UOL 06/02/201416h53
O fundador de uma instituição de caridade em prol do câncer de pâncreas tem defendido uma campanha de conscientização que gerou bastante polêmica nas redes sociais. As peças mostram pacientes com a doença dizendo frases como "Eu gostaria de ter câncer de mama", ou "Eu queria ter câncer de testículo".
A campanha foi encomendada pela Pancreatic Cancer Action e tem como objetivo destacar as baixas taxas de sobrevivência da doença em relação a outros tipos de tumor maligno.
Segundo a entidade, apenas 3% das pessoas com câncer de pâncreas estão vivas cinco após terem recebido o diagnóstico, contra 85% das vítimas de câncer de mama e 97% dos homens com câncer testicular.
"É uma campanha insensível e horrorosa para quem tem câncer de mama ou perdeu entes queridos para a doença", escreveu um usuário de rede social sobre as peças.
"Eu tive câncer de mama. Eu digo de coração que não desejo isso para ninguém", declarou, ainda, outra usuária.
A campanha também atraiu críticas de instituições de caridade voltadas para o câncer de mama. "Não podemos apoiar qualquer mensagem que sugere que qualquer forma de câncer é preferível a outra. Nem uma inferência de que o câncer de mama foi 'resolvido'", disse Chris Askew , diretor executivo da Breakthrough Breast Cancer.
Mas Ali Stunt, fundadora da Pancreatic Cancer Action, vem defendendo firmemente a campanha. Ela foi diagnosticada com o câncer em 2007, aos 41 anos.
"Todos os tipos de câncer são horríveis e ninguém gostaria de ser afetado de nenhuma forma", comentou ao The Independent. Segundo ela, a campanha mostra pacientes reais, que desejam melhores chances do que as que lhe são atribuídas.
"É um sentimento que eu tive quando fui diagnosticada e que ouvimos inúmeras vezes em nosso trabalho", continuou.
Stunt ressalta que pesquisas sobre o câncer de pâncreas recebem apenas 1% do financiamento global para o câncer, e que 50% dos diagnósticos são feitos após uma internação de emergência, enquanto que para os cânceres em geral isso acontece em 25% dos casos.
Ela sugeriu que as pessoas não olhem para as frases da campanha, apenas, mas que também leiam depoimentos e assistam aos vídeos para entender que se trata de doentes que simplesmente gostariam de ter recebido um prognóstico melhor.
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