quarta-feira, 21 de junho de 2023

Tratamento revolucionário contra câncer de medula óssea tem 90% de sucesso

8 de junho de 2023 - 

Por Vitor Guerra

Um tratamento revolucionário para pacientes com câncer de medula óssea. Com a técnica CAR-T, os pesquisadores conseguiram o índice de 90% de remissão nos mais de 74 pacientes tratados. Vitória da ciência!

A conquista sem precedentes vem da Hadassah University Medical Center, em Jerusalém, em Israel, que usou a técnica que treina e fortalece as células de defesa do paciente, fazendo com que elas combatam o câncer mais efetivamente.

O câncer de medula óssea, ou mieloma múltiplo, é a segunda doença hematológica mais comum, atrás apenas do linfoma. A doença se manifesta em células do sangue chamadas plasmócitos, produzidas na medula.

Como é o tratamento inovador

Na pesquisa, foi aplicada a técnica chamada de CAR-T, bastante utilizada em tecnologia de engenharia genética, apresentando ótimos resultados no combate ao câncer.

A Chimeric Antigen Receptor T-Cell Therapy, estimula o próprio sistema imunológico do paciente para destruir o câncer que acomete o corpo.

Depois de coletar células saudáveis do paciente, os pesquisadores programam os glóbulos brancos (responsáveis pela defesa do organismo) e separaram as células T, que são as responsáveis ativamente pelo sistema imunológico.

Separar os glóbulos vermelhos dos brancos é um processo complexo: pode levar de duas a quatro horas e se assemelha à doação de sangue. Com as células separadas, é realizado um processo de engenharia genética.

Essas células T, que agora foram modificadas, são injetadas novamente no paciente e ajudam a destruir o câncer.

“Os resultados do tratamento CAR-T são impressionantes, garantindo aos pacientes mais anos e muita qualidade de vida”, disse a professora Polina Stepensky, chefe do Departamento de Imunologia.

Fila de espera

O mieloma múltiplo é uma doença que foi considerada por muitos médicos incurável, mas o resultado apresentado pela Universidade de Hadassah pode mudar esse diagnóstico.

A série de experimentos realizados no departamento levou a uma fila de espera grande.

“Temos uma lista de espera de mais de 200 pacientes de Israel e de várias partes do mundo”, disse Polina.

A pesquisadora ainda acrescentou que por ser um tratamento mais complexo, podendo ser realizado apenas com um paciente por semana, acaba dificultando um pouco o processo.

O mieloma múltiplo

O mielo é um tipo de câncer que aparece na medula óssea.

A doença tem esse nome porque normalmente o câncer costuma afetar várias áreas do corpo, como o crânio, pelve, costelas e a coluna.

O mieloma é também um câncer silencioso em seu estágio inicial, mas à medida que vai evoluindo pode fazer com que o paciente sinta falta de ar, dor óssea e fadiga.

Sendo mais comum em pessoas com mais de 60 anos, a doença acomete mais homens do que mulheres. Em 2021, a jornalista Cristiana Lôbo foi vencida pela doença. Ela morreu aos 63 anos.

Tratamento sofisticado

A disponibilidade do CAR-T ainda é baixa. Hoje, somente dois países possuem o tratamento, China e Estados Unidos.

O custo é alto, próximo de US$ 400.000 (R$ 2 milhões de reais), mas o tratamento contra o câncer de medula que levou a remissão de 90% dos pacientes em Hadassah é diferente.

“O tratamento é mais sofisticado e avançado do que o oferecido no mundo. A ideia é avançar no desenvolvimento e permitir que o CAR-T seja benéfico e acessível para pacientes com outros tipos de câncer”, disse Polina.

Com informações do The Jerusalem Post

 

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Por que câncer de pâncreas entrou para a lista dos que mais matam no Brasil

 Article information

 

Legenda da foto,

Mortes por câncer de pâncreas no Brasil subiram mais de 50% na última década, mostram as estatísticas

 

A cada dois ou três anos, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) publica um documento em que faz projeções sobre os números de casos e mortes relacionados aos tumores mais comuns na população brasileira.

“E pela primeira vez na série histórica, o Inca incluiu o câncer de pâncreas como um dos mais frequentes no país”, informa a oncologista clínica Mariana Bruna Siqueira, da Oncologia D’Or, no Rio de Janeiro.

“O aumento da incidência desse tumor acontece nas regiões economicamente mais desenvolvidas, e ele já aparece entre os dez tumores que mais acometem as mulheres das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste”, complementa a especialista, que também integra o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino.

O Inca estima que, em 2023, serão diagnosticados 10.980 casos de câncer de pâncreas no país.

As mortes também estão em ascensão. Entre 2011 e 2020, os óbitos por ano relacionados a essa enfermidade saltaram de 7,7 mil para 11,8 mil — um incremento de mais de 50%.

Em números absolutos, o Inca calcula que em 2020 essa doença matou 5.882 homens e 6.011 mulheres. Isso faz com que esse tumor seja o sétimo mais mortal para eles e o quinto para elas.

Vale lembrar que o pâncreas é uma glândula responsável por produzir a insulina, um hormônio essencial no aproveitamento da glicose como fonte de energia para as células trabalharem.

E a tendência de subida não é apenas nacional: nos Estados Unidos, cientistas apontam que o câncer de pâncreas se tornará o segundo tipo mais letal, atrás apenas dos tumores de pulmão. Os números de casos também se elevarão em mais de 65% entre os americanos nas próximas duas décadas.

Mas o que justifica essa mudança de cenário? Por trás desse aumento, há pelo menos quatro motivos: o envelhecimento da população, o estilo de vida, os sintomas tardios e a agressividade do quadro.

Longevidade e hábitos inadequados

O médico Duílio Rocha, diretor da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, destaca que o câncer de pâncreas é uma condição que costuma aparecer em indivíduos de idade mais avançada.

“Portanto, o próprio envelhecimento da população contribui para esse aumento”, raciocina.

“A idade média do diagnóstico é 70 anos. E o Brasil só superou uma expectativa de vida acima das setes décadas a partir do ano 2000”, complementa o especialista, que também é chefe da Unidade de Oncologia do Hospital Universitário Walter Cantídio, em Fortaleza.

Ou seja: se as pessoas vivem mais, é natural que um número maior delas desenvolva um tumor na glândula.

O segundo fator tem a ver com o estilo de vida adotado, especialmente nos lugares mais desenvolvidos.

“Boa parte da comunidade científica acredita que o aumento de casos está diretamente relacionado a mudanças de hábitos nas gerações que nasceram a partir de 1970, como o maior consumo de alimentos ultraprocessados e ricos em gorduras saturadas, e o aumento na proporção de pessoas sedentárias e obesas”, lista Rocha.

Todas essas alterações estão relacionadas a um aumento geral de enfermidades crônicas não transmissíveis, como a hipertensão, o diabetes e diversos tipos de câncer, como aqueles que acometem o pâncreas.

Falando em diabetes, os pesquisadores têm muitas dúvidas sobre qual a relação entre os dois quadros. Afinal, pacientes com diabetes possuem um risco mais elevado de câncer de pâncreas? Ou é o tumor na glândula produtora de insulina que provoca um descontrole nos níveis de açúcar no sangue?

“Ainda não está certo se o diabetes é causa ou consequência nesse cenário. Mesmo assim, encaramos essa enfermidade como um fator de risco adicional para o câncer de pâncreas”, responde Siqueira.

 

Silenciosa e agressiva

Para completar, uma das grandes barreiras quando o assunto é tumor no pâncreas está no diagnóstico tardio.

“Apenas 15 a 20% dos pacientes são identificados quando a doença está localizada na glândula e não se espalhou para outras partes do corpo”, calcula Siqueira.

Em linhas gerais, detectar o quadro nas primeiras etapas de desenvolvimento é a principal maneira de garantir tratamentos menos invasivos e com maior potencial de cura.

Essa, porém, não é a realidade na maioria das vezes. “Os sintomas do câncer de pâncreas só costumam aparecer numa fase avançada e são muito genéricos, ou seja, se confundem com uma série de outras enfermidades possíveis”, caracteriza Rocha.

Entre as principais manifestações desse tumor, os médicos destacam a perda de peso, a dor no abdômen ou nas costas e mudanças na coloração da pele e dos olhos, que ganham um aspecto amarelado.

Esse último sinal tem a ver com o crescimento do tumor e o aperto de estruturas ao redor, como os ductos que ligam a vesícula biliar ao fígado.

Também não há um exame de rotina que possa flagrar a enfermidade de forma precoce, em moldes parecidos aos da mamografia para câncer de mama e do papanicolau para o de colo de útero.

O último fator por trás da ascensão dos tumores de pâncreas tem a ver com as próprias características dessa condição.

“Ela é uma doença mais agressiva. Mesmo os pacientes que são operados têm uma sobrevida menor em comparação a outros tipos de câncer”, diz Siqueira.

“No câncer de intestino localizado tratável com a cirurgia, por exemplo, há uma chance de cura que supera os 80%. Num tumor de pâncreas que reúne condições parecidas, essa taxa fica em 30%”, completa a oncologista.

 

O contra-ataque da medicina

Mas nem tudo são más notícias quando o assunto é câncer de pâncreas.

“Durante muito tempo, tivemos a ideia que esse era um tumor contra o qual podíamos fazer muito pouco”, lembra Rocha.

“Mas, nos últimos anos, tivemos uma série de avanços que melhoraram esse cenário. Hoje, a chance de cura é seis vezes maior do que há duas décadas, principalmente quando somos capazes de usar as melhores ferramentas para diagnosticar e tratar de forma precoce”, complementa.

Quando o tumor na glândula é detectado nos estágios iniciais, a cirurgia costuma ser a primeira alternativa para lidar com o problema.

Agora, se a doença já evoluiu ou se espalhou para outras partes do organismo, os profissionais de saúde apelam para a quimioterapia ou para a radioterapia.

Em alguns casos, a própria químio consegue diminuir o tumor, o que abre a possibilidade de fazer uma cirurgia para remover as lesões localizadas na glândula.

Opções mais avançadas também começam a entrar em jogo. Uma delas é a imunoterapia, uma classe de medicamentos que estimula o próprio sistema imunológico do paciente a combater as células cancerosas.

“Por ora, esses remédios só estão disponíveis para indivíduos com uma mutação genética específica, o que corresponde a cerca de 1% dos casos”, aponta Siqueira.

Outra novidade recente é o uso das CAR-T Cells, um método já aprovado como tumores de sangue que consiste em extrair células imunológicas do próprio paciente, modificá-las em laboratório e reintroduzi-las no organismo, para que reconheçam e ataquem o tumor.

“Esse, porém, ainda é um tratamento experimental, que precisa ser mais estudado”, pondera a oncologista clínica.

Embora o transplante de pâncreas seja uma opção para os pacientes com diabetes que têm complicações graves, ele não está disponível como tratamento contra o câncer. Isso porque essa cirurgia exige o uso de medicamentos de inibem o sistema imunológico — que, num paciente com esse tumor, fariam as células cancerosas se espalharem mais rapidamente para outras partes do corpo.

Se as perspectivas terapêuticas contra o câncer de pâncreas evoluem, as orientações para prevenir a doença continuam as mesmas.

“A nossa principal recomendação para evitar uma doença dessas é buscar hábitos de vida saudáveis”, sugere Rocha.

“Isso inclui manter um peso adequado, uma alimentação baseada em fontes vegetais e com pouca gordura saturada, praticar atividade física e evitar o tabagismo”, conclui o médico.

 

https://www.bbc.com/portuguese/articles/c0jl1w5xeppo

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Câncer de esôfago: conheça os fatores de risco e tratamentos

Abril é o mês dedicado à conscientização sobre esse tipo de tumor. Segundo dados do

Instituto Nacional do Câncer (INCA), são quase nove mil mortes por ano no Brasil

Guilherme Sillva Repórter do HZgusilva@redegazeta.com.br

Vitória

Publicado em 28/04/2022 às 07h00

 

O principal sintoma de câncer de esôfago é a dificuldade para engolir. Crédito: Seva Levitsky/ Freepik

 

O câncer de esôfago é uma lesão maligna que começa nas células que revestem o interior do esôfago, que é um órgão tubular, oco. Ele é igual um tubo de mais ou menos 25 centímetros de comprimento, que faz parte do sistema digestivo e liga a faringe na região do pescoço até no estômago. É por esse órgão que passa os alimentos sólidos, pastosos e os líquidos até chegar ao estômago.

Abril é o mês dedicado à conscientização sobre esse tipo de câncer. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), são mais de oito mil mortes por ano no Brasil por conta da doença e 11.390 novos casos estimados para 2022. 

O tumor é classificado de acordo com as células que sofreram mutações e se multiplicaram desordenadamente. Existem dois tipos principais, o adenocarcinoma, que começa nas glândulas desse órgão e está associado à doença do refluxo e ao esôfago de Barrett, e o carcinoma de células escamosas, associado ao fumo e ao consumo de álcool. "O tipo mais frequente é o carcinoma de células escamosas ou epidermóide. Ele é responsável por mais de 90% dos casos tumores de esôfago, no terço superior e no terço médio", explica a oncologista Cintia Elaine Givigi, da Oncoclínicas ES.

Menos comum, o outro tipo é o adenocarcinoma. Ele surge principalmente na região da porção mais inferior do esôfago. Está mais relacionado com esofagite de refluxo, esôfago de Barrett.

 

"O principal fator de risco é a irritação crônica do esôfago, que acaba mudando a células que revestem o órgão e facilita o aparecimento de tumores malignos. Outro fator de risco disparado é o fumo. O tabagismo e a bebida alcoólica, que quando associados, aumentam o risco, principalmente do carcinoma epidermóide"

Cintia Givigi

 

SINTOMAS E TRATAMENTO

A oncologista clínica Juliana Alvarenga Rocha conta que o principal sintoma de câncer de esôfago é a dificuldade para engolir. "Na fase inicial, essa dificuldade acontece com os alimentos sólidos. Em seguida, com os pastosos e, finalmente, com os líquidos. Por isso, grande parte das pessoas com a doença perde peso e apresenta anemia e desidratação". 

O diagnóstico do câncer de esôfago só é possível por meio de uma biópsia. Geralmente, ela é feita durante uma endoscopia digestiva alta. "Se o diagnóstico do câncer de esôfago for confirmado, outros exames podem ser solicitados, como tomografia, broncoscopia, ecoendoscopia e PET scan, para verificar se o câncer se espalhou para os linfonodos e outros órgãos", diz Juliana Alvarenga Rocha.

 

"O tipo de tratamento é definido a partir do estágio em que a doença se apresenta. Nas lesões mais iniciais, quando os tumores estão confinados à camada superficial do esôfago, a doença é altamente curável por meios cirúrgicos que podem incluir a cirurgia endoscópica, robótica, vídeo laparoscópica ou aberta"

Juliana Alvarenga Rocha

Já para aqueles com doença mais avançada, é utilizado preferencialmente o tratamento trimodal, que combina a radioterapia e quimioterapia neoadjuvante e, posteriormente, complementa com o tratamento cirúrgico. Em determinados pacientes, é possível usar imunoterapia adjuvante após a cirurgia.

As médicas ressaltam que a prevenção se faz diretamente com os bons hábitos de vida. "A suspensão do tabagismo e do uso abusivo de álcool são as medidas mais importantes", diz Juliana Alvarenga Rocha. Outras medidas preventivas incluem ingestão de dietas ricas em frutas e vegetais, controle do peso e prática de atividade física.


https://www.agazeta.com.br/hz//viver-bem/cancer-de-esofago-conheca-os-fatores-de-risco-e-tratamentos-0422