Estimativa é de que 50 mil pessoas
deveriam ter sido diagnosticadas com câncer em um mês. Mas, com a falta de
atendimento e a queda no número de biópsias, não descobriram a doença.
Por TV Globo
14/05/2020
Um levantamento das Sociedades
Brasileiras de Cirurgia Oncológica e de Patologia mostram que, por causa da
pandemia do novo coronavírus, houve redução de até 90% de exames que deveriam
ser oferecidos em hospitais. Pacientes oncológicos, gestantes e doentes
crônicos não estão sendo atendidos.
De 11 de março a 11 de maio de 2020, pelo menos 50
mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer por falta de exames,
segundo os órgãos. Nessas semanas, na cidade de São Paulo, foram feitas 5.940
biópsias na rede pública. No mesmo período do ano passado, foram 22.680.
A mesma redução é observada em um centro de
referência em saúde do Ceará: o número de biópsias caiu de cerca de 18 mil, em
2019, para menos de 5 mil, em 2020.
Segundo Clovis Klock, médico da Sociedade
Brasileira de Patologia, o diagnóstico tardio provocado pela redução do número
de exames pode prejudicar não só a saúde do paciente, mas também a economia, já
que tratamentos mais complexos e caros serão necessários futuramente.
Além da questão oncológica, consultas para
gestantes estão sendo canceladas, por causa da pandemia. A dona de casa Karina Picoli
teve o bebê há 5 meses - e, até agora, não conseguiu fazer o acompanhamento do
pós-parto. "Tinha consulta agendada com ginecologista e clínico geral em
abril, mas, quando estava próximo da consulta, ligaram e cancelaram", diz.
A secretaria municipal de saúde de São Paulo afirma
que apenas as cirurgias eletivas devem ser desmarcadas. De acordo com o
secretário Edson Aparecido, as unidades de saúde que não estão atendendo a
população serão cobradas para que mantenham seus serviços.