(...) Depoimento a
MICHELLE HEYMANN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM TEL AVIV
MICHELLE HEYMANN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM TEL AVIV
Benjamin Corn, 55, moldou sua vida ao redor do câncer depois que
o pai foi vítima da doença quando ele tinha 11 anos. Decidiu ser oncologista e
criou a ONG Life's Door para ajudar pacientes com câncer e seus familiares.
★
Quando eu tinha 11 anos, minha vida mudou. Meu pai morreu de câncer
de próstata e foi muito traumático para mim. Era a década de 70 e meus pais
esconderam a doença. Diziam que ele estava em viagens de trabalho toda vez que
ia ao hospital.
Ele ficou doente por cerca de dois anos. Mais ou menos uma
semana antes do fim, eles perceberam que a morte estava próxima e sabiam que
tinham que contar para mim e meus irmãos.
Meu pai sempre foi um homem atlético, mas quando o vi no
hospital, estava desfigurado. Seus braços e pernas pareciam palitos frágeis,
porque ele perdeu muito peso.
Recebemos a notícia durante o Pessach, a páscoa judaica. O
telefone começou a tocar sem parar no meio do jantar e já sabíamos que era o
hospital ligando para falar que meu pai morrera.
Minha mãe atendeu e lhe disseram: "Senhora Corn, seu marido
faleceu, podemos fazer a necropsia?". Foi tudo o que falaram. Só queriam
saber se podiam remover os órgãos para os patologistas analisarem. Foi
extremamente traumático. Eu me senti abandonado.
Não sabíamos o que fazer. Meu pai teve um tratamento excelente
no Hospital Memorial Sloan, mas lá ninguém sabia como se relacionar com ele
emocionalmente.
Ninguém sabia o que fazer, porque não se falava de câncer. Até
hoje não se fala muito de câncer. Vivemos em uma sociedade onde não se fala de
doenças. Nos filmes e novelas, todos são saudáveis e criamos uma expectativa de
que precisamos ser assim. É um tabu na nossa sociedade.
Então, aos 11 anos, pensei: isso precisa ser consertado. Eu
achava que o problema era só o câncer. Então, decidi virar um médico
especialista em câncer de próstata.
Fui para a faculdade de medicina da Universidade de Boston, fiz
residência na Universidade da Pensilvânia e fui treinado para ser um
oncologista. Comecei a publicar e fazer pesquisas na área. Até que percebi que
o problema não era o câncer, mas as pessoas. O que me interessava era por que
os pacientes eram tratados com frieza e distância.
Temos que moldar nosso discurso para a nossa audiência. Não se
deve falar com um paciente como se fala com outros médicos. Mas a maioria dos médicos
não entende a necessidade dessa adaptação de discurso. Precisamos ajustar o
tom, as palavras que usamos. E é preciso escutar.
Ninguém quer estar no departamento de oncologia. Mas estão aqui.
E estão assustados. Então temos que ajudar. No hospital, mantemos um ambiente
aconchegante e temos que ser sensíveis. O paciente precisa saber que temos o
conhecimento de como tratá-lo, mas precisa também saber que nos preocupamos com
ele, porque ele tem medo. Medo de morrer, da dor e de ser abandonado.
Eu acho que o modo de solucionar o medo dos pacientes é criando
esperança. Quando eu digo esperança, não é para a cura. É para ajuda-los a
superar seus medos, pensando em como atingir metas que eles criaram para a
vida.
Eu até diria que a esperança é uma emoção muito mais humana que
o amor. O amor dá para encontrar no mundo animal, ao ver como eles se
relacionam. A esperança requer que pensemos sobre o futuro. E só humanos
conseguem pensar adiante, planejar o futuro.
Logo depois que viemos para Israel, eu e minha mulher, Dvora,
-que é terapeuta familiar- criamos o Life's Door. O objetivo da ONG é discutir
com todos do círculo social do paciente como acrescentar significado à vida
deles e à dos doentes.
Se as pessoas fossem treinadas para conversar em 1972, a
primeira coisa que teriam me ensinado seria que não há motivo para a vergonha,
porque eu não fiz nada de errado. Mas eu era envergonhado e fechado. Eu fazia
de conta que nada tinha acontecido, meus amigos faziam de conta que nada tinha
acontecido, e não falávamos sobre isso. O maior problema ainda é que ficamos
desconfortáveis com essa notícia e não se fala sobre câncer.
Fernando, boa tarde
ResponderExcluirMinha mãe é portadora do mesmo tipo de tumor que o seu, só que os médicos do meu estado pouco sabem sobre tumor, será que posso pegar referencias com vc sobre esse medicamento que tem tomado?? Se puder meu e mail é gracimageweski@hotmail.com
Aguardo retorno para trocarmos experiencias
Fernando, boa tarde
ResponderExcluirMinha mãe é portadora do mesmo tipo de tumor que o seu, só que os médicos do meu estado pouco sabem sobre tumor, será que posso pegar referencias com vc sobre esse medicamento que tem tomado?? Se puder meu e mail é gracimageweski@hotmail.com
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