quarta-feira, 8 de julho de 2015

Governo federal do PT vem destruindo o INCA

Em meio a problemas com falta de insumos, diretor-geral do Inca é substituído
Luiz Antonio Santini sai do instituto depois de quase dez anos e vice entra em seu lugar
por Alessandro Lo-Bianco / Célia Costa
14/05/2015 9:07 / Atualizado 14/05/2015 14:24

RIO - Depois de quase dez anos como diretor-geral do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o médico Luiz Antonio Santini foi substituído. A mudança ocorre no momento em que um dos maiores institutos de saúde do país passa por dificuldades com falta de insumos e de materiais hospitalares. Para o lugar de Santini, a secretária de Atenção a Saúde do Ministério da Saúde, Lumena Furtado, escolheu Reinaldo Rondinelli, que era vice-diretor. A decisão foi tomada após uma reunião realizada nesta quarta-feira.
O Ministério da Saúde foi procurado pelo GLOBO, mas ainda não se manifestou sobre o motivo da substituição. No entanto, segundo informações da Associação dos Funcionários do Instituto Nacional do Câncer (Afinca), Rondinelli teria assumido a direção-geral a pedido do próprio Santini. De acordo com a Afinca, Luiz Santini e o Ministério da Saúde acumulavam um histórico de atritos. “O Inca parecia ter sido esquecido pelo MS e tinha muitos de seus eventos técnico-científicos simplesmente desconsiderados”, afirma trecho da nota da associação. Ainda segundo o órgão, a ideia é que Rondinelli trabalhe como diretor-geral interino até que Brasília indique um nome.
O ex-diretor do Inca explicou que houve um acordo entre ele e a Secretaria do Ministério da Saúde:
— Entendemos que era chegada a hora de haver uma mudança. Dede 2006, estamos sob pressão dos órgãos de controle para a mudança do modelo jurídico e não temos conseguido avançar — disse ele, considerando que o novo diretor-geral, Reinaldo Rondinelli, precisará do mesmo apoio e compreensão para as dificuldades mencionadas.
Para o diretor da Associação dos Funcionários do Inca, Nemezio Amaral Filho, os órgãos de controle não estariam pressionando Santini e o Inca por uma mudança no modelo jurídico, e sim que fosse feito, de forma regular, a contratação de novos funcionários.
— O fato é que os órgãos de controle não estavam pressionando ninguém por uma mudança. Os órgãos de controle deixaram claro que os funcionários terceirizados fossem substituídos por servidores concursados. Não se trata de mudar o modelo de gestão, e sim de obedecer um ordenamento jurídico estabelecido por lei, e que não estava sendo respeitado pela gestão do hospital — disse Nemezio.
MPF MOVEU AÇÃO CONTRA SANTINI
O tema em questão virou alvo de ação judicial. Isso porque, em 2012, o Ministério Público Federal (MPF) no Rio moveu ação de improbidade administrativa contra o ex-diretor, Luiz Santini, por contratação irregular de terceirizados na unidade. De acordo com o MPF, o Inca vem contratando terceirizados para exercerem funções de médicos, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas por intermédio da Fundação Ary Frauzino, que também está sendo processada. Também é ré na ação a coordenadora de Recursos Humanos do hospital, Cassilda dos Santos Soares.
Segundo o procurador da República Sergio Suiama, autor da ação, não houve concurso para contratação de novos funcionários ao longo dos últimos anos, conforme prevê a lei, dando margem a contratações feitas por favorecimentos e relações interpessoais.
— É certamente injustificável a inércia dos administradores públicos em observar os ditames legais, bem como a arbitrariedade do instituto ao contratar os serviços terceirizados, apesar da existência de aprovados em concursos públicos — disse ele que, além de pedir a condenação da diretoria e da fundação, pediu a nulidade de todos os contratos de trabalhos feitos por intermediação da Fundação Ary Frauzino com o Inca, entre junho de 2012 e junho de 2014. O caso teve início após denúncia sobre a contratação irregular de uma médica.
PACIENTES ENFRENTAM PROBLEMAS
Os problemas que os pacientes do Inca estão enfrentando foram mostrados em reportagem publicada pelo GLOBO no dia 1º de maio. Pacientes relataram dificuldades para marcar cirurgias e exames, além de reclamarem da falta de materiais hospitalares básicos, como luvas e gazes. Um dos casos mostrado foi o da dona de casa Noemi Oliveira, que acompanha semanalmente o filho, Hitan, de 3 anos, para tratar de um tumor. Na ocasião, ela contou que estava muito preocupada com o atendimento. Noemi Oliveira disse que os enfermeiros retiravam as gazes do curativo, colocavam dentro de um saquinho plástico pediam que levasse na semana para que fosse reutilizadas.
Outro caso foi o de Tatiane Santos, que saiu de Roraima para fazer acompanhar o tratamento da filha Taís, de 6 anos, que enfrenta uma leucemia. Há um ano e dois meses, ela mora em uma casa de apoio no Rio e aguarda uma vaga para que seja realizado o transplante de medula da menina. Segundo ela, os comentários são de que não há material para a internação.
Em entrevista ao GLOBO, à época da reportagem, o então diretor-geral do Inca, Luiz Antônio Santini, admitiu que o ajuste orçamentário da instituição, no último trimestre de 2014, impactou o sistema de compras. Segundo ele, houve problemas com a compra de aproximadamente 300 itens, dentre os cerca de cinco mil produtos dos quais a instituição necessita.




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