https://www.einstein.br/especialidades/radiologia-intervencionista/noticias/ablacao-percutanea-e-alternativa-para-tratamento-do-cancer
Recurso permite destruir células tumorais por aplicação de
calor ou frio, preservando os tecidos adjacentes
O uso de métodos de imagem para guiar intervenções tem
permitido ampliar a gama de procedimentos minimamente invasivos no tratamento
de câncer, dentro de um novo campo da Medicina conhecido como Oncologia
Intervencionista.
A ablação percutânea, que envolve a destruição de células
tumorais por meio de aplicações de energia térmica, é um desses recursos.
Indicada para alguns tipos de tumores do fígado, rins, pulmões e ossos, tanto
primários como secundários (provenientes de outros órgãos), a ablação se
apresenta como uma alternativa nos casos em que a cirurgia convencional não
pode ser realizada ou é recusada pelo paciente.
É feita através da aplicação precisa de energia geradora de
calor (radioablação) ou de frio (crioablação) no interior da lesão, evitando
que tecidos saudáveis adjacentes sejam afetados.
Com apoio de recursos de imagem como Ultrassonografia,
Tomografia Computadorizada, Ressonância Magnética e PET-CT, o médico (
Radiologista Intervencionista) introduz um delgado instrumento pontiagudo
(probe) através da pele e o direciona ao interior da lesão.
Na radioablação, o probe é acoplado a um gerador que emite
pulsos de radiofrequência, produzindo calor local em torno de 80°C, suficiente
para induzir a necrose das células neoplásicas.
Na crioablação, o probe gera no interior da lesão uma bola
de gelo a baixíssimas temperaturas ( da ordem de -140oC), que por meio de
ciclos sucessivos de congelamento e descongelamento, promove a destruição das
células tumorais.
A escolha do tipo de ablação depende da natureza e
localização do tumor, sempre visando ao máximo de eficácia no procedimento. Os
dois tipos são adotados no tratamento de neoplasias de pulmões e rins. Já os tumores de fígado apresentam
excelente resposta à radioablação. Para tumores ósseos indicam-se as técnicas
ablativas no controle local da doença e para o tratamento de dor no caso de
metástases. Os procedimentos podem ainda ser realizados durante um ato
operatório, acrescentando recursos adicionais à cirurgia oncológica.
Minimamente invasiva, a ablação percutânea é um procedimento
seguro, com baixas taxas de complicações (2% a 3%). Na maioria dos casos, não
requer internações prolongadas, nem anestesias profundas, e é bem tolerada
pelos pacientes, que podem retornar às suas atividades rotineiras em pouco
tempo - em alguns casos, até no dia seguinte. Cerca de 40% dos pacientes
apresentam reações passageiras, como febre baixa, desconforto, fadiga e
prostração, que costumam durar de dois a três dias após o procedimento e são
facilmente controladas com medicações.
A menor invasividade permite que o procedimento seja
repetido, caso necessário, em situações como recidivas ( surgimento de novas
lesões) ou tumores residuais. Também é indicado para redução de tumores muito
grandes, a fim de viabilizar uma remoção cirúrgica posterior. Pode, inclusive,
ser combinado a outros procedimentos como radioterapia e quimioterapia.
No caso de tumores hepáticos, a ablação desempenha um
importante papel como ponte para quem espera um transplante e é portador de um
hepatocarcinoma ( tumor primário do fígado). No Brasil, como na maioria dos
países, pacientes com uma lesão maior do que cinco centímetros ou com mais de
três lesões com até três centímetros tornam-se inelegíveis ao transplante (
Critérios de Milão). Nesses casos, a ablação percutânea torna-se uma opção de
tratamento, contribuindo para reduzir o tamanho dos tumores ou evitar que
cresçam e excedam os critérios excludentes.
As indicações dos procedimentos ablativos são bastante
amplas dentro do cenário oncológico, no entanto seu emprego deve ser amparado
por ampla discussão multidisciplinar entre todos os especialistas envolvidos no
tratamento do câncer: oncologistas, cirurgiões, radioterapeutas e radiologistas
intervencionistas.
Adotada nos principais centros mundiais desde a década de
90, a ablação percutânea de tumores é uma técnica com alto potencial de
desenvolvimento. Outras formas de produção de energia para a ablação, como
laser , micro-ondas, ultrassom focado de alta intensidade (HIFU) e
eletroporação definitiva, estão em crescente desenvolvimento e poderão em breve
somar-se às possibilidades hoje oferecidas. Além disso, há estudos em andamento
que devem permitir, num futuro próximo, estender o procedimento a alguns tipos
de tumores de mama e de próstata.
São novos caminhos que se abrem, ampliando os horizontes
para o tratamento do câncer.
Fonte: dr. Rodrigo Gobbo Garcia, Médico Radiologista
Intervencionista do Einstein
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