Aos 34 anos, vencedora do concurso de Campinas em 2004, Aline Wega conta
que vive para cuidar do filho de 8 anos e ajudar as pessoas.
Por *Letícia Baptista, G1 Campinas e
Região
08/04/2017 06h00 Atualizado há 2 horas
"Hoje eu
não vivo mais pra mim, aquela Aline morreu". É assim que Aline Wega,
vencedora do concurso de Miss Campinas em 2004, interpreta a vida após superar
dois cânceres, um transplante de medula óssea e um infarto agudo do miocárdio.
Mãe de Igor, de 8 anos, a ex-modelo acredita que está viva para cumprir a
missão de transmitir às pessoas esperança e força de vontade para passar por
dificuldades, além de cuidar do filho. "Nasci, renasci e
ressuscitei", diz.
Depois de
encarar a doença duas vezes, o transplante e o infarto, Aline agora pretende
ter uma vida "igual a de todo mundo" e ajudar as pessoas. "Se
estou viva é pra cuidar do meu filho, porque foi a única coisa que eu pedi pra
Deus. Eu vivo para ele e para ajudar os outros", afirma a ex-miss.
"Os
outros" a que Aline se refere, quer dizer todos aqueles que recebem suas
mensagens de motivação, tanto nas redes sociais, quanto em palestras que
realiza para difundir informações sobre transplante. "Eu percebo que cada
palavra, cada coisinha que eu falo, serve de motivação para muitas
pessoas", relata.
Aline Wega, miss Campinas 2004, superou
dois cânceres, um transplante e infarto (Foto: Letícia Baptista/G1)
Atuais desafios
Aos 34 anos, a
ex-miss se divide entre a maternidade, palestras e publicações motivacionais,
trabalhos como design de interiores e outras atividades, como campanhas
publicitárias e administração de imóveis. Com todas estas multíplas funções,
Aline considera que isso pode ter sido uma das causas do infarto, sofrido em
janeiro deste ano.
"Eu sou
muito hiperativa, até no hospital eu to escrevendo, respondendo mensagem. Eu
não paro. Meu corpo quer uma coisa e minha mente quer outra. Foram 2 cânceres,
transplantes e tudo isso, mas eu quero ter uma vida igual de todo mundo. Eu
acho que sou mais forte que o meu corpo e nisso eu acabo abusando um
pouco", diz.
No entanto, o
infarto não é a única dificuldade que enfrenta durante o desempenho de todas as
atividades após superar os dois cânceres. A ex-modelo afirmou que, atualmente,
o verdadeiro desafio é reconhecer o limite, por conta das consequências de cada
dificuldade que ela passa no dia a dia.
"Os
maiores desafios agora são as limitações, por causa das sequelas que vão
ficando. Então é uma luta diária. Eu falo que não vivo, eu sobrevivo",
conta.
As batalhas
vencidas pela ex-modelo impressionaram até mesmo ela própria. Por isso, Aline
considera que tem a missão de dar auxílios psicológicos e dividir a experiência
que passou em palestras motivacionais. "Mexeu bastante comigo, porque é
incrível [...] jovens que passam por isso é muito raro sobreviver. O que mexe
mais com a minha cabeça é superar tudo isso, a resistência que tem o meu corpo.
Eu tenho isso como uma missão, porque eu tenho que estar aqui, eu tenho que
fazer alguma coisa", explica.
Tarefa de mãe
Sobre a tarefa
de ser mãe, Aline ressalta que o mais importante na relação com o filho são os
valores e princípios de vida. "O amor e os valores são os mais
importantes. Eu falo pro Igor que não importa a profissão dele, o que ele quer
ser. O mais importante é o que vem dos verdadeiros valores" ressalta.
Apesar de ver a
mãe passar por todos os "apertos", o garoto não mediu esforços para
enfrentar os obstáculos e se uniu mais ainda à ela. "O Igor foi um
presente na minha vida. Ele é uma criança sensacional. É uma bondade, um amor
no coração, e é isso que eu planto pra ele [...] Ele faz até palestras junto
comigo [...] Sempre lembro ele de que a mamãe não vai estar aqui pra
sempre", diz Aline.
"O amor e
os valores são os mais importantes. A felicidade é amor, porque quando você
coloca amor em tudo o que você faz, tudo fica mais bonito"
Aline Wega e o filho Igor, com apenas
alguns meses de vida (Foto: Aline Wega/ Arquivo Pessoal )
Miss superação
O primeiro
diagnóstico de câncer, um linfoma de Hodgkin, foi aos 23 anos, apenas dois após
a conquista do título de miss. Com os tratamentos e a estabilidade da doença,
Aline recebeu a surpreendente notícia de que seria mãe. "Eu engravidei
dele depois do primeiro câncer. Os médicos falaram que minhas chances eram
menos de 1%. Nove meses depois que eu terminei o tratamento, descobri que
estava grávida", lembra.
Cinco anos após
a primeira superação, Aline iniciou a luta contra uma leucemia. Nesta fase, a
única chance de cura, constatada pelo médicos, foi com um transplante de medula
óssea, após oito meses de campanha para encontrar um doador. A ex-miss
demonstra gratidão por este episódio, e revela que foi uma grande motivação
para um de seus trabalhos atuais.
"Eu falo
que ele [o doador] plantou uma semente de esperança no meu coração, eu sei que
o mundo não está perdido, existe amor ao próximo. Quando eu vi a bolsinha
chegando eu fiquei tão feliz, que eu ajoelhei no chão e falei: eu vou entrar
nessa causa até o fim da minha vida, porque eu quero que muitos pacientes
tenham a mesma alegria que eu tive".
Aline com a medula de seu doador, no
dia do transplante (Foto: Aline Wega/ Arquivo Pessoal)
Em 2015,
o G1 conversou com a jovem sobre os desdobramentos dos
cânceres até a
conquista de um doador, fase que mudou os rumos de sua vida. Foi neste momento
que Aline 'abraçou' a luta para ajudar as pessoas a conseguirem a cura da
doença. Atualmente, ela é coordenadora regional e participa das campanhas do
"Pró-Medula", grupo que cadastra doadores de medula óssea.
A ex-miss
mantém também contato frequente com outros transplantados, principalmente por
meio das redes sociais e de seu site. “A troca de experiências é fundamental. É
importante manter essa chama acesa porque, às vezes, a gente esquece e reclama
de alguma coisa”, conta.
*sob a
supervisão de Marcello Carvalho
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