Na luta contra o câncer no Brasil, mais de 220 mil pessoas vieram a óbito em decorrência da doença, somente em 2018, segundo os dados registrados pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer). Embora se use normalmente o nome no singular, é preciso lembrar que "o câncer" representa um conjunto de mais de 100 doenças diferentes que têm em comum, apenas, o crescimento descontrolado de células, invadindo tecidos, formando tumores e alterando o nosso DNA.
Para a ciência, as diferenças entre
os tipos de câncer correspondem às diferentes células do corpo humano que elas
afetam. Por exemplo, se as células tumorais se desenvolvem na pele ou em
tecidos que recobrem órgãos, ossos e glândulas, são chamadas de carcinomas.
Outro ponto que os diferencia é a velocidade com a qual se multiplicam e formam
metástases — as lesões tumorais que se espalham pelo corpo.
Em um cenário que mais se parece com
uma guerra, alguns casos de câncer, realmente, estão fora do controle humano,
seja por fatores genéticos ou mudanças genéticas que sofremos ao longo da vida.
Entretanto, evidências apontam que alguns comportamentos de risco ou uso de
determinadas substâncias podem, sim, aumentar as chances de desenvolvimento de
um câncer.
A seguir, você confere 35 agentes
cancerígenos já conhecidos pela medicina e alguns suspeitos de causarem essas
alterações, que podem ser fatais, no organismo humano.
35 fatores ligados
ao aumento do risco de câncer
1. Açúcar: mais do que
casos de diabetes, o consumo excessivo de açúcar pode danificar as células do
organismo e aumentar o risco de câncer. Pior ainda, estudos recentes apontam
que o açúcar pode estimular o crescimento de um tumor, porque as células
tumorais usam essa substância como combustível. "O consumo hiperativo de
açúcar pelas células cancerosas leva a um ciclo vicioso de estimulação contínua
do desenvolvimento e crescimento do câncer", afirma o biólogo molecular Johan
Thevelein.
2. Alimentos processados: segundo cientistas na
França, há uma ligação entre as pessoas que consomem mais alimentos processados
com os indivíduos que desenvolvem câncer. Entretanto, não se sabe qual é a
origem dessa relação. Poderia ser, por exemplo, a embalagem utilizada ou ainda
substâncias que prolonguem sua validade.
3. Fumar: pesquisa apontam
há anos que a fumaça do tabaco contém cerca de 70 substâncias químicas
cancerígenas. Infelizmente, isso também vale para os fumantes passivos — grupo
que não fuma, mas acaba inalando a fumaça pelo ambiente. De acordo com o Centro
para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA, "os não fumantes
expostos ao fumo passivo, em casa ou no trabalho, aumentam o risco de
desenvolver câncer de pulmão em 20%-30%".
4. Talvez, o uso de vapes: mesmo que
pesquisas nessa área ainda sejam recentes, há alguns sinais de que podem
causar complicações no sistema respiratório. "Penso que
existe um consenso emergente de que as células imunológicas do pulmão ficam um
pouco perturbadas com a vaporização", explica o professor Robert Tarran,
que estuda o tema na Universidade da Carolina do Norte.
5. Bronzeamento artificial: o consenso
aqui é bastante “popular”. De acordo com a Fundação do Câncer de Pele (SCF),
fundado nos EUA, indivíduos que realizam sessões de bronzeamento artificial
antes dos 35 anos, aumentam o risco de desenvolver melanoma em 75%.
6. Esquecer o protetor solar: a exposição
ao Sol, sem proteção, pode causar riscos para a saúde, como o câncer de pele
por causa dos raios UV. Por isso, o Inca recomenda que "durante a
exposição ao Sol sejam usados filtros com FPS 15 ou mais e que protejam também
contra os raios UV-A".
7. Contato com produtos tóxicos no trabalho: no dia a dia,
algumas pessoas lidam com substâncias cancerígenas para a realização de suas
atividades profissionais, como pintores, fabricantes de borracha e,
eventualmente, cabeleireiros. Dependendo do nível de exposição, da qualidade
dos produtos usados e das condições de proteção, o risco de desenvolvimento de
um câncer cresce.
8. Turno da noite: segundo a
Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), parte da OMS, o trabalho
noturno pode ser "provavelmente" cancerígeno para os funcionários.
Isso porque os cientistas entendem que trabalhar fora do horário considerado
normal pode afetar os ciclos circadianos naturais de sono e vigília do corpo.
9. Carvão: ainda nos riscos associados ao
trabalho, há maiores chances do aparecimento da doença entre os mineradores de
carvão. Entre os tipos mais comuns, estão: câncer nos pulmões; bexiga; e
estômago. Uma das possíveis ideias é que isso ocorra por causa do pó de carvão
inalado.
10. Arsênico: parte natural da crosta da
Terra, é uma substância tóxica em sua forma inorgânica. Nessa formação pode ser
encontrado até na água potável contaminada de alguns lugares como Bangladesh,
na Ásia, ou em outras regiões onde os sistemas de irrigação para plantações
utilizam água com arsênico.
11. Churrasco: carnes assadas em altas
temperaturas favorecem a liberação de produtos químicos, como as aminas
heterocíclicas (AHCs) e hidrocarbonos policíclicos aromáticos (HPAs). Segundo
experimentos feitos em laboratório, esses produtos conseguem desencadear
alterações no DNA que, por sua vez, podem aumentar o risco de câncer.
12. Álcool: segundo o Instituto Nacional do
Câncer, nos EUA, "o risco de desenvolver câncer aumenta com a quantidade de
álcool que uma pessoa ingere" e alguns dos tipos podem ser o de garganta e
o de fígado, por exemplo. Nesse caso, é preciso observar a frequência e a
regularidade do hábito, também.
13. Escapamento de motor à diesel: isso porque o
óleo diesel é composto por mais de 30 componentes potencialmente cancerígenos,
segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC). Um dos
riscos está em inalar partículas desse produto, após a combustão.
14. Sal e alimentos em conserva: o consumo
excessivo de alimentos em conserva pode aumentar o risco de câncer de estômago,
de acordo com a American Cancer Society. Por exemplo, um prato bastante popular
na China, o peixe curado com sal, é rico em nitratos e nitritos, conhecidos
carcinógenos em animais e que também aumentam o risco em humanos, já que podem
danificar o DNA.
15. Carnes processadas: são
potencialmente perigosos os alimentos como presunto, bacon e salsicha, segundo
a OMS. Inclusive, um levantamento de 15 estudos sobre câncer de mama verificou
que pessoas que consomem, com maior frequência, carnes processadas têm um maior
risco em desenvolver câncer de mama. Em comparação com quem não consome, o
risco está calculado em 9%, de acordo com artigo do International Journal of Cancer.
16. Poeira de madeira: o risco é
potencializado para trabalhadores de serrarias e marceneiros, porque respiram
com muita frequência essa poeira durante as etapas do trabalho. De acordo com o
Inca, “há associação entre exposição a poeira de madeira e câncer de cavidade
nasal, seios paranasais, laringe, pulmão, estômago, cólon e reto, leucemia,
linfomas e mieloma múltiplo”.
17. Produtos usados no fraturamento hidráulico: pode parecer
algo completamente distante, mas este é um método muito comum para a extração
de combustíveis líquidos e gasosos do subsolo. É potencialmente perigoso para a
saúde, porque nesse procedimento produtos químicos usados (como benzeno e
formaldeído), conhecidamente causadores de câncer, podem ser liberados no ar e
nas águas, contaminando a região.
18. Amianto: por muitos anos, o amianto foi
utilizado na indústria pela sua abundância e baixo custo, inclusive na indústria
da construção civil (como em telhas). Entretanto, passou a ser é classificado
como um material reconhecidamente cancerígeno para os seres humanos, segundo
o Inca. Atualmente, seu uso está proibido em uma série de
países.
19. Alguns herbicidas usados na agricultura: com a diversa
gama de produtos usada nas plantações, cada caso precisa ser analisado em suas
particularidades. Entretanto, cada vez mais pesquisas sugerem que determinados
produtos químicos, usados na agricultura, podem aumentar as chances do
aparecimento de câncer em trabalhadores rurais. Recentemente, houve uma grande
disputa judicial nos EUA entre agricultores e a produtora do herbicida glifosato.
20. Estrogênios: o câncer de mama, por exemplo,
não tem uma causa única, mas alguns fatores estão relacionados ao aumento do
risco de desenvolver a doença, como o estímulo de estrogênio, tanto de dentro
do corpo quanto de fora, de maneira não controlada. Vale lembrar que esse é um
nome para uma série de hormônios relacionados à ovulação e desenvolvimento de
características femininas.
21. Vírus: ser infectado por alguns tipos
específicos de vírus podem aumentar, de forma indireta, as chances de um
câncer, já que podem desencadear alterações genéticas nas células humanas. São
os casos dos vírus da Hepatite B e C, por exemplo.
22. Genética: dessa vez, não adianta fugir.
Isso porque o risco de determinados cânceres podem ser transmitidos de uma
geração para a outra. Nese sentido, alguns tipos de câncer de mama podem ser
considerados genéticos. Para esses casos, o importante é o acompanhamento
rotineiro do estado de saúde da pessoa.
23. Obesidade: pessoas com obesidade podem ter
um aumento significativo no risco de desenvolverem alguns tipos de câncer, como
os de reto, esôfago, mama, tireoide, rim e pâncreas. No total, são 13 tipos de
câncer associados a essa condição, segundo
o Inca.
24. Formaldeído: conhecido também pelo nome de
formol, o formaldeído é potencialmente cancerígeno. Isso porque o formol
evapora em condições normais de temperatura e o contato direto com grandes
concentrações é altamente perigoso à saúde humana. Inclusive, no Brasil, a
Anvisa propõe a substituição desse agente por vários produtos.
25. Impantes: introduzir objetos estranhos em
seu corpo, como um implante mamário de silicone, pode elevar os riscos de
câncer, segundo a IARC. Inclusive, pacientes norte-americanas já iniciaram uma
ação coletiva contra uma empresa de próteses, após desenvolveram câncer
supostamente ligado a operação de implante.
26. Gases tóxicos: respirar um
ar contaminado com gases tóxicos durante anos pode levar ao desenvolvimento de
um câncer. Isso porque podem contaminar, gradualmente, o sistema respiratório
das pessoas e outros órgãos.
27. Fuligem: o mais perigoso nessa questão é
a inalação de fuligem e outras partículas poluentes vindas de queimadas,
associada a alguns tipos de câncer, como de pulmão, esôfago e bexiga. O risco,
no entanto, é maior para aqueles que têm contato diário com esse ar
contaminado, como limpadores de chaminé.
28. Sílica: esse mineral é natural e pode
ser encontrado na composição de pedras e da areia, por exemplo. Entretanto, o
problema é quando trabalhadores da construção civil e de mineradores inalam
partículas de sílica cortando, serrando ou perfurando uma rocha. De
acordo com o Inca, "trabalhadores expostos à
sílica, quando comparados com a população em geral, possui risco 2 a 3 vezes
maior a câncer de pulmão".
29. Radiação: os raios X e os raios gama são
conhecidos por sua capacidade cancerígena. Essa ligação entre radiação e risco
de câncer fica ainda mais clara, quando se pensa nas pessoas que foram expostas
a altas doses de radiação em um acidente nuclear, como o Chernobyl. Por outro lado,
há tratamentos contra cânceres usando altas doses de radiação. Aqui, tudo
depende da forma e da exposição.
30. Inflamações crônicas: infecções de
longo prazo e doenças intestinais que se prolongam para longos períodos, por
exemplo, podem danificar, de forma singnificativa, o DNA de uma pessoa e,
consequentemente, elevar as chances desse paciente desenvolver algum tipo de
câncer.
31. Alguns plásticos: eles
realmente são perigosos, especialmente, quando aquecidos com alimentos. Isso
porque esse aquecimento pode liberar substâncias nocivas e, potencialmente,
cancerígenas, como a dioxina, o bisfenol A (BPA) e os ftalatos. Como é difícil
ter segurança quanto à presença ou não dessas substâncias nos plásticos, a recomendação, por exemplo, é
nunca aquecer alimentos neles, muito menos fazer mamadeiras para crianças em
recipientes com BPA. Muitos fabricantes já colocam nas embalagens de vasilhas,
copos, garrafas e mamadeiras a inscrição "BPA Free", associando-a ao
uso seguro do utensílio.
32. HPV: entre as infecções virais, o
papilomavírus humano é uma família comum de vírus sexualmente transmissíveis e
pode colaborar com o desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como o peniano,
o vaginal e o anal. Por esse motivo o CDC, nos EUA, recomend a vacinação contra
o HPV para os jovens.
33. Refrigerantes: embora sejam
um produto muito consumido, especialmente por crianças, alguns refrigerantes
podem representar riscos para saúde. Isso porque contêm a substância 4-MI,
classificada como possivelmente cancerígena pela IARC. É encontrada no corante
Caramelo IV, muito usado nos processos de fabricação dessas bebidas.
34. Bebidas quentes: mais do que
queimar a língua de uma pessoa, o consumo intenso de bebidas quentes pode
elevar os riscos de câncer na garganta. Pesquisas realizadas na América do Sul
e no Irã avaliaram os riscos desse consumo e confirmaram a hipótese.
Entretanto, esse é um risco relativamente pequeno e bem simples de contornar.
35. Acrilamida: é uma substância que se forma
quando alguns alimentos (como pães, biscoitos, batatas e café) são fritos,
grelhados ou torrados em altas temperaturas. Ainda se discute se a substância e
esses produtos, após passarem por esse processo, são realmente cancerígenos. De
acordo com a IARC, são "carcinógenos prováveis".
Nem tudo está
acabado
Embora haja uma lista
consideravelmente grande de hábitos que possam se relacionar com o aparecimento
do câncer, a boa notícia é que as taxas de sobrevivência ao câncer estão
aumentando anualmente. Isso porque a detecção ocorre de forma muito mais
precoce, há mais esforços de prevenção e melhores tratamentos disponíveis.
Nesse cenário, companhas contra o uso
de tabaco e a favor do uso do protetor solar, incluindo uma série de exames
preventivos, como o autoexame para câncer de mama, são eficazes para reduzir o
número de casos fatais da doença. Além disso, acompanhamento médico regular é
um importante fator para melhorar as chances de sobrevivência.
Mesmo que hábitos diários, como
consumo de alimentos e comportamentos, possam contribuir para o desenvolvimento
de determinados tipos de câncer, vale lembrar que os cientistas vivem uma busca
constante por novas terapias e tratamentos contra uma das pelo menos 100
variações de câncer conhecidas.
Fonte: Business Insider, BBC, CDC, SCF, IARC, Inca, American Cancer Society
https://canaltech.com.br/saude/o-que-pode-causar-o-cancer-veja-35-habitos-associados-a-essa-doenca-171028/
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