O cientista Raymond Bergan e equipe em
laboratório no Instituto OHSU Knight Cancer, no estado de Óregon (EUA) (Foto:
Kristyna Wentz-Graff/OHSU)
Estudo testou nova estratégia contra o espalhamento de tumores pelo
organismo; em vez de matar a célula, pesquisadores primeiro impediram que elas
se movimentassem.
Por G1
22/06/2018 11h50 Atualizado há 18 horas
Uma nova
pesquisa publicada na revista "Nature Communications" nesta
sexta-feira (22) abre novos caminhos para impedir
que o câncer se espalhe para outras áreas do organismo. Em estratégia inédita,
cientistas "congelaram" a célula cancerígena para que ela não se
movimentasse.
Trata-se de uma
mudança de perspectiva na luta contra o câncer, dizem os cientistas. Isso porque,
na maior parte das pesquisas em oncologia, os esforços se concentram mais em
matar o tumor.
Os testes foram
feitos com a molécula KBU2046, composto que inibiu o movimento de células do
câncer em quatro diferentes tipos de células do câncer humanas: câncer de mama,
próstata, colorretal e pulmão.
"O
movimento é a chave. Se as células cancerígenas se espalharem por todo o seu
corpo, elas vão tirar sua vida. Podemos tratar, mas esse movimento vai tirar
sua vida", diz em nota Raymond Bergan, professor de oncologia médica no
Instituto OHSU Knight Cancer (EUA).
"Estamos
estudando uma maneira completamente diferente de tratar o câncer", conclui
Bergan.
O cientista
explica que ele e a sua equipe fizeram diversos estudos na química para pensar
um composto que só inibiria o movimento de células do câncer -- e não tivesse
nenhum outro efeito em células saudáveis.
Terapia tem o objetivo de imobilizar a
célula para que ela seja incapaz de atingir outros órgãos no organismo (Foto:
Pixabay/Creative Commons/Qimono)
Substância bloqueia proteína associada ao movimento
Bergan cita
ainda que o laboratório de Karl Scheidt, professor de química e farmacologia da
Universidade de Northwestern, foi o responsável por pensar em novos compostos
que pudessem impedir a motilidade de tumores. O desafio era encontrar
substâncias com poucos efeitos colaterais.
"Começamos
com uma substância química que impedia as células de se moverem. Depois,
sintetizamos o composto várias vezes para que ele fizesse um trabalho perfeito
de parar as células sem efeitos colaterais", diz Karl Scheidt, em nota.
Scheidt explica
que o KBU2046 se liga a proteínas das células de forma específica para somente
impedir o movimento. Não há uma outra ação sobre as estruturas celulares, o que
diminui os efeitos colaterais e a toxicidade. "Levamos anos para
descobrir", comemora, em nota.
Pesquisadores
almejam que a droga possa ser administrada em cânceres iniciais para diminuir
ao máximo que o tumor se espalhe para o resto do corpo e o paciente tenha um
tumor intratável no futuro.
Cientistas
estimam que serão necessários dois anos e US$ 5 milhões para que os primeiros
testes sejam realizados em seres humanos.
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