Em meio ao intenso e recente debate sobre as
atividades médicas no país e à precariedade do atendimento na rede de saúde, é
necessário registrar a evolução que tem os tido em alguns segmentos. Um exemplo
é a cardio-oncologia, onde duas especialidades se encontram para tentar
minimizar os efeitos adversos provocados por droga sutilizadas para a cura do
câncer. É a chamada “cardiotoxidade”.Traduzindo, são os efeitos tóxicos de
diferentes medicamentos ministrados no combate ao câncer sobre o coração.
O aprofundamento desses estudos é fundamental,
principalmente quando identificamos que o câncer lidera as preocupações entre
as doenças, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A estimativa é de
queaté 2030 cerca de 13,1milhão de pessoas morram, entre 27 milhões que devem
contrair a doença.
Como vemos é uma parcela considerável da população
mundial. Mas sabemos também que o tratamento dos pacientes portadores de câncer
com quimioterapia e radioterapia, tem resultado em um importante aumento na
sobrevida dessa população. Entretanto crescem também os efeitos
colaterais.Portanto, à medida que a incidência do câncer aumenta em função de
diferentes fatores, cresce a necessidade de se diminuir o risco da
cardiotoxicidade.
O uso de bio marcadores e exames de imagem na
tentativa de identificar pacientes com maiores riscos de cardiotoxicidade e a
adoção de medidas cardio protetoras são alvo de estudos sobre os quais tenho me
debruçado, assim como outros profissionais.
Dessa maneira, esperamos identificar as
características dos grupos de pacientes com maiores riscos de evoluirem para
uma lesão cardiovascular. Também conhecer melhor os agentes quimioterápicos e
as características da radioterapia que possam estar envolvidas na evolução não
satisfatória dos pacientes.
Esses estudos são fundamentais, pois com a evolução
dos medicamentos e o aumento da média de idade da população, o câncer, mesmo
com maior número de casos, vai se transformando, para muitos, em uma espécie de
doença crônica. Muitas vezes a doença se manifesta por mais de uma década de
incidência. Aumentam, dessa forma, os riscos dos medicamentos afetarem outros
órgãos, particularmente o coração.
Vale lembrar que mesmo nos casos de cura imediata,
com pacientes não crônicos, os efeitos dos medicamentos podem se manifestar até
20 anos após o fim do tratamento. Merece atenção nesse aspecto a
onco-pediatria, pois crianças curadas do câncer precisam de atenção especial do
ponto de vista cardiológico na vida adulta.
Portanto, é fundamental o relacionamento estreito
de cardiologista e oncologistas. Por exemplo, mesmo um pacientes com
hipertensão leve, precisa de atenção. Então esses especialistas devem trabalhar
em conjunto.
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