uso da maconha medicinal no Brasil
No Brasil, é permitido a importação de um derivado da cannabis, o canabidiol (CBD), para casos em que não há outros tratamentos disponíveis. É possível a importação de outros produtos, com o THC como base, desde que pedido a importação diretamente na agência, com laudo médico e receita.

Neste ano, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) também incluiu a maconha na lista de plantas medicinais, mas não liberou o uso, que continua proibido no Brasil.
A inclusão apenas reconhece o potencial da erva para pesquisas futuras e regulamentações de medicamentos, o que permite desburocratizar processos de aprovação no futuro.
Em janeiro de 2017, a agência aprovou o registro do primeiro medicamento à base de maconha no país, indicado para a esclerose múltipla.

Na Justiça, alguns pacientes que não tiveram condições para comprar medicamentos importados e tinham doenças graves, conseguiram autorização para o autocultivo.