Sexta, 27 de novembro de 2009, 16h19
Patricia Zwipp
O Brasil terá quase meio milhão (489.270) de novos casos de câncer em 2010, de acordo com a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Um detalhe positivo é que mudanças no estilo de vida diminuem os riscos de desenvolver a doença.
O controle do tabagismo, por exemplo, poderia evitar cerca de 30% dos números previstos para o próximo ano e, a adoção de uma alimentação adequada, 35%. Há a possibilidade de 10% da patologia de pele do tipo não-melanoma ser prevenida com medidas simples de proteção contra a radiação solar.
Confira como é possível prevenir o problema por meio de atitudes do dia a dia:
Alimentação:
Para quem não fuma, a alimentação é o fator mais importante de prevenção do câncer, como disse o nutricionista Fábio Gomes, da Área de Alimentação, Nutrição e Câncer do Inca. Há iguarias comestíveis que ajudam a diminuir os riscos e outras que aumentam a probabilidade de desenvolver a doença.
As aliadas da saúde são as de origem vegetal: frutas, legumes, verduras e leguminosas (como feijão, lentilha, grão-de-bico). Têm o poder de inibir a chegada de compostos cancerígenos às células e, ainda, "consertar" o DNA danificado quando a agressão já começou. "Se a célula foi alterada e não foi possível consertar o DNA, alguns compostos promovem a morte delas, interrompendo a multiplicação desordenada."
Segundo o nutricionista, a ideia de que determinado alimento é bom para tal tipo de câncer não se aplica. "Tem de haver sinergismo entre os compostos, o que ajuda em todos os tipos da doença. Por isso, é importante variar a alimentação ao máximo." A recomendação é consumir, no mínimo, 400g por dia de vegetais, sendo 2/5 de frutas e 3/5 de legumes e verduras. Cada porção equivale a uma quantia do produto picado ou inteiro que caiba na palma da mão, totalizando aproximadamente 80g.
Entre os vilões estão os embutidos, por apresentarem grande quantidade de sal, nitritos e nitratos. "Os conservantes em contato com o suco digestivo do estômago se transformam em compostos cancerígenos." O conselho é evitar ao máximo as tentações desse gênero e o ideal seria que não fossem consumidas. Limite carne vermelha a 500g semanais.
A maneira de preparo, especialmente das carnes (de qualquer tipo), pode influenciar. As feitas na chapa ou fritas trazem malefícios, porque a exposição a altas temperaturas também atua na formação de compostos cancerígenos. Prefira levá-las ao forno ou usá-las em ensopados. Se quiser grelhar, opte pelo pré-cozimento.
Outra má notícia é que o tradicional e saboroso churrasco eleva os riscos. Além da temperatura alta, a fumaça do carvão tem dois componentes cancerígenos (alcatrão e hidrocarboneto policíclico aromático) que impregnam na refeição.
Controle de peso:
O excesso de peso precisa ser eliminado. Quilos a mais na balança significam níveis mais altos de hormônios anabólicos (como a insulina) e fatores de crescimento (IGF-1), influenciando no surgimento de tumores. "Além disso, quando as células de gordura estão repletas, liberam fatores pró-inflamatórios. É como se a pessoa estivesse em um processo de inflamação generalizada, o que a torna mais vulnerável a fatores cancerígenos."
Vale mencionar, de acordo com Gomes, que dois tipos de alimento contribuem para o indesejável ganho de peso: os de alta densidade energética (bolachas e fast-foods) e os refrigerantes juntamente com os sucos industriais adicionados de açúcar.
Atividade física:
Colocar o corpo em ação queima as gordurinhas e ainda equilibra os hormônios e os fatores de crescimento. Mas não basta praticar exercícios de vez em quando. Tem de ser em ritmo moderado, como uma caminhada mais acelerada, e por, no mínimo, 30 minutos diários. Com o tempo, a dica é tentar aumentar a intensidade ou estender o período. Dê definitivamente adeus ao sedentarismo.
Redução de bebidas alcoólicas A ingestão excessiva de álcool altera o equilíbrio hormonal, aumentando as chances de câncer de mama, por exemplo, por conta do estrogênio. "O produto de sua metabolização é cancerígeno e agride o fígado. Também aumenta as chances de câncer em locais com que tem contato direto, como boca, esôfago e laringe." Ainda potencializa a absorção de outros cancerígenos. Por exemplo, se beber e fumar, o líquido destrói a barreira de proteção e os compostos do cigarro penetram com mais facilidade.
Caso não queira deixar de lado a bebida alcoólica, restrinja a sua quantidade. As mulheres podem saborear um drinque por dia (uma lata de cerveja ou uma taça de vinho) e, os homens, até dois.
Amamentação:
Amamentar exclusivamente até os seis meses tem seus méritos. Diminui entre 13% e 21% os riscos de a mãe ter câncer de mama, como afirmou o nutricionista.
Enquanto o bebê suga o leite, o movimento promove uma espécie de esfoliação do tecido mamário por dentro. Assim, se houver células agredidas, são eliminadas e renovadas. "Quando termina a lactação, várias células se autodestroem, entre elas algumas que poderiam ter lesões no material genético."
Outro benefício é que as taxas do hormônio estrogênio caem durante o período de aleitamento. Toda mulher o produz, mas existe uma atuação importante dele no desencadeamento da patologia.
Proteção solar:
Muito mais que manchas e envelhecimento precoce, a exposição ao sol em excesso e sem proteção pode levar ao câncer. Se for aproveitar os dias quentes para conquistar um bronzeado de dar inveja, evite ficar sob o sol entre 10h e 16h e use sempre filtro. O dermatologista Agnaldo Augusto Mirandez, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia e diretor da clínica Perfetta, em São Paulo, recomenda a partir do fator 20. Passe-o meia hora antes da exposição e reaplique-o a cada duas horas ou depois de suar ou mergulhar. Invista em chapéus, óculos escuros e guarda-sol. Especialistas recomendam ainda passar o protetor solar diariamente, antes de sair de casa, e repetir a aplicação outras vezes ao dia, no rosto e nas mãos, áreas expostas constantemente às radiações solares.
Especial para Terra
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário