sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Bernardinho revela tumor maligno e pedido de demissão em 2013


Do UOL, em São Paulo
O escândalo de corrupção envolvendo os chefes da Confederação Brasileira de Vôlei tem afetado o técnico da seleção masculina, Bernardo Rezende. Dono de seis medalhas olímpicas, Bernardinho fez uma revelação forte nesta semana: em entrevista à revista Veja, ele admitiu que retirou, há três meses, um tumor maligno no rim.

"Extirpei o tumor e estou aparentemente bem. A cirurgia completou três meses. Fico ruminando essa história, porque há um ano e dez meses não tinha problema de saúde. Mas a irresponsabilidade vai te maltratando e maltratando. O médico do Hospital Sírio-Libanês que me atendeu disse assim: "O que tirei do seu corpo é uma metáfora do que deve ser extraído do país". A sensação que tenho hoje é essa mesmo: tudo o que está acontecendo com o vôlei é uma pequena célula doente de um organismo. Pode haver mais", disse o técnico.

Bernardinho também admitiu que chegou a pedir demissão em 2013, quando soube de problemas de corrupção. Ficou no cargo, mas triste com a situação. E ainda disse, pela primeira vez, que se arrepende da briga com os jogadores pela premiação no Pan de 2007, no Rio de Janeiro: "Achei que não era correto e defendi a instituição, imaginando que realmente não houvesse como atender. Hoje eu peço desculpas publicamente porque fui enganado. Havia dinheiro, sim".

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Maioria de mulheres com câncer de mama faz radioterapia por tempo excessivo


Radioterapia é usada para tratamento precoce de câncer de mama: três semanas bastam, aponta estudo
AFP 10/12/201418h17
Em Washington
 
Dois terços das mulheres com câncer precoce de mama são tratadas com radioterapia por mais tempo que o necessário, segundo estudo publicado nesta quarta-feira (10) em um jornal especializado em medicina nos Estados Unidos.

A grande maioria das mulheres submetida nos Estados Unidos à retirada de um tumor para preservar a mama recebeu radioterapia de seis a sete semanas, segundo o Jornal da Associação Médica Americana (JAMA).

Mas testes clínicos e recomendações de várias associações médicas dos Estados Unidos indicam que três semanas bastam, usando a técnica denominada radioterapia hipofracionada.

O procedimento consiste em administrar doses mais elevadas de radiação por sessão durante duas vezes menos tempo. Este tratamento é eficaz para tratar o câncer de mama, além de ser mais prático e barato.

"A radioterapia hipofracionada não costuma ser usada em mulheres com câncer precoce de mama, mesmo sendo de melhor qualidade e mais barato", explicou Justin Bekelman, professor de radiologia de câncer e principal autor do estudo.

"Clinicamente, isto equivale a uma radioterapia mais longa para um câncer de mama com efeitos colaterais similares", destacou.

A radioterapia diária entre cinco e sete semanas para mulheres operadas de um tumor em estágio inicial foi o tratamento privilegiado durante décadas nos Estados Unidos.

Os autores determinaram que, em 2013, 34,5% das mulheres com mais de 50 anos receberam radioterapias hipofracionadas contra 10,8% em 2008. Mas entre as mulheres jovens e aquelas com tumores mais avançados, só 21,1% se beneficiaram deste tratamento no ano passado.

Os cientistas determinaram que este tipo de radioterapia reduz os custos totais dos cuidados com seguro de saúde.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Publicada lei que garante detecção precoce do câncer de próstata pelo SUS

Foi publicada hoje (26) no Diário Oficial da União a Lei 13.045, que garante a detecção precoce do câncer de próstata pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Com a publicação, as unidades de saúde da rede pública são obrigadas a fazer exames de detecção precoce do câncer de próstata sempre que, a critério médico, o procedimento for considerado necessário. 

A lei prevê a sensibilização de profissionais de saúde por meio da capacitação e da reciclagem em relação aos novos avanços nos campos da prevenção e da detecção precoce da doença.

Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indicam que, no Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre homens – seguido pelo câncer de pele não melanoma. Em valores absolutos, é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando cerca de 10% do total.

Ainda segundo o Inca, a doença é considerada um câncer da terceira idade, já que aproximadamente três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. Na fase inicial, a evolução é silenciosa.  Muitos pacientes não apresentam sintomas ou, quando apresentam, são semelhantes aos do crescimento benigno da próstata (dificuldade de urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou a noite). Já na fase avançada, o câncer de próstata pode provocar dor óssea, sintomas urinários, infecção generalizada e insuficiência renal.

A estimativa é que, neste ano, 68.800 novos casos de câncer de próstata sejam registrados no Brasil.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Arlete Sales


Arlete Salles, que descobriu um nódulo maligno em um dos seus seios em janeiro deste ano, comemora a cura do câncer em grande estilo: de volta aos palcos, na peça ‘O Mordomo Viu’, ao lado de seu amigo Miguel Falabella. “Retomar o meu físico, o meu trabalho, é a coisa que mais revigora e revitaliza a minha vida. Nasci de novo. Depois do percurso difícil que fiz (retirada do tumor e quimioterapia), agora é só caminhar para frente. Desafio vencido. Estou curada do câncer! Agora é uma história a ser contada. Estou muito bem e feliz com o carinho de todos. A recuperação é uma questão de determinação e apoio dos familiares e amigos. Isso eu tive”, relembra a atriz.
Do alto dos seus 72 anos, Arlete deixar um recado para quem está passando pelo mesmo problema. “O câncer pode levar à morte. Mas também pode levar à vida. A uma vida com mais sabedoria, com mais leveza e mais gratidão. Acredite!”, diz a veterana atriz.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Exame continua fora da tabela do SUS e prejudica pacientes com câncer

Tomografia computadorizada ajuda a estratificar extensão de vários tipos da doença
Incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em outubro, o exame PET-CT (tomografia computadorizada por emissão de pósitrons), indicado para tratamentos do câncer, continua fora da tabela de procedimentos do sistema. As portarias que prevêem a incorporação da tecnologia na rede pública foram publicadas em 23 de abril, no Diário Oficial da União. O exame, uma tomografia computadorizada, ajuda a estratificar a extensão de vários tipos de câncer em pacientes da rede pública, como câncer de pulmão de células não-pequenas e linfomas de Hodgkin e não Hodgkin.

O prazo máximo de 180 dias para a implementação efetiva da inclusão da tecnologia na tabela, com os critérios de ressarcimento das unidades prestadoras, venceu em 23 de outubro. A falta desses critérios para a restituição de custos pode prejudicar pacientes, alerta a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN). O presidente da SBMN, Celso Darío Ramos, explicou que os custos altos do exame estão inviabilizando o procedimento em alguns hospitais. “Tanto as unidades públicas como as particulares não poderão fazer esse exame pelo SUS se não forem ressarcidos por isso, pois o custo é muito alto”, comentou ele. “São poucas as exceções de hospitais que atendem via estado e não governo federal. A população carente hoje não tem acesso a esse procedimento”, disse.
Ramos ressaltou que o PET-CT é uma ferramenta essencial para identificar e avaliar a extensão de determinados cânceres, como o linfoma. Ele lembrou que essa tecnologia é oferecida há anos em países como Estados Unidos, Inglaterra, Itália, Chile e Argentina. “A ONU [Organização das Nações Unidas] recomenda esse procedimento. É um procedimento que embora seja caro pode reduzir custos, pois pode evitar uma cirurgia desnecessária”, declarou. “Por exemplo, câncer de pulmão, só faz sentido realizar uma operação de grande porte e onerosa se o paciente não fizer metástase. O PET-CT consegue indicar com precisão se esse tumor já se espalhou pelo corpo”, explicou o médico.

De acordo com a SBMN, há no país um parque de equipamentos de tomografia computadorizada suficiente para atender aos pacientes da rede pública. São cerca de 100 aparelhos, com  distribuição geográfica aproximadamente proporcional à densidade demográfica no país.

O Ministério da Saúde informou que a inclusão do exame na tabela SUS está prevista até o fim do ano. O exame vai permitir ampliar a assistência oncológica aos usuários do SUS, beneficiando cerca de 20 mil pessoas por ano. Atualmente, 21 estados possuem equipamentos para realizar esse tipo exame.

Além do PET-CT, o SUS oferece outros tipos de exames para diagnóstico e avaliação do câncer. São eles: radiografia, mamografia, cintilografia, ultrassonografia, tomografia computadorizada (CT), ressonância magnética (MRI) e endoscopia.

Nos últimos três anos, o ministério ampliou em 47,3% o investimento na assistência oncológica, passando de R$ 1,9 bilhão em 2010 para R$ 2,8 bilhões em 2013. Esses recursos são destinados à realização de exames, cirurgias, radioterapia e quimioterapia.
Atualmente, 280 hospitais realizam diagnóstico e tratamento de câncer em todo o Brasil.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Queixas contra os planos de saúde quintuplicam


03/11/201411h31
O número de negativas de atendimento por planos de saúde comunicadas à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) quintuplicou nos últimos quatro anos, segundo dados obtidos pelo jornal O Estado de S.Paulo, por meio da Lei de Acesso à Informação. No ano passado, o órgão recebeu a notificação de mais de 72 mil casos de clientes de convênios médicos (média de 8 casos por hora) que não conseguiram aval para procedimentos. Em 2010, o número de negativas comunicadas à ANS foi de pouco mais de 13 mil. A alta no período foi de 440%.

Uma das recusas registradas em 2013 foi a do corretor de seguros Sandro Bove, de 44 anos. Após mais de duas décadas tentando emagrecer com dietas e medicamentos, ele decidiu, em outubro do ano passado, que era hora de fazer a cirurgia bariátrica. Na ocasião, o paciente já havia ultrapassado os 120 quilos e desenvolvido hipertensão, apneia do sono e dores nas articulações.
O que Bove não esperava é que sua maior tensão não seria por causa do processo complexo da cirurgia, mas, sim, pela recusa do plano de saúde em custear a operação. "Sou cliente desde 1995 e pago R$ 1.000 por mês. Quando realmente precisei, eles parecem nem ter olhado o pedido médico, já bateram o carimbo de negado", diz ele, cliente da SulAmérica.

Para André Longo, diretor-presidente da ANS, duas questões ajudam a explicar o crescimento de negativas por parte dos planos. "Por um lado, o cidadão está buscando mais os seus direitos e reclamando mais para a agência. Hoje em dia já estamos recebendo mais queixas do que todos os Procons do País. Por outro lado, o número de beneficiários de planos vem aumentando e algumas operadoras têm dificuldades de acompanhar essa demanda", diz ele, que também cita as regras criadas em 2011 pela agência que definiram prazos máximos para atendimento. "Mais de um terço das reclamações por negativas de cobertura se refere aos prazos descumpridos", relata Longo.

Mesmo considerando o aumento no número de beneficiários no período analisado, as negativas também cresceram proporcionalmente. Em 2010, quando o País tinha 45,1 milhões de beneficiários de convênios médicos, a média foi de uma negativa para cada 3.365 clientes. Em 2013, quando o número de clientes de planos passou para 50,5 milhões de pessoas, a proporção de recusas de atendimento foi de uma para cada 697 beneficiários.

"As pessoas estão conhecendo melhor os canais de reclamação, mas não se pode negar que as operadoras estão tentando diminuir o acesso aos tratamentos para reduzir custos", diz Carlos Thadeu de Oliveira, gerente técnico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). "As operadoras já orientam médicos a minimizarem a demanda por exames e outros procedimentos. Quando os profissionais não acatam isso, eles tentam negar a cobertura."

Justiça

No caso de Bove, a cirurgia bariátrica só foi autorizada após o paciente entrar com uma ação na Justiça. Para isso, porém, teve de gastar cerca de R$ 8 mil com advogados. "O que mais me revoltou foi que passei semanas fazendo exames para entregar o dossiê detalhado ao plano, explicando a necessidade da cirurgia.
Quando deu dois dias que eu tinha entregue a documentação, eles já deram o retorno da recusa. Parece que negam sem ter razão e acabam sendo beneficiados nos casos em que o cliente não sabe que pode entrar na Justiça", diz. A SulAmérica afirma que negou a cirurgia porque o Índice de Massa Corpórea do paciente não atendia norma que estabelece a necessidade da cirurgia, mas ressaltou que "cumpre todas as ações judiciais".

Especialista em direito à saúde, a advogada Renata Vilhena Silva conta que o número de clientes que buscam o escritório tentando reverter na Justiça a negativa de cobertura cresce, em média, 30% ao ano. "Temos 80 novos processos por mês e o juiz dá parecer favorável ao paciente em 95% dos casos", diz.

Para o gerente do Idec, a operadora só pode negar cobertura de um atendimento quando há desrespeito ao período de carência. "Mesmo quando um procedimento não estava previsto no contrato, o juiz pode entender que o cliente tem direito porque a cláusula do contrato era limitadora e abusiva, o que fere o Código de Defesa do Consumidor", diz Oliveira.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Japão analisa elo entre câncer de tireoide e radiação em Fukushima


AFP Em Tóquio
25/08/201408h49 > Atualizada 25/08/201410h03
Um estudo sobre o impacto das radiações da catástrofe de Fukushima revelou que 103 crianças e adolescentes da região, menores de 18 anos no momento do acidente, desenvolveram câncer de tireoide confirmado por cirurgia ou altamente provável, mas a relação com o desastre atômico ainda não foi confirmada.

Um comitê de acompanhamento da saúde dos habitantes fez testes com cerca de 300.000 jovens da província de Fukushima (nordeste).
O número de casos de câncer confirmados após a cirurgia é de 57 atualmente. Os 46 casos restantes não são 100% seguros, mas a probabilidade é muito alta.

Outro adolescente foi operado, mas o nódulo extraído era benigno.

A proporção de crianças da província de Fukushima afetadas é, portanto, de 30 em cada 100.000, mas não existe uma base de referência para esta região, o que impede comprovar se ocorreu um aumento desde o acidente atômico de março de 2011.

Os especialistas designados pelas autoridades do governo tendem a pensar que estes casos de câncer não têm relação direta com o desastre.

"Dificilmente é possível estabelecer uma relação de causa e efeito, mas é necessário, no entanto, seguir com os exames porque a proporção de descoberta de tumores aumenta com a idade, também em tempo normal", declarou o professor Shunichi Suzuki, da faculdade de medicina da cidade de Fukushima, na apresentação dos resultados, na tarde de domingo.

Esta opinião se baseia, entre outros, em dados comparativos, sobretudo com o caso da catástrofe de Chernobyl, em 1986, na Ucrânia.
No entanto, os pais das crianças afetadas não conseguem evitar pensar que a causa é a exposição às radiações (e sobretudo ao iodo 131) nos primeiros dias após o acidente.

A tireoide é uma esponja de iodo (matéria-prima para a fabricação dos hormônios da tireoide), sobretudo nas crianças em crescimento. Por isso, esta glândula é particularmente vulnerável às emissões de iodo 131 radioativo em caso de acidente nuclear.

Assim, é recomendada a absorção de iodo estável com o objetivo de saciar e inclusive saturar de antemão a tireoide. Esta medida não foi aplicada no caso de Fukushima.

As autoridades japonesas decidiram há pouco tempo fornecer iodo estável aos habitantes mais próximos dos reatores que podem voltar à atividade em um futuro próximo, começando pelos chamados Sendai 1 e 2 no sudoeste.

Até o momento, o parque japonês de 48 unidades está parado (sem contar os seis de Fukushima Daiichi saqueados e condenados ao desmantelamento).

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Cientistas descobrem que câncer de pulmão pode se ocultar durante 20 anos

09/10/201419h22
Ben Hirschler
Em Londres


O câncer de pulmão pode ficar dormente por mais de 20 anos antes de se tornar mortal, afirmaram cientistas nesta quinta-feira (9), o que pode ajudar a explicar por que uma doença que mata mais de 1,5 milhão de pessoas por ano em todo o mundo é tão persistente e difícil de tratar.

Dois periódicos que detalham a evolução do câncer de pulmão revelam como, após uma falha genética causadora da doença "muitas vezes devida ao fumo", as células do tumor desenvolvem numerosas novas mutações silenciosamente, tornando partes diferentes do mesmo tumor geneticamente únicas.

Quando os pacientes ficam doentes o bastante para serem diagnosticados com o câncer, seus tumores terão percorrido diversas fases evolucionárias, fazendo com que seja extremamente difícil que qualquer medicamento específico surta efeito.

As descobertas mostram a necessidade premente de detectar o câncer de pulmão antes que tenha se transmutado em múltiplos clones malignos.

"O que não tínhamos conseguido entender antes é por que este é o imperador de todos os tipos de câncer e uma das doenças mais duras de tratar", disse Charles Swanton, autor de uma das monografias do Instituto de Pesquisa de Londres da instituição de caridade
Pesquisa do Câncer da Grã-Bretanha.

"Anteriormente, não sabíamos o quão heterogêneos estes tipos de câncer de pulmão em estágio inicial eram".

O câncer de pulmão é o mais fatal do mundo, matando estimadas 4.300 pessoas por dia, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 85% dos pacientes têm câncer de pulmão de células não-pequenas (NSCLC, na sigla em inglês), o tipo analisado nos dois estudos.

Para chegar a uma compreensão plena da doença, os dois grupos de cientistas britânicos e norte-americanos analisaram a variabilidade genética em diferentes regiões dos tumores pulmonares removidos em cirurgias e desvendaram como as falhas genéticas haviam se desenvolvido ao longo do tempo.

O que eles descobriram foi um período de latência extremamente alto entre as mutações iniciais e os sintomas clínicos, que acabaram surgindo depois que falhas novas e adicionais desencadearam o crescimento acelerado da doença.

No caso de alguns ex-fumantes, as falhas genéticas iniciais que despertaram seu câncer remontavam a um consumo de cigarros de duas décadas antes. Mas estas falhas se tornaram menos importantes ao longo do tempo, e mutações mais recentes foram causadas por um novo processo controlado por uma proteína chamada APOBEC.
A pesquisa foi publicada no periódico científico Science.

Ramaswamy Govindan, da Escola de Medicina da Universidade Washington, que não esteve envolvido com os estudos, disse que uma compreensão melhor de tais alterações genéticas é crucial para se desenvolver tratamentos mais eficazes.

Também existe a esperança de uma nova geração de drogas imunoterápicas que podem fortalecer a capacidade do sistema imunológico para detectar e combater tumores, o que poderia se aplicar especialmente ao câncer de pulmão.

Além de medicamentos melhores, outro desafio é encontrar maneiras mais eficazes de se detectar o câncer de pulmão antes que ele desenvolva as múltiplas falhas genéticas que mais adiante desencadeiam o crescimento e a disseminação de tumores.

Atualmente se utiliza a tomografia computadorizada, mas quando um nódulo está grande o suficiente para ser visualizado já pode contar com um bilhão de células cancerígenas geneticamente diversas.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Após lei, prazo para tratamento de câncer ainda é descumprido no país


03/10/201408h53
no BOL, em São Paulo
A lei que prevê o início do tratamento do câncer em até 60 dias após o diagnóstico no SUS, em vigor há um ano e cinco meses, não vem sendo cumprida no país.

De acordo com dados da Folha de S. Paulo, uma pesquisa encomendada pela Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama) - feita com 54 secretarias estaduais de Saúde, hospitais e instituições que tratam câncer, de abril a junho - mostrou falhas na execução do prazo previsto em lei aos pacientes.

Até julho, 7.157 pacientes estavam inscritos no Siscan, sistema de registro que deve reunir o histórico do paciente e o seu tratamento. Este número representa pouco mais de 1% do total de casos novos de câncer (576 mil) registrados no país, segundo estimativas do Inca (Instituto Nacional do Câncer). Dos pacientes inscritos, só 60% iniciaram o tratamento em até 60 dias após o diagnóstico, como diz a lei. Para os outros 40% foram mais de 60 ou até mais de 90 dias.

"A lei ainda está longe de funcionar de fato. Os pacientes continuam morrendo de cânceres evitáveis e curáveis porque demoram para ser tratados", diz a médica mastologista Maira Caleffi, presidente voluntária da Femama.

Ainda segundo a Folha, do total de entrevistados nas instituições, 64% relatam que não houve repasse extra de recursos para que a lei dos 60 dias fosse implantada de forma eficiente. Metade deles também relata alguma falha de funcionamento no Siscan. Até maio, o sistema funcionava em apenas 27% dos municípios brasileiros (1.546). Outro fator limitante é o fato de que só 34% das unidades básicas de saúde possuem acesso à internet, recurso fundamental para o registro e acompanhamento dos casos.

Segundo Caleffi, existe outro gargalo ainda mais invisível: o acesso a especialistas e a exames que possibilitam o diagnóstico. "Temos de agilizar as consultas a especialistas. Biopsia é um grande gargalo. O paciente está fazendo xixi com sangue [indicativo de câncer na próstata] e não consegue fazer a biopsia", afirma a médica.

Em São Paulo, o tempo médio de espera para consultas é de 205 dias, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde. Já a fila para exames é, em média, de 124 dias. Esse conjunto de entraves faz com que mais da metade dos casos de câncer no Brasil sejam diagnosticados em estágio avançado, diz Caleffi.

"Às vezes, quando o paciente chega, já não adianta mais. Cerca de 75% dos recursos públicos em câncer são investidos em quimioterapia. As fases iniciais da doença têm pouco investimento."

"O grande problema hoje é quem não consegue acesso ao diagnóstico inicial. É um gargalo cego, não tem como mensurar", afirma o oncologista Paulo Hoff, diretor do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo).

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Começa o "Outubro Rosa", campanha de conscientização sobre o câncer de mama


01/10/201410h05
do BOL, em São Paulo

A partir desta quarta-feira (1) tem início o "Outubro Rosa", campanha que visa à conscientização e ao combate ao câncer de mama. Durante todo o mês serão realizadas diversas ações para informar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e os riscos da doença.

Assim como no ano passado, cidades do mundo inteiro irão manifestar seu apoio à causa usando iluminação cor-de-rosa em seus monumentos principais.

Sobre a doença
O câncer de mama é o que mais mata mulheres do mundo inteiro, embora a doença também atinja uma pequena parcela dos homens. No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa para o ano de 2014 é de 57 mil novos casos da doença.

Quando detectado precocemente, a chance de cura deste tipo de câncer é de quase 100%, por isso, a prevenção é o foco do "Outubro Rosa".

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Justiça obriga SBT a readmitir funcionário com câncer


UOL 18/08/2014 00h05
Flavio Ricco
Colunista do UOL*

O RH, do SBT, volta e meia faz campanha para melhorar as condições de trabalho, mas permitiu que um funcionário da externa fosse demitido em meio a um tratamento de câncer.  Problema bem parecido com o do Carlos Nascimento.

Por ordem judicial, este funcionário, Roberto Miguel, teve que ser readmitido e só está na espera da decisão do seu chefe para voltar a trabalhar.

*Colaboração de José Carlos Nery

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Paciente com tumor no estômago morre aguardando em fila para cirurgia no Inca


Representante comercial de 59 anos foi vítima do déficit crônico de funcionários, que aumenta o tempo de espera
por Renan França
20/08/2014 5:00

RIO — Além do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into), outro federal de referência, o Instituto Nacional do Câncer passa por momentos de agonia. Há uma semana, o representante comercial Maricélio Alfradique, de 59 anos, esteve na unidade da Praça da Cruz Vermelha, no Centro, para remarcar uma cirurgia. Acompanhado pela filha, ele chegou à sala de espera em cadeira de rodas, sentindo muitas dores no abdômen, em consequência de um tumor no estômago. Em abril, a previsão era que ele fosse operado este mês. Durante a espera, Alfradique foi ao Inca três vezes para tentar antecipar o procedimento. De nada adiantou. No fim de julho, sua saúde piorou. Debilitado e com a imunidade baixa, por ter passado por quatro sessões de quimioterapia, ele contraiu pneumonia e a cirurgia não pôde ser marcada. Alfradique morreu na madrugada da última quarta-feira, após esperar por mais de cem dias pela cirurgia no Inca.

— A espera de mais de três meses pela cirurgia matou meu pai. A culpa não é dos médicos do Inca, mas do tempo de espera — afirma Carolina Alfradique, de 27 anos.

O caso de Alfradique (que repórteres do GLOBO acompanharam na semana passada) ilustra a atual situação do Inca, que enfrenta uma crise devido à falta de funcionários das áreas médica e administrativa. Segundo fonte ligada a um órgão de saúde federal do Rio, há cerca de 500 vagas aguardando preenchimento nas três unidades do Inca (Praça da Cruz Vermelha, Santo Cristo e Vila Isabel). O déficit tem impacto direto no atendimento. Na unidade do Centro, das dez salas de cirurgias, duas estão fechadas por falta de médicos. Em 2013, lá foram realizados cerca de 5 mil procedimentos. Caso pudesse contar com mais profissionais, o número chegaria a 6 mil. Outro problema é a falta de servidores nas salas de leitos pós-cirúrgicos. Com a escassez de funcionários, cinco vagas estão desativadas.

— O Inca faz o máximo. Os médicos cumprem 40 horas por semana e ganham salário muito abaixo da média. A taxa de ocupação está acima dos 80%, número alto para instituição pública. A crise é grave e compromete o hospital — diz a fonte.

TCU DETERMINOU FIM DA TERCEIRIZAÇÃO
Para tentar sanar a antiga falta de funcionários, em 1991 foi criada a Fundação Ary Fauzino para Pesquisas e Controle do Câncer (FAF), para agilizar a contratação, sem a necessidade de concurso público. Mas, em 2006, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que o sistema fosse extinto. Na época, houve acordos que estenderam o prazo até março de 2015.
Em 2010, havia cerca de 1.900 trabalhadores terceirizados no Inca, indicados pela FAF. Para se adequar às normas do TCU, a instituição realizou um concurso e convocou 1.433 funcionários, que substituíram parte dos terceirizados. Atualmente, ainda há 583 profissionais não concursados, que cederão suas vagas aos aprovados em concurso previsto para este ano. Segundo um funcionário da instituição, que pediu para não ser identificado, a situação pode ficar pior ainda:

— Como a partir de março de 2015 o Inca não poderá contar com a FAF, o processo seletivo deste ano vai apenas substituir quem já está trabalhando. Ninguém tem a resposta de como ficarão as 500 vagas que estão abertas. No fim do ano serão cerca de 600. Com a morosidade do governo federal em abrir concursos para o Inca, a situação vai piorar. O instituto pode fechar as portas se algo não for feito.

DIRETOR-GERAL ESTÁ SENDO PROCESSO
Para o Presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Jorge Darze, a evasão de médicos é devida às condições de trabalho pouco atrativas:

— É difícil segurar um profissional no Inca, mesmo concursado. O salário para uma jornada de 40 horas mensais é muito baixo, se comparado ao de uma unidade particular. Muitos médicos concursados pedem demissão em menos de dois anos, porque não aguentam. Há outro fator: hoje, o Inca tem médicos que entraram pela FAF que recebem salário maior do que os concursados.

No mês passado, o Ministério Público Federal moveu ação de improbidade administrativa contra o diretor-geral do Inca, Luiz Antônio Santini Rodrigues da Silva, por contratação irregular de terceirizados. O MPF alega que, mesmo proibido, o Inca contratou 64 funcionários sem concurso. Também está sendo processada a coordenadora de Recursos Humanos, Cassilda dos Santos Soares.

— A direção tem permissão para manter terceirizados até o ano que vem, mas não pode contratar ninguém sob o mesmo regime. A ausência de concurso permite que um candidato assuma uma vaga sem méritos. Isso não é permitido — alega o defensor público Sergio Suiama, autor da ação do MPF.

De acordo com o defensor público federal, Daniel Macedo, outro problema grave é que o Inca não está cumprindo o prazo máximo de 60 dias para atender pacientes que precisam passar por sessões de radioterapia:

— Acima de 60 dias é um prazo muito longo para quem precisa do tratamento imediato. A situação no Inca está ruim, mas, nas outras unidades de saúde do Rio que oferecem radioterapia, é pior ainda. Ou o doente espera na fila do Inca ou a chance de morrer aumenta.
Procurado, o diretor-geral do Inca não quis dar entrevista, mas a assessoria afirmou que todos os setores funcionam normalmente. O Ministério da Saúde também não respondeu como pretende suprir as 500 vagas em aberto. A Associação de Funcionários do Instituto Nacional do Câncer também não retornou as ligações.

Enquanto isso, quem depende do atendimento do Inca tenta manter a esperança de cura. Tatiana Silva aguarda a marcação da cirurgia da irmã para retirar um tumor no estômago:

— A informação é que a fila está grande. Precisamos aguardar porque quando somos atendidos, os médicos são muito competentes e conseguem curar os doentes. Segundo o Inca, minha irmã será operada em até dois meses.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Longe da escola, menina aprende a ler e escrever no hospital

Por brasil
24/06/14 07:00
NATÁLIA CANCIAN, DE SÃO PAULO

Foram três dias de aula até que um exame revelou o diagnóstico: a pequena Lara, 6, teria que deixar temporariamente a nova escola para ser internada com urgência no Hospital Infantil Darcy Vargas, em São Paulo.

Tudo começou quando a mãe estranhou o pescoço e a barriguinha inchados e manchas nos braços da filha. Passou por consultas —no início, um médico sugeriu que ela tivesse apenas uma dor de garganta. Até que um exame trouxe o diagnóstico: leucemia.

“Não gosto nem de lembrar. Chorei muito. Ela brincava, pulava e de uma hora para outra ficou doente”, conta a manicure Juliana Roberto de Souza, 29.

Entraram no hospital em 14 de fevereiro. “Levei um susto tremendo. Ela chegou e foi direto para a UTI”, diz a mãe.

Foi lá, onde a menina ficou por 23 dias, que a mãe soube da existência de uma “escola” dentro do próprio hospital: uma chance para Lara, que havia iniciado o 1º do ensino fundamental, continuar a aprender a ler e escrever.

A garota começou a ter aulas ainda no quarto e, dias depois, no espaço de uma brinquedoteca. Por vezes, encontra a professora e faz exercícios de português e matemática até na quimioteca, onde recebe parte do tratamento.

A iniciativa, chamada de classes hospitalares, ainda é pouco conhecida no país. Hoje, ao menos 146 hospitais têm professores e salas de aula para atender crianças em tratamento de saúde, segundo levantamento coordenado pela professora Eneida Simões da Fonseca, da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

O número ainda é baixo, se comparado à quantidade de hospitais existentes no país —são 5.552 unidades ligadas ao SUS, segundo o Ministério da Saúde.

‘NÃO ENTENDI NADA’
Um desses hospitais com aulas é o Darcy Vargas, onde está Lara, uma figura miudinha, de sorriso aberto.

Para iniciar as aulas, a mãe foi até a escola onde estudava Lara –a escola municipal Paulo Setúbal, na zona sul. Lá, buscou livros didáticos, provas e lições de casa. A partir daí, a sala de aula de Lara mudou de lugar.

Do alfabeto, a menina passou a aprender a formar palavras.

“No início ela relutou muito, porque ela achava que não sabia nada. Ela me olhava de cara feia e falava: ‘Eu já não disse que eu não sei, você não entendeu?’”, conta Dilma de Moraes, um dos sete professores da rede estadual de SP que atendem no Darcy Vargas.

“Quando ela viu que podia aprender, aí ela se empolgou. O dia que eu não dou nada para ela, ela vem na brinquedoteca e me cobra”, diverte-se a professora.

CONTINHAS E LÁPIS
Três meses depois, Lara vive de juntar as letras e resolver “continhas”, de lápis na mão. Mas gosta mesmo é de escrever o nome dela e das pessoas da família, uma forma de amenizar a saudade por ver os irmãos só aos finais de semana —um deles tem apenas dois anos e não pode ir ao hospital.

Nas horas livres, também solta a criatividade: neste mês, criou até uma bandeira do Brasil para colocar em cima do travesseiro enquanto assiste aos jogos da Copa. “Eu que fiz”, entrega, ainda tímida.

Na última quarta-feira (11), quando a Folha estava no local, ela também se revezava entre desenhos, livros e um caderno de caligrafia. De férias, faz as lições deixadas pela professora.

“Ela aprendeu a escrever aqui. Antes, só sabia o abecedário e os números. Agora, já junta as palavras, lê e faz frases curtas. Também adora caça-palavra e matemática”, conta, orgulhosa, a mãe. “Foi fundamental porque, quando ela voltar para a escola, já vai saber tudo”, completa.
Segundo a mãe, o retorno está previsto para agosto, após o último “bloco” de quimioterapia —quando Lara é internada por alguns dias para receber a medicação. O tratamento, no entanto, deve continuar.

“Sempre ouvia falar sobre câncer, mas jamais imaginei que pudesse acontecer com a minha filha. Pensei que ela fosse reagir de outra forma, mas está lidando bem. Ela nasceu de novo. Tenho fé que vai se curar”, diz a mãe, que já se prepara para convencê-la a voltar à escola nos próximos meses. “Ela não quer, quer ter aula aqui”, ri.

http://brasil.blogfolha.uol.com.br/2014/06/24/longe-da-escola-menina-aprende-a-ler-e-escrever-no-hospital/

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Dráuzio Varella é chamado às pressas para tratar Jô

De acordo com informações do colunista Leo Dias, do jornal O Dia, o oncologista Dráuzio Varella foi chamado às pressas para acompanhar o tratamento de Jô Soares, 76 anos, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo
O apresentador global está internado desde o dia 25 de julho devido a uma infecção pulmonar, segundo boletim médico (o último foi divulgado no dia 28 do mês passado). No entanto, há uma suspeita de que Jô esteja com câncer de pulmão.
Ainda de acordo com uma fonte do colunista, ele teve uma parada cardíaca na noite da última quarta-feira. 
Jô Soares recebe alta e deixa hospital em São Paulo
Depois de quase um mês internado, o apresentador Jô Soares recebeu alta na noite desta sexta-feira (15). Ele estava recebendo cuidados no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, depois de uma pneumonia. Segunda assessoria do hospital, Jô foi liberado para voltar para sua casa por volta das 18h40.
Ainda não foram divulgados detalhes sobre o estado de saúde do apresentador. O último boletim médico, divulgado no dia 28 de julho, informou apenas que ele estava sob tratamento com antibióticos. Durante o período de internação, a Globo exibiu reprises do Programa do Jô.
Nesta sexta, diversas notícias sobre a suspeita de que Jô estaria com câncer no pulmão circularam pelas redes sociais. No Twitter, diversos boatos foram reproduzidos e alguns chegaram até a afirmar que o apresentador de 76 anos havia falecido.