segunda-feira, 21 de dezembro de 2020
sexta-feira, 18 de dezembro de 2020
Saiba o que existe de mais avançado no tratamento do câncer de mama
Conquistas mais recentes trazem medicamentos que agem diretamente na
célula doente ou estimulam o sistema imune a atacar o câncer
https://noticias.r7.com/saude/saiba-o-que-existe-de-mais-avancado-no-tratamento-do-cancer-de-mama-31102020
- Brenda Marques, do R7
- 31/10/2020 - 02h00
Cada avanço no tratamento serve para
um tipo específico de câncer de mama
Freepik
O câncer de mama não é uma doença
única, existem diferentes tumores e, portanto, há tratamentos e avanços que
contemplam um tipo específico dentre eles. As conquistas mais recentes são no
âmbito da terapia-alvo, que age diretamente nas células cancerígenas sem afetar
as que estão saudáveis e da imunoterapia, que estimula o próprio sistema
imunológico a atacar o câncer.
Noam Ponde, oncologista clínico do
A.C.Camargo Cancer Center, afirma que no mês passado, durante o Congresso
Europeu, houve um grande avanço, com a apresentação de uma pesquisa que mostrou
a eficácia de um medicamento chamado abemaciclib para tratar pacientes com
tumores luminais -que têm receptores de estrógeno e progesterona - na fase
inicial, quando não há metástase.
Esse tipo de tumor corresponde a mais
de 70% dos cânceres de mama, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de
Câncer).
"Antes, eles eram usados só para
pacientes com câncer metastático [quando o tumor já se espalhou para outras
partes do corpo]. O estudo mostrou que quando esse remédio é usado por dois
anos junto com a terapia endócrina aumenta a chance de cura para mulheres com
alto risco de reaparecimento da doença", explica.
O especialista explica que esse
medicamento faz parte dos chamados inibidores de ciclina, um tipo de
terapia-alvo que impede a divisão e multiplicação das células cancerosas.
Ainda em 2019, foram obtidas
conquistas para tratar mulheres com câncer metastático do tipo HER2. Assim
chamado em referência à proteína que ele expressa, esse tumor representa 20%
dos cânceres de mama.
"Tivemos a aprovação de três
drogas nos Estados Unidos: neratinib, tucatinib e trastuzumab-deruxtecan. Os
três são terapia-alvo, mas de catecorias distintas", detalha Ponde.
O oncologista esclarece que o útimo
medicamento citado pertence à classe dos anticorpos monoclonais, que agem em um
receptor específico da célula cancerígena, "É como um míssil teleguiado e
joga dentro da célula a quimioterapia, então você consegue uma eficácia maior e
toxicidade menor", compara.
"Estudos mostraram que pacientes
que já haviam feito outros tratamentos e receberam essas drogas apresentaram
uma diminuição do tumor e, além disso, a doença ficou sob controle por um tempo
mais longo do que o esperado", destaca.
Também ano passado, o Brasil aprovou
a primeira
imunoterapia destinada para pacientes com câncer de mama no país,
feita com um medicamento injetável chamado atezolizumabe.
O mecanismo de ação da imunoterapia
consiste em "destravar" o sistema imune, que é bloqueado por alguns
tipos de câncer. Essa liberação permite que as células de defesa do organismo
reconheça e destrua o câncer, conforme descreve Ponde.
"O problema é que, com o
fortalecimento do sistema imunológico, outras partes do corpo acabam sendo
atacadas, como pulmão, pâncreas e glândula tireoide, então tem risco de
hipotireoidismo", explica.
Além disso, a abrangência da
imunoterapia para o câncer de mama é muito limitada: seu uso está aprovado por
órgãos reguladores só para pacientes que possuem câncer de mama triplo-negativo
(que não possuem receptores hormanais nem a proteína HER2), metastático e a
expressão de uma molécula chamada PDL-1, que impede o combate às células
cancerosas.
"Existem dados promissores
[sobre a eficácia para outros tipos de cânceres de mama], mas precisa de
aprovação do FDA [Food and Drug Administration, a agência reguladora
americana], que significa muita coisa no contexto de novos tratamentos",
frisa o oncologista.
'Brasil
está atrasado'
Questionado sobre o panorama
brasileiro para o tratamento dos tumores de mama, o especialista enfatiza o
atraso - na aprovação, comercialização, incorporação de novos medicamentos no
SUS (Sistema Único de Saúde) e obrigatoriedade de cobertura por convênios.
"Uma caixa de abemaciclib custa
R$ 18 mil por mês e os planos de saúde não são obrigados a pagar. Imagine a
angústia de você receber o diagnóstico, ter o tratamento disponível, mas não poder
pagar. Só consegue se processar o convênio, o que é absurdo", ressalta
"Nesse momento está havendo uma
consulta pública sobre a inclusão dos inibidores de ciclina no rol da ANS
(Agência Nacional de Saúde), o que tornaria a cobertura obrigatória", informa.
A inclusão no SUS está ainda mais
distante e, por enquanto, não passa de uma utopia. "Nesse momento nem se
pensa nisso. Esse ano o SUS integrou uma droga chamada pertuzumabe que as
pessoas já tomam há 9 anos para tratar o tumor do tipo HER2", exemplifica.
Saiba quais os avanços para tratar e diagnosticar o câncer de próstata
Principal conquista no âmbito de tratamentos, a cirurgia robótica é inacessível para a maioria dos pacientes, pois custa cerca de R$ 20 mil
Do R7
16/11/2020 - 02h00
Pixabay/Reprodução
O câncer de próstata é o segundo mais comum e letal entre
homens - a cada 41, um morre por causa desse tipo de tumor, de acordo com a
American Cancer Society. Nos últimos anos, avanços no diagnóstico da doença têm
propiciado melhores resultados no tratamento, que também teve suas sequelas
diminuídas.
As conquistas mais recentes em relação às ferramentas de
diagnóstico são o Pet Scan e a ressonância magnética multiparamétrica da
próstata - ambos exames de imagem -, como explica o urologista João Manzano, do
Hospital Moriah, em São Paulo.
"Antes, se o PSA [marcador antígeno prostático
específico] ou exame de toque mostrasse alguma alteração, a gente já pedia a
biópsia, mas ela só diagnosticava 30% dos casos, com a ressonância essa taxa de
detecção aumenta para 70%", destaca.
O Pet Scan, por sua vez, permite analisar o corpo inteiro, a
partir da ação de um marcador que tem afinidade com as células cancerígenas.
"Essa substância vai grudar no tumor onde quer que ele esteja. Então, você
escaneia e, se tiver metástase, vai aparecer", descreve o especialista.
No âmbito de tratamentos, o princpal avanço alcançado foi a
cirurgia robótica, que diminui o risco de sequelas e acelera o período de
recuperação sem afetar a possibilidade de cura.
"Impotência e incontinência urinária eram muito mais
frequentes com a cirurgia aberta", afirma Manzano. De acordo com ele,
entre 70% e 80% dos pacientes não apresentam qualquer problema quando a
intervenção é realizada com robôs, ao passo que sem essa tecnologia metade dos
homens são acometidos. "Além disso, o paciente fica menos de um dia
internado no hospital", acrescenta.
Todos essas melhorias são possíveis porque o robô dá ao
cirurgião uma visão tridimensional e tem um grau muito maior de mobilidade em
seus braços, esclarece o urologista.
"A cirurgia é feita com 6 furos no abdome, todo menores
que um 1 cm, pelos quais passam pinças que são conectadas a braços robóticos
controlados por um profissional por meio de um joystick. Então, o robô não é
totalmente autônomo, ele auxilia o cirurgião", enfatiza.
Entretanto, o acesso
a essa tecnologia ainda é um privilégio que se restringe às elites, pois só
está disponível em hospitais particulares e não faz parte do rol de
procedimentos da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), o que significa
que os planos de saúde não são obrigados a cobrir despesas com esse tratamento.
"O preço varia, de acordo com o hospital. Mas custa no
mínimo entre R$ 5 mil e R$ 10 mil, isso se o paciente tiver plano de saúde. Mas
para quem não tem, o valor sobe para R$ 20 mil", afirma Manzano.
https://noticias.r7.com/saude/saiba-quais-os-avancos-para-tratar-e-diagnosticar-o-cancer-de-prostata-16112020