quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Longe da escola, menina aprende a ler e escrever no hospital

Por brasil
24/06/14 07:00
NATÁLIA CANCIAN, DE SÃO PAULO

Foram três dias de aula até que um exame revelou o diagnóstico: a pequena Lara, 6, teria que deixar temporariamente a nova escola para ser internada com urgência no Hospital Infantil Darcy Vargas, em São Paulo.

Tudo começou quando a mãe estranhou o pescoço e a barriguinha inchados e manchas nos braços da filha. Passou por consultas —no início, um médico sugeriu que ela tivesse apenas uma dor de garganta. Até que um exame trouxe o diagnóstico: leucemia.

“Não gosto nem de lembrar. Chorei muito. Ela brincava, pulava e de uma hora para outra ficou doente”, conta a manicure Juliana Roberto de Souza, 29.

Entraram no hospital em 14 de fevereiro. “Levei um susto tremendo. Ela chegou e foi direto para a UTI”, diz a mãe.

Foi lá, onde a menina ficou por 23 dias, que a mãe soube da existência de uma “escola” dentro do próprio hospital: uma chance para Lara, que havia iniciado o 1º do ensino fundamental, continuar a aprender a ler e escrever.

A garota começou a ter aulas ainda no quarto e, dias depois, no espaço de uma brinquedoteca. Por vezes, encontra a professora e faz exercícios de português e matemática até na quimioteca, onde recebe parte do tratamento.

A iniciativa, chamada de classes hospitalares, ainda é pouco conhecida no país. Hoje, ao menos 146 hospitais têm professores e salas de aula para atender crianças em tratamento de saúde, segundo levantamento coordenado pela professora Eneida Simões da Fonseca, da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

O número ainda é baixo, se comparado à quantidade de hospitais existentes no país —são 5.552 unidades ligadas ao SUS, segundo o Ministério da Saúde.

‘NÃO ENTENDI NADA’
Um desses hospitais com aulas é o Darcy Vargas, onde está Lara, uma figura miudinha, de sorriso aberto.

Para iniciar as aulas, a mãe foi até a escola onde estudava Lara –a escola municipal Paulo Setúbal, na zona sul. Lá, buscou livros didáticos, provas e lições de casa. A partir daí, a sala de aula de Lara mudou de lugar.

Do alfabeto, a menina passou a aprender a formar palavras.

“No início ela relutou muito, porque ela achava que não sabia nada. Ela me olhava de cara feia e falava: ‘Eu já não disse que eu não sei, você não entendeu?’”, conta Dilma de Moraes, um dos sete professores da rede estadual de SP que atendem no Darcy Vargas.

“Quando ela viu que podia aprender, aí ela se empolgou. O dia que eu não dou nada para ela, ela vem na brinquedoteca e me cobra”, diverte-se a professora.

CONTINHAS E LÁPIS
Três meses depois, Lara vive de juntar as letras e resolver “continhas”, de lápis na mão. Mas gosta mesmo é de escrever o nome dela e das pessoas da família, uma forma de amenizar a saudade por ver os irmãos só aos finais de semana —um deles tem apenas dois anos e não pode ir ao hospital.

Nas horas livres, também solta a criatividade: neste mês, criou até uma bandeira do Brasil para colocar em cima do travesseiro enquanto assiste aos jogos da Copa. “Eu que fiz”, entrega, ainda tímida.

Na última quarta-feira (11), quando a Folha estava no local, ela também se revezava entre desenhos, livros e um caderno de caligrafia. De férias, faz as lições deixadas pela professora.

“Ela aprendeu a escrever aqui. Antes, só sabia o abecedário e os números. Agora, já junta as palavras, lê e faz frases curtas. Também adora caça-palavra e matemática”, conta, orgulhosa, a mãe. “Foi fundamental porque, quando ela voltar para a escola, já vai saber tudo”, completa.
Segundo a mãe, o retorno está previsto para agosto, após o último “bloco” de quimioterapia —quando Lara é internada por alguns dias para receber a medicação. O tratamento, no entanto, deve continuar.

“Sempre ouvia falar sobre câncer, mas jamais imaginei que pudesse acontecer com a minha filha. Pensei que ela fosse reagir de outra forma, mas está lidando bem. Ela nasceu de novo. Tenho fé que vai se curar”, diz a mãe, que já se prepara para convencê-la a voltar à escola nos próximos meses. “Ela não quer, quer ter aula aqui”, ri.

http://brasil.blogfolha.uol.com.br/2014/06/24/longe-da-escola-menina-aprende-a-ler-e-escrever-no-hospital/

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Dráuzio Varella é chamado às pressas para tratar Jô

De acordo com informações do colunista Leo Dias, do jornal O Dia, o oncologista Dráuzio Varella foi chamado às pressas para acompanhar o tratamento de Jô Soares, 76 anos, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo
O apresentador global está internado desde o dia 25 de julho devido a uma infecção pulmonar, segundo boletim médico (o último foi divulgado no dia 28 do mês passado). No entanto, há uma suspeita de que Jô esteja com câncer de pulmão.
Ainda de acordo com uma fonte do colunista, ele teve uma parada cardíaca na noite da última quarta-feira. 
Jô Soares recebe alta e deixa hospital em São Paulo
Depois de quase um mês internado, o apresentador Jô Soares recebeu alta na noite desta sexta-feira (15). Ele estava recebendo cuidados no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, depois de uma pneumonia. Segunda assessoria do hospital, Jô foi liberado para voltar para sua casa por volta das 18h40.
Ainda não foram divulgados detalhes sobre o estado de saúde do apresentador. O último boletim médico, divulgado no dia 28 de julho, informou apenas que ele estava sob tratamento com antibióticos. Durante o período de internação, a Globo exibiu reprises do Programa do Jô.
Nesta sexta, diversas notícias sobre a suspeita de que Jô estaria com câncer no pulmão circularam pelas redes sociais. No Twitter, diversos boatos foram reproduzidos e alguns chegaram até a afirmar que o apresentador de 76 anos havia falecido.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

ANS autoriza reajustes entre 9,65% e 10,79% para planos de saúde contratados até 1998


Índice vale para Amil, SulAmérica, Bradesco e Itaú e atinge quase 354 mil pessoas
por O Globo
06/08/2014 10:11 / Atualizado 06/08/2014 11:02
Operadoras haviam pedido à ANS percentuais mais altos, entre 11,75% e 13,57% -
RIO - A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) definiu os reajustes máximos a serem aplicados aos contratos de planos de saúde individuais antigos — ou seja, aqueles que foram feitos antes da lei do setor, de 1998 — das quatro operadoras que possuem Termos de Compromisso (TC) sobre cláusulas de reajuste. A Amil pode reajustar seus contratos em até 9,65%, entre julho de 2014 e maio de 2015, informou a ANS. Já SulAmérica, Bradesco e Itaú poderão aplicar um índice de até 10,79% entre julho de 2014 e junho de 2015.

São 353.999 beneficiários, que correspondem a 1% do total que tem plano de saúde no país. Segundo a agência, as operadoras haviam pedido à ANS percentuais mais altos, entre 11,75% e 13,57%. Os índices concedidos, no entanto, superam de longe a inflação: em 12 meses até junho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula variação de 6,52%.

Será permitida cobrança retroativa de até dois meses, no caso de haver defasagem entre a aplicação do reajuste e o mês de aniversário do contrato. Por exemplo, o aniversário do contrato é em julho de 2014, mas o boleto referente a agosto já foi emitido: com isso, o reajuste só será efetivamente aplicado em setembro. Assim, será permitida a cobrança do valor referente a julho e agosto, mas escalonadamente, nos meses de setembro e outubro.
Por exemplo, em julho e agosto, o consumidor recebeu um boleto de R$ 100 da Amil com o preço antigo. Em setembro, o boleto será de R$ 119,30: ou seja, com o aumento de R$ 9,65 retroativo a julho e de R$ 9,65 de setembro.

Em outubro, mais R$ 119,30, com o retroativo a agosto e o do próprio mês corrente. Em novembro, a mensalidade, então, assume o valor normal, sem os retroativos: R$ 109,65.
Ou seja, para uma mensalidade hoje em R$ 100 de clientes da Amil:

Em setembro: R$ 119,30 = R$ 9,65 (julho) + R$ 9,65 (setembro)
Em outubro: R$ 119,30 = R$ 9,65 (agosto) + R$ 9,65 (outubro)
Em novembro: R$ 109,65 (novembro)

TERMO DE COMPROMISSO
Até 2003, a ANS autorizava os reajustes de planos anteriores à lei de 1998, mas uma ação no Supremo Tribunal Federal retirou esse poder da agência naquele ano. Em 2004, porém, a ANS questionou os reajustes elevados de Bradesco Saúde, SulAmérica, Itaú, Amil e Golden Cross, que chegaram a 80%.

Foram assinados, então, termos de compromisso, nos quais as operadoras se comprometeram a corrigir as irregularidades e a submeter os reajustes à ANS.

CUIDADOS
A agência orienta os consumidores a ficarem atentos aos seus boletos de pagamento e observar se o percentual de reajuste aplicado está respeitando o limite. Também é observar se a cobrança está sendo feita a partir do mês de aniversário do contrato.

RECLAMAÇÕES
Para reclamações, o telefone do Disque ANS é 0800 701 9656. Outros canais são o site (http://www.ans.gov.br/) e um dos 12 núcleos de atendimento da ANS do país (Rio, Belém, Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Ribeirão Preto, Salvador, São Paulo).

MUDANÇA DE FAIXA
A agência informa que, se o aniversário do plano coincidir com a mudança de faixa etária, a operadora pode aplicar dois reajustes. O aumento por faixa etária aplica-se na idade inicial de cada faixa e pode ocorrer tanto pela mudança de idade do titular como dos dependentes do plano.

PLANOS COLETIVOS
Para os planos coletivos (de empresas ou categorias profissionais), a ANS não define índices por entender que as pessoas jurídicas possuem maior poder de negociação com as operadoras.

CONTRATOS ASSINADOS APÓS A LEI
No dia 3 de julho, a ANS anunciou o teto para reajuste dos planos de saúde individuais contratados a partir de janeiro de 1999 ou adaptados à lei do setor, a 9.656/98. As empresas podem aumentar os valores em 9,65%, percentual que vale para o período de maio de 2014 a abril de 2015 e incide sobre os contratos de 8,8 milhões de consumidores, segundo a agência — 17,4% do total de 50,3 milhões de beneficiários de planos no Brasil.

O percentual utilizado como teto foi o maior desde 2005, quando fora de de 11,69%, segundo a agência. O reajuste autorizado pela ANS este ano também superou a inflação média pelo 11º ano seguido. Desde 1994, o serviço subiu 652,7% contra 359,9% do IPCA.

Observação do Vida com Câncer: sempre consulte um advogado, pois juridicamente não vale muita coisa que a ANS diz, como: essa estória de plano velho e plano novo, pertinência da Lei do Idoso, colocação de stent, etc... 

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Um ano após doação de cabelo, amigas se encontram e celebram cura do câncer



Eduardo Schiavoni
Do UOL, em Americana
20/07/201406h00
Ashley (à esq.) é abraçada por Bruna, que usa a peruca confeccionada com os cabelos doados pela primeira há um ano. Amigas celebraram cura de Bruna

Um circo instalado em Americana foi o cenário escolhido para um reencontro que, no mínimo, pode ser caracterizado como emocionante na tarde deste sábado (19).

Ashley Katherine Valencia Delgado, 11, que há um ano doou seus cabelos para amiga Bruna Alves, da mesma idade, que estava em meio a um tratamento de um câncer no cérebro.

As duas se conheceram em Campinas, em junho de 2013, quando Ashley, acompanhada da mãe, Cecília Delgado, 35, que trabalha no circo Tihany, visitou o Centro Infantil Boldrini, onde Bruna fazia quimioterapia, para divulgar a passagem do circo na cidade. As duas ficaram amigas e voltaram a se encontrar outras vezes, no circo e no hospital.

Comovida com a condição da amiga, em agosto do ano passado, Ashley decidiu presentear Bruna com seus cabelos, para que ela fizesse uma peruca. A menina já havia comentado com ela que ficava incomodada com comentários de pessoas que a viam sem cabelo e com cicatrizes no couro cabelo nos locais aonde ia.

Como o pai já havia dito que gostaria que ela mantivesse as madeixas – que batiam na altura da cintura – Ashley usou uma estratégia. Disse ao pai que queria, de presente de aniversário, comemorado em 4 de agosto, a autorização para cortar os cabelos.

"Disse que queria doar meu cabelo no meu aniversário para dar para a Bruna", disse Ahsley. Com a autorização, o corte foi feito – na altura do ombro.

Cecília lembra da época e, sem esconder um sorriso, conta que não houve como negar o pedido. "Ela pede como presente de aniversário o direito de ajudar a amiga. Como vamos impedir isso?", disse a mãe.

"Somos irmãs de cabelo e coração"
A família de Ashley fez uma surpresa para Bruna. As madeixas foram embaladas em um papel de presente com fita e o embrulho foi entregue. "Foi um dos dias mais felizes da minha vida. O cabelo era lindo, foi muito emocionante a surpresa", contou Bruna. As duas amigas, então, escolheram, juntas, como seria a peruca.

Com o fim da temporada do circo na cidade, as duas são amigas passaram a se comunicar constantemente, mas nunca tinham se encontrado pessoalmente. O contato é mantido especialmente pelo WhatsApp e pelo Facebook.

"Somos irmãs de coração e de cabelo. E nossa amizade vai crescendo como o cabelo", falou Bruna, que estava usando, no momento da entrevista, a peruca com o cabelo da amiga. "Eu uso sempre, quase não tiro. Adoro os cabelos dela", disse.

Famílias acreditam que gesto de Ashley aumentou autoestima de Bruna
Bruna recebeu o diagnóstico do tumor cerebral há dois anos. Um ano depois, recebeu a doação e, na semana passada, a redenção: tomografia computadorizada mostrou que não há mais sinais de novos tumores. Apesar de estar curada, o tratamento será mantido por pelo menos mais três anos.

As famílias acreditam que a regressão foi ajudada pela doação do cabelo para confeccionar a peruca, que ajudou a elevar a autoestima de Bruna.

Segundo a professora Luciana Alves, 38, mãe de Bruninha, a amizade entre as meninas também ajuda neste momento de superação.

"Quando ganhou a peruca, renovou a vida dela. Deus às vezes coloca anjos em nossa vida. A Bruna, a Cecília e o pessoal do circo são alguns dos que recebemos na nossa", diz.
Bruna contou que a peruca ajudou muito a elevar sua autoestima, pois sofria muito preconceito quando era vista em locais públicos. "Hoje isso não acontece mais. Estou feliz, ainda mais agora que reencontrei minha amiga", disse Bruna.