Pesquisadores esperam que testes clínicos provem teoria controversa e
ofereça novos tratamentos
A Science, renomada
revista científica, publicou recentemente um artigo de Jocelyn Kaiser sobre um
estudo que vem sendo feito no combate ao câncer. Robert Weinberg é um dos
pesquisadores de câncer mais conhecidos do mundo, graças em grande parte a seu
trabalho pioneiro na identificação de genes que baseiam o desenvolvimento de
tumores.
Ele já viu a esperança para tratamentos de câncer ir e vir.
“Estou
nesse ramo, para o bem ou para o mal, há 40 anos. Muitas das coisas nas quais
trabalhamos se mostraram relativamente inúteis na clínica.” Mas, aos 72 anos,
ele está otimista de novo. “Essa é realmente a primeira vez onde eu estou
posicionado para ajudar a efetuar o desenvolvimento de um agente ou de agentes
que realmente vão beneficiar pacientes de câncer,” diz ele.
O pesquisador do Instituto
de Tecnologia de Massachusetts está agora arriscando parte de sua considerável
reputação, e quase US$ 200 milhões que investidores deram a uma empresa da qual
ele é um co-fundador, em uma ousada teoria que dividiu o campo do câncer.
Weinberg e outros argumentam que tumores contém um pequeno número de células
que são distintas porque elas parecem com as células-tronco que dão origem a
tecidos normais. Eles acreditam que essas sementes do câncer, capazes de
resistir à quimioterapia e voltar meses ou anos depois do tratamento,
podem explicar os trágicos recaídas que as pessoas costumam experimentar.
Acredita-se que ao mirar especificamente nessas células tronco tumorais, será
possível manter a doença sob controle.
A Verastem Inc., empresa de
Weinberg em Needham, Massachusetts, é uma das várias que estão lançando uma
nova rodada de testes clínicos para descobrir se a teoria realmente funciona.
Além da promessa de mudar o tratamento de câncer, tos riscos financeiros são
enormes. A OncoMed Pharmaceuticals Inc., outra líder nessa área, poderia ganhar
US$ 5 milhões em financiamento adicional de grandes empresas farmacêuticas se
seus testes obtiverem sucesso.
Mas como Weinberg e outros
no campo reconhecem, pode ser difícil traçar conclusões definitivas dessas
experiências. Diferente da quimioterapia tradicional, não se espera que as
drogas que estão passando por testes diminuam rapidamente os tumores, porque
elas são desenvolvidas para matar só os minúsculos subgrupos de células que
semeiam e reabastecem o principal tumor. Logo, detectar se as drogas estão
funcionando na maneira que se pretende não é simples. Realmente, para tumores
sólidos, os pesquisadores carecem de análises simples, rigorosas para medir o
número de células-tronco tumorais. De acordo com o modelo de célula-tronco
tumoral, a quimioterapia mata o grosso das células cancerígenas mas raras
células-tronco tumorais permanecem intactas. Essas células em seguida semeiam
um novo crescimento do tumor. Matar as células-tronco poderia levar à regressão
do tumor com o tempo, mas combinar uma droga que detenha as células-tronco
tumorais com a quimioterapia poderia ser ainda mais rápido.
Os estudos também enfrentam
um forte ceticismo: muitos ainda não acreditam que as células tumorais existam
como um tipo de célula diferente de outras células tumorais, e alguns sugerem
que as empresas estão alardeando ou pelo menos simplificando demais a premissa.
Uma vitória na clínica poderia solucionar parte da controvérsia. “Eu acho que o
ônus está sobre todos nós na comunidade que estamos desenvolvendo terapias de
células-tronco tumorais para mostrar sem dúvida que essas terapias realmente
funcionam,” diz Max Wicha da Universidade de Michigan, Ann Arbor.
Por enquanto, pacientes com
câncer, pesquisadores e investidores em empresas como a Verastem vão esperar
ansiosamente pelos dados para começar os exames clínicos. Para quem se
interessa em tratamentos, os resultados poderão trazer esperança. Porém, para
pesquisadores que debatem a realidade das células cancerígenas, elas podem não
trazer uma resolução. Jeremy Rich da Cleveland Clinic em Ohio, que está
estudando células-tronco no câncer de cérebro, afirma: “Até mesmo se obtivermos
um grande sucesso, o que não acredito que vai acontecer, não acho que haverá
uma resposta em preto e branco”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário