Equipe Oncoguia- Data de cadastro: 21/12/2020 - Data de atualização: 21/12/2020
Que 2020 foi um ano desafiador para toda população mundial,
não é novidade. Mas pacientes com câncer tiveram algumas razões a mais para se
preocupar. O câncer é uma doença que não espera, pode ter uma evolução rápida e
o diagnóstico precoce é a melhor forma de combate – oferecendo até 95% de
chance de cura. Então, como agir quando a principal recomendação das
autoridades mundiais de saúde foi para ficar em casa?
A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de
Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) acompanhou de perto essa movimentação e compilou
os principais desafios que esse ano tão difícil trouxe e pontos de atenção e
cuidados que pacientes oncológicos devem ter em 2021.
Os duros ensinamentos de 2020
Logo no início de abril, pouco mais de um mês após o
primeiro caso confirmado de covid-19 no Brasil, a Dra. Maira Caleffi, mastologista
e presidente voluntária da FEMAMA, pontuou o impacto da pandemia no câncer:
“Devemos procurar as melhores soluções locais, alinhadas às orientações do
Ministério da Saúde, para garantir o atendimento aos casos urgentes e não
deixar desassistidos os demais casos”, disse. Mas, já em maio, a entidade notou
falta de compromisso do sistema de saúde com pacientes oncológicos e sua
incapacidade de responder às demandas.
Sem direcionamentos claros, com trocas de ministros da saúde
e uma gestão descoordenada, o que se viu foi o aumento de cancelamento de
consultas e cirurgias agravando ainda mais a situação da oncologia no país. Em
levantamento com sua rede de 70 ONGs associadas, a FEMAMA identificou que o
cancelamento de consultas e cirurgias era a principal reclamação de quase 55%
de pacientes. A principal dúvida, de mais de 74%, era justamente quando os
tratamentos retornariam à normalidade.
Na época, Caleffi alertou: “Vamos ver um aumento
significativo de casos de tumores palpáveis e tratamentos mais agressivos, com
maior custo e morbidade. É uma necessidade urgente que se abram caminhos
‘livres de corona’ para que as pessoas encontrem ajuda e informações”. Os
hospitais e unidades de saúde começaram a preparar, de fato, essas áreas.
Mas a preocupação das entidades e pacientes parecia não ser
a mesma do Governo Federal. No fim de junho, já completávamos 45 dias sem um
ministro da saúde, em plena pandemia – e que se estendeu para além de 120 dias
– e a FEMAMA, junto a outras instituições, pediu publicamente atitudes do
inerte órgão que é a autoridade máxima de saúde do país. A entidade também
cobrou, formalmente, a falta de ação que já vinha ocorrendo desde 2019 com a
Lei dos 30 Dias e a Lei de Notificação Compulsória do Câncer, tão importantes
para pacientes oncológicos, mas que foi justificada, pelas autoridades, usando
a pandemia. Não houve resposta satisfatória.
2020 nos mostrou quão deficitária está a atenção oncológica
em todas as etapas da doença. Os pacientes não sabiam o que fazer ou a quem
procurar para obter respostas sobre o câncer. Todo o sistema público se voltou
para o coronavírus.
Cuidados com o câncer em 2021
Com o novo aumento de casos de covid-19, pode-se concluir
que é uma situação que se arrastará por algum tempo, mesmo se a vacina começar a
ser aplicada, já que somente alguns grupos serão preferenciais e nem toda
população terá acesso.
As entidades do terceiro setor continuam exercendo seu papel
de lutar pelos direitos de pacientes. Durante 2020, a FEMAMA intensificou seus
canais de comunicação com os pacientes por meio de suas ONGs associadas e
promoveu, além de seu fórum anual, diversas lives em seu canal, com temas que
trataram de fatores de risco do câncer de mama a direitos de pacientes
oncológicos. E são essas orientações que pautarão os cuidados que devemos
manter e ampliar em 2021:
Manter as consultas com mastologista e oncologista: O
diagnóstico precoce ainda é a melhor forma de lutar contra o câncer, já que
para alguns tipos, como o câncer de mama, não há prevenção. Por isso, é importante
o acompanhamento médico, seguindo também todos os novos protocolos sanitários;
Continuar o tratamento para o câncer: Quem já teve o
diagnóstico, deve continuar com o tratamento, sempre tomando todos os cuidados,
para que a doença não avance até um estágio em que haja menos possibilidade de
cura ou que o tratamento seja mais agressivo.
Atualizar a caderneta de vacinação: Por ficarem mais
vulneráveis a contrair infecções devido ao sistema imunológico mais frágil, é
importante que pacientes oncológicos mantenham sua caderneta de vacinação
atualizada. Para isso, com a prescrição médica, basta procurar os Centros de
Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIEs) de cada estado. A FEMAMA
responde, em seu site, dúvidas sobre vacinas para pacientes com câncer.
Fazer as 3 perguntas que salvam: A campanha de Outubro Rosa
da FEMAMA em 2020, propôs que homens e jovens se juntassem às mulheres e
fizessem três perguntas que podem salvar as mulheres de sua vida. Incentivar
quem se ama a se cuidar é uma prática diária que não deve ficar restrita ao mês
de outubro. As três perguntas são:
Você tem observado suas mamas?
Você já marcou seus exames anuais?
Você conhece seus fatores de risco?
Assim como toda a população mundial, a FEMAMA espera que em
2021 todos possam fazer sua parte para que o ano seja mais leve, principalmente
as autoridades de saúde brasileiras. E, com tudo que aconteceu, 2020 deixa
algumas lições importantes para trilharmos esse caminho com menos obstáculos e
mais conhecimento e solidariedade, especialmente para com pacientes
oncológicos. O nosso normal mudou, mas o câncer, não
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/cancer-na-pandemia-femama-aponta-os-aprendizados-de-2020-que-devemos-ampliar-em-2021/14111/7/
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