Do UOL, em São Paulo
09/09/201606h00
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Reprodução/New Scientist
A infertilidade é um dos efeitos colaterais que uma mulher enfrenta
quando é submetida à quimioterapia --os óvulos e folículos (estágio inicial do óvulo)
são vulneráveis ao tratamento de câncer e podem ser destruídos, principalmente
em casos de leucemia, cânceres cerebrais e linfomas. Para contornar isso,
cientistas criaram um ovário sintético que evitaria a infertilidade e
permitiria a gravidez sem riscos após a quimioterapia.
Segundo estudo publicado no
jornal Reproductive BioMedicine, o protótipo do primeiro
órgão sintético capaz de manter os folículos vivos e protegidos fora do corpo
da mulher (ovário artificial) é feito de proteínas normalmente encontradas
em coágulos de sangue.
A novidade seria uma alternativa ao procedimento usado atualmente de
remover e congelar os tecidos ovarianos antes do tratamento de câncer para um
reimplante após a alta --cirurgia que funciona, mas envolve
o risco de que os tecidos reintroduzam células cancerígenas
ocultas.
A equipe afirma que o ovário artificial
representa um grande avanço, mas falta aprofundar a pesquisa para saber se o
procedimento será completamente bem-sucedido em mulheres.
Como funcionará o
novo tratamento
Primeiramente, o cirurgião removeria um dos ovários da paciente que vai
passar por quimioterapia e transferiria seus folículos para um ovário
artificial.
Em seguida, assim que o câncer fosse eliminado, milhares de células que
ajudam os folículos a se tornarem óvulos seriam retiradas do ovário
remanescente e colocadas dentro do artificial, para estimulação.
Na última fase, o ovário sintético seria transplantado e começaria a
funcionar, de acordo com Christiani Amorim, da Universidade Católica de Louvain,
na Bélgica, que participou da pesquisa.
Durante o estudo, os cientistas implantaram dois ovários sintéticos em
oito ratas. Após uma semana da cirurgia, mais de um quinto dos folículos ainda
estavam vivos. Essa proporção é a mesma conseguida no transplante de tecido
ovariano, diz Amorim:
Este processo já resultou em mais de 60
bebês desde 2004, então nossos resultados com o ovário artificial são muito
encorajadores
Menopausa e
endometriose na fila
O otimismo com a nova técnica se estende para outros problemas.
Os folículos são um dos responsáveis pela produção de hormônios como o
estrógeno, que causam alterações no organismo feminino, por isso os
ovários artificiais poderiam ser utilizados para atrasar ou aliviar os sintomas
da menopausa.
Na cirurgia para tratar a endometriose também há perda de muitos
folículos, então o ovário artificial também ajudaria nesses casos.
"O método pode ser usado por mulheres que desejam adiar o plano de
ter filhos ou por pacientes que queiram adiar a menopausa", afirmou Claus Andersen,
do hospital universitário de Copenhague, na Dinamarca.
"O objetivo principal não é a juventude, mas evitar os problemas de
saúde que são normalmente ligados à menopausa, como osteoporose e doenças
cardíacas", reforça Amorim.
A equipe afirma que o progresso do trabalho é fascinante, mas ainda é
uma questão em aberto se será completamente bem-sucedido em mulheres, mais
pesquisas aprofundadas serão realizadas.
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