Primeira clínica de maconha medicinal
foi inaugurada em janeiro de 2016, em Nova York (Foto: REUTERS/Shannon
Stapleton)
Maconha é usada para alívio de sintomas do tratamento. Estudo publicado
na revista 'Cancer', no entanto, mostra que muitos não estão sendo orientados
por médicos, o que pode gerar riscos.
Por G1
25/09/2017 09h10 Atualizado há 2 horas
Um quarto dos
pacientes sobreviventes do câncer (24%) fizeram uso da maconha medicinal no
último ano para aliviar sintomas físicos e psicológicos nos Estados Unidos,
informa estudo publicado nesta segunda-feira (25) na revista científica
"Cancer", publicação da American Cancer Society.
A pesquisa
também mostrou que uma legislação mais permissiva em muitos estados americanos
contribuiu para esse número. O estudo mostrou que 24% usaram maconha no último
ano -- o que estima o uso associado ao tratamento do câncer -- e 21% no último
mês.
Os dados foram
consistentes com análise de urina feita por pesquisadores, que mostrou que 14%
havia feito uso de cannabis na última semana.
Se considerado
o uso em alguma vez no passado, sem um período determinado, mais da metade
(66%) informaram o consumo.
Atualmente,
mais da metade dos estados nos Estados Unidos aprovam leis que permitem o uso
da maconha medicinal de alguma forma. O estudo mostra que, se a disponibilidade
da planta começar a crescer, mais pacientes terão acesso à maconha para o
tratamento do câncer.
O principal uso
da erva entre pacientes oncológicos se dá para o alívio de náuseas na quimioterapia,
mas há outros usos não totalmente mapeados por estudos clínicos.
Foi também com
o objetivo de entender esse uso que o pesquisador Steven Pergam e sua equipe
entrevistaram 926 pacientes no Seattle Cancer Center Alliance.
O grupo
descobriu que, além do uso para sintomas físicos (dor e náuseas), pacientes com
câncer também utilizaram a cannabis por razão psicológicas: para lidar com o
estresse, depressão e insônia.
Falta de informação e problemas
A pesquisa
demonstrou também que a maioria dos pacientes nesse grupo teve um forte
interesse em aprender sobre maconha durante o tratamento -- e 74% procurou
informações sobre o assunto em associações de cuidados com o câncer.
De acordo com
os pesquisadores, embora quase todos os entrevistados desejassem que seus
médicos fornecessem mais informações sobre o assunto, a maioria relatava que
eles eram mais propensos a obter informações de fontes fora do sistema de
saúde.
"Os
pacientes com câncer desejam, mas não estão recebendo informações de seus
médicos de câncer sobre o uso de maconha durante o tratamento", diz
Pergam, em nota sobre o estudo.
O pesquisador
espera que mais estudos ajudem a avaliar os riscos e benefícios da cannabis
nessa população e que a comunidade científica ajude médicos a informar mais
sobre o tema -- já que o uso da maconha pode não ser benéfico para todos os
pacientes e gerar efeitos colaterais indesejados.
"A
informaçao é importante, porque se não educarmos nossos pacientes sobre
maconha, eles continuarão a obter suas informações em outro lugar."
O uso da maconha medicinal no Brasil
No Brasil, é
permitido a importação de um derivado da cannabis, o canabidiol (CBD), para
casos em que não há outros tratamentos disponíveis. É possível a importação de
outros produtos, com o THC como base, desde que pedido a importação diretamente
na agência, com laudo médico e receita.
Neste ano, a
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) também incluiu a maconha na lista de plantas
medicinais, mas não
liberou o uso, que continua proibido no Brasil.
A inclusão
apenas reconhece o potencial da erva para pesquisas futuras e regulamentações
de medicamentos, o que permite desburocratizar processos de aprovação no
futuro.
Em janeiro de
2017, a agência aprovou o registro do primeiro
medicamento à base de maconha no país, indicado para a esclerose múltipla.
Na Justiça, alguns pacientes que não tiveram
condições para comprar medicamentos importados e tinham doenças graves, conseguiram autorização para o
autocultivo.
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