LeugiNase é usado no tratamento de
leucemia linfoide aguda (Foto: Reprodução/EPTV)
Medicamento usado no tratamento de leucemia infantil é alvo de críticas
da comunidade médica por não ter eficácia comprovada nem registro junto à
Anvisa. Decisão é de magistrado do DF.
Por Raquel
Morais, G1 DF
25/09/2017 09h52 Atualizado há 1 hora
A Justiça
Federal proibiu a compra, em toda a rede nacional do SUS, do medicamento chinês
Leuginase – usado no tratamento de leucemia infantil e alvo de fortes críticas
da comunidade médica por não ter a eficácia comprovada nem registro junto à
Anvisa. A decisão é liminar e foi assinada pelo juiz federal de Brasília
Rolando Valcir Spanholo neste domingo (24). Cabe recurso.
O G1 procurou o Ministério da Saúde e aguarda
retorno. Em julho, após série de reportagens apontando a
polêmica em torno do remédio, o Fantástico notificiou que o Ministério Público
Federal pediu o recolhimento de todos os lotes do produto.
Em nota na
época, o Ministério da Saúde disse que a orientação para compra da Leuginase
continuava a mesma e que análises laboratoriais feitas não haviam mostrado
contaminantes bacterianos que pudessem causar danos a pacientes.
O medicamento
havia sido importado com dispensa de licitação. O argumento do governo era de
economia aos cofres públicos – o custo individual cairia de US$ 173 para US$
38. No processo, porém, o Ministério da Saúde não conseguiu provar que o
remédio já havia sido testado em humano.
Exames clínicos
apontaram ainda que ele tem 40% de impurezas, enquanto o utilizado
anteriormente pelo órgão tinha índice de 0,5%. Para a Justiça, 4 mil pessoas,
sendo 80% crianças e adolescentes, podiam estar com as vidas em risco.
A decisão
atende pedido do Ministério Público Federal, que havia pedido o recolhimento de
todos os lotes de Leuginase distribuídos em hospitais públicos e quer que o
governo volte a comprar a asparaginase fabricada no Japão, que era o
medicamento usado até o ano passado.
Pela decisão, a
União deve fazer em até 45 dias um processo para compra emergencial para
adquirir um remédio “que, possuindo o princípio ativo L-Asparaginase, ostente
evidência científica sobre sua eficácia e segurança”. Em seguida, o governo
federal deve recolher e armazenar todos os lotes do medicamento chinês ainda
não usados. Além disso, deve monitorar todos os pacientes que usaram a
Leuginase alvo da ação.
Como funciona a medicação
O medicamento
tem como princípio ativo a asparaginase, usado para conter o avanço da
leucemia. Ele tira um “alimento” essencial para as células malignas, que chama
asparagina. Sem esse “alimento”, a célula morre. O remédio não é fabricado no
Brasil.
O país importava,
desde a década de 1970, medicamentos produzidos por laboratórios dos Estados
Unidos e da Alemanha. Segundo especialistas, o nível de eficácia deles é de até
90%. Os remédios são distribuídos aos hospitais por meio do Programa de
Prevenção e Controle do Câncer do Ministério da Saúde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário