sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Cientistas criam ovário artificial para mulher que passa por quimioterapia

Do UOL, em São Paulo
09/09/201606h00


·         Reprodução/New Scientist

A infertilidade é um dos efeitos colaterais que uma mulher enfrenta quando é submetida à quimioterapia --os óvulos e folículos (estágio inicial do óvulo) são vulneráveis ao tratamento de câncer e podem ser destruídos, principalmente em casos de leucemia, cânceres cerebrais e linfomas. Para contornar isso, cientistas criaram um ovário sintético que evitaria a infertilidade e permitiria a gravidez sem riscos após a quimioterapia.
Segundo estudo publicado no jornal Reproductive BioMedicine, o protótipo do primeiro órgão sintético capaz de manter os folículos vivos e protegidos fora do corpo da mulher (ovário artificial) é feito de proteínas normalmente encontradas em coágulos de sangue.
A novidade seria uma alternativa ao procedimento usado atualmente de remover e congelar os tecidos ovarianos antes do tratamento de câncer para um reimplante após a alta --cirurgia que funciona, mas envolve o risco de que os tecidos reintroduzam células cancerígenas ocultas. 
A equipe afirma que o ovário artificial representa um grande avanço, mas falta aprofundar a pesquisa para saber se o procedimento será completamente bem-sucedido em mulheres. 
https://t.dynad.net/pc/?dc=5550001580;ord=1473427150791

Como funcionará o novo tratamento
Primeiramente, o cirurgião removeria um dos ovários da paciente que vai passar por quimioterapia e transferiria seus folículos para um ovário artificial.
Em seguida, assim que o câncer fosse eliminado, milhares de células que ajudam os folículos a se tornarem óvulos seriam retiradas do ovário remanescente e colocadas dentro do artificial, para estimulação.
Na última fase, o ovário sintético seria transplantado e começaria a funcionar, de acordo com Christiani Amorim, da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, que participou da pesquisa.
Durante o estudo, os cientistas implantaram dois ovários sintéticos em oito ratas. Após uma semana da cirurgia, mais de um quinto dos folículos ainda estavam vivos. Essa proporção é a mesma conseguida no transplante de tecido ovariano, diz Amorim:
Este processo já resultou em mais de 60 bebês desde 2004, então nossos resultados com o ovário artificial são muito encorajadores

Menopausa e endometriose na fila
O otimismo com a nova técnica se estende para outros problemas.
Os folículos são um dos responsáveis pela produção de hormônios como o estrógeno, que causam alterações no organismo feminino, por isso os ovários artificiais poderiam ser utilizados para atrasar ou aliviar os sintomas da menopausa.
Na cirurgia para tratar a endometriose também há perda de muitos folículos, então o ovário artificial também ajudaria nesses casos.
"O método pode ser usado por mulheres que desejam adiar o plano de ter filhos ou por pacientes que queiram adiar a menopausa", afirmou Claus Andersen, do hospital universitário de Copenhague, na Dinamarca.
"O objetivo principal não é a juventude, mas evitar os problemas de saúde que são normalmente ligados à menopausa, como osteoporose e doenças cardíacas", reforça Amorim.

A equipe afirma que o progresso do trabalho é fascinante, mas ainda é uma questão em aberto se será completamente bem-sucedido em mulheres, mais pesquisas aprofundadas serão realizadas.

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