Agência Brasil
Médicos defendem a
incorporação do teste de perfil genético para o câncer de mama no rol dos
procedimentos da Agência Nacional de Saúde (ANS) e no Sistema Único de Saúde
(SUS). Disponível em algumas unidades particulares do país, a tecnologia
importada mapeia os 70 genes do nódulo e indica se o tumor é de baixo risco ou
de alto risco.
A presidenta da Federação
Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama),
Maira Caleffi, lamentou que hoje muitas mulheres acabem tendo que passar por
sessões de quimioterapia sem precisar.
“Na dúvida, os médicos
recomendam a quimioterapia. Metade dessas pacientes, em estágio 1, com axila
negativa e tumores pequenos, acaba tendo que fazer a quimioterapia sem nenhum
benefício significativo”, disse Maira. “A indicação é muito restrita, e o teste
pode ser incorporado ao SUS sem grandes repercussões nos recursos públicos. Mas
os critérios devem estar muito bem definidos para a utilização desses testes”,
alertou.
A presidenta da Femama
acredita que no futuro, com maior conscientização sobre a importância do
diagnóstico precoce, mais mulheres poderão se beneficiar com o teste.
“Essas
pacientes são cada vez mais comuns. O triste é não ter esses casos, pois muitas
pacientes ainda aparecem com tumores grandes e axila comprometida, que nem dá
margem para dúvida: recomendamos a quimioterapia”.
De acordo com a entidade
internacional Early Breast Cancer Trialists Collaborative Group, entre 30% e
40% das mulheres com câncer de mama no mundo não precisariam de quimioterapia.
Para o presidente da
Sociedade Brasileira de Mastologia, Ruffo de Freitas Junior, além de poupar a
mulher com tumor mais brando do uso da quimioterapia, o teste no sistema
público de saúde pouparia gastos.
“Essa plataforma gênica
separa de maneira exemplar e muito segura as pacientes que vão precisar de
quimio e as que não vão”, comentou. “O tratamento de quimioterapia tem entre
quatro e oito ciclos. Cada ciclo custa de R$ 6 mil a R$ 8 mil. Atualmente, o
estudo custa aproximadamente entre R$ 10 mil e R$ 12 mil. Dois ciclos de
quimioterapia já pagariam o teste”, argumentou o médico.
A publicitária paulista
Flávia Mantovanini, 43 anos, descobriu no exame de rotina que tinha um tumor
maligno de nível 2. Após a cirurgia, o médico indicou a quimioterapia como
forma de prevenção, mas Flávia optou por fazer o mapeamento genético com
recursos próprios para tentar evitar a químio.
“Com essa identificação, vi
que era um problema hormonal e que havia poucas chances de voltar. É um exame
caro, mas aceitei fazer, porque a quimioterapia é realmente muito agressiva,”
contou ela, que atualmente faz uso de remédio preventivo, que terá que tomar
por dez anos. “A operação foi há seis meses e estou ótima”, disse.n
Um estudo sobre o perfil de
câncer de mama das mulheres de acordo com as regiões do país, desenvolvido pela
Universidade de São Paulo, aponta que os casos da doença são mais comuns no Sul
e Sudeste, porém mais agressivos no Norte e Nordeste. Divulgado em outubro de 2014, o
estudo mostrou que no Sul e Sudeste a incidência do tumor triplo negativo (mais
agressivo) é aproximadamente 14%, enquanto no Norte o índice sobe para 20,3% e
no Nordeste e Centro-Oeste vai para 17,4%. Já os tumores do tipo luminal A
(baixo risco) representam 30,8% dos casos relatados na Região Sul e 28,8% no
Sudeste. A frequência desse tipo de câncer cai para 24,1% no Nordeste, 25,3% no
Norte e 25,9% no Centro-Oeste.
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