Steven A. Rosenberg, um dos médicos
pesquisadores da técnica (Foto: Partnership for Public Service / Aaron Clamage)
FDA, órgão regulador similar à Anvisa, aprovou uso de técnica chamada de
CAR T-cell.
Por G1
30/08/2017 17h21 Atualizado há menos de 1 minuto
Os Estados
Unidos autorizaram nesta quinta-feira (30) a utilização de
terapia genética para o tratamento de câncer pela primeira vez. A técnica, chamada de CAR T-cell, tem resultados
promissores, mas ainda não chegou ao Brasil.
A liberação
para o uso do terapia foi dada pela FDA, órgão regulador dos EUA similar à
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em 12 de julho deste ano, um
painel recomendou a aprovação do tratamento.
O órgão
norte-americano tratou a decisão como "ação histórica" e diz que
"inaugura uma nova abordagem para o tratamento de câncer e outras doenças
graves que ameaçam a vida".
"Estamos
entrando em uma nova fronteira para a inovação médica com capacidade de
reprogramar as células do próprio paciente para atacar um câncer mortal",
disse Scott Gottlied, integrante da FDA.
A Novartis,
empresa que possui a patente da terapia nos Estados Unidos, publicou em seu
site a decisão do órgão regulador. O tratamento, por enquanto, poderá ser feito
em crianças e adultos com leucemia linfoide aguda (LLA) -- a taxa de remissão
nestes casos é, em média, de 83%.
Pesquisas e casos
A técnica
existe porque é uma parceria entre a Novartis e a Universidade da Pensilvânia.
De acordo como jornal "The New York Times", os médicos Steven A.
Rosenberg, Carl H. June e Michel Sadelain estão há décadas na vanguarda das
pesquisas sobre o tratamento.
Como ele é
feito? As células T do paciente, uma espécie de "soldados" do sistema
imunológico, são extraídas do sangue. Depois, são modificadas geneticamente
para reconhecer o câncer e, depois, destruí-lo. Elas são redesenhadas e
modificadas em laboratório e depois devolvidas à corrente sanguínea. Em resumo:
as próprias células do paciente são "treinadas" para combater o
câncer.
A terapia
celular por CAR T-Cell é um tratamento personalizado: precisa ser pensada e
estudada de forma especial para cada paciente. Nos Estados Unidos, país onde
está mais avançada, foi testada em centenas de pessoas, não em milhares, de
acordo com o "The New York Times".
Durante o
processo, os médicos precisam "derrubar" o sistema imunológico do
paciente com câncer. Por isso, ainda se deve percorrer um longo caminho até
entender e combater todos os efeitos colaterais que podem ser potencialmene
letais.
No Brasil
A médica Yana
Novis, coordenadora de onco-hematologia do Centro de Oncologia do Hospital
Sírio- Libanês, disse que no Brasil há outros empecilhos para a aplicação da
terapia.
"As
barreiras são financeiras e tecnológicas, nós não temos as duas coisas. E para
adquirir tudo isso existe um custo muito alto", explicou.
"O
interesse de toda a comunidade científica é grande porque os resultados são
promissores, mas não conheço nenhum lugar no mundo em que é feito em uma escala
mais ampla", completou
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