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quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Novidades em tratamentos oncológicos aumentam esperança de pacientes

Alguns anos atrás, acreditava-se que não havia vitória no combate ao câncer, com a evolução da medicina oncológica, os tratamentos foram se mostrando eficientes para dar mais qualidade de vida aos pacientes tratados. A Revista conversou com especialistas que contaram o que há de novo nesses tratamentos

O câncer é a segunda causa de morte em todo o planeta, ficando atrás apenas das doenças cardiovasculares, mas a estimativa é que assuma a liderança do ranking até 2025, quando deverá ser responsável por 6 milhões de falecimentos no ano.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente 43,8 milhões de pessoas no planeta vivem os cinco anos de prevalência da doença, sendo que 1,3 milhão delas estão no Brasil. Considerando apenas as estimativas de novos casos previstos pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), até o final do último ano, 625 mil brasileiros foram diagnosticados com câncer. Diante desse cenário, um dos questionamentos que surge é de que forma o sistema de saúde brasileiro tem se preparado para atender essa demanda.

O oncologista, fundador e presidente do Conselho de Administração do Grupo Oncoclínicas, Bruno Ferrari, explica que do ponto de vista técnico, a qualidade dos profissionais brasileiros não deixa a desejar de nenhum americano, asiático ou europeu. “O que existia de gap no Brasil era estrutural, além de estratégias e projetos que olhassem a oncologia a longo prazo.”

Para ele, está sendo construído um perfil específico da oncologia brasileira. “Ela deixa de ser nos últimos anos uma oncologia de alto nível técnico mas muito espelhada no que acontece fora do Brasil de uma maneira não estruturada, para uma linha de cuidado mais específica com um DNA nacional.”

Bruno Ferrari detalha que o tratamento oncológico oferecido no Brasil é de alta qualidade. “Obviamente é preciso melhorar os incentivos às pesquisas e outras estratégias de acesso para que todos os brasileiros tenham amplo acesso ao diagnóstico precoce e às melhores alternativas de tratamento. Mas estamos evoluindo e, mesmo com a pandemia, vimos os sistemas de saúde público e privado se organizarem para assegurar fluxos seguros a pacientes de outras doenças que necessitam ir aos hospitais, caso de muitos pacientes oncológicos.”

 

O que há de novo?

 

Robôs no suporte às cirurgias

As novas abordagens no tratamento oncológico incluem práticas inovadoras para a retirada de diferentes tumores. A cirurgiã torácica, líder de cirurgia do Grupo Oncoclínicas, Paula Ugalde, explica que tais avanços são devido a fusão da tecnologia com a medicina. “Essas práticas estão conquistando espaços importantes nas condutas oncológicas. Nesse sentido, o uso da robótica já faz parte do presente no tratamento do câncer e compõe o arsenal de alternativas que melhoram a qualidade de vida dos pacientes. Esses procedimentos cirúrgicos inovadores reduzem o tempo de internação, de exposição a infecções e contribuem efetivamente para o bem-estar do paciente.”

A integração da robótica aos procedimentos oncológicos, têm permitido a realização de cirurgias cada vez mais complexas, e minimamente invasivas. “Quando falamos em procedimentos minimamente invasivos, estamos na prática dizendo que há menor agressão ao paciente — quando operamos um paciente, estamos 'machucando' o corpo para tratar uma condição específica. Quanto menos a gente mexe com o corpo dessa pessoa, menos 'agride', melhor é a recuperação no geral”, detalha Paula Ugalde.

A evolução nos tratamentos de câncer se deve ao uso das tecnologias robóticas. Nas Américas, o Brasil é um dos países que têm mais robôs, para os pacientes com câncer, o resultado é excelente. “Podemos dizer que isso se traduz esteticamente em cicatrizes menos visíveis ou até mesmo inexistentes e obviamente em uma recuperação pós-cirúrgica facilitada, que contribui positivamente em toda a jornada de combate ao câncer e bem-estar como um todo do paciente.”

 

Genômica: essencial e cada vez mais presente no combate ao câncer

A individualização da linha de cuidado integral, desde o diagnóstico mais preciso até a definição da conduta de tratamento mais indicada, tende a ditar o tom para o tratamento de câncer agora e nos próximos anos. “Com o rastreamento do genoma e do DNA desses tumores, conseguimos saber suas particularidades e assim, encontrar a melhor forma de combater o seu avanço. E isso tem sido feito e os avanços nesses mapeamentos acontecem todos os dias, coletamos informações clínicas e genéticas para construirmos a base da inovação científica”, conta Rodrigo Dienstmann, diretor científico da Oncoclínicas Precision Medicine.

E se o diagnóstico precoce do câncer segue sendo o jeito mais efetivo de garantir melhores chances de respostas às terapêuticas aplicadas, a chamada oncologia de precisão traz respostas assertivas para que a medicação adotada atinja o alvo com grande acurácia, sob medida para as características da doença de cada indivíduo. “Isso significa que, com a ajuda da análise dos biomarcadores tumorais, ou seja, das alterações genéticas identificadas nas células daquele tumor específico e que trazem importantes informações para nos ajudar a desvendar o mecanismo da doença de acordo com cada caso de forma personalizada, podemos oferecer as melhores alternativas de tratamento em prol da qualidade de vida do paciente”, ressalta o especialista.

Bruno Ferrari conta que falar em prever o futuro da oncologia no atual cenário é um desafio, mas o acúmulo de dados integrando a genômica vai ter um grande impacto na seleção de tratamento e no suporte continuado ideal. “Eu acredito que a genômica, como outras tecnologias, vai permitir um olhar de lupa nos tumores; vamos individualizar ainda mais o tratamento de maneira real e já estamos chegando nesse momento. Eu não vejo alternativa pro futuro se não integrar a genômica à prática rotineira da oncologia.”

 

Imunoterapia avança para outros tratamentos

A ciência como aliada da prática médica se aplica ainda ao desenvolvimento de medicações cada vez mais personalizadas. Neste sentido, Carlos Gil enfatiza a ampliação do uso da imunoterapia no tratamento de mais tipos de câncer. Segundo ele, a técnica consiste em fortalecer certos aspectos da imunidade do paciente para que o próprio corpo combata o tumor. A verdadeira “arma secreta” contra o câncer, diz ele, está em nós mesmos:

“Os imunoterápicos já são parte da nossa realidade e tendem a se aperfeiçoar e ganhar espaço. Há cerca de dois anos esse tipo de medicação era usada apenas em alguns poucos casos de câncer, como o melanoma — tipo de câncer de pele — , mas agora ela já tem sido recomendada para tipos de tumores nas mamas, nos rins, gastrointestinais, pulmão, leucemia, linfoma e sarcoma. E não deve parar por aí”, destaca.

“A imunoterapia veio para ficar e nesse futuro próximo figura como alternativa bastante viável para o enfrentamento do câncer com ainda mais assertividade”, detalha Bruno Ferrari. Segundo o profissional, existe uma expectativa de que em 2023, 70% dos pacientes com câncer serão candidatos a alguma forma de imunoterapia - tratamento que consiste em estimular com uso de medicação o sistema imunológico do paciente para que ele reconheça as células malignas e as combata. “É um caminho se integrando de forma inteligente ao tratamento.”

Universalização do acesso às melhores condutas aos pacientes e compartilhamento de conhecimento entre especialistas caminham lado a lado

“O atendimento oncológico pode e deve ser multidisciplinar, integral e simultâneo. O que praticamos durante o simpósio de forma explicativa é o que queremos praticar no nosso dia a dia”, diz o oncologista Sergio Jobim Azevedo, coordenador científico do 8º Simpósio Internacional Oncoclínicas, que aconteceu em novembro de 2020.

Para ele, esse processo de democratizar e universalizar o conhecimento médico é amplamente favorecido pelo formato digital, uma das heranças positivas da pandemia. “Toda a programação foi disponibilizada de forma gratuita para médicos, estudantes de medicina e outras profissionais de saúde. Uma pessoa que está no extremo norte ou sul do país pode compartilhar desse momento”, reforça.

“O valor da cooperação entre especialistas é uma das principais mensagens que trouxemos. Tivemos a oportunidade de reunir os maiores especialistas em oncologia clínica, cirurgia oncológica e análise genética do Brasil e exterior para debater o que há de mais avançado nestes segmentos e compartilhar este conhecimento com médicos de todo o país. Unir as equipes envolvidas na linha de cuidado com certeza agrega muito no resultado final para o paciente”, acrescenta Sergio Azevedo. Ele ressalta que informações sobre os tratamentos, avanços, conquistas e desafios na luta contra o câncer precisam ser sempre compartilhados. Munidas dessas informações, as comunidades médica e científica conseguem evoluir e cobrar respostas por parte do poder público.

“Acredito piamente que a informação científica não deve ter barreiras. Só evoluiremos se caminharmos juntos. O câncer atinge toda a população, de classes altas e baixas e de todos os níveis de renda. Precisamos trabalhar na ampliação do entendimento sobre esses avanços tão significativos para que eles não fiquem restritos a um círculo fechado de especialistas e sejam disponibilizados rapidamente à população. É preciso garantir acesso ao melhor tipo de tratamento para todos”, finaliza.

 

*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira

https://www.correiobraziliense.com.br/revista-do-correio/2021/01/4902721-novidades-em-tratamentos-oncologicos-aumentam-esperanca-de-pacientes.html

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Atezolizumabe: aprovada imunoterapia contra câncer de mama


Tratamento beneficiou mulheres que têm um dos tipos mais agressivos do tumor
16/05/2019 - 14h13minAtualizada em 20/05/2019 - 10h31min
Droga é usada em combinação com a quimioterapiareprodução / reprodução
Um novo tratamento para combater um dos mais agressivos tipos de câncer de mama foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta semana. O atezolizumabe, do laboratório Roche, é destinado ao tratamento do câncer de mama triplo-negativo. Agora, o medicamento passa pelo processo de precificação, feito pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), o que dura cerca de três meses antes de chegar ao mercado.
A terapia, explica Carlos Barrios, diretor do Centro de Pesquisa em Oncologia do Hospital São Lucas da PUCRS e médico do grupo Oncoclínicas, foi desenvolvida porque nem todas as pacientes têm o mesmo tipo de câncer: 
— Depois do diagnóstico, precisamos classificar essas pacientes com o subtipo, pois o tratamento depende disso. 
O triplo-negativo é denominado a partir da ausência da expressão de três biomarcadores comumente empregados na classificação da doença: receptor de estrógeno, receptor de progesterona e proteína HER-2. Segundo Barrios, o triplo-negativo é o que tem pior prognóstico e é mais agressivo, pois se prolifera com facilidade para outras partes do corpo como pulmões, ossos, cérebro e fígado.  
— Esse grupo de pacientes se trata exclusivamente com quimioterapia. E foi nesse nicho que se fez o estudo — completa o médico. 
Todas as pacientes selecionadas para a pesquisa tinham este subtipo de câncer. Elas foram divididas em dois grupos: um que foi tratado só com quimioterapia e outro que recebeu quimio e o novo medicamento. Na comparação entre as duas amostras, as que receberam a imunoterapia tiveram sobrevida de 25 meses, contra 15 meses das que só fizeram quimio. 
— Mas o que é a imunoterapia? Este remédio faz com que o sistema imunológico "acorde" e reaja contra o tumor. Assim, ele reconhece o tumor e o ataca, pois uma das formas que, eventualmente, o câncer se desenvolve é se escondendo desse sistema. 
Entre as pacientes com câncer triplo-negativo, o tratamento se mostrou mais benéfico para o grupo de mulheres que tinham o biomarcador chamado de proteína PDL-1, que representa 41% dos casos. 
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam que o câncer de mama é o que mais acomete as brasileiras, representando 29,5% da incidência da doença no país entre as mulheres e quase 60 mil novos casos ao ano. O triplo-negativo representa em torno de 15% deste total. 

domingo, 4 de novembro de 2018

Após terapia experimental, médicos dizem que mulher em estágio terminal está livre do câncer



Direito de imagemARQUIVO PESSOAL Image caption Judy Perkins recebera o prognóstico de que viveria apenas três meses, mas tratamento experimental lhe permitiu não apenas sobrerviver, mas viajar e praticar canoagem (Foto: Arquivo Pessoal)

Judy Perkins havia recebido o prognóstico de que viveria apenas três meses mais; dois anos depois, ela vive com saúde graças a dose de 90 bilhões de suas próprias células, uma iniciativa que ainda precisa ser testada em grande escala.
Por BBC
04/06/2018 18h22  Atualizado há 13 horas

A vida de uma mulher com câncer de mama em estágio considerado terminal foi salva por um tratamento pioneiro, que consiste na aplicação de 90 bilhões de células imunológicas cujo objetivo é combater o tumor.

Segundo pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer, nos EUA, o tratamento ainda é experimental, mas pode ter efeito transformador em todas as terapias de combate ao câncer.

A mulher em questão é a americana Judy Perkins, 49 anos, que havia recebido, dois anos atrás, o prognóstico de que teria apenas três meses de vida restantes. A moradora da Flórida tinha câncer de mama em estágio avançado, que estava se espalhando - já havia tumores do tamanho de uma bola de tênis em seu fígado e em outras partes do corpo - e não havia mais perspectiva com tratamentos convencionais.

Hoje, porém, não há vestígios do câncer em seu corpo, segundo médicos. E Judy tem aproveitado a vida viajando e praticando canoagem.

"Cerca de uma semana depois (do tratamento pioneiro), eu comecei a sentir algo. Eu tinha um tumor no peito e conseguia senti-lo encolher", diz Judy à BBC. "Uma ou duas semanas depois, ele desapareceu."

Ela lembra que, ao fazer o primeiro exame após passar pelo tratamento, viu a equipe médica "saltitando de empolgação".
Foi quando ela soube que teria uma chance de cura.

'Droga viva'
O tratamento a que Judy foi submetido consiste em uma "droga viva", feita a partir das próprias células dela, em um dos centros de referência de pesquisa de câncer do mundo.

"É o tratamento mais altamente personalizado que se possa imaginar", diz à BBC o médico Steven Rosenberg, chefe de cirurgias no Instituto Nacional do Câncer dos EUA.

A terapia ainda dependerá de uma grande quantidade de testes até que possa ser amplamente usada, mas começa da seguinte forma: o tumor do paciente é analisado geneticamente, para que sejam identificadas as raras mutações que podem tornar o câncer visível ao sistema imunológico do corpo – e que podem, portanto, ser formas de combater os tumores.

No caso de Judy, das 62 anormalidades genéticas do seu câncer, apenas quatro eram potencialmente atacáveis pelo sistema imunológico.

Na verdade, o sistema imunológico já está, naturalmente, combatendo os tumores, mas está perdendo as batalhas.

Por isso, o passo seguinte dos pesquisadores é analisar os glóbulos brancos (as células imunológicas do corpo) para extrair as que são capazes de atacar o tumor.

Essas células serão, então, reproduzidas em enormes quantidades em laboratório.
Judy recebeu 90 bilhões de suas próprias células, junto com medicamentos que "retiram os freios" do sistema imunológico.

Com isso, "as mesmas mutações que provocam o câncer acabam se tornando seu calcanhar de Aquiles", diz Rosenberg.

'Mudança de paradigma'
Vale lembrar, porém, que os resultados animadores vêm por enquanto desse único caso isolado, e pesquisas em populações maiores serão necessárias para confirmar a validade do tratamento.
O desafio, até agora, na terapia imunológica contra o câncer é que ela às vezes funciona muitíssimo bem em alguns pacientes, mas sem beneficiar a maioria dos doentes.

"(O tratamento) é altamente experimental, e estamos apenas começando a aprender a aplicá-lo, mas potencialmente ele vale para qualquer câncer", afirma Rosenberg.

"Ainda há muito trabalho a fazer, mas há potencial para uma mudança de paradigma no tratamento de câncer - uma droga sob medida para cada paciente. É muito diferente de qualquer outro tratamento."

Os detalhes do caso de Judy Perkins foram publicados no periódico "Nature Medicine".
Para o médico Simon Vincent, diretor de pesquisas da organização Breast Cancer Now, os resultados são "extraordinários".

"É a primeira oportunidade de ver esse tipo de imunoterapia (agindo) contra o tipo mais comum de câncer de mama", diz ele.
"Potencialmente, pode-se abrir uma área completamente nova de tratamento para um grande número de pessoas."


Nobel de Medicina premia americano e japonês por terapia contra o câncer


O japonês Tasuku Honjo e o americano James P. Allison, que dividem o Nobel de Medicina 2018 — Foto: Ryosuke Ozawa/Kyodo News via AP e Christoph Schmidt/dpa via AP
James P. Allison e Tasuku Honjo ganharam o prêmio de R$4 milhões nesta segunda-feira (01). Os cientistas descobriram um tipo de terapia contra o câncer que faz com que células de defesa do organismo voltem a atacar tumores.
Por Lara Pinheiro
01/10/2018 06h33  Atualizado há 20 minutos

James P. Allison e Tasuku Honjo são os ganhadores do Prêmio Nobel 2018 de Medicina. A Academia Sueca anunciou nesta segunda-feira (01) que o americano e o japonês irão dividir o prêmio de 9 milhões de coroas suecas, equivalente a R$ 4.098.402.

Os dois desenvolveram pesquisas, separadamente, sobre duas proteínas produzidas por tumores — a CTLA-4 e a PD-1 — que paralisam o sistema imune do paciente durante o tratamento de câncer.

"Os tumores produzem as proteínas, chamadas de checkpoints, que bloqueiam o linfócito T, que é a célula mais importante do sistema imune que ataca o tumor. Essas drogas [pesquisadas] retiram esse bloqueio e recuperam o poder de ataque dos linfócitos que estavam paralisados por essas proteínas", explica o oncologista Fernando Maluf, diretor associado do Centro de Oncologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

O imunologista James P. Allison, 70, da Universidade do Texas, estudou a proteína CTLA-4. Ele descobriu que um bloqueio da proteína poderia retirar o freio sobre os linfócitos T, fazendo com que as células voltassem a atacar o tumor. Em 1994, Allison realizou o primeiro experimento em ratos, que ficaram curados após o tratamento.

Em 2010, um estudo clínico mostrou efeitos "impressionantes", segundo a Academia sueca, em pacientes com melanoma (um tipo de câncer de pele) avançado, que não haviam sido observados antes.

Já o imunologista Tasuku Honjo, 76, da Universidade de Kyoto, no Japão, estudou uma outra proteína, a PD-1, que também atuava sobre os linfócitos T, só que de forma diferente. Após experimentos em laboratório, um estudo realizado em 2012 também demonstrou eficácia em tratar pacientes com diversos tipos de câncer.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Medicamento português vai ser testado em doentes com cancro avançado

Linfócito T, uma célula imunitária que o novo medicamento recruta para combater o cancro INSTITUTO NACIONAL DE DOENÇAS ALÉRGICAS E INFECCIOSAS DOS EUA

Não é todos os dias que um fármaco desenvolvido em Portugal chega à fase de ensaios nas pessoas, muito menos na área do cancro. É isso que vai acontecer com um medicamento criado pela empresa Biotecnol, que para tal estabeleceu uma parceria com o Cancer Research do Reino Unido.
24 de agosto de 2017, 7:02

A Biotecnol, empresa portuguesa que desenvolve medicamentos que usam o nosso próprio sistema imunitário para atacar as células cancerosas, acaba de estabelecer uma parceria com um centro de oncologia britânico – o Cancer Research do Reino Unido (CRUK) – para fazer um ensaio clínico de fase inicial em doentes com cancro avançado. O que vai ser testado em 45 doentes em hospitais londrinos, no final de 2018, é um medicamento que a Biotecnol criou como peças de lego ao longo de dois anos.
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Faz parte dos chamados “medicamentos biológicos” ou “biofármacos”: em vez de terem sido sintetizados quimicamente, servem-se dos mecanismos biológicos do corpo para combater uma doença. No caso do novo medicamento, procura usar certas células imunitárias do doente – os linfócitos T – para destruir as células cancerosas, pelo que faz parte também das “imunoterapias oncológicas”. Já há no mercado algumas, por exemplo para o melanoma e cancro dos pulmões.
Simplificando, o sistema imunitário produz anticorpos contra substâncias (antigénios) oriundas, por exemplo, de vírus ou bactérias, para que estas ameaças sejam reconhecidas e destruídas pelas células imunitárias. Cada anticorpo é específico e direccionado para um determinado antigénio.

A imunoterapia biológica para o cancro da Biotecnol é uma molécula criada para se dirigir para um antigénio que se encontra nas células de vários tipos de cancros sólidos (e que quase não está presente nas células normais). Esse antigénio foi descoberto nos anos 90 no Instituto de Manchester do CRUK.

“Por terem sofrido mutações no seu ADN, as células cancerosas dividem-se sem controlo e adquirem propriedades durante essa divisão descontrolada de invadir outros tecidos e de não morrer. Têm a capacidade de se espalharem pelo organismo usando os sistemas circulatório e linfático, dando origem a metástases”, explica o investigador Pedro de Noronha Pissarra, presidente da Biotecnol. “Certas células cancerosas ‘emitem um sinal’ chamado 5T4, ou antigénio oncofetal 5T4. Este antigénio é uma proteína produzida pelas células cancerosas que está associada à sua proliferação e consequente processo de metastização. Uma célula cancerosa com elevado nível de 5T4 torna-se incontrolável e agressiva e com forte poder para se metastizar.”


segunda-feira, 15 de maio de 2017

O câncer de rim e o acesso a novos tratamentos para a doença

O câncer renal é um dos 10 tipos de tumor com mais ocorrência no mundo. A imunoterapia é uma das principais promessas no tratamento
http://veja.abril.com.br/blog/letra-de-medico/o-cancer-de-rim-e-o-acesso-a-novos-tratamentos-para-a-doenca/
Por Fernando Maluf
access_time17 abr 2017, 17h28 - Atualizado em 17 abr 2017, 17h31


Ilustração de câncer nos rins (IStock/Getty Images)
Embora a taxa de incidência do câncer renal não esteja entra as maiores, a doença é um dos 10 tipos de tumor com mais ocorrência no mundo, especialmente em pessoas mais velhas, a partir dos 64 anos de idade, sendo os homens o grupo com maior chance de desenvolvê-lo.

Características da doença
O principal fator de risco para o câncer de rim é o tabagismo. Os fumantes têm de duas a três vezes maior possibilidade de desenvolver a doença que os não fumantes. Nesta lista também estão a obesidade, os fatores hereditários, as síndromes genéticas e a hipertensão arterial.

A dificuldade em diagnosticá-la precocemente associada à falta de conhecimento da população, contribuem para que a doença se desenvolva silenciosamente e, portanto, seja identificada tardiamente. Poucos tumores malignos têm velocidade de crescimento tão variável quanto os de rim.
Há pacientes em que o câncer evolui de forma lenta durante anos, enquanto outros apresentam crescimento rápido e disseminação em poucos meses. Em muitos casos, pode ser fatal: aproximadamente 30% dos diagnósticos deste tipo de câncer são realizados em estágios avançados ou já em fase de metástase, quando o tumor se espalha para outras partes do corpo.
Novos tratamentos
Os dados são significativos e por isso o mês de março marca globalmente o período de conscientização sobre o câncer renal, com debates sobre o acesso ao diagnóstico e aos novos e modernos tratamentos. Uma das tendências, também para o câncer de rim, é a imunoterapia, opção para os casos avançados, em que os primeiros tratamentos já não fazem efeito.

No ano passado, no Congresso da Sociedade Americana de Oncologia, vários estudos foram apresentados sobre esse tipo de medicamento, que desbloqueia o sistema imune do paciente e permite que os “guardas de defesa” do corpo (os linfócitos) ataquem o tumor de forma eficaz e impactante. Essa nova medicação começa a ser disponibilizada no Brasil, com expectativa de prolongamento da sobrevida com qualidade para o paciente. Aliás, formas mais antigas de imunoterapia, como a interleucina 2 em altas doses, podem curar em torno de 5% dos pacientes como parte do primeiro tratamento em pacientes com doença avançada.

Além da imunoterapia, medicamentos que bloqueiam a formação de vasos sanguíneos do tumor impedindo que nutrientes e oxigênio cheguem às células tumorais representam outro grande avanço e são associados a importantes reduções dos tumores e a respostas duradouras.
Prevenção

A oferta de novos e modernos medicamentos é fundamental para a saúde das pessoas, mas, no caso do câncer renal, a prevenção está em nossas mãos. Neste quesito, o mais elementar ato, o de nos alimentarmos, é o principal aliado quando pensamos no câncer renal, uma vez que o estilo de vida tem papel importante no desenvolvimento da doença. Além disso, a prática regular de atividade física e o abandono do tabagismo são hábitos que podemos controlar e, desta forma, minimizar a chance do seu surgimento.

sábado, 19 de março de 2016

Cientistas descobrem 'calcanhar de Aquiles' do câncer

Estudo identifica pontos fracos do tumor e células imunológicas capazes de atacá-los

RIO — As células cancerosas têm marcações genéticas que podem servir de alvo para o sistema imunológico atacar o tumor. Esta descoberta, descrita num estudo publicado pela revista "Science", pode levar a uma revolução no combate à doença, abrindo caminho para tratamentos individuais muito mais eficientes do que os disponíveis atualmente.

O conceito de imunoterapia já vinha sendo considerado a grande arma contra o câncer. Consiste em estimular o sistema imunológico do corpo humano por meio de substâncias modificadoras de resposta biológica. Devidamente turbinadas, as células imunológicas atacam diretamente cada tipo de tumor. O resultado deste novo estudo, porém, potencializa a eficácia desse tipo de tratamento identificando o "calcanhar de Aquiles" nas células do câncer.

Assim como todos os organismos vivos ao longo da História, o tumor também passa por uma evolução. Isto explica por que algumas de suas partes se tornam diferentes de outras. Tal complexidade genética torna muito difícil o ataque por nossas células imunológicas especializadas, chamadas de células T. Mesmo que reconheçam o câncer como um problema, e tentem combatê-lo, a complexidade do seu crescimento é demais para os nossos “soldados”.

Ficou claro, porém, que mesmo as partes mais complexas de um tumor têm “marcações” genéticas de sua fase inicial. A equipe de cientistas de Harvard, MIT e da Universidade College London descobriu raras células imunológicas, dentro dos tumores, capazes de reconhecer essas estruturas originais, mais vulneráveis, e de combatê-las. Se essas células puderem ser isoladas e artificialmente multiplicadas no laboratório, podem formar uma força poderosa contra o câncer, com o potencial para atacar todas as células cancerosas no corpo.

Combinadas com drogas, estas células podem levar a uma nova geração de tratamentos customizados contra o câncer. Então nossos cientistas planejam agora estudar mais sobre essas células. Se a promessa se cumprir, pode ser uma forma revolucionária de tratar ou mesmo curar o câncer.

— O sistema imunológico do câncer atua como a polícia no combate a criminosos. Tumores geneticamente diferentes são como uma gangue de bandidos envolvidos em diferentes crimes, de roubo a contrabando. O sistema imunológico se esforça para dominar o câncer, assim como a polícia quando tem tanta coisa acontecendo — explica o cientista Sergio Quezada, do Centro de Pesquisas sobre Câncer do Reino Unido, coautor da pesquisa.

Chefe do Laboratório de Imunoterapia da College London, ele acrescenta:

— Nosso trabalho mostra que, em vez de procurar delitos sem pistas em diferentes vizinhanças, podemos dar à polícia a informação para chegar ao chefão do crime, o ponto fraco do tumor no paciente, para acabar com o problema.

A pesquisa sugere duas abordagens para atacar os pontos fracos dos tumores. Em uma delas, uma vacina criada a partir das "marcações" genéticas do câncer pode ser desenvolvida sob medida para cada paciente. O medicamento, então, "treinaria" o sistema imunológico a localizar as vulnerabilidades. Na outra abordagem, aquelas células imunológicas que já identificam as mutações seriam "pescadas" e multiplicadas em laboratório, antes de serem injetadas de volta no corpo do paciente.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/cientistas-descobrem-calcanhar-de-aquiles-do-cancer-18802675#ixzz41yB6MXRf 
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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Novos medicamentos podem romper "escudo protetor" de células cancerígenas

Gina Kolata
Do The New York Times
21/10/201307h00

Por mais de um século, os pesquisadores ficaram intrigados com a capacidade incrível das células cancerosas de escapar do sistema imunológico. Eles sabiam que as células cancerosas eram grotescamente anormais e deveriam ser mortas pelos glóbulos brancos do sangue. No laboratório, em placas de Petri, os glóbulos brancos do sangue atacavam as células cancerígenas. Por que, então, os cânceres conseguiam sobreviver no corpo?

A resposta, quando finalmente surgiu há poucos anos, chegou com um bônus: uma forma de impedir a estratégia do câncer. Os pesquisadores descobriram que os cânceres se envolvem em um escudo protetor invisível. E eles descobriram que podem quebrar esse escudo com as drogas certas.

Quando o sistema imunológico fica livre para atacar, os cânceres podem encolher, parar de crescer e até mesmo desaparecer nos pacientes felizardos com as melhores respostas.
Pode não importar que tipo de câncer a pessoa tem. O que importa é permitir que o sistema imunológico faça seu trabalho.

Até o momento, as drogas foram testadas e ajudaram pacientes com melanoma, câncer de rim e de pulmão. Em estudos preliminares, elas também parecem ser eficazes em câncer de mama, câncer de ovário e cânceres de cólon, estômago, cabeça e pescoço, mas não no de próstata.

Ainda é cedo, é claro, e restam dúvidas. Por que apenas alguns pacientes respondem às novas imunoterapias? Essas respostas podem ser previstas? Assim que repelidos pelo sistema imunológico, por quanto tempo os cânceres permanecem sob controle?

Ainda assim, os pesquisadores acham que estão vendo o início de uma nova era na medicina do câncer.

"Incrível", disse o dr. Drew Pardoll, o diretor de pesquisa de imunoterapia da Escola de Medicina Johns Hopkins. Este período será visto como o ponto de inflexão, ele disse, o momento na história da medicina em que tudo mudou.

Pesquisadores e empresas dizem que estão apenas começando a explorar as novas imunoterapias e a desenvolverem outras para atacar os cânceres, como o de próstata, que parece usar moléculas diferentes para escapar dos ataques imunológicos. Eles estão nos primeiros estágios de combinação de imunoterapias com outros tratamentos em uma tentativa de melhorar os resultados.

"Eu quero ser muito cuidadoso para não badalar em excesso e aumentarmos tanto as expectativas dos pacientes a ponto de não conseguirmos atendê-las", disse a dra. Alise Reicin, vice-presidente da Merck para pesquisa e desenvolvimento.

Mas as empresas têm um incentivo para acelerar o desenvolvimento dos medicamentos. Eles deverão ser caros e a demanda imensa. Adiamentos de até mesmo poucos meses significam uma perda enorme de receita potencial.

Baixando as defesas
A história dos novos tratamentos de câncer começou com a descoberta de como os cânceres evitam os ataques. Foi descoberto que eles usam os próprios freios do corpo, que normalmente desligam o sistema imunológico após ele concluir seu trabalho de matar as células infectadas por vírus.

Um sistema de freio, por exemplo, usa uma molécula, a PD-1, na superfície das células T do sistema imunológico. Se uma célula alvo tem moléculas conhecidas como PD-L1 ou PD-L2 em sua superfície, a célula T não pode atacá-la.

Assim, algumas células cancerosas se cobrem dessas moléculas. O efeito, quando as células T estão próximas, é como se desligasse um interruptor. As células T simplesmente se desativam.

Acredita-se que os cânceres que não usam PD-L1 ou PD-L2 utilizam outros sistemas semelhantes, que estão começando a ser explorados. Os sistemas do corpo contam com muita redundância para conter os ataques imunológicos. Mas por ora, o sistema PD mostrou aos pesquisadores como as células cancerosas podem escapar da destruição.

"Isso foi compreendido nos últimos anos", disse Ira Mellman, vice-presidente de pesquisa oncológica da Genentech. "As células de tumor estão fazendo uso desse freio."
A descoberta levou a uma ideia: talvez uma droga que cobrisse quaisquer uma dessas moléculas PD, nas células cancerosas ou nos glóbulos brancos do sangue, permitiria ao sistema imunológico realizar o seu trabalho.

O primeiro indício de que o escudo protetor do câncer poderia ser rompido ocorreu em 2010, depois de um teste da droga ipilimumab em pacientes com melanoma fora isso sem tratamento. A droga libera o sistema imunológico, permitindo que ataque os tumores mesmo se contarem com o escudo protetor.

Os pacientes que receberam a droga sobreviveram em média 10 meses, ou quatro meses a mais do que aqueles que receberam aleatoriamente um tratamento diferente. E aproximadamente 20% dos pacientes que responderam já sobreviveram até 10 anos. Ela foi a primeira droga a melhorar a sobrevivência de pacientes com melanoma metastático em um teste aleatório.

"Foi espetacular", disse o dr. Axel Hoos, vice-presidente de pesquisa oncológica e desenvolvimento da GlaxoSmithKline, que ajudou a desenvolver a droga quando estava na Bristol-Myers Squibb. "Até esse ponto de inflexão, a imunoterapia tinha má reputação. Ela não funcionava."

A droga foi aprovada para melanoma em março de 2011, com um preço caro –US$ 120 mil por todo o período de tratamento.

Ela também tinha outro revés. Ao liberar o sistema imunológico, isso às vezes levava a ataques às células normais. Em alguns casos, a reação era fatal. Mas o teste foi uma prova de conceito. Ele provou que os cânceres podem sucumbir ao ataque pelo sistema imunológico.

Emblemas de esperança
À medida que os pesquisadores continuam estudando novas drogas e perguntam se podem melhorar seus resultados ao combiná-las com outras terapias, eles são animados por alguns dos raros pacientes cujos cânceres foram detidos pelas drogas. Eles alertam que esses pacientes são incomuns; estudos críticos que revelam os efeitos das drogas sobre populações de pacientes de câncer ainda estão em curso.

"O que realmente queremos saber é, as pessoas estão vivendo mais tempo?" disse o dr. Roger M. Perlmutter, presidente do laboratório de pesquisa Merck. Para isso, "será preciso esperar", ele prosseguiu, acrescentando: "O que não quero fazer é dar falsa esperança às pessoas".

Mas alguns pacientes, como dois tratados na Hopkins, se transformaram em emblemas de esperança.

Em 2007, Dennis M. Sisolak, que tem 72 anos e é um engenheiro aposentado de Bel Air, Maryland, soube que tinha câncer de rim. O tumor era imenso e o câncer tinha se espalhado. Após tentar duas novas drogas sem sucesso, seu médico, o dr. Charles G. Drake, um especialista em câncer de rim da Johns Hopkins, o inscreveu em um teste clínico inicial do inibidor do PD-1. Seu câncer desapareceu nos exames e não retornou, apesar de não estar mais sob tratamento há um ano.

"Eu tenho muita gente rezando por mim", disse Sisolak.

Drake disse que três de seus pacientes apresentaram respostas semelhantes, incluindo um que foi tratado há cinco anos no primeiro estudo. Todos, com a doença em estágio avançado, já estariam mortos a esta altura, ele disse, acrescentando: "Pessoalmente, nunca vi nada assim".

David Gobin, 63, um policial aposentado de Baltimore, tem uma história semelhante. Ele soube que tinha câncer de pulmão em 2008. Ele passou por cirurgia para remoção dos lobos inferiores de seu pulmão direito, depois radioterapia e quimioterapia.

O tratamento foi penoso: ele perdeu 31 quilos. Dois anos depois, o câncer tinha voltado e se espalhou para a parede do peito. Ele passou por mais cirurgia, mais quimioterapia, mais radioterapia.

Em 2010, Gobin entrou em um teste clínico de uma droga experimental que interfere no crescimento celular, mas sem sucesso.

Então seu médico na Johns Hopkins sugeriu um teste em Fase 1 de uma droga anti-PD-1.

"Claro, eu participarei", Gobin lembrou ter dito. "O que tenho a perder?"

Seus tumores encolheram significativamente e não cresceram de novo, mesmo quando ele parou de tomar a droga há oito meses.

"Todo dia que meus pés pisam na grama é um bom dia", disse Gobin. "Eu estava no local certo, na hora certa. Eu sempre terei câncer, mas sabe de uma coisa, eu posso viver com isso."

"O Senhor queria que eu permanecesse vivo e eu estou vivo."