Tratamento
beneficiou mulheres que têm um dos tipos mais agressivos do tumor
16/05/2019
- 14h13minAtualizada
em 20/05/2019 - 10h31min
Droga é usada
em combinação com a quimioterapiareprodução / reprodução
Um novo tratamento para combater um dos mais agressivos tipos de câncer de mama foi aprovado pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta semana. O atezolizumabe, do laboratório
Roche, é destinado ao tratamento do câncer de mama triplo-negativo. Agora,
o medicamento passa pelo processo de precificação, feito pela Câmara de
Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), o que dura cerca de três meses antes
de chegar ao mercado.
A terapia, explica Carlos Barrios, diretor do Centro de Pesquisa em
Oncologia do Hospital São Lucas da PUCRS e médico do grupo Oncoclínicas, foi
desenvolvida porque nem todas as pacientes têm o mesmo tipo de câncer:
— Depois do diagnóstico, precisamos classificar essas pacientes com o
subtipo, pois o tratamento depende disso.
O triplo-negativo é denominado a partir da ausência da expressão de três
biomarcadores comumente empregados na classificação da doença: receptor de
estrógeno, receptor de progesterona e proteína HER-2. Segundo Barrios, o
triplo-negativo é o que tem pior prognóstico e é mais agressivo, pois se
prolifera com facilidade para outras partes do corpo como pulmões, ossos,
cérebro e fígado.
— Esse grupo de pacientes se trata exclusivamente com quimioterapia. E
foi nesse nicho que se fez o estudo — completa o médico.
Todas as pacientes selecionadas para a pesquisa tinham este subtipo de
câncer. Elas foram divididas em dois grupos: um que foi tratado só com quimioterapia
e outro que recebeu quimio e o novo medicamento. Na comparação entre as duas
amostras, as que receberam a imunoterapia tiveram sobrevida de 25 meses, contra
15 meses das que só fizeram quimio.
— Mas o que é a imunoterapia? Este remédio faz com que o sistema
imunológico "acorde" e reaja contra o tumor. Assim, ele reconhece o
tumor e o ataca, pois uma das formas que, eventualmente, o câncer se desenvolve
é se escondendo desse sistema.
Entre as pacientes com câncer triplo-negativo, o tratamento se mostrou
mais benéfico para o grupo de mulheres que tinham o biomarcador chamado de
proteína PDL-1, que representa 41% dos casos.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam que o câncer de
mama é o que mais acomete as brasileiras, representando 29,5% da incidência da
doença no país entre as mulheres e quase 60 mil novos casos ao ano. O
triplo-negativo representa em torno de 15% deste total.
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