Na postagem anterior havíamos falado que iríamos colocar um ponto final nessa história da "pílula do câncer", Contudo, como foi sancionada uma lei sobre o assunto resolvemos voltar ao tema.
Para cientistas, decisão de Dilma de liberar 'pílula do câncer' foi política
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/para-cientistas-decisao-de-dilma-de-liberar-pilula-do-cancer-foi-politica-19084068#ixzz45u7uQBVR
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Para cientistas, decisão de Dilma de liberar 'pílula do câncer' foi política
Sanção que autoriza substância dias
antes de votação do impeachment é 'populista', dizem
POR O GLOBO
RIO - Horas depois de sua publicação no Diário Oficial da União,
cientistas já criticam a lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff que
libera a fabricação, a distribuição e o uso da fosfoetanolamina sintética, a
chamada "pílula do câncer". A substância nunca passou por testes em
seres humanos e nem pelo crivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), órgão do Ministério da Saúde encarregado de avaliar e aprovar (ou
não) o uso de medicamentos no país.
Na opinião do médico Carlos Gil, pesquisador do Instituto D'Or e
vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Dilma tomou a
decisão de sancionar a lei às vésperas da votação sobre o seu processo de
impeachment, neste domingo, para angariar apoio do Congresso, que havia
aprovado o projeto de lei, e de parte da população que acredita na eficácia da
substância.
- Foi um momento delicado para tomar essa decisão. Chama a atenção essa
medida dias antes da votação no Congresso. Não tem como não pensar que foi uma
decisão política, populista - criticou o oncologista. - Como médico e
pesquisador, só tenho a lamentar. Mais uma decisão que fere o fluxo científico
e regulatório padrão no mundo para a aprovação de medicamentos. Continuo
apoiando os estudos em curso no Brasil sobre a fosfoetanolamina, que poderão,
de forma legítima, demonstrar ou não se a substância pode se tornar um
medicamento anticâncer.
A sanção da lei 13.269, de 13 de abril, foi publicada no Diário Oficial
da União desta quinta-feira. Segundo o texto, "a lei autoriza o uso da
substância fosfoetanolamina sintética por pacientes diagnosticados com
neoplasia maligna", ficando claro que os pacientes que optarem por usar a
pílula deverão apresentar laudo médico comprovando o diagnóstico de tumor
maligno, assim como um termo de consentimento e responsabilidade assinado pelo
próprio enfermo ou por um "representante legal".
Já na época da aprovação do projeto de lei pelo Congresso, no mês
passado, cientistas e órgãos de saúde do governo foram unânimes em criticar o
texto, que libera o uso de uma substância que nunca passou pelos testes
adequados, em laboratório, animais e humanos, para avaliar sua eficácia.
Na opinião do neurocientista e especialista em células-tronco da UFRJ e
do Instituto D'Or Stevens Rehen, um dos pesquisadores mais respeitados do
Brasil, líder do estudo brasileiro de maior repercussão dos últimos anos, sobre
zika, publicado esta semana na revista "Science", a votação do
processo de impeachment também influenciou na decisão a presidente Dilma.
- Foi uma decisão totalmente política, que ignorou a medicina e a
ciência e a segurança dos pacientes. Autorizar uma substância cuja segurança e
eficácia não têm qualquer comprovação científica e ir contra o parecer da
Anvisa não é o que se espera da Presidência do Brasil. É uma mensagem muito
ruim para a sociedade brasileira, uma irresponsabilidade. Você entende que um
paciente desesperado tome qualquer coisa. É totalmente diferente que o governo
faça isso em vez de proteger a saúde da sociedade. Não é o que se esperava de
um país como o Brasil. Lembra o caso do presidente sul-africano que negava que
o HIV causasse Aids - condenou o cientista.
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