quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Microsoft assume responsabilidade e diz que descobrirá cura do câncer em dez anos



Microsoft ultimamente anda assumindo grandes responsabilidades. Após anunciar o investimento em jovens brasileiros, a companhia de Redmond acaba de fazer mais uma grande promessa para o futuro: descobrir a cura do câncer nos próximos dez anos. Pode parecer um pouco estranho, mesmo com a companhia aplicando dinheiro em projetos inovadores através da Fundação Bill e Melinda Gates, mas a mesma pretende chegar a essa incrível conquista, assim como a cura da AIDS, utilizando do seu vasto conhecimento e experiência em computadores

A resposta para isso é um tanto quanto simples e a Microsoft pretende tratar as células cancerígenas como se fossem vírus de computador, monitorando as replicações e tentando reprogramar o material genético. Para isso, a gigante de Redmond está desenvolvendo uma unidade de "computação biológica", em que as células poderiam habitar o ambiente orgânico e computacional, auxiliando o trabalho dos pesquisadores. O prazo fixado para isso é de, no máximo,

O campo da biologia e o da computação parecem ser como a faca e o queijo. Os processos complexos que ocorrem nas células tem alguma similaridade com aqueles que acometem um computador de mesa comum", avalia Chris Bishop, chefe de pesquisa do laboratório da Microsoft em Cambridge, Reino Unido.

Dessa forma, além de provar - mais uma vez - que a tecnologia é uma grande aliada da medicina, a Microsoft e sua equipe se consagrariam por toda a história não só por seu legado na era dos computadores dez anos. Como também da biologia, além, é claro, em uma visão mais otimista e sem pensar nos lucros que pode obter com isso, transformar a vida de muitas pessoas.


MICROSOFT QUER ‘RESOLVER’ O CÂNCER DENTRO DE DEZ ANOS
|Publicado em: 20 de setembro de 2016
PROJETO TRATA TUMOR COMO VÍRUS DE COMPUTADOR, COM INTUITO DE REPROGRAMAR DOENÇA

RIO — A Microsoft pretende “resolver” o câncer dentro de dez anos. A companhia, conhecida por sua atuação na indústria de softwares, está trabalhando para tratar a doença como um vírus de computador, que invade e corrompe as células do corpo. Dessa forma, a expectativa é que no futuro próximo seja possível monitorar essas células e, potencialmente, reprogramá-las para que elas se tornem saudáveis novamente.

Para isso, a empresa construiu uma unidade de Computação Biológica, com o objetivo final de transformar células em computadores vivos. Dessa forma, elas seriam capazes de serem programadas e reprogramadas para tratar praticamente qualquer doença. No curto prazo, a companhia pretende utilizar a inteligência artificial para encontrar uma cura para o câncer, no projeto batizado como Hanover.

De acordo com a companhia, uma máquina de aprendizagem será abastecida com os milhares de estudos que são publicados em periódicos científicos para ajudar médicos e pacientes a personalizar tratamentos para a doença. O arquiteto do Hanover, Hoifung Poon, está trabalhando com pesquisadores do Knight Cancer Institute, da Universidade do Oregon, para que o sistema descubra combinações de drogas efetivas no combate da leucemia mielogênica aguda, um tipo quase sempre fatal de câncer que não teve grandes avanços em tratamentos nas últimas décadas.

O câncer é causado por mutações genéticas que fazem com que as células cresçam e se multipliquem sem controle. A possibilidade de encontrar essas mutações específicas levaram ao surgimento de novas drogas, que atacam a doença de forma mais precisa, aumentando as taxas de sobrivivência. De acordo com relatório da organização Pharmaceutical Research and Manufacturers of America, existem mais de 800 medicamentos e vacinas em testes clínicos contra o câncer.

— É excitante, mas também nos fornece um desfio de como lidar com tantos dados — disse Jeff Tyner, diretor do Knight Institute, à Bloomberg. — É por isso que a ideia de um biólogo trabalhar com cientistas da informação é tão importante. A combinação de todos esses recursos vai ajudar a tornar os mais recentes avanços em terapias mais efetivas e menos tóxicas.

PROCESSOS SIMILARES AOS DE COMPUTADORES
Aparentemente, os campos da biologia, matemática e computação são distintos, mas as barreiras que as separam estão sendo quebradas nos últimos anos.

— Os processos complexos que acontecem nas células possuem alguma similaridade com aqueles que acontecem em um computador desktop padrão — disse Chris Bishop, diretor do laboratório da Microsoft Research em Cambridge, à revista “Fast Company”.

Dessa forma, esses processos complexos também podem, potencialmente, serem compreendidos por um computador desktop. E esses mesmos computadores podem ser usados para compreender como as células se comportam para tratá-las quando necessário. Se isso for possível, os computadores não apenas entenderão os motivos das células se comportarem de determinada maneira quando se tornam cancerígenas, mas também poderão disparar uma resposta dentro da célula, para reverter essa programação.

Andrew Philips, que lidera a unidade de Computação Biológica, afirmou ao “Telegraph” que em cerca de 5 anos um sistema para detectar problemas nas células estará pronto.

— É um prazo longo, mas eu penso que será tecnicamente possível dentro de 5 a 10 anos criar um sistema molecular inteligente que seja capaz de detectar doenças — disse Philips.

Os pesquisadores já desenvolveram um software que simula o comportamento sadio de uma célula, batizado como Bio Model Analyser, que pode ser comparado com o de uma célula doente para pesquisar onde o problema ocorreu e como pode ser consertado.

— Se nós formos capazes de controlar e regular o câncer, ele se tornará como qualquer doença crônica, e o problema estará solucionado — disse Jasmin Fisher, pesquisador da Universidade Cambridge. — Eu acredito que para alguns tipos de câncer, o prazo é de cinco anos, mas definitivamente dentro de uma década. Então, teremos provavelmente um século livre do câncer.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Cientistas criam ovário artificial para mulher que passa por quimioterapia

Do UOL, em São Paulo
09/09/201606h00


·         Reprodução/New Scientist

A infertilidade é um dos efeitos colaterais que uma mulher enfrenta quando é submetida à quimioterapia --os óvulos e folículos (estágio inicial do óvulo) são vulneráveis ao tratamento de câncer e podem ser destruídos, principalmente em casos de leucemia, cânceres cerebrais e linfomas. Para contornar isso, cientistas criaram um ovário sintético que evitaria a infertilidade e permitiria a gravidez sem riscos após a quimioterapia.
Segundo estudo publicado no jornal Reproductive BioMedicine, o protótipo do primeiro órgão sintético capaz de manter os folículos vivos e protegidos fora do corpo da mulher (ovário artificial) é feito de proteínas normalmente encontradas em coágulos de sangue.
A novidade seria uma alternativa ao procedimento usado atualmente de remover e congelar os tecidos ovarianos antes do tratamento de câncer para um reimplante após a alta --cirurgia que funciona, mas envolve o risco de que os tecidos reintroduzam células cancerígenas ocultas. 
A equipe afirma que o ovário artificial representa um grande avanço, mas falta aprofundar a pesquisa para saber se o procedimento será completamente bem-sucedido em mulheres. 
https://t.dynad.net/pc/?dc=5550001580;ord=1473427150791

Como funcionará o novo tratamento
Primeiramente, o cirurgião removeria um dos ovários da paciente que vai passar por quimioterapia e transferiria seus folículos para um ovário artificial.
Em seguida, assim que o câncer fosse eliminado, milhares de células que ajudam os folículos a se tornarem óvulos seriam retiradas do ovário remanescente e colocadas dentro do artificial, para estimulação.
Na última fase, o ovário sintético seria transplantado e começaria a funcionar, de acordo com Christiani Amorim, da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, que participou da pesquisa.
Durante o estudo, os cientistas implantaram dois ovários sintéticos em oito ratas. Após uma semana da cirurgia, mais de um quinto dos folículos ainda estavam vivos. Essa proporção é a mesma conseguida no transplante de tecido ovariano, diz Amorim:
Este processo já resultou em mais de 60 bebês desde 2004, então nossos resultados com o ovário artificial são muito encorajadores

Menopausa e endometriose na fila
O otimismo com a nova técnica se estende para outros problemas.
Os folículos são um dos responsáveis pela produção de hormônios como o estrógeno, que causam alterações no organismo feminino, por isso os ovários artificiais poderiam ser utilizados para atrasar ou aliviar os sintomas da menopausa.
Na cirurgia para tratar a endometriose também há perda de muitos folículos, então o ovário artificial também ajudaria nesses casos.
"O método pode ser usado por mulheres que desejam adiar o plano de ter filhos ou por pacientes que queiram adiar a menopausa", afirmou Claus Andersen, do hospital universitário de Copenhague, na Dinamarca.
"O objetivo principal não é a juventude, mas evitar os problemas de saúde que são normalmente ligados à menopausa, como osteoporose e doenças cardíacas", reforça Amorim.

A equipe afirma que o progresso do trabalho é fascinante, mas ainda é uma questão em aberto se será completamente bem-sucedido em mulheres, mais pesquisas aprofundadas serão realizadas.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Em cinco anos, gasto com tratamento contra câncer cresceu 66%

Estadão Conteúdo15/08/2016

O gasto do Ministério da Saúde com tratamentos contra câncer cresceu 66% nos últimos cinco anos, saltando de R$ 2,1 bilhões em 2010 para R$ 3,5 bilhões em 2015, segundo levantamento da pasta feito a pedido do Estado. O montante inclui recursos para procedimentos como cirurgias oncológicas, quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia e cuidados paliativos.

Também cresceu, no período analisado, o número de pacientes com câncer atendidos no Sistema Único de Saúde (SUS). Nos últimos cinco anos, o volume de doentes em tratamento na rede pública passou de 292 mil para 393 mil.

Os números são reflexos do aumento de casos de câncer no País nos últimos anos e do lançamento de novas terapias e medicamentos de alto custo contra a doença. Eles indicam um desafio para os gestores do sistema: com o envelhecimento da população, a tendência é que os casos da doença cresçam ainda mais e exijam um investimento maior nas áreas de prevenção, detecção e tratamento.

"As causas do câncer são divididas em podem ser prevenidas ou não. Entre as que tem prevenção está o envelhecimento da população. A expectativa de vida no Brasil aumentou por causa das melhores condições sanitárias, de acesso aos serviços da saúde, prevenção e educação. A célula normal, com o envelhecimento, vai reduzindo o poder de vigilância e reparo contra as agressões. O processo de defesa passa a ser mais lento e a célula maligna ganha esta corrida", explica Maria Paula Curado, coordenadora do grupo de epidemiologia do A.C. Camargo Cancer Center.

Isso explica por que a incidência de câncer é maior em pessoas mais velhas. "Vários cânceres aumentam com a idade, como o de mama, os tumores gastrointestinais, alguns hematológicos", diz Auro del Giglio, coordenador do HCor Onco e da oncologia clínica do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC) e professor titular de hematologia e oncologia da Faculdade de Medicina do ABC.

Segundo os especialistas, mesmo entre os cânceres que podem ser prevenidos, a idade avançada acaba aumentando o risco de desenvolvimento da doença, porque o tempo de exposição a fatores cancerígenos, como tabaco, é maior. "O câncer é uma doença com período de latência longo, ou seja, a carcinogênese ocorre pelo menos dez anos antes do aparecimento do tumor. Portanto, a prevenção e redução dos fatores de risco podem reverter as chances de desenvolvimento da doença", afirma Maria Paula.

Políticas
Para tentar reduzir o impacto do câncer sobre a população e sobre o orçamento público, os governos devem investir em políticas de diagnóstico precoce e promoção da saúde, dizem os especialistas.

"Tem de falar sobre a doença, estimular a educação para a saúde, reduzir a obesidade, fazer leis que restrinjam ainda mais o tabagismo, colocar a prevenção do câncer ao alcance da população e dar vazão aos casos detectados. Não adianta diagnosticar precocemente e não ter como tratar rapidamente", diz Giglio.

Para Maria Paula, o sistema de saúde deve buscar maior eficiência. "Uma rede pública eficiente de saúde deve ter indicadores de avaliação periódicos, como a sobrevida dos pacientes tratados, a mortalidade e a tendência de incidência. Avaliar o sistema quanto ao número de casos iniciais tratados e a sobrevida desses casos dá a fotografia da saúde do paciente com câncer", opina.