quinta-feira, 28 de maio de 2015

Salão de beleza em hospital de SP melhora autoestima de homens com câncer

Camila Neumam
Do UOL, em São Paulo
08/04/201506h00
  • Júnior Lago/UOL


O pedreiro azulejista Caetano Donizete da Silva, 57, internado no Icesp para tratar um câncer no estômago, faz a barba e limpeza de pele no hospital

Cabelo cortado, barba feita, pele hidratada e unhas em dia. É com tratamentos de beleza que homens internados no Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) mantêm a autoestima durante o difícil tratamento contra o câncer.

O serviço também é oferecido às mulheres que se tratam no hospital público da capital paulista. Mas o Icesp observou um aumento da adesão dos homens neste ano, que ocupam 35% dos atendimentos. Um a cada três pacientes que procura pelas esteticistas é do sexo masculino, segundo uma pesquisa feita com 2.500 pacientes atendidos pelo projeto "Cantinho da Beleza".

Os tratamentos de beleza são oferecidos três vezes por semana no próprio leito hospitalar, mas devem ser agendados com antecedência. Esteticistas cortam os cabelos, aparam as sobrancelhas, fazem limpeza de pele e as unhas (sem tirar cutículas) tanto de homens quanto das mulheres. Os pacientes também podem pedir para fazer a barba e as pacientes mulheres podem aprender truques de maquiagem e como usar lenços.

Além de influenciar diretamente na autoestima dos pacientes, os encontros semanais quebram a rotina de exames e remédios. Essa mudança é vista com bons olhos pelos psicólogos que acompanham os pacientes para evitar que se deprimam. Muitos pacientes ficam abalados com as transformações físicas consequentes da quimioterapia.

Fim do baixo-astral
O pedreiro azulejista Caetano Donizete da Silva, 57, que está internado no Icesp para tratar um câncer no estômago, aderiu ao 'Cantinho' e aprovou a experiência. O morador do bairro do Jaraguá, na zona norte de São Paulo, diz ter ficado satisfeito com a primeira sessão na qual fez a barba, hidratou o rosto e aparou as unhas.

"Eu estava barbudo pra caramba e a pele dá uma ressecada com a quimioterapia. Achei o serviço ótimo porque eles chegam aqui e acaba com aquele baixo-astral", diz.
Silva descobriu o câncer em janeiro deste ano, mas o tumor, que tem o tamanho de uma laranja, não pode ser retirado porque está colado ao estômago.

Atualmente ele passa por sessões de quimioterapia na tentativa de diminuir o tumor e facilitar a remoção. O câncer lhe causa dificuldades para comer, o que o fez perder muito peso. Ele pesava 93 kg na época do diagnóstico e hoje está com 60 kg espalhados pelo seu 1,70 m. "Quando eu me curar, a primeira coisa que quero fazer é comer uma feijoada e tomar uma cervejinha", diz.

Pronto para as visitas
Já o dentista Ricardo Freitas, 55, que combate um câncer no intestino e no pulmão, passa por sessões de quimioterapia de até 24 horas, que lhe causam dificuldades de locomoção. Por isso, ele gosta de renovar o visual para receber bem os parentes. Entre eles está o filho Fernando Freitas, 8, que o visita toda semana. O pequeno vem de São Vicente, no litoral paulista, e costuma ser acompanhado por um psicólogo do hospital.

"Faço o tratamento para fazer a barba, massagem e para tirar as olheiras. Como fico com um braço plugado na máquina para a quimioterapia e o outro com o soro, fica complicado me arrumar. Para mim essa equipe faz parte do tratamento do câncer", diz.

Para Freitas, ver o filho crescer é o maior estímulo para aguentar os efeitos colaterais do tratamento, que causa vômitos, diarreia, sérias queimaduras na pele e queda de cabelo.

"Tive um câncer de pele há três anos e eu não imaginava que iria para o intestino e para o pulmão. Meu pai morreu de câncer no pulmão. Por isso eu luto pelo meu filho, que é a razão da minha vida. Eu não desisti da luta por causa dele", diz emocionado.

Mais do que beleza
Para o psicólogo Lórgio Henrique Diaz Rodriguez, coordenador do serviço de psicologia hospitalar do Icesp, o trabalho ajuda os pacientes a lidarem melhor com o tratamento e com a própria doença. Segundo ele, a procura em melhorar a aparência já é um indicador de que o paciente luta para sobreviver. O Icesp tem uma equipe com cerca de 30 psicólogos que auxilia pacientes, acompanhantes e a própria equipe médica.

"Quando o paciente procura melhorar a aparência, ele demonstra que busca recursos de enfrentamento para lidar com a situação atual, o que pode repercutir na autoestima e favorecer uma melhor adesão ao tratamento. É diferente do paciente que se deprime, porque o primeiro impacto depois do diagnóstico é a negação da situação", diz.

Para Vânia Pereira, coordenadora do serviço de hotelaria do Icesp, o projeto 'Cantinho da Beleza' criado em 2009 tem o intuito de humanizar o tratamento. "Mais do que a beleza, queremos que o paciente resgate a autoestima, que volte a olhar para ele mesmo e não somente para a doença. Todos nós precisamos de afeto, de uma palavra amiga, de alguém que cuide da gente. A equipe entra no quarto para falar do tratamento de beleza, conversar, não falar da doença. É um momento de alegria, um chamego", diz Vânia.

Segundo a coordenadora, muitas vezes o foco na beleza fica mais voltado às mulheres, mas, embora mais tímidos, os homens costumam elogiar o serviço e repetem a dose. "Muitas vezes eles ficam sem ação quando oferecemos, talvez por não se preocuparem tanto quanto as mulheres e por poderem esperar um pouco mais para fazer a unha e cortar os cabelos. Mas quando eles fazem, querem imediatamente repetir toda semana", conta.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Estudo mostra diferenças entre países com relação à sobrevivência ao câncer


Em Londres
Um estudo sobre a porcentagem de sobrevivência das pessoas com relação ao câncer, realizado em 67 países, mostra que a situação melhorou na maioria dos países desenvolvidos, mas é mais difícil nos de menor desenvolvimento.

A análise, denominada "Concord-2" e publicada nesta quarta-feira (26) na revista médica britânica The Lancet, pesquisou a sobrevivência com relação ao câncer de mais de 25 milhões de pacientes entre 1995 e 2009 e observou, além disso, que os de fígado e pulmão são os de piores previsões.

A pesquisa, a cargo da especialista Claudia Allemani, professora da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, se centrou em avaliar a sobrevivência entre os adultos de entre 25 e 99 anos e entre os menores de 14 anos de idade.

Os cânceres estudados foram de estômago, cólon, reto, fígado, pulmão, mama, colo do útero, ovário e próstata, assim como a leucemia entre adultos e crianças, segundo o estudo no qual participaram 500 especialistas e segue outra avaliação feita em 2008.

As diferenças observadas nos países, acrescenta, é "provavelmente atribuível à desigualdade no acesso a um diagnóstico precoce e tratamentos ótimos".

Os pesquisadores constataram uma sobrevivência de cinco anos após o diagnóstico nos casos de câncer de cólon, reto e mama na maioria dos países desenvolvidos.

Os cânceres de pulmão e de fígado seguem sendo "letais" no mundo todo, diz o estudo, que afirma que no caso do primeiro, a sobrevivência de cinco anos após o diagnóstico está abaixo de 20% em toda Europa e na América do Norte a porcentagem se situa entre 15% e 19%. Já na Mongólia e Tailândia, a taxa é de 7% e 9%, respectivamente.

Apesar destes dados desalentadores, a pesquisa observou uma melhora importante na sobrevivência, em todos os países, de casos de câncer de próstata, mas principalmente em nações da América do Sul, Ásia e Europa, apesar de haver variações entre países.

No caso da sobrevivência de cinco anos ao câncer do colo do útero, as diferenças entre os países é muito importante, com variações que vão desde menos de 50% a 70%.

Segundo "The Lancet", para as mulheres que foram diagnostricadas com câncer de ovário entre 2005 e 2009, a sobrevivência foi de 40% no Equador, EUA e 17 países na Ásia e Europa, já no caso do câncer de estômago a sobrevivência foi de entre 54% e 58% entre 2005 e 2009 no Japão e Coreia do Sul, comparado com menos de 40% em outros países.

No caso da leucemia entre os adultos, a sobrevivência de cinco anos no Japão e Coreia do Sul foi de entre 18% e 23%, porcentagem mais baixa que na maioria dos outros países.

Quanto à leucemia linfoblástica aguda entre as crianças, a sobrevivência é de menos de 60% em vários países, mas chega a 90% no Canadá e quatro países europeus (Áustria, Bélgica, Alemanha e Noruega), o que faz pensar que há grandes diferenças no atendimento desta doença.

A sobrevivência de câncer de pulmão melhorou em países como Israel, onde passou de 17% a 24%, e Japão, de 23% a 30%, mas não é muito boa em outros países europeus, onde chega a 10%.


"The Lancet" afirma que a contínua vigilância da sobrevivência do câncer deveria ser uma fonte indispensável de informação para os pacientes e pesquisadores e um estímulo para que os políticos melhorem as medidas na área de saúde.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Dia das Mães


Mãe de barriga ou mãe de vida, mãe desde sempre ou escolhida... Os tipos mudam, mas o amor fica. Feliz Dia das Mães!