quarta-feira, 27 de junho de 2012

Movimento 'cure seu câncer ou receba seu dinheiro de volta' cresce no exterior

24/06/2012 - 07h01 | da Folha.com
CLÁUDIA COLLUCCI
ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON

"Cure o seu câncer ou receba seu dinheiro de volta". Polêmico, o sistema de pagamento baseado na resposta a remédios oncológicos já é uma realidade na Europa.

Desde o ano passado, a Roche oferece a hospitais e seguradoras da Alemanha a garantia de devolução do dinheiro (entre R$ 8.000 e R$ 16,4 mil por paciente) se o tumor continuar crescendo após o uso do Avastin (empregado contra câncer de pulmão avançado, entre outros).

Na Itália, o acordo entre a Onyx e a Pfizer e o governo envolveu as drogas Nexavar (para câncer de rim e fígado) e Sutent (câncer de rim). O sistema de saúde italiano paga parcialmente os medicamentos nos três primeiros meses de uso.

Depois disso, o reembolso só é feito para os pacientes que apresentam um nível de resposta ao tratamento previamente acordado.

Em 2007, a Janssen Cilag fez um negócio semelhante com o Instituto Nacional de Saúde e Excelência Clínica (Nice, França) para o reembolso do custo do Velcade (para o tratamento do câncer ósseo) se os resultados do tratamento fossem fracos.

Dois anos depois, no entanto, um estudo publicado no "British Medical Journal" mostrou que a doença havia progredido mais rapidamente em pacientes que tomaram a droga do que entre aqueles que não a utilizaram.

Agora, a ideia de "dividir os riscos" está em discussão nos EUA como uma forma de aliviar os altos custos dos medicamentos oncológicos.

Em seu livro "O Preço da Saúde Global", Ed Schoonveld identifica sete tipos de negócio que poderiam ser feitos entre a indústria farmacêutica e os sistemas de saúde. Mas ele afirma que o problema desse tipo de acordo é o foco em resultados de curto prazo, o que é complicado quando se trata de câncer.

Para Arthur Caplan, do Centro de Bioética da Universidade da Pensilvânia, há questões ainda mais sérias. "Nos cuidados de saúde, o mais necessário são evidências sólidas e comprovadas em ensaios clínicos sobre o que funciona. Não precisamos de programas de desconto, garantia ou um vale. Isso é praticar a má medicina."

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Mãe e filha são diagnosticadas com câncer e vencem batalha juntas

As duas contaram com o apoio uma da outra durante os meses de quimioterapia e internação
BBC | 11/04/2012 12:43
Uma mãe e sua filha adolescente no interior da Inglaterra afirmam ter vencido as batalhas que travavam contra o câncer.

Laura Williamson, de 17 anos, recebeu o diagnóstico de câncer de pele poucos dias depois que sua mãe, Bridget Whelan, de 50 anos, terminou um tratamento para câncer de mama.

O caso ocorreu na pequena cidade de Alvaston, em Derbyshire, na região centro-leste da Inglaterra. As duas disseram que precisaram muito do apoio uma da outra durante os meses de quimioterapia e internação.
'Pesadelo'


Bridget foi a primeira a adoecer, em agosto de 2010, quando médicos detectaram um cisto em uma de suas mamas. Depois de dias difíceis de recuperação, foi a vez de Laura receber o diagnóstico.

Ela passou por uma bateria de exames depois que um clínico-geral percebeu algo estranho em uma pinta na perna da adolescente. "Eu pensava ter vencido o maior obstáculo de minha vida quando terminei o tratamento de câncer", afirma a mãe, que tem outros quatro filhos além de Laura. "Nada poderia ter me preparado para quando ouvi que minha filha adolescente estava prestes a enfrentar a mesma coisa. Eu estava vivendo um pesadelo novamente."
Bridget, que é faxineira, conta que Laura estava presente quando ela percebeu o cisto pela primeira vez. Após o diagnóstico, a mãe foi imediatamente submetida a um tratamento no Royal Derby Hospital. Ela tinha sessões de quimioterapia e radioterapia a cada três semanas. A batalha só terminou em novembro do ano passado.

Na semana seguinte, Laura foi diagnosticada. A jovem passou por duas operações para retirar as células cancerígenas de sua perna. Os médicos confirmaram recentemente que não há mais risco de câncer. Mãe e filha agora estão se preparando para participar de uma maratona que arrecada dinheiro para a entidade Cancer Research UK, que combate a doença.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Menina americana corta próprio cabelo para doar a amiga com câncer

Katie  deixou o cabelo crescer por um ano antes de cortá-lo curtinho e doar para uma ONG que faz perucas para crianças com câncer
BBC | 06/06/2012 10:19:19
Uma menina americana chamou a atenção de pessoas ao redor do mundo após doar seu cabelo a uma amiga com câncer. Katie Tindall, de 9 anos, decidiu que queria ajudar sua colega de classe Emily Pena, de 8 anos, após perceber que a garota tinha perdido o cabelo por causa de seu tratamento para combater um câncer.

"Katie ficou comovida pelo fato de que sua amiga precisava usar um chapéu para ir à escola", disse à BBC Brasil Marissa Tindall, mãe da menina que tem dois irmãos gêmeos. Ela deixou o cabelo crescer por cerca de um ano antes de cortá-lo e entregá-lo para o programa Wigs for Kids, que organiza doações e confecciona perucas para crianças com câncer de forma gratuita.

"Katie não precisou raspar a cabeça, mas ficou com o cabelo bem curtinho", disse a mãe da menina. Para ela, a mensagem mais importante da atitude da garota é que as crianças têm o poder de tomar decisões para ajudar umas às outras. "Como pais, queremos que nossos filhos façam o bem para os outros", acrescenta Marissa.

Além da doação, Emily teve outro grande motivo de felicidade no fim de maio, quando recebeu a notícia de que estava curada do câncer contra o qual lutou por mais de um ano e meio. Wigs for Kids Baseada em Ohio, nos EUA, a organização Wigs for Kids recebe cerca de 178 inscrições de crianças com câncer que precisam de perucas todos os anos, e consegue atender em média 110 a 120 dos pedidos.

Divina Elan, diretora da entidade, disse à BBC Brasil que para confeccionar uma peruca são necessárias entre 10 e 15 doações e que os recursos necessários para manter a ONG provêm de eventos beneficentes. 

Embora a maioria dos atendidos seja dos Estados Unidos, o programa já doou perucas para crianças do Oriente Médio e para países da América do Sul, entre eles o Equador. "Tudo começou nos anos 1980, com uma menina que teve leucemia e perdeu seu cabelo", conta Divina.

A diretora da organização diz que não só crianças com câncer recebem as doações, mas também vítimas de acidente e outras doenças. "Gostamos de ressaltar que a doação de cabelo é um pequeno gesto que pode ter um grande impacto na vida de uma criança com câncer", disse. Ela destaca que crianças brasileiras também podem se inscrever e que é necessário traduzir as informações, já que todos os documentos devem ser preenchidos em inglês.

Além disso, como cada peruca é customizada, um salão de cabeleireiros precisa mediar o contato, enviar medidas e se prontificar a receber o material e finalizar a entrega no país. O site do programa é .

terça-feira, 5 de junho de 2012

“A maternidade me salvou”

Márcia Barros descobriu a gravidez e o câncer de mama ao mesmo tempo e conta sobre essa dupla experiência
Fernanda Aranda, iG São Paulo | 10/05/2012 11:20:29 - Atualizada às 10/05/2012 11:41:29

http://saude.ig.com.br/bemestar/2012-05-10/a-maternidade-me-salvou.html
Os meses da gravidez não foram contados em semanas, como as mulheres costumam fazer, e sim em ciclos de quimioterapia.
Enquanto o bebê crescia no ventre, Márcia Silva Barros explicava – em conversas sinceras com aquela barriga – que toda a química que circulava no seu sangue a cada três semanas (e podia incomodar o bebê dentro do útero) era parte de um tratamento agressivo, mas essencial para a sobrevivência de ambos.
“Pedia desculpa ao meu filho. Ele nem tinha nascido e já precisava conviver com a problemática do câncer de mama . Vivi a doença e a gestação ao mesmo tempo”, diz Márcia sobre a experiência enfrentada há quatro anos, quando ela tinha 36.
“Com toda certeza, posso afirmar: a maternidade me salvou.”
Passar por uma gestação e por um problema de saúde grave como o câncer impõe mais desafios ao pré-natal , pode restringir as opções terapêuticas da paciente e aumentar os riscos de morte da mulher. Porém há um efeito positivo ainda não medido pela ciência.
A gravidez, afirmam especialistas e quem passou por esta situação, pode ser um estímulo maior para a adesão ao tratamento e fonte de força para o caminho em direção à cura.
No caso da dependência química, por exemplo, os psiquiatras que recebem as mulheres que querem colocar um fim no vício afirmam que, quando grávidas, elas podem reagir melhor à síndrome de abstinência típica dos primeiros dias sem drogas.
Entre as mulheres com aids – e que querem engravidar de forma segura também é percebido entre os infectologistas um comprometimento maior com a terapêutica, que pode trazer efeitos colaterais e envolve tomar mais de dez medicamentos por dia.
Alternativas
Isso não significa, entretanto, que a gestação sempre é segura ou recomendada, em especial em casos de doenças crônicas como o câncer . A legislação brasileira, inclusive, permite a interrupção da gravidez quando a probabilidade de morte da grávida é grande.
Nestes casos, decidir continuar o curso da gestação simultaneamente à doença é uma decisão que compete à mulher, sempre respaldada pelas informações dos médicos que a atendem. Márcia foi informada sobre todos os riscos.
“E não eram poucos. Meu marido ficou apavorado. Minha mãe não dormia mais”, lembra.
Mas ela decidiu continuar grávida mesmo após a detecção de um tumor maligno no seio direito, já espalhado para a axila, porque “teve a sorte de ser atendida em um centro especializado”, afirma ela.
O câncer de mama, que só em 2012 deve fazer 52 mil novas vítimas de acordo com as projeções do Instituto Nacional do Câncer (Inca), é a quinta causa de morte das mulheres férteis (entre 10 e 49 anos), conforme mapeou o Ministério da Saúde.
O excesso de casos – e o fato de uma parte significativa deles afetar pacientes que já estão grávidas ou ainda podem sonhar serem mães um dia – fez com que a medicina procurasse alternativas. Para as que ainda não estão gestantes no decorrer do tratamento, mas desejam engravidar no futuro, o congelamento de óvulos despontou como um dos caminhos possíveis.
Já para grávidas que descobrem o câncer, a conduta é quimioterapia mais direcionada, a radioterapia específica e um acompanhamento minucioso. Foi o prescrito para Márcia, exatamente no dia em que foi fazer o ultrassom para descobrir o sexo do bebê que, naquela data, completava 9 semanas.
Ciclos
A mamografia não fazia parte dos exames de pré-natal. Márcia já tinha um filho de 12 anos e ensaiava uma segunda gravidez havia tempos. Antes mesmo do teste de farmácia dar positivo, ela tratou de ficar em dia com a saúde.
Como tinha 36 anos, nenhum caso de câncer de mama na família, não fumava e não bebia, Márcia não estava no grupo que tem a necessidade de fazer o exame mais eficaz para detectar o câncer de mama. Mas a intuição, acredita, fez com que pedisse ao médico para ser submetida a uma mamografia.
 “Foi aí que os problemas com o meu plano de saúde começaram. Não conseguia consulta, não conseguia agendar o procedimento, fiquei em uma fila de espera gigante e engravidei neste meio tempo. Comecei o pré-natal no serviço público e, na terceira consulta, a médica achou que a minha mama estava estranha. Sentia uma ardência e, do dia para a noite, o bico do peito ficou invertido. Fiz a mamografia já nessa condição. E no dia do ultrassom gestacional, perto dos dois meses de gravidez, fiquei sabendo que estava grávida de um menino e que tinha câncer de mama.”
Márcia foi encaminhada para o Hospital das Clínicas de São Paulo. Na unidade, passou a ser atendida por um obstetra que já conduzia o atendimento de outras oito gestantes que também tinham câncer.
“Eu teria a opção de interromper a gestação por causa dos riscos. Mas já tinha ouvido os batimentos cardíacos do nenê, imaginava como era o rosto dele. Decidi seguir em frente. A doença me enchia de tristeza. Mas a gravidez me dava alegria em dobro.”
Márcia, de forma imediata, precisou fazer uma cirurgia para a retirada total da mama doente. “Poderia fazer a reconstrução do seio na mesma operação. Mas sabia que isso prolongaria o tempo do procedimento cirúrgico e estressaria mais o bebê. Então, optei ficar com a mama mutilada.”
O caçula sobreviveu e no aniverário dele de um ano, Márcia estava curada do câncer. De lá pra cá, já foram mais 3 festas. O menino adora palhaços. "Ele é a alegria" Como o curso da gestação estava misturado ao tratamento do câncer, ela passou a usar um calendário só para as duas experiências.
“E decidi não contar para ninguém que tinha câncer de mama. A gravidez era a minha maior felicidade. Então, quando encontrava as pessoas, queria falar sobre o meu filho, não sobre a doença”, explica.
“Comprei uma peruca exatamente como era o meu cabelo. Dizia que o inchaço era por causa da comida em excesso e dos desejos. Vivi os nove meses com uma meta. Preservar o bebê que estava dentro de mim e ficar forte para cuidar do meu mais velho que só sonhava em ter um irmão.”
Na sua folhinha sigilosa, Márcia sabia que a 13ª semana de gestação coincidia com o primeiro ciclo de quimioterapia. Na 16ª semana, faria o segundo ciclo. Vinte um dias antes de parir, o último. Dito e feito. A bolsa estourou dias depois da última quimioterapia. E o tratamento do câncer continuou intercalando a experiência de ser mãe pela segunda vez.
“Quando meu bebê completou um mês, começaram os ciclos de radioterapia. Eu tirei forças para enfrentar as 21 sessões que me foram prescritas fazendo as contas. Quando chegasse a última, meu caçula estaria com um ano. Tinha de estar forte para fazer a festinha de aniversário dele.”
Nome ao caçula
No aniversário de um ano do caçula, o câncer de mama deixou de fazer parte desta história. Atrás da mesa do bolo, Márcia puxou os parabéns. Ao lado dela, estava Lincown, o mais velho, nome dado por causa de um homem bonito que a irmã conheceu na adolescência. No colo, ela segurava Waldemir, batismo em homenagem ao médico que permitiu a gravidez – contada em ciclos de "quimio" e "radio" – ter um final feliz.