domingo, 15 de dezembro de 2019

Feliz Natal e um 2020 com muita paz e amor


Um exemplo positivo
Uma doação ocorrida no último dia 5 de dezembro trouxe esperança aos pacientes do Instituto do Câncer de São Paulo de uma forma diferente
Por Paulo Hoff - 12 dez 2019, 12h58


Casal de mãos dadas Thinkstock/VEJA

No Brasil, ainda estamos longe de ter uma verdadeira cultura de solidariedade. Novas terapias, medicamentos inovadores, esses são geralmente os temas que falamos nas coletivas para a imprensa no Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp). Mas aquela que ocorreu no último dia 05 de dezembro trouxe esperança aos pacientes de uma outra forma.
Na ocasião, foi anunciada uma doação privada no valor de R$ 8,2 milhões para o Icesp. A ação foi fruto da generosidade do advogado Orlando Di Giacomo Filho, que morreu em 2012. Mesmo na época de seu falecimento, o olhar para a solidariedade já estava presente. Nos convites para o seu velório, havia um pedido simples: substituir as eventuais coroas de flores por doações ao Instituto.
Doamos pouco
Infelizmente, atitudes como essa são mais exceção do que regra. No Brasil, a figura do benemérito é rara em comparação com países de cultura anglo-saxã, por exemplo. No ranking dos cidadãos que mais doam, estamos atrás até mesmo de nossos vizinhos latino-americanos e de países menos desenvolvidos.
O Brasil ostenta uma vexatória 67o. posição no ranking de doações conhecido como World Giving Index, desenvolvido pela organização britânica Charity Aid Foundation. Doamos proporcionalmente menos do que pessoas do Paraguai, Uruguai, Kosovo, Vietnã, Nigéria e Quênia.
E caímos para a 74a. posição quando o cálculo leva em conta outras dimensões da solidariedade, como realizar trabalhos voluntários. Fica claro que ainda temos muito o que evoluir no conceito de sociedade.
A cultura do “incentivo fiscal”
Na entrevista coletiva do Icesp, quando anunciamos a doação, uma das perguntas mais esperadas foi sobre o que o governo faria para estimular outras ações parecidas. Em geral, é isso o que associamos a filantropia: trocar impostos por donativos.
Acredito que essa é uma visão incompleta do que significa doar. Ainda que seja louvável destinar parte de um imposto para determinada instituição, isso não cria uma verdadeira cultura de solidariedade.
Fazer o bem e ajudar uma causa, antes de tudo, deveria ser o grande motivador. O que deveria nos mover é a alegria de saber que podemos fazer a diferença, de que é nosso papel ajudar, colocando a mão na massa e no bolso.
Se nenhum desses argumentos for suficiente, diversos estudos mostram que pessoas altruístas vivem mais e melhor. Isso porque ser solidário nos torna mais felizes.
Um estudo feito no Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino mostrou que doar para uma instituição ativa no cérebro as mesmos “centros de recompensa” de situações prazerosas – como, por exemplo, comer chocolate, ganhar dinheiro ou receber um elogio.
Pelo bem maior
Não custa lembrar que, em um país como Brasil, não faltam bandeiras e necessidades a serem atendidas. Saúde, educação, moradia, assistência social, as páginas de Veja e de outros veículos de comunicação estão cheias de problemas que não são apenas do Estado, são nossos.
Doações como a do dr. Orlando Di Giacomo Filho nos enchem de alegria e esperança. O valor será utilizado para melhorias na infraestrutura e dos programas de ensino do Icesp, levando o conhecimento que é produzido pela instituição para outros lugares do Brasil, América Latina e África.
Em tempo como esses, em que o fim de ano e o Natal nos despertam para o amor ao próximo, fica nossa esperança de que esta semente germine no coração de todos nós.
https://veja.abril.com.br/blog/letra-de-medico/um-exemplo-positivo/

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Médicos rebatem notícias falsas sobre segurança de protetor solar


Informações que circulam em redes sociais levaram a Sociedade Brasileira de Dermatologia a emitir um comunicado reafirmando que os filtros são seguros
03/06/2019 - 12h27minAtualizada em 03/06/2019 - 13h16min
Depois de notícias enganosas e perigosas sobre alvejantes que supostamente curariam o autismo e supostos problemas associados a vacinas, chegou a vez dos protetores solares serem alvos e acusados de ser tóxicos. As informações, que circulam em redes sociais, deixaram dermatologistas de cabelo em pé e levaram a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) a emitir um comunicado reafirmando que os filtros solares são seguros e devem ser usados para se proteger contra o câncer de pele.

Segundo a entidade, os rumores mais recentes começaram a surgir a partir de estudo do FDA (agência americana que fiscaliza e regulamenta alimentos e remédios) que apontou a absorção pela pele de componentes dos filtros solares – algo que é normal e esperado.

O estudo, publicado recentemente na revista científica Jama, da Associação Médica Americana, buscava verificar a absorção sistêmica relativa a quatro ingredientes comuns nos filtros solares. Para isso, participaram da pesquisa 24 pessoas que usaram protetor em diferentes formas, como spray e loção, em 75% do corpo quatro vezes por dia.

A conclusão da pesquisa, contudo, não vai além da constatação da absorção. Ou seja, nessas condições de uso máximo de protetores, determinadas substâncias são absorvidas e podem ser detectadas em exames. 

A partir disso, os autores afirmam que mais estudos devem ser feitos para verificar se há alguma significância clínica nessa absorção. Ao mesmo tempo, os pesquisadores são claros ao afirmar que o achado não deve fazer com que as pessoas deixem de usar os filtros solares.

— Esses estudos foram feitos em condições que não são usualmente aplicadas no cotidiano, tanto em termos de aplicação quanto de quantidade aplicada — afirma Sérgio Palma, presidente da SBD. — Não temos dados de segurança que contraindiquem o uso de filtro solar.

De toda forma, diz Hélio Miott, dermatologista da SBD, pesquisas como essa são esforços para melhoria futura de níveis de segurança  – como possibilidade de algum nível de toxicidade dependendo da concentração das substâncias – e evolução de rotulagem dos produtos.

Segundo Miott, os protetores são usados desde 1970 e, logicamente, foram evoluindo e passando por substituições de componentes. No início, por exemplo, era comum que causassem alergias, acne e sensibilidade na pele. Fora isso, não há histórico de problemas graves que sejam causados pelos filtros.

Os especialistas destacam a importância do uso do protetor solar, principalmente ao se levar em conta a elevada incidência solar no Brasil. 

Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam o câncer de pele não melanoma como o mais comum no Brasil, sendo responsável por aproximadamente 30% dos tumores malignos registrados. Já os melanomas são menos comuns – correspondem a 3% dos casos de câncer de pele –, mas mais graves e com potencial de levar à morte.

— A prevenção aos danos solares é a melhor forma de você evitar a progressão ou o surgimento de uma lesão de câncer de pele — diz Palma. 

Além da recomendação de filtros solares para a proteção das áreas do corpo expostas ao sol, os especialistas afirmam que a população pode usar roupas com proteção UV, chapéu, evitar exposição aos raios solares entre as 10h e as 16h e procurar sombras sempre que possível.