Em 70% dos casos, o índice de sobrevivência de mulheres tratadas sem
quimioterapia chega a mais de 90%
Por Da Redação https://veja.abril.com.br/saude/cancer-de-mama-fase-nao-precisa-de-quimioterapia-afirma-estudo/
access_time4 jun 2018, 20h53 - Publicado em 4 jun
2018, 18h05
Exame de rotina: a mamografia pode reduzir o número
de mortes em mulheres com câncer de mama (Thinkstock/VEJA/VEJA)
O estudo foi apresentado neste
fim de semana, em encontro da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, na sigla
em inglês), que aconteceu nos Estados
Unidos. “Poderemos poupar centenas de milhares de mulheres de um
tratamento tóxico e agressivo que, na realidade, não as beneficia”, disse
Ingrid A. Mayer, autora do estudo, ao The New York Times.
Muitas mulheres que passam pela
quimioterapia convivem com efeitos colaterais, como anemia, enfraquecimento do
sistema imunológico, perda de cabelo, diarreia, fadiga e perda de memória. Além
disso, outros sintomas menos comuns — porém mais
graves — podem acontecer, como perda óssea, osteoporose,
problemas cardíacos e visuais.
Câncer de mama
O Instituto
Nacional de Câncer (Inca) revelou que o câncer de mama é relativamente raro antes dos 35
anos, mas acima desta faixa etária a incidência aumenta progressivamente,
especialmente após os 50 anos.
Segundo o Fundo Internacional para Pesquisa do Câncer Mundial,
este é o tipo de câncer mais comum em mulheres, representando cerca de 12%
de todos os novos casos de câncer e 25% de todos os cânceres no grupo feminino,
além de ser a quinta causa mais comum de morte por câncer em mulheres no
mundo. No Brasil, é o tumor que mais leva a óbito as pessoas do sexo
feminino.
O Grupo
de Estudos do Câncer de Mama revelou que cerca de 52.680 novos casos de tumor
de mama são diagnosticados anualmente; e 13.000 pacientes morrem por ano. Outro
dado mostra que 52 mulheres em cada 100.000
Tratamentos: estágios do câncer
O uso da quimioterapia é
geralmente determinado por testes genéticos realizados em amostras de tumores
da mama — retirados na cirurgia — que identificam o
nível de risco do câncer. “O que esse teste faz é olhar para 21 genes
diferentes para ver se cada um está ligado ou desligado e, em seguida, se é
sobre-expressa ou não. Então, temos duas respostas sim-não para cada gene. Ele
examina todas as 21 respostas e dá a esse câncer uma pontuação recorrente entre
0 e 100”, explicou Otis Brawley, diretor médico e científico da American
Cancer Society, à CNN.
As mulheres com baixo risco podem
utilizar apenas drogas que bloqueiam a produção de estrogênio como forma de
tratamento. Já as que recebem nota alta precisam passar pela quimioterapia, por
se tratar de tumores mais agressivos. Para a maioria das pacientes com resultados
intermediários recomenda-se a quimioterapia — associada ao
tratamento hormonal — como forma de precaução.
No
entanto, de acordo com o novo estudo, chamado de TAILORx, essas mulheres
têm a mesma chance de sobrevivência, independente do tratamento utilizado:
depois de nove anos, o percentual de sobrevivência é de 93,9% sem
quimioterapia e de 93,8% com quimioterapia.
Recomendação: estágio inicial
O
resultado do estudo indica a opção de tratamento com terapia hormonal somente
para os casos de câncer de mama no estágio inicial. Isso porque nesse período
os tumores geralmente não atingiram os nódulos linfáticos e não houve mutação
no gene HER2, que causa crescimento acelerado do tumor. Além disso, as
pacientes precisam ter recebido nota entre 11 e 25 em teste que mede a
atividade dos genes presentes no tumor.
“Todos os dias, mulheres com
câncer de mama se veem diante do terrível dilema de decidir se vão ou não fazer
a quimioterapia, sem ter dados suficientes e assertivos sobre os
resultados. [Essa pesquisa] é
transformadora e uma ótima notícia, já que poderá liberar milhares de mulheres
da agonia da quimioterapia”, comentou Rachel Rawson, da ONG Breast Cancer Care, voltada a pesquisas e tratamentos
de câncer.
No
entanto, é importante ressaltar, por exemplo, que dados sobre mulheres na
pré-menopausa e com menos de 50 anos que pontuaram na faixa mais alta de risco
intermediário (16 a 25) foram analisados separadamente. Os resultados mostraram
que há pequenos benefícios no uso quimioterapia. “Os tumores crescem de
forma mais agressiva em mulheres na pré-menopausa, não apenas em mulheres com
menos de 50 anos”, disse Brawley, da American Cancer Society.
Por isso
é necessário examinar cada caso com cuidado para indicar o melhor
tratamento e não colocar em risco a vida das pacientes.