Dispositivo
portátil permitiria que cirurgia para retirada de tumor seja feita de forma
mais rápida, segura e precisa.
Por BBC
08/09/2017 06h47 Atualizado há 1 hora
Cientistas da Universidade do Texas, nos Estados
Unidos, desenvolveram uma caneta que pode identificar células cancerígenas em
dez segundos. Segundo eles, o dispositivo portátil permitiria que
a cirurgia para a retirada seja feita de forma mais rápida, segura e precisa.
Os cientistas esperam que a tecnologia seja mais
uma ferramenta à disposição dos médicos para evitar a reincidência do câncer.
O estudo foi publicado na revista científica
Science Translational Medicine. Testes indicam que a caneta oferece um resultado
preciso em 96% das vezes. O MasSpec Pen se aproveita do metabolismo singular
das células cancerígenas. A química interna dessas células, que crescem e se
espalham muito rápido, é muito diferente da de um tecido saudável.
Como funciona
A caneta toca em um tecido cancerígeno e libera uma
minúscula gotícula de água. As substâncias químicas presentes nas células vivas
se movem, então, para a gotícula, que é sugada de novo pelo objeto para
análise. Em seguida, a caneta é conectada a um espectrômetro
de massa - um equipamento que pode medir a massa de milhares de substâncias
químicas a cada segundo. O resultado é uma espécie de "impressão
digital química", a partir da qual os médicos podem concluir se se trata
de um tecido saudável ou de um tumor.
Esse é maior desafio dos cirurgiões: descobrir a
fronteira entre um câncer e um tecido normal. Isso porque, apesar de em muitos casos ser fácil
detectar um tumor, em outros, o limiar entre o tecido doente e o saudável não é
tão visível. Retirar apenas uma parte do tecido pode fazer com
que as células cancerosas remanescentes deem origem a um novo tumor. Mas remover
muito tecido pode causar graves danos, especialmente em órgãos como o cérebro.
Em entrevista à BBC, Livia Eberlin,
professora-assistente de química na Universidade do Texas, em Austin, disse:
"O que é emocionante sobre essa tecnologia é o quão claro ela atende a uma
necessidade clínica".
"A ferramenta é, ao mesmo tempo, sofisticada e
simples. E vai poder ser usada pelos cirurgiões em breve", acrescentou.
Testes
A tecnologia foi testada em 253 amostras como parte
do estudo. O plano é continuar os testes para aprimorar o dispositivo antes de
usá-lo durante cirurgias no ano que vem.
Atualmente, o objeto é capaz de analisar um pedaço
de tecido de 1,5 mm de diâmetro. Mas os pesquisadores já desenvolveram canetas muito
mais aprimoradas e que podem examinar um pedaço de tecido tão pequeno quanto
0,6 mm de diâmetro.
Enquanto a caneta por si só é barata, o
espectrômetro de massa é caro e volumoso.
"O obstáculo é o espectrômetro de massa, com
certeza", disse Eberlin. "Estamos desenvolvendo um espectrômetro de
massa um pouco menor, mais barato e adaptado para este fim, que possa ser
transportado dentro e fora dos quartos com relativa facilidade",
completou.
Segundo James Suliburk, um dos pesquisadores e
chefe de cirurgia endócrina no Baylor College of Medicine, nos Estados Unidos,
"sempre estamos em busca de formas de oferecer ao paciente uma cirurgia
mais precisa, mais rápida ou mais segura". "Essa tecnologia combina todos esses
fatores", afirmou.
O MasSpec Pen faz parte de uma série de
dispositivos com o objetivo de melhorar a precisão cirúrgica.
Uma equipe do Imperial College de Londres
desenvolveu uma faca que "cheira" o tecido que corta para determinar
se está removendo o câncer.
Já uma equipe da Universidade de Harvard, nos
Estados Unidos, está usando lasers para analisar quanto de um câncer cerebral
pode ser removido.
Para Aine McCarthy, da Cancer Research UK (órgão
britânico de pesquisa contra o câncer), "pesquisas emocionantes podem
fazer com que os médicos descubram se um tumor é cancerígeno ou não mais rapidamente,
além de conhecer suas características". "Com base nessa análise, eles podem decidir
sobre o melhor tipo de tratamento".
Nenhum comentário:
Postar um comentário