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caption Judy Perkins recebera o prognóstico de que viveria apenas três meses,
mas tratamento experimental lhe permitiu não apenas sobrerviver, mas viajar e
praticar canoagem (Foto: Arquivo Pessoal)
Judy Perkins havia recebido o prognóstico de que viveria apenas três
meses mais; dois anos depois, ela vive com saúde graças a dose de 90 bilhões de
suas próprias células, uma iniciativa que ainda precisa ser testada em grande
escala.
Por BBC
04/06/2018 18h22 Atualizado há 13 horas
A vida de uma
mulher com câncer de mama em estágio considerado terminal foi salva por um
tratamento pioneiro, que consiste na aplicação de 90 bilhões de células
imunológicas cujo objetivo é combater o tumor.
Segundo
pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer, nos EUA, o tratamento ainda é
experimental, mas pode ter efeito transformador em todas as terapias de combate
ao câncer.
A mulher em
questão é a americana Judy Perkins, 49 anos, que havia recebido, dois anos
atrás, o prognóstico de que teria apenas três meses de vida restantes. A
moradora da Flórida tinha câncer de mama em estágio avançado, que estava se
espalhando - já havia tumores do tamanho de uma bola de tênis em seu fígado e
em outras partes do corpo - e não havia mais perspectiva com tratamentos
convencionais.
Hoje, porém,
não há vestígios do câncer em seu corpo, segundo médicos. E Judy tem
aproveitado a vida viajando e praticando canoagem.
"Cerca de
uma semana depois (do tratamento pioneiro), eu comecei a sentir algo. Eu tinha
um tumor no peito e conseguia senti-lo encolher", diz Judy à BBC.
"Uma ou duas semanas depois, ele desapareceu."
Ela lembra que,
ao fazer o primeiro exame após passar pelo tratamento, viu a equipe médica
"saltitando de empolgação".
Foi quando ela
soube que teria uma chance de cura.
'Droga viva'
O tratamento a
que Judy foi submetido consiste em uma "droga viva", feita a partir
das próprias células dela, em um dos centros de referência de pesquisa de
câncer do mundo.
"É o
tratamento mais altamente personalizado que se possa imaginar", diz à BBC
o médico Steven Rosenberg, chefe de cirurgias no Instituto Nacional do Câncer
dos EUA.
A terapia ainda
dependerá de uma grande quantidade de testes até que possa ser amplamente
usada, mas começa da seguinte forma: o tumor do paciente é analisado
geneticamente, para que sejam identificadas as raras mutações que podem tornar
o câncer visível ao sistema imunológico do corpo – e que podem, portanto, ser
formas de combater os tumores.
No caso de
Judy, das 62 anormalidades genéticas do seu câncer, apenas quatro eram
potencialmente atacáveis pelo sistema imunológico.
Na verdade, o
sistema imunológico já está, naturalmente, combatendo os tumores, mas está
perdendo as batalhas.
Por isso, o
passo seguinte dos pesquisadores é analisar os glóbulos brancos (as células
imunológicas do corpo) para extrair as que são capazes de atacar o tumor.
Essas células
serão, então, reproduzidas em enormes quantidades em laboratório.
Judy recebeu 90
bilhões de suas próprias células, junto com medicamentos que "retiram os
freios" do sistema imunológico.
Com isso,
"as mesmas mutações que provocam o câncer acabam se tornando seu calcanhar
de Aquiles", diz Rosenberg.
'Mudança de paradigma'
Vale lembrar,
porém, que os resultados animadores vêm por enquanto desse único caso isolado,
e pesquisas em populações maiores serão necessárias para confirmar a validade
do tratamento.
O desafio, até
agora, na terapia imunológica contra o câncer é que ela às vezes funciona
muitíssimo bem em alguns pacientes, mas sem beneficiar a maioria dos doentes.
"(O
tratamento) é altamente experimental, e estamos apenas começando a aprender a
aplicá-lo, mas potencialmente ele vale para qualquer câncer", afirma
Rosenberg.
"Ainda há
muito trabalho a fazer, mas há potencial para uma mudança de paradigma no
tratamento de câncer - uma droga sob medida para cada paciente. É muito
diferente de qualquer outro tratamento."
Os detalhes do
caso de Judy Perkins foram publicados no periódico "Nature Medicine".
Para o médico
Simon Vincent, diretor de pesquisas da organização Breast Cancer Now, os
resultados são "extraordinários".
"É a
primeira oportunidade de ver esse tipo de imunoterapia (agindo) contra o tipo
mais comum de câncer de mama", diz ele.
"Potencialmente,
pode-se abrir uma área completamente nova de tratamento para um grande número
de pessoas."
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