quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Médicos rebatem notícias falsas sobre segurança de protetor solar


Informações que circulam em redes sociais levaram a Sociedade Brasileira de Dermatologia a emitir um comunicado reafirmando que os filtros são seguros
03/06/2019 - 12h27minAtualizada em 03/06/2019 - 13h16min
Depois de notícias enganosas e perigosas sobre alvejantes que supostamente curariam o autismo e supostos problemas associados a vacinas, chegou a vez dos protetores solares serem alvos e acusados de ser tóxicos. As informações, que circulam em redes sociais, deixaram dermatologistas de cabelo em pé e levaram a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) a emitir um comunicado reafirmando que os filtros solares são seguros e devem ser usados para se proteger contra o câncer de pele.

Segundo a entidade, os rumores mais recentes começaram a surgir a partir de estudo do FDA (agência americana que fiscaliza e regulamenta alimentos e remédios) que apontou a absorção pela pele de componentes dos filtros solares – algo que é normal e esperado.

O estudo, publicado recentemente na revista científica Jama, da Associação Médica Americana, buscava verificar a absorção sistêmica relativa a quatro ingredientes comuns nos filtros solares. Para isso, participaram da pesquisa 24 pessoas que usaram protetor em diferentes formas, como spray e loção, em 75% do corpo quatro vezes por dia.

A conclusão da pesquisa, contudo, não vai além da constatação da absorção. Ou seja, nessas condições de uso máximo de protetores, determinadas substâncias são absorvidas e podem ser detectadas em exames. 

A partir disso, os autores afirmam que mais estudos devem ser feitos para verificar se há alguma significância clínica nessa absorção. Ao mesmo tempo, os pesquisadores são claros ao afirmar que o achado não deve fazer com que as pessoas deixem de usar os filtros solares.

— Esses estudos foram feitos em condições que não são usualmente aplicadas no cotidiano, tanto em termos de aplicação quanto de quantidade aplicada — afirma Sérgio Palma, presidente da SBD. — Não temos dados de segurança que contraindiquem o uso de filtro solar.

De toda forma, diz Hélio Miott, dermatologista da SBD, pesquisas como essa são esforços para melhoria futura de níveis de segurança  – como possibilidade de algum nível de toxicidade dependendo da concentração das substâncias – e evolução de rotulagem dos produtos.

Segundo Miott, os protetores são usados desde 1970 e, logicamente, foram evoluindo e passando por substituições de componentes. No início, por exemplo, era comum que causassem alergias, acne e sensibilidade na pele. Fora isso, não há histórico de problemas graves que sejam causados pelos filtros.

Os especialistas destacam a importância do uso do protetor solar, principalmente ao se levar em conta a elevada incidência solar no Brasil. 

Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam o câncer de pele não melanoma como o mais comum no Brasil, sendo responsável por aproximadamente 30% dos tumores malignos registrados. Já os melanomas são menos comuns – correspondem a 3% dos casos de câncer de pele –, mas mais graves e com potencial de levar à morte.

— A prevenção aos danos solares é a melhor forma de você evitar a progressão ou o surgimento de uma lesão de câncer de pele — diz Palma. 

Além da recomendação de filtros solares para a proteção das áreas do corpo expostas ao sol, os especialistas afirmam que a população pode usar roupas com proteção UV, chapéu, evitar exposição aos raios solares entre as 10h e as 16h e procurar sombras sempre que possível.


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